PDV SAM
Me senti um alvo cheio de círculos daquele de tiro ao alvo que você encontra em qualquer bar que venda respeitosamente um boa tequila. Aquela bolinha circulando pelo meu corpo: se acertasse na perna 20 pontos, na barriga 30, no coração 50 e na cabeça, o prêmio maximo 100, e todos os pontos seriam convertido para doses e mais doses de whisky, tequila, rum e uma variedade de destilados.
Assim que Vivian avistou Dominic seu bronzeado natural foi substituído por uma palidez extrema que fora rapidamente trocada por um vermelho furioso em suas bochechas.
 -Filho da... Oh meu Deus ele com certeza não tem mãe. Ninguém daria luz a um ser desses.
 -E ele é o que filho de chocadeira? disse sentando-me e virando toda uma taça de champanhe de uma só vez.
Vivian riu.
 -Está nervosa Sam?
 -Se estou nervosa? Claro que estou! Desculpa mas, eu não estou acostumada a ter uma arma apontada pra mim.
 -Foi uma experiência emocionante, não foi?
 -Foi aterrorizante.
 -Ah, mas nada se compara a tomar um tiro. comentou Freddie.
 -Por acaso você já teve uma bala no corpo?
 -Já. ele disse olhando para Vivian.
 -De nada, por dar a melhor experiência da sua vida. Isso é viver amor.
 -Você chama de viver eu chamo de correr em direção à forca. Freddie encerrou e tomou um gole de seu vinho.
 -Vivian, finalmente, quando isso vai acabar?
 -Espero que logo.
 -Hoje ainda? Ou nós tomaremos chá da tarde com o Dom, e rezaremos para que os torrões de açúcar não estejam envenenados? Questionei.
Vivian me olhou com cara de poucos amigos. Pegou o celular, digitou algo, olhou em volta, bebeu e comeu algo que estava na sua frente, então se inclinou para trás fingindo arrumar o cabelo, olhou o celular novamente e por fim, me encarou.
 -Então Sam, espero que você goste de surpresas.
Lancei-lhe um olhar intrigado e ela apontou uma direção discretamente. Não havia entendido, a encarei novamente, confusa, e ela sorriu. Olhei para Freddie que balançava a cabeça negativamente. Senti a presença de alguém atrás de mim e antes que pudesse me virar para ver quem era sua voz soou pelo ar.
 -Não precisa se virar.
 -Ian! eu disse.
 -Surpresa! Vivian exclamou batendo palmas.
 -Mas o que... Freddie! Você sabia disso?
 -Digamos que...
 -Sim ele sabia. Ian respondeu por Freddie. Cumprimentou Freddie, acenou para Vivian, e sorriu para mim, sentando-se na cadeira entre nós duas.
 -Você não queria adiantar isso Sam? Então, conheça meu chefe.
 -O que? minha mente estava dando mil voltas.
 -Samoca é uma longa historia. Prometo que isso vai ser rápido. Posso te contar depois?
 -Samoca? sussurrou Freddie.
 -Eu... Pode claro. Eu só quero sair daqui. Eu vou ao banheiro, rapidinho.
 -Quer que eu te acompanhe? perguntou Freddie com um sorriso malicioso.
 -Ei! Ela é minha amiga, e eu sou do FBI, mas respeito, por favor. Ian repreendeu Freddie.
 -Own, apesar de a proposta ser tentadora eu vou recusar.
Dei dois beijos e um abraço em Ian, e quando estava saindo da mesa Freddie segurou minha mão.
 -Sam... ele disse, seus olhos fixos aos meus e sua expressão era uma agonia indecifrável.
 -Oi?
 -Eu te amo. Sorri.
 -Eu também te amo.
 -Toma cuidado.
 -Não se preocupe eu só vou ao banheiro.

Passei rapidamente entre as mesas e segui pela lateral até o banheiro. Assim que passei pela porta do corredor que dava acesso aos banheiros uma estranha sensação tomou conta de mim, preferi ignorar. Andei por uma confusão de caminhos até o final do corredor onde eu encontrei a porta do banheiro feminino. Entrei e observei que estava vazio, encarei o espelho, molhei a nuca e os pulsos, e antes de ir retoquei a maquiagem.

A sensação estranha me tomou novamente, dessa vez mais forte do que antes. Respirei fundo quando a ideia de que algo poderia me acontecer me assustou mais do que eu imaginei decide sair dali o mais rápido possível. Girei os calcanhares e fiz o caminho contrário até a porta de entrada que para minha surpresa estava fechada. Tremores surgiram em todo o meu corpo. Ok, talvez eu tenha esquecido a entrada, afinal são tantas portas por aqui.
Tentei lembrar o que caminho que havia feito. Eu entrei, segui reto, virei à direita, encontrei o corredor do banheiro masculino, retornei para o corredor principal, virei à esquerda, passei por duas portas fiz um caminho de U e cheguei ao banheiro. Foi isso não foi? Ou foi ao contrario? Ah, meu Deus, eu estava perdida. Mas também, por que alguém faz uma área de banheiros tão confusa assim?
Parei numa área com duas portas, uma do lado esquerdo e outra do lado direito, e dois corredores a minha frente. Ok, vamos pensar! A meia luz do ambiente que antes, tinha achado aconchegante, agora me parecia assustadora, e quando elas ameaçaram falhar, um grito quase escapou dos meus pulmões.
Escolhi o corredor da direita. Péssima ideia. A minha frente surgiu um enorme corredor com uma porta ao final. Fui caminhando para o final do corredor e parei de repende quando ouvi passos, encostei-me a parede e coloquei a mão em meu peito, meu coração estava acelerado. Dei mais dois passos até que a luz se apagou. Droga. Revirei minha bolsa atrás do meu celular, não o encontrei. Tentei me acalmar e recostei novamente, senti algo abrir atrás de mim, e a ultima coisa de que me recordo é do meu corpo caindo.
PDV FREDDIE
Enquanto Sam estava no banheiro, Vivian, Ian, e eu conversamos sobre o que aconteceria quando Dom fosse preso. Era basicamente um plano bem tranquilo: Eu e Sam ficaríamos sentados na mesa, enquanto Vivian e Ian comandavam os homens que estariam cercando a casa, eles dariam voz de prisão a Dominic e fim.
Porém havia um problema, um grande problema, já fazia meia hora que Sam tinha ido ao banheiro e ainda não tinha voltado.
 -Freddie? perguntou Vivian.
 -Que?
 -O que você tem?
 -Tem muito tempo que a Sam foi ao banheiro e...
 -É eu também tinha reparado nisso. comentou Ian.
 -Liga pra ela. Vivian ordenou.
Peguei o celular, disquei o número e esperei. Uma, duas, três...Com sete toques foi para a caixa postal.
 -Tá na caixa.
 -Liga de novo.
Repeti o ato e mais uma vez caixa postal, mas dessa vez no quinto toque.
 -Caixa. De novo.
 -Rápido demais dessa vez. disse Ian.
 -Temos duas opções ou ela está transando com o garçom no banheiro e está desligando o telefone pra ninguém incomodar o orgasmo da traição perfeita ou alguém está desligando o telefone dela, e olhe para direita, lá está vindo o garçom que piscou para a Sam, então para a sua sorte, mas não para a da Sam, a vencedora é a segunda opção. Analisou Vivian.
 -Porque para sorte dele? Em qualquer uma das hipóteses ele pode estar sendo traído, ou pior a Sam pode estar em perigo.
 -Bom, antes viúvo do que corno não é mesmo? Vivian sorriu.
 -Vivian, qual parte de sem mortes você não entendeu? Ian a repreendeu.
 -Desculpa gente, eu não pude evitar. E tinha que disfarçar já que estamos cercados pelo inimigo.
-Por pouco tempo. Ian informou.
-Eu espero. disse.
-Tá, belos rapazes. Não chegamos a uma conclusão. O que houve com Samantha?
-Freddie, tente novamente.
Acatei as ordens de Ian. Chamou uma, duas, três vezes, e no sexto toque eu já estava desistindo quando alguém atendeu.