Dois dias se passaram, Elena havia acabado de sair de sua butique, se irritara com Caroline, ela havia modificado algumas coisas no ambiente e isso a deixou perdida. “Antes tivesse me consultado.” Ela pensava e se irritava ainda mais ao relembrar as cenas constrangedora que vivera. Por sorte, a butique ainda não estava aberta, então não passara tanta vergonha se a ocasião fosse reversa.

         Pelo caminho encontrou um modesto quiosque e ali Elena entrou e se aconchegou em uma das mesas delicadamente posicionadas em volta daquele quiosque, pediu um chocolate quente que sem demora foi preparado e servido para a garota que colocava um livro sobre a mesa e respirava profundamente para afastar aqueles sentimentos que corriam por suas veias.

         Para a surpresa de Elena, uma voz forte e totalmente reconhecível a fez arrepiar-se ao falar próximo de seu ouvido.

         - Chocolate quente? Não pensei que fosse dessas mulheres que curtem um achocolatado no inverno, Elena.

         - Bom dia para você também, Damon Salvatore.

         - Damon, apenas, por favor. Afinal, não somos mais dois estranhos.

         - Só se for pra você. – Elena continuava ácida com ele, ainda desconfiava de suas intenções, e com razão. Damon se aproximara dela muito rapidamente, enviou flores e ainda apareceu na casa de sua irmã sem ao menos avisar, como poderia confiar em um homem tão abusado? “Abusado e lindo”. Pensou consigo mesma.

         - Ouch! – Damon resmungou, levando uma de suas mãos até seu coração, criando uma cena patética, na visão de Elena. – Fiquei realmente machucado depois dessa. – Damon não se fez de rogado, sentou ao lado daquela mulher que o fascinava.

         Elena conseguiu rir da atuação pífia do homem que elegantemente se aconchegava ao seu lado. Sem resistir muito mais, a mulher olhou com mais atenção para Damon que sorria gentil para ela, nem parecia aquele homem arrogante que a destratara no shopping, e sim um homem, lindo e charmoso que se aproximava aos poucos dela, apesar da forma súbita como tudo estava acontecendo.

         Damon riu junto dela e solicitou uma xícara de chocolate quente para si, fazendo um gesto para o atendente no balcão que entendeu com competência o que ele solicitara.

         - Então, Elena Gilbert, posso perguntar quais são os planos da senhorita para o dia de hoje? – Damon bebericava da sua bebida, sem deixar de prestar atenção nos movimentos da garota ao seu lado.

         - Bom, ir para casa e me aliviar do estresse com meus sobrinhos. – Elena respondeu soltando um longo suspiro de frustração em seguida.

         - Se quiser, posso te ajudar um pouco. Tirei o dia de folga hoje e estava precisando de uma companhia para uma aventura louca nessa vida. – Damon sorriu com malícia para a garota que riu em seguida.

         - Se pensa que vai conseguir me levar pra...

         - Ei! Espera um pouco, eu nunca pensei em abusar de você de qualquer forma possível. Estou apenas te convidando para espairecer a cabeça, o que me diz? – Damon estendeu sua mão para Elena, em sinal de trégua entre eles.

         Se fosse um dia comum, Elena com certeza diria não para Damon, mas estava realmente precisando espairecer, tirar Caroline e seu egoísmo da cabeça, precisava fazer algo diferente e Damon a estava oferecendo exatamente isso. Claro que não confiava cem por cento nele ainda, haviam acabado de se conhecer, mas negar a oportunidade de se distrair por algumas horas, estava fora de cogitação.

         Ao aceitar o convite, Damon e Elena terminaram seus líquidos e saíram juntos daquele quiosque, o vento frio de Nova Iorque estava congelando seus movimentos, e se ficassem parados ali por mais um minuto, era capaz que virassem pedras de gelo.

        Damon se dirigiu ao seu carro e abriu a porta para que Elena pudesse entrar no veículo, o que ela fez de bom grada, Damon fez o mesmo em seguida. Lá dentro, o homem de olhos azuis maravilhosos ligou o ar condicionado, esquentando o ambiente enquanto ligava o veículo e se dirigia ao local que desejava ir passando tranquilamente pelas ruas daquela megametrópole.

         Aos poucos Elena reconhecia o trajeto, chegavam ao Brookling, bairro onde Elena passou horas brincando em sua infância com sua irmã e amigos e isso a fez sorrir docemente.

         - Boas lembranças por esse bairro? – Damon perguntou, a reação da mulher não passara despercebida por seus instintos e pode notar o sorriso que se desenhou nos lábios de Elena.

         - Sim, brinquei muito em minha infância por aqui. Eu e Margareth nos divertíamos muito.

         - Eu também. – Damon confessou. – O Brookling é um lugar especial pra mim, principalmente porque é onde me remete a minha infância. Se hoje me tornei quem sou, um empresário de sucesso, foi graças à esse bairro. Nunca me conformei com a vida difícil que vivi com minha mãe por aqui. Sempre quis dar o melhor para ela.

         - Entendo o sentimento. Eu e minha irmã somos iguais, nunca nos conformamos em vivermos em um apartamento tão pequeno quando crianças, até que um dia conseguimos, Mar casou-se com um engenheiro e eu tive a oportunidade de abrir minha própria butique em Manhathan. Nossa mãe finalmente ficou livre para viver da forma que sempre desejou.

         - Você mora com sua irmã? – Damon perguntou, estava curioso sobre Elena, queria saber mais sobre ela.

         - Na verdade não, estou apenas passando um tempo com ele enquanto Brad viaja. Ela está grávida e precisa de minha ajuda com as crianças. Eu tenho um apartamento, nada luxuoso, em Manhathan.

         Damon finalmente parou seu carro alguns minutos depois e se ajeitando para sair, perguntou: - Vamos?

         - Aonde estamos? – Elena estava curiosa, era claro que o Brookling havia sido apenas uma passagem para o local que iam, mas não se via surpresa ao ver um prédio imenso, luxuoso se estender ao seu logo ao seu lado.

         - Você vai ver, e vai adorar, confia! – Damon sorriu para ela, estendendo sua mão enquanto a mulher descia de seu carro, segurando em sua mão.

         Entraram no local e Damon pode ver a expressão surpresa de Elena ao reparar que estavam em um restaurante, o lugar era imenso, ficava na cobertura do prédio e a visão da cidade inteira era perfeita através das imensas janelas de vidro que eram as paredes do lugar.

         - Damon, isso é incrível. – Sussurrou Elena.

         - Está com fome? – Ele perguntou, sorrindo da reação da garota. – Sei que parece luxuoso, mas acredite, é o lugar mais aconchegante de Nova Iorque.

         Por mais que parecesse contraditório, Elena precisava concordar, ela sentia-se à vontade naquele lugar, como se nada a pudesse incomodar enquanto olhava a cidade inteira de cima.

         - Gostei daqui. Obrigada Damon. – Elena sorriu para ele e foi retribuída.

         Após almoçarem, Elena e Damon foram até o Central Park. Passaram horas conversando, rindo das piadas que os dois faziam e se divertindo. Por mais incrível que pudesse parecer, Elena finalmente se sentia à vontade com ele. Nunca imaginara que aproveitaria tanto um dia como estava aproveitando naquele momento.

         - E então Damon, você ainda não me contou seus motivos para ter me enviado as rosas. – Elena falou de repente. Não queria admitir, mas estava muito curiosa para saber os motivos reais de Damon para ter enviado tal buquê, deveria ter gasto uma nota com ele.

         Damon sorriu ao responder:

         - Para ser sincero, você me encantou desde a primeira vez que te vi, Elena. Queria que soubesse que estava realmente arrependido por ter gritado com você daquela maneira e ter te chamado de agitadora. Você definitivamente não é nada daquilo, e apesar de contraditório, eu estive encantado por você desde então. O seu jeito altivo, sua postura e até o seu jeito de garota rebelde que não aceitava ser chamada a atenção daquela forma. – Ele riu suave e olhou nos olhos de Elena. – Você me perdoa?

         - Está perdoado desde aquele dia. Eu só sou teimosa demais para parar de negar o óbvio. – Ela respondeu rindo da reação dele, que concordava com a parte de sua teimosia.

         Depois daquela conversa o clima entre os dois ficou ainda mais reconfortante, Elena estava encantando por ele também, ainda mais depois daquele dia que passaram juntos, e ela não podia negar isso. As coisas estavam caminhando para algo no qual Elena ainda não se sentia pronta, por isso tentava não pensar nisso, mas queria conhecer melhor ao Damon.