Deitou-se em sua cama e voltou a olhar as estrelinhas fluorescentes. Era incrivelmente irritante a capacidade que tiveram de descobrir seus segredos. Precisava de uma amiga para desabafar. As meninas do 21º nomo eram muito novas ou muito chatas para conversar sobre isso. Sua ultima opção era Jazz. Pegou o celular e discou o numero indicado num papelzinho que achara em sua gaveta de calcinhas.

Depois de um longo tempo chamando finalmente ouviu a voz da moça.

-Jazz! Ainda bem que...

-Oi! Você ligou para a Jazz,mas aparentemente eu não posse falar com você. Deixe seu recado e eu te retornarei o mais rápioo possível. Beijinhos.

Sadie ficou olhando a tela do celular por um longo tempo. Franziu as sobrancelhas, e com raiva o jogou do outro lado do quarto contra a parede deixando em dois. Ficou de pé rapidamente e respirou fundo, mas não adiantou. Morrendo de raiva, começou a jogar tudo no chão, quebrando e urrando.

Quando não tinha mais nada para destruir se jogou no chão batendo os pés e as mãos como uma criança birrenta. De repente, sentiu uma ardência em sua mão direita e se encostou na parede, puxando-a para si, abraçando-se logo em seguida. Lágrimas começaram a escorrer por seu rosto, não pela dor, mas sim pelo ódio que tinha de não ter ninguém para conversar. Pelo ódio de ter acontecido tudo isso com sua vida. Por ter tomado a decisão idiota do verão passado. Por sua família ter a deixado...

-Mais que droga! -gritou ela dando graças por seu quarto ser a prova de som. Sentiu novamente a ardência em sua mão e a olhou. Estava meio roxa. 

O dia amanheceu rápido e quando acordou, Sadie percebeu que estava em sua cama. Sua mão estava enfaixada com uma faixa meio amarelada. Parecida com as que usavam antigamente em múmias. As que Anúbis usou na 1ª vez que se viram para montar uma espécie de banquinho ou poltrona. Ele esteve ali. Ele aspirou o perfume adocicada das faixas e o cheiro lembrou o Deus. Deixou sua cama meio relutante e foi se arrumar. Colocou seu conjunto de linho branco, seus coturnos adorados e arrumou o cabelo. Desceu rapidamente as escadas e viu todos juntos num aglomerada na sala. As meninas subiam correndo para seus quartos com diversos pacotes e conversando animadamente entre si.

A loira se aproximou e olhou por cima das cabeças, mas não adiantou muito. Sentiu um aperto em seu corpo e o perfume de shampoo animal chegou ao seu nariz.

-Miaaau! Bom dia minha gatinha! Dormiu Bem? O que houve em sua mão?

-Oi Bastet! Bom dia pra você também... É que eu cai ontem de novo e acabei rolando a escada.

A deusa puxou o rosto de Sadie e notou o inchaço e vermelhidão nos olhos da moça.

-Você andou chorando?

-Não... -Bastet arcou a sobrancelha- sim.

-Quer me contar?

-Prefiro ficar em silêncio.

-Tudo bem.

-Oque são essas coisas?-perguntou.

-Presentes da Jazz. Ela parece estar ganhando bem. Tem como comprar presentes para todo mundo!

-Sadie! Tem um pra você também.

-Obrigada Cloe.-agradeceu a loira pegando um dos maiores embrulhos do chão.

-Vou subir Bastet.

-Tudo bem querida.

Sadie subiu correndo e se trancou no quarto bagunçado. Abriu o pacote tirando de lá um par de saltos 15, um vestido preto com spikes e um enfeite de cabelos de borboleta negra. Havia um convite.

"Eu, Jasmine convido você Sadie Kane, a comparecer em meu         1º desfile. Sua participação será muito importante para minha carreira."

E também havia uma carta.

"Querida Sadie..."