Blackout {hiatus} escrita por Santana


Capítulo 3
Carona com o Inimigo


Notas iniciais do capítulo

Com um dor de cabeça incrivelmente devastadora, consegui terminar o capítulo e peço desculpas pela demora dele ter saido.
Obrigada, meninas por comentar. Comentem sempre!!!
Agora aproveitem!!!!!



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“Julia, o Dylan vai te dar uma carona para casa, fui almoçar com o papai. Stev.”

Tive que reler duas vezes a mensagem de texto para ter certeza de que era exatamente aquilo que significava.

Julia. Carona. Dylan.

E o desgraçado ainda foi almoçar com o papai, o que tornava tudo duas vezes pior, já que o que unia papai e Stev num almoço no meio da semana era os meus problemas de comportamento.

O que eu achava um absurdo, porque eles creditavam que quando eu me trancava no quarto durantes dias a fio eu estava me mutilando. Essa era a teoria que Stev e papai formularam para a razão de só se haver roupas de mangas longas no meu guarda-roupa.

E a causa para não haver trancas em todos os quartos e, principalmente, no banheiro.

Murmurei algo que nem eu mesma entendi, enfiando em uma rapidez invejável todos os meus pertences dentro da bolsa e pondo meu celular no bolso do casaco, saindo da sala antes que a aula acabasse. Eu iria repetir o semestre de qualquer maneira.

Eu só precisava garantir uma coisa: Não pegar carona com o Dylan de jeito nenhum.

Afinal o plano era continuar o ignorando, certo?

Certo.

Peguei o celular assim que senti vibrar, pensei que era mais uma alerta de “bateria fraca” quando vi que havia uma nova mensagem.

“Você acha que eu tenho todo o tempo do mundo? Rápido, Julia. To na porra do estacionamento. Dylan.”

Pensei em uma resposta bem mal criada pela impaciência dele, mas não saiu tão ofensiva quanto eu pensava:

“Não pedi para me esperar, eu tenho pernas e posso ir andando, seu energúmeno!”

Recebendo em resposta:

“Que seja.”

Quase pensei que ele desistiria de me levar para casa com aquela mensagem de texto um tanto desdenhosa. Na verdade, acabei me sentindo um pouco mal pela pouca importância que apenas essas duas palavras proporcionavam.

Enfiei o celular de volta ao casaco me preparando para pegar um ônibus na outra esquina próxima ao estacionamento do campus, quando me dei conta de que teria que passar por Dylan.

Ele estava encostado no seu carro com um óculos escuro escondendo as íris castanhas. Parecia bem bravo com a minha demora, porque quando me viu, o seu maxilar ficou tenso e ele virou o rosto para o lado contrário ao qual eu estava vindo.

Continuei caminhando, tentando ignorar por completo o quão próxima já estava dele e do seu carro, quando percebi que ele pegou o celular e digitou algo, para logo o meu vibrar novamente em meu bolso.

“Vou ter que te arrastar até aqui ou você vai ter a decência de andar mais rápido?”

Não me dei ao trabalho de responder.

* * *

– Esse não é o caminho de casa. – contestei com a voz abafada, enquanto ouvia uma música do Imagine Dragons no aparelho de som do carro de Dylan.

Estava um silêncio esquisito desde que ele me arrastara até o carro e me jogara no banco do passageiro enquanto eu alegava que poderia indicia-lo por sequestro fazendo um pequeno escândalo pelo qual ele fez questão de ignorar, dando a partida e seguindo por uma rua que até então eu não conhecia.

– Não. – respondeu curto e grosso.

Dylan ainda parecia bravo e, mais que tudo, terrivelmente chateado, pois o maxilar continuava tenso e eles estava escondendo seu olhar por trás das lentes do óculos escuro. Ele apertava o volante com força extra enquanto dirigia, pois os nós dos seus dedos conseguiram ficar mais brancos do que nunca.

– Posso saber onde estamos indo pelo menos?

– Minha casa.

Impossível não ficar surpresa quando ele mencionou que estávamos indo para a sua casa, já que ele parecia que não tinha uma. Desejei impacientemente que ele estivesse sem a porcaria dos óculos para poder ler o seu olhar.

Me mexi no banco, desconfortável, enquanto tentava pensar em alguma coisa para quebrar o clima o chato.

– Então não é mesmo um sequestro?

Ok, eu poderia ter feito melhor.

Dylan deu um sorriso irônico e estacionou o carro. Antes de sair, olhou para mim e me lançou um dos seus sorrisos da coleção ironia.

– Eu te devolveria em cinco minutos.

Observei um pouco em choque quando ele bateu a porta do carro um pouco forte demais, mas logo o segui, enquanto ele caminhava para a entrada do que eu deduzi ser a sua casa.

Ele abriu a porta, deixando que a sala fosse iluminada pela luminosidade matinal, revelando caixas e mais caixas fechadas com fita adesiva em toda a sua área.

Dylan fechou a porta atrás de mim deixando a sala escura, mas logo acendeu a luz e pude ver que não havia nenhum móvel na sala, somente caixas e objetos enrolados em folhas de jornais e revistas.

– Não repara essa bagunça toda, ainda estamos arrumando as coisas para a mudança. – ele disse seguindo por um corredor que se estendia por uma das laterais da casa.

Não pude evitar um bolo estranho na minha garganta quando ouvi a palavra ‘mudança’, mas estava curiosa demais para acabar aquela conversa por ali.

– Quando você se muda? – perguntei enquanto driblava as caixas no chão e tentava não derrubar nenhum dos objetos com minha incrível habilidade relacionada a todas as formas de desastre, o seguindo corredor a dentro.

Dylan estava em um dos quartos, procurando algo dentro de um guarda-roupa enquanto jogava algumas roupas no chão, selecionando poucas peças e pondo-as dentro de uma mochila.

Era um cômodo grande para o quarto de um garoto, e não consegui deduzir a posição dos móveis já que todo o resto a não ser a cama de casal e o guarda-roupa estava encaixotado ocupando algum espaço no chão.

– Não vou me mudar, meus pais vão. Se bem que eles querem me arrastar mas eu não posso ficar sem a Universidade. – respondeu sem olhar para mim.

– Ah! – exclamei, me encostando no vão da porta e tentando parecer o menos interessada possível – Onde você vai ficar?

– Não sei.

Com um movimento rápido, Dylan pescou a mochila em cima da sua cama e jogou as roupas do chão de volta no guarda-roupa. Me olhou por alguns segundos parecendo que tentava se lembrar de alguma coisa, erguendo apenas uma das sobrancelhas e me analisando cuidadosamente.

– Não consigo entender... – disse baixo, quase que inaudível. Abriu e fechou a boca várias vezes, mas não falou nada.

O olhei interrogativa tentando desvendar o que Dylan pensava naquele momento, no entanto só conseguiria com o seu olhar, mas eu estava longe demais para poder notar o brilho chateado que ele possuía.

Fitei os seus lábios entreabertos, estava tão confusa! Seja lá o que ele não conseguisse entender, eu também não conseguiria.

Não estava conseguindo.

Ele deu alguns passos em minha direção e retirou algo dobrado cuidadosamente de seu bolso, passando por mim e colocando-o em meu casaco

– Vamos.

Antes de o seguir, olhei o que havia em meu bolso.

Era uma foto.

De nós dois.


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Notas finais do capítulo

Gostaram?
Não sei, mas estou sentindo cheiro de uma coisa bem mal resolvida no ar, vocês também?? hahahaha
Faça uma escritora feliz e não se esqueça de comentar!
Bjs