Feliz Natal, Meu Amor escrita por TatyMelo


Capítulo 1
Capítulo 1: Amar Para Quê?




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“No dia de Natal, meu amor mandou me chamar...” Elena Gilbert cantava com voz melodiosa embalando Hayley, sua sobrinha de um ano.

Margaret, irmã mais velha de Elena, grávida de oito meses, riu, mas protestou:

— Você mima demais essa menina! – E, depois de uma pausa, ela queixou-se: - Como estou cansada! Não me senti assim na gravidez de Tommy nem na de Hayley.

— Está mais velha agora Mar. E não tinha duas crianças pra cuidar quando esperava Tommy.

— Concordo – Margaret confessou suspirando. – E Brad estava sempre comigo nesses dias. – Brad, marido de Margaret, era engenheiro civil e viajava muito nos últimos tempos. – Faltam só três semanas para o natal e provavelmente ele não chegará a tempo.

— Afinal – Elena quis mudar de assunto -, um pouco de mimo não fará mal a Hayley. E aproveite o fato de eu estar aqui para mimar seus filhos.

— Tudo bem, tudo bem Elena. Mas, o que você quer ganhar no natal?

— Ora, esqueça, não quero presente, o natal é festa para crianças. Com vinte e cinco anos considero-me velha demais para me ocupar com Papai Noel. De mais a mais, você não se encontra em condições de andar de loja em loja procurando presentes. E entendo seu aborrecimento por causa de Brad. Lembra-se de papai? Viajava o tempo todo e mamãe se irritava profundamente.

Os pais de Elena e Margaret separaram-se quando as meninas eram adolescentes, e fora um divórcio turbulento.

— Estou aborrecida com a ausência de Brad, Elena, mas não irritada. Ele preferiria estar aqui, eu sei, mas o trabalho exige sua permanência em outro lugar.

— Homens, homens! Todos são iguais. – Elena declarou.

— Gostaria que não generalizasse tanto só porque foi enganada por um homem Elena. Mas quero te dar um presente, devo isso a você pelo trabalho que está tendo com meus filhos, especialmente nesta época do ano em que as vendas na sua butique são maiores.

O médico de Margaret ordenara que ela fizesse repouso nas últimas semanas de gravidez, e Elena mudara-se provisoriamente para a casa da irmã a fim de cuidar das crianças.

— Não me deve nada Mar. – Elena ficou indignada. – Somos uma família, Santo Deus, você faria o mesmo por mim, não faria?

— Não está preocupada em deixar sua sócia Caroline sozinha na butique?

— Um pouco, infelizmente Caroline não tem prática nenhuma no ramo. Filha de pais ricos brinca de ser empresária. Falta muito ao trabalho e quando está presente não é lá essas coisas. Por sorte temos ótimas ajudantes. E eu dou um pulo na loja de vez em quando.

— Acha que Caroline não tem muito interesse em continuar com o negócio? – Margaret perguntou.

— Não tem. Eu compraria a parte dela se pudesse, mas como não posso... Mas, de qualquer maneira, ficarei com você o tempo necessário. Aposto que o Brad estará de volta no natal. Ele não tem telefonado, tem?

— Não é sempre fácil para Brad encontrar um telefone. – Margaret tentava defender o marido. – Alguns dos locais onde trabalha ficam a quilômetros de distância de qualquer cidade.

Elena sorriu e murmurou:

— Interessante como duas irmãs tão unidas como nós somos têm pontos de vista tão diversos sobre casamento.

— O que quer dizer com isso Lena?

— Bem, não é que eu não goste de crianças. Sabe como adoro Tommy e Hayley, mas casamento é coisa que sempre relego a um futuro distante.

— Você mudou de idéia depois que conheceu Stefan. – Margaret comentou com tristeza.

Há pouco mais de um ano, Stefan Stooner, homem atraente e bem colocado na vida, fora apresentado a Elena por um amigo em comum.

Quando Elena começou a se apaixonar, Stefan foi inesperadamente preso por fraude. Não apenas isso a decepcionou, mas descobriu que ele vivia com uma moça enquanto a cortejava.

Ela sofreu muito. E jurou a si mesma que nunca mais um homem a enganaria.

Margaret não sofrera decepções no casamento, mas seu dia a dia não era fácil.

— Não sei como você aguenta essa vida! – Elena exclamou de repente. – Três vezes grávida em quatro anos, e Brad frequentemente longe. Como pode ser tão conformada?

— Porque amo Brad e amo meus filhos. Quando você amar, aguentará tudo. Vai encontrar seu amor um dia.

— Me apaixonei uma vez, lembra-se? – Elena falava com amargor. – Ou pensei que tivesse me apaixonado.

— Sim, foi uma pena o que aconteceu, mas não, todos os homens não são iguais. Não sabe o que está perdendo Elena. Talvez – Margaret brincou – você deva pedir a Papai Noel... Um homem.

— Um homem? Como presente de natal? Não, obrigada. Não tenho pressa nenhuma em me amarrar, não depois de Stefan. Vocês, velhas mulheres casadas, são todas iguais, mal podem esperar ver todas no mesmo barco.

— Nada de “velhas”, por favor. Tenho só dois anos mais que você. Mas não será fácil te encontrar um parceiro. Ele terá de ser tolerante, em especial no caso de sua insistência em continuar com a carreira depois de casada. E precisa ser enérgico... Para conviver com seu gênio forte.

— Gênio forte?! – Elena exclamou. – Você me compara a uma dessas mulheres mandonas, autoritárias, duras?

Margaret riu e acrescentou:

— Você projeta a imagem de uma mulher de negócios. Não quis dizer que é sempre autoritária, tem seu lado terno também, ou não estaria comigo aqui agora. E é boa com crianças. Precisa ter filhos antes de ficar muito...

— Falando em crianças... Prometi a Tommy levá-lo à cidade hoje. Ouvi dizer que a Salvatore’s Company, bem perto da minha loja, tinha armado uma gruta de Papai Noel. Presentes serão distribuídos a todas as crianças. Hayley pode ir também?

— Não, não. Ela é muito jovem pra apreciar essas coisas.

Era um sábado chuvoso clima comum nos meses de dezembro e janeiro. Mas as lojas grandes de Manhattan estavam muito iluminadas.

Tommy portava-se como um anjo. Mas, à medida que se aproximavam das lojas, excitava-se, apertando a mão da tia.

— Chegamos. – Elena disse afinal.

A gruta, ela descobriu, ficava no departamento de brinquedos, no sexto andar. Em volta da gruta a confusão era total, devido à quantidade enorme de crianças. Papai Noel sentava-se em um trono, rodeado de pacotes de presentes.

A fila para chegar perto do velhinho era enorme. Mães e avós estavam impacientes.

— Parece que há algum problema – Elena comentou com uma senhora idosa, na fila em frente dela.

— Problema?! – A mulher resmungou. – Um desastre, isso sim. Estamos nesta fila há mais de meia hora. Acho que vou desistir.

— Mas o que exatamente está acontecendo?

— Uma mistura dos pacotes. Os meninos estão ganhando bonecas e as meninas bolas de futebol. Alguém deve ter errado a cor dos papéis de presente.

— E o que a direção da loja está fazendo? – Elena quis saber.

— Quase nada. A maioria dos funcionários foram contratados só para a temporada. São em geral pessoas de idade, aposentadas.

— Mas não é culpa dessas pessoas. – Elena protestou. – A direção da casa devia tomar uma providência.

— É o que pensei. – A velha senhora concordou. – Mas ninguém quer perder o lugar na fila para fazer algo.

— Bem, alguém precisa tomar essa iniciativa. – Elena declarou e pegando Tommy pela mão, encaminhou-se para o tablado onde fora montada a gruta do Papai Noel e anunciou, em voz bem alta:

— Calma, vou falar com o gerente para resolver o problema.

Mas não houve calma. A multidão invadiu o tablado e Papai Noel retirou-se, deixando Elena e Tommy sozinhos no tablado.

Em vão, Elena pedia silêncio.

— Silêncio! – Um grito impressionante ecoou no ar.

Um homem alto, forte, aparecera de repente. Usava um terno impecável. Seria algum supervisor?

Ele olhava Elena com um olhar furioso e seu ar autoritário calou a garota.

— O que pretende com isso? Que tipo de agitadora de multidões você é?

— Não fui eu que comecei com tudo. Trouxe meu sobrinho e...

— Oh, não foi você? Por que então está aqui no tablado, dirigindo o movimento?

— Para sua informação – Elena replicou – eu tentava ajudar. Eu...

— Ajudar? Pois bem, não ajudou em nada! – E, dirigindo-se para a multidão: - Senhoras e senhores, meu nome é Damon Salvatore. Um de vocês pode me dizer o que houve?

Um senhor de idade explicou tudo.

—Obrigado. – Damon Salvatore agradeceu. – Agora ficou claro. Posso lhes garantir que o problema será rapidamente sanado. O restaurante está à disposição de todos. Enquanto esperam, refrescos serão servidos por conta da casa.

Elena estava furiosa, como ousara Damon culpá-la pelo mau funcionamento da loja? Pegando Tommy pelo braço, seguiu o grupo.

— Você não. – Damon ordenou. – Quero que me acompanhe, com seu sobrinho, ao meu escritório.

— Por quê?

Damon sorria, e só então Elena notou que ele tinha olhos azuis com cílios vagando entre claro e escuro, que fariam a inveja de qualquer mulher.

— Por quê? Porque lhe devo desculpas.

— Deve mesmo. – Elena concordou. – Mas não quero tratamento especial, vou com os outros.

— Não, por favor. Preciso me retratar. – Ele sorriu mais uma vez e esse sorriso o transformou no homem mais atraente que Elena já conhecera. – Se não for comigo, como posso saber que estou perdoado?

— Muito bem. – Ela concordou.

O escritório de Damon era grande e bem masculino. Elena sentou-se no sofá e ele, ignorando a escrivaninha, acomodou-se em uma poltrona ao lado.

Logo foi servido chá e suco de laranja para Tommy.

— Não havia necessidade de tudo isto. – Elena comentou.

— Mas acho que havia. Na exaltação do momento cometi uma injustiça. É que... Quando a vi no tablado...

— Você me chamou de agitadora de multidões, não foi?

— Foi o que eu disse? Mais uma vez peço-lhe desculpas. E agora, por favor, me diga seu nome e endereço.

— Por que, posso saber? – Elena o olhava, surpreendida.

— Processamento de rotina. Todas as pessoas aqui presentes hoje receberão uma carta pedindo desculpas.

— Não é necessário escrever para mim. Já me pediu desculpas.

— Apresentei minhas desculpas pessoais, sim, mas a Salvatore’s Company quer fazer as coisas adequadamente. Então, como é o seu nome?

— Elena. Elena Gilbert. E meu sobrinho é Tommy.

— Elena – ele repetiu e escreveu. – Nome pouco comum nos Estados Unidos, mas você também é uma pessoa fora do comum.

— Não acho. – Elena protestou friamente. E, considerando que estava na casa da irmã, deu o endereço.

— Agora – Damon disse – podemos ir ao departamento de brinquedos.

Lá, tudo havia sido restaurado.

Elena tentou se retirar, porém Damon segurou-lhe o braço com força.

— Me deixe ir. – ela pediu. – Todos estão olhando para nós.

Damon obedeceu e Elena voltou para casa na companhia de Tommy.

“Interessante”, ela pensava, “não posso me esquecer do encontro com Damon Salvatore. Vejo diante de mim, o tempo todo os olhos azuis do homem. Sinto até o aperto da mão masculina em meu braço e ouço a voz profunda dele”.

Finalmente, irritada com a sua atitude, fez um esforço determinado para banir da memória Damon Salvatore.

A carta pedindo desculpas chegou na segunda-feira; de rotina, cortês, nada pessoal.

Elena relatou à irmã tudo o que se passara.

— E aqui está a carta – ela disse. – O fim de um episódio... Nada especial.

Margaret não fez comentários, mas olhou para a irmã desconfiada.

Na terça-feira de manhã chegaram as flores, um enorme buquê que perfumou a casa toda.

— Rosas vermelhas! – Exclamou Margaret. – Nesta época do ano? Deve ter custado uma nota. Quem é seu secreto admirador? Que diz o cartão?

Elena leu:

“Apenas para reforçar minhas desculpas e com a esperança de melhor relacionamento no futuro”.

— Damon Salvatore? – Perguntou Margaret.

— É.

— Muito romântico. Você deve ter causado boa impressão nele Elena.

— Acha? Damon me chamou de agitadora de multidões, lembra-se? Quanto ao romantismo...

— Você pretende continuar afastando os homens para sempre?

— Esse tipo de homem, sim. – Elena respondeu. – Um estranho, de quem nada sei. Um homem de mais de trinta anos deve ser noivo, ou casado até.

— O que a irrita mais? As atenções dele ou o fato de você não saber se ele é livre para um namoro?

Elena preferiu não analisar os fatos e respondeu:

— Não gosto de avanços de homens que não conheço.

— Mas você trata os homens que conhece como trata uma amiga.

— Eu sei. Quero bons amigos, nada de romantismos.

— Tenho a impressão Elena de que você vai ficar muito amiga de Damon.

— Espero que não.

— Por favor, não permita que Stefan estrague sua vida, que a impeça de amar outra vez.

— Não é isso Mar. Só não quero me sentir aprisionada. Lembra de como a mamãe sofreu com papai? Não desejo perder minha liberdade, estou muito feliz como sou.

Naquela tarde Margaret recebeu um telefonema. Quando voltou pra sala Elena notou que a irmã tinha uma expressão triste no rosto e perguntou:

— O que houve?

Com os olhos cheios de lágrimas Margaret explicou:

— Brad não vai voltar tão cedo. Em geral posso aguentar bem essas ausências dele, mas esperava vê-lo no Natal.

À noite a campainha tocou.

— Eu atendo. – Elena disse a Margaret e foi até a porta. – Quem é?

— Olá Elena!

Era Damon Salvatore. Em um ato automático Elena abriu a porta mas logo depois tentou fechá-la. Porém um grande pé e mão forte a impediram.

— Eu esperava por uma recepção mais calorosa – ele queixou-se.

— Não sei o que está fazendo aqui e gostaria que...

— Quem é Elena? – Margaret chegara perto da irmã e perguntava com ansiedade. – Alguém da polícia?

— Não Mar não. Este é Damon Salvatore.

—Oh! – Margaret exclamou. – Foi você que mandou as flores pra Elena?

— Eu mesmo.

— Acho que poderia reconhecê-lo pela descrição dela. E eu estava querendo muito ser apresentada.

Elena ficou sem jeito agora Damon teria a impressão de que se interessara por ele. Rezou para que a irmã se retirasse e a deixasse cuidando sozinha do assunto. Mas isso não aconteceu.

— Entre, por favor, senhor Salvatore. – Margaret o convidou.

— Meus amigos costumam me chamar de Damon. – Ele disse a Margaret enquanto ia para a sala. – Linda casa! Adoro Manhattan. Um amigo meu mora nesta cidade.

— Íamos nos sentar à mesa para jantar. Gostaria de nos acompanhar? – Margaret sugeriu.

Elena ficou desesperada. Onde Margaret estava com a cabeça? Porque encorajar aquele homem?

Para seu alívio, Damon recusou.

— Obrigado, já jantei. Desculpe-me por ter aparecido em hora tão imprópria. – E dirigindo-se a Elena: - Só quis ter certeza de que as flores haviam chegado. Mas vejo que estão ali.

— Sim obrigada. Você não precisava se incomodar. – Elena respondeu asperamente, sentindo-se depois um tanto ingrata.

— Parece que não alcancei meu objetivo. Quer saber por que motivo mandei as flores?

— Não – ela respondeu depressa, receando a resposta. Seu coração começou a bater mais rápido. – Quer dizer... Acredito que tenha sido parte das desculpas. Ahn... Ouço um barulho lá em cima. Será Tommy?

O pretexto não funcionou, pois Margaret interveio logo:

— Não é Tommy. Uma vez dormindo, não acorda mais. Aliás, nenhum dos dois. Hayley também tem sono pesado. Olhe, Damon, considerando que você já comeu hoje, quer jantar conosco amanhã?

Vanessa poderia estrangular a irmã. Mas o próprio Damon veio em seu auxilio.

— Sinto muito – disse – tenho um compromisso amanhã à noite. Espero contar com o convite em outra ocasião.

Já da porta ele sussurrou para Elena:

— Na próxima vez em que estivermos juntos, explicarei a você algo importante. Direi exatamente o porquê mandei as rosas.

E antes que ela pudesse declarar que não haveria uma próxima vez, ele partiu.


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