The Nimolok And The Tamer. escrita por lovemachine


Capítulo 1
Perfection.


Notas iniciais do capítulo

Moin moin~~!


Mais uma história para vocês, dessa vez larguei o fandom e resolvi fazer uma original ♥ Mas antes queria que considerassem algumas informações para total entendimento da história u_u


Tipo, essa three-shot faz parte de uma "série" (quem lembra do Nyah! antigo?) de histórias todas ambientadas nesse universo, nesse planeta chamado Nomolok.


Bem, não quero dar muito "spoiler" sobre esse mundo porque virão outras histórias explicando, mas pra vocês entenderem ~essa~ só vai o essencial: Hm, antes esse mundo era agraciado por dois sóis, mas agora não há nenhum, eles vivem em completa escuridão. "Nimolok" é como se fosse o cargo mais alto dentro de uma guilda, o guerreiro mais forte e mais como um líder regional mesmo.


Acho que é só, hm. Espero que gostem!


Boa leitura!



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Perfeição. Pergunto-me o que seria perfeição.

Para você, leitor meu, o que é? É um estado físico, onde a dita “feiura” não existe? Ou seria um estado psicológico, onde não há defeitos? Um ponto de vista, talvez?

Dou-me muito com a última opção. Pois não, admito, ele não era perfeito. Passava longe disso. Um corpo forte demais para seus traços delicados, assim como alguém que passa horas treinando algum esporte. Um cabelo que, embora liso, sempre tinha diversos fios fora do lugar. Sua franja tinha um corte desigual. O sorriso era arrogante; os gestos, altivos e seguros; o olhar sempre certeiro; a expressão vazia.

Aquele era Doma Ravena e, em minha concepção, ele era perfeito.


Acordei cedo naquela manhã, que eu gostaria, mas há séculos não usávamos a palavra “ensolarada” em nosso mundo. Não havia sol, afinal. Mas seria redundante dizer “manhã escura”, pois todas eram. Então, digamos apenas que acordei cedo naquela manhã.

Havia pegado o péssimo hábito de espiar a janela após minha higiene pessoal, sem nem mesmo conferir se estava tudo bem com Anísio. A tão conhecida janela, minha companheira nos últimos dias, tornava-se um quadro quando o assunto era mostrar-me aquele ser tão perfeito domando seus dragões, enfeitando os sons ao seu redor com seus urros guerreiros.

Não avexei-me em mostrar-me completamente pela janela, Ravena estava provavelmente acostumado com a minha presença ali, sempre lhe observando. Ao tempo em que me apoiei ao parapeito, seu olhar virou-se para mim num reflexo rápido, como se nem ele pudesse evitar. Talvez resultado dos diversos anos domando dragões descontrolados prestes a matá-lo a qualquer momento.

Ah, mas como engana-se o próprio ser. O manto da rotina cobre nossos olhos sem nem que percebamos, tirando-nos a capacidade de ver o mundo como ele realmente é. Se eu não estivesse cego àquela manhã, teria notado que aquele dragão não era um feroz e assustador, que precisava de atenção para ser domado, mas parecia até bastante dócil. Tão obcecado com Ravena fiquei, que não notei que ele esperava-me.

Desconcertando-me e tirando por alguns segundos o chão abaixo de meus pés, ele virou-se, acarinhando o enorme dragão com uma das mãos, enquanto que com a outra acenava para mim e sorria um sorriso diferente dos presunçosos e arrogantes que costumava dar. Era apenas... Um sorriso. Leve e convidativo.

Convidativo. Ele estava, não estava? Estava convidando-me a juntar-se a ele na domaria. Mas seria eu tolo o suficiente para aceitar? Aceitar entrar num ringue mortal com diversas criaturas sedentas por sangue e apenas uma presença andrógina para me proteger?


– Bom Dia Negro, Doma Ravena.

Bem, é claro que sim. Era Ravena ali, afinal.

– Bom Dia Negro, Darwin.

Ah... que voz era aquela? Imaginei que, por ter apenas o rosto andrógino, ele teria uma voz forte e máscula, mas era tão diferente! Ravena detinha um timbre calmo e fino, parecia nunca desafinar, doce como mel. Servindo apenas para me encantar ainda mais, pronunciou meu nome pela primeira vez num tom levemente arrogante, como se dissesse que não ia me reconhecer como um Nimolok.

Ser tratado com hostilidade não era meu forte.

Mas por ser ele, achei perfeito.

– Eles parecem mais assustadores daqui debaixo – disse, encarando o enorme dragão repousado calmamente ao nosso lado, sem temores. Aquela frase implicava também uma pequena derrota, onde eu admitia que ficava, sim, admirando-o da torre de meu quarto. Ora, por que não?

– Pergunto-me, Darwin – começou, virando-se para o dragão, sem sustentar meu olhar. Frustrei-me levemente, pois seu brilho superior me atraía, de alguma forma – o que um tão bem sucedido Nimolok estaria fazendo por estas bandas...?

Ele falava de forma graciosa, como se estivesse indagando consigo mesmo – ou quem sabe com o dragão à sua frente – os fatos que me rodeavam. Era como ser desprezado e tratado como objeto de interesse ao mesmo tempo!

Ravena, de fato, tinha dom naquelas ancas.

– Estamos, sabe, tentando salvar o mundo – dei de ombros, deixando-o querer entender o que quisesse. Eu não estava mentindo, mas para qualquer um, seria uma mentira deslavada, sem dúvidas.

– Me pergunto como... eu – acrescentou, como se para me dar tempo a entender o que ele queria dizer – ajudaria no processo – finalizou com a expressão neutra, mas seus olhos presunçosos diziam tudo.

Pois de fato, como observando-o do alto de minha torre todos os dias ajudaria alguém a salvar o mundo? Ah, ele jogava bem demais.

– Não creio que possa ajudar – quis destacar nenhum pronome de tratamento, mas não tive a audácia dele, deixando apenas uma frase subjetiva no ar – Mas há diversas maneiras de contribuir – olhei inevitavelmente para seus dragões e aquele foi meu erro, pois vi em seu olhar que ele entendera.

– Sabe, Darwin – começou, novamente olhando-me, como se ignorasse a conversa anterior – A palavra que eu mais gosto não tem sinônimo, nem remediações, pode dizer-me qual é?

De fato, muito bem. Jogava com as palavras como se estivesse fazendo a cama, sem problemas.

Não, eu não poderia dizer que a palavra era “não”, pois dar-me-ia como tolo por não responder, por mais que respondesse corretamente. Isso seria também admitir que o que eu queria eram seus dragões e que ele não os daria.

– Diga-me a minha, Ravena.

Resolvi entrar em seu jogo.

Ele me olhou surpreso, levemente confuso, afinal, eu não havia dado nenhuma pista de qual seria a tal palavra. Mas ele era esperto, adivinharia tão logo quanto começasse a...

Corar.

Ao passo que seus olhos arregalaram-se levemente às margens do entendimento, seu rosto adquiria a cor do corar, adoravelmente desconcertado. Não deveria, mas era uma ótima sensação ver que toda a minha estupidez conseguira deixar o colossal ego de Doma Ravena calado.

– Ravena... – deduziu logo, sussurrando o próprio nome. Foi só então que notei que nunca o ouviria pronunciar o próprio nome, nem ele me escutara dizendo o meu; afinal, não fomos apresentados formalmente. Aquela era, talvez, a primeira vez que tínhamos uma conversa de gente grande. Mas mesmo assim, eu sabia seu nome.

E ele sabia o meu.

– Diga-me, Ravena – adorei dar aquela ênfase – O que acha de salvar o mundo?

– Desperdício – disse de pronto – O mundo não precisa de falsos heróis, falsas esperanças. A última coisa que esse mundo precisa é de salvamento.

– Mas o que lhe leva a pensar que nossa guilda é de falsos? – perguntei o mais gentil que pude, assaltado por uma revolta muda ao ouvir que o meus heróis eram falsos.

Fez uma expressão de desgosto, recusando-se a responder àquela pergunta: - A questão é que não dá pra salvar mundo. Não o nosso.

Naquela hora, senti pena de meu objeto de afeição. Seus olhos, antes tão impiedosamente belos, pareceram-me opacos e sem vida, não continham mais a gama de sentimentos que me assolavam anteriormente. Suas palavras, que antes pareciam-me cantadas, agora eram nada menos que um texto recitado. Seu encanto perdeu a razão.

Notei que sua arrogância e altivez eram nada menos que medo. Perguntei-me o que o teria acontecido no passado. Foi só então que a compreensão me veio.

Ravena não queria, mas precisava de heróis, ele sofria com aquele mundo escuro e sem vida. Queria mais do que ninguém que as Noites Brancas voltassem e que pudesse desfrutar da luz de nossos dois sóis. Isso dava-se porque Ravena precisava de luz. Precisava de um herói que lhe trouxesse os sorrisos verdadeiros, a alegria, a vida... O amor...

Subitamente, interessei-me anda mais pelo domador de dragões, querendo e necessitando de ser a luz que ele buscava, que tentava esconder de seus olhos. Mas estava sempre ali, aquele pedido tímido, porém desesperado, de que alguém o salvasse de suas trevas interiores.

Toda essa gama de sentimentos abateu-se sobre mim em questão de segundos enquanto eu encarava os agora – agora eu via – desesperados olhos de Doma Ravena.

– Eu o salvarei, Ravena – disse, por fim, aproximando-me dele, que recuou defensivamente – Eu salvarei seu mundo.

Deixou-me tocar seu rosto e sorri ao ver que ele ainda tinha esperanças. Ele me olhou em dúvida, mas eu sabia que confiaria eventualmente.

Selei nossos lábios como num último ato imprudente e levemente impensado. Um simples selar. Separamo-nos minimamente e ele abriu seus olhos e, ali, pude jurar que vi os dois sóis de nosso mundo brilhando como nunca antes, o que seria meu futuro se eu seguisse com o intento de salvá-lo.

Não salvar o mundo, mas sim Doma Ravena.



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Notas finais do capítulo

EAE MOSSADA, QQ CÊS ACHARO? 8D
Marida linda, o que você achou? u.u
Bem, ainda tem mais dois capítulos pra vocês, então espero que me acompanhem ;~; Mas por enquanto é isso :3
Caixinha do review aberta a dúvidas, sugestões, críticas, elogios e whatever ♥3
Acreditam que eu fiz o Ravena pensando no Yohio? x3 A voz dele principalmente, mas não só. Quando eu tento imaginar como ele é, a imagem do Yohio (de franja e cabelos longos) me vem a mente. Mas para quem está curioso a respeito do Darwin, sobre como ele é... Bem, é um personagem bem ordinário na aparência, na verdade, mas revelo no próximo capítulo. Vou ver se ponho no cap. mesmo ou nas notas x3 Mas pra quem perguntar eu respondo numa boa (a verdade é que não pensei muito sobre a aparência desse Nimolok x3).
FELIZ ANIVERSÁRIO MOYASHI-SAN!!!!!!111 ♥
Bis bald,
lovemachine~