Capítulo 1-

Aquela não era a Hermione Granger que todos conheciam. A antiga Hermione sempre estava com um livro em mãos, sempre bem disposta e boa ouvinte.

Essa Hermione Granger estava arrasada. Sempre de cabeça baixa, em algum canto da Toca. As únicas pessoas a qual permitiam que chegassem perto de si eram Harry e Jorge.

O motivo de toda essa tristeza? Apenas um nome.

Fred Weasley.

Esse era simplesmente o motivo de todo o seu sofrimento desde o fim da guerra. Desde aquele maldito Comensal da Morte destruiu a parede.

A última coisa que viu nos olhos de Fred foi como um pedido de desculpa. Depois disso, nunca mais poderia olhar para os olhos azuis que tanto a acompanhou por todos esses anos.

–Hermione, tente parar de pensar nisso. – disse Jorge, se sentando ao lado da morena e passando os braços por seus ombros.

Nem ao menos havia percebido que começou a chorar outra vez.

–Você tem que superar Mia. Ou pelo menos tentar seguir em frente. – disse o ruivo acariciando seus cabelos.

–Eu não consigo. – disse encostando a cabeça no ombro do amigo.

–Tentaremos juntos então. – disse.

–Eu realmente não vou conseguir Jorge. – mumurrou se separando do ruivo. – Eu estou grávida, Jorge. Grávida dele.

Disse antes de cair no choro novamente, dessa vez mais incontrolável que antes.

~*~

–E a Mione? – foi a primeira coisa que Harry perguntou quando viu o ruivo descendo as escadas.

–Consegui dar a poção para ela. – respondeu, se jogando no sofá e suspirando em seguida.

–Tem mais alguma coisa, não tem? – perguntou o moreno de óculos.

Jorge passou as mãos nervosamente pelo rosto. – Ela está grávida, cara. Grávida do Fred. – admitiu suspirando. – Tudo bem que é legal ter um sobrinho, mas ainda não consigo acreditar.

–Quem vai ganhar um sobrinho, e por que você não consegue acreditar, Jorge? – perguntou Molly, entrando na sala, fazendo com que Harry e Jorge dessem um pulo.

–Que susto mãe.

–Quem está grávida e por que não acredita? – perguntou novamente.

–A Fleur. Eu ainda não acredito que vou ser tio. Pensei que o Gui iria ficar naquela crise existencial para sempre. – respondeu Jorge, fazendo Harry rir um pouco da parte da “crise existencial”.

A verdade é que desde o dia em que fora mordido por Greyback, Gui tinha algumas coisas de Lobisomens. Como por exemplo, se sentir extremamente irritado com qualquer coisa perto ou durante as noites de Lua Cheia.

–Eu estou tão feliz com isso. Meu primeiro neto. – disse Molly sorrindo antes de deixar a sala.

–Ufa! – suspirou o ruivo.

–Não vamos contar para ela?

–Só quando a Hermione quiser, e SE a Hermione quiser.

–Você tem razão. – disse Harry suspirando. – Vamos ajudá-la, não?

–Claro que sim! É meu sobrinho!

~*~

–Gina! Vá chamar Hermione para o jantar, ela não comeu quase nada no almoço. – pediu Molly.

Gina que estava na sala, se levantou com o pensamento em direção a escada, quando foi interrompida por Jorge e Harry no seu caminho.

–Meninos, mamãe pediu para que eu chamasse a Mione. Vocês poderiam sair do meu caminho? – perguntou com o humor Gina Weasley.

–Pode deixar que eu chamo ela. – disse Harry, subindo as escadas o mais rápido que conseguia.

–Mas... Harry! – gritou quando viu que o moreno já corria escada a cima. – O que vocês estão aprontando? Por que não deixam ninguém chegar perto da Mione? – perguntou se virando para o ruivo.

–Não aprontamos e nem estamos aprontando nada Ginerva. Só porque cuidamos da Hermione, não quer dizer que fizemos alguma coisa. – respondeu Jorge friamente.

–E desde quando você é amigo da Hermione? Vocês quase nunca se falavam. Começaram essa amizade do nada, depois dessa guerra. Ela nem fala mais comigo ou com o Rony. – gritou a ruiva com as orelhas vermelhas.

–Sim Gina! Desde muito antes da guerra, mas você não ligava, pois só falava sobre o Harry, ou então mesmo um de seus encontros estúpidos. Você não se importou em perceber o quanto a Hermione estava feliz no último ano, não? Naquele maldito ano antes da guerra! – gritou Jorge em plenos pulmões, chamando a atenção do Sr. e da Sra. Weasley e também de Carlinhos que havia acabado de chegar acompanhado de Rony.

–O que está acontecendo aqui? – perguntou Arthur preocupado, mas Jorge nem ao menos deu atenção ao pai.

–Até eu mesmo, como você diz, que nem ao menos dirigia a palavra para ela, percebi isso. Se for isso que você chama de amizade, acho que você não merece a da Mia. – disse mais baixo, antes de se virar e subir as escadas em direção ao antigo quarto que dividia com Fred, onde estava Hermione.

–O que foi isso? – perguntou Carlinhos.

–O Jorge. Apenas o Jorge. – respondeu Gina, antes de subir apressada para o seu próprio quarto.

~*~

–Mia, desculpa por isso. – mumurrou Jorge, antes de abraçá-la.

–Está tudo bem, Jorge. Eu já sabia que isso alguma hora ia acontecer. – disse acariciando os cabelos do ruivo.

–Você ainda quer descer, Mione? – perguntou Harry cauteloso.

–Talvez mais tarde, Harry. Agora não. – respondeu enquanto apoiava sua cabeça nas pernas do ruivo.

–Até mais tarde. – disse o moreno, dando um beijo na testa dela antes de sair.

–Como você está Mia?

–Arrasada. – respondeu. – Mas eu tenho que levantar a cabeça e cuidar da minha vida e da vida do meu filho. – continuou alisando a barriga ainda lisa.

–Eu vou te ajudar a cuidar dele, Mia. – avisou Jorge.

–Não precisa...

–Mas eu quero, é como se fosse meu filho. Quer dizer, de qualquer jeito vai ser parecido comigo. – brincou.

–Com certeza vai ser parecido com você. – disse sorrindo.

–Sabia que vamos abrir algumas lojas da Gemialidades em outros países? – perguntou animado.

–Você não me disse isso. – acusou, se levantando e sentando para olhá-lo diretamente.

–Eu meio que esqueci. Eu e o Fred, antes da guerra, tínhamos conseguido alguns lugares em outros países para construir outras lojas das Gemialidades. – respondeu. – Ainda tenho muitos lugares para olhar. Gostaria de ir comigo? – perguntou.

–Claro que sim. – respondeu animada. – Sair daqui um pouco vai fazer bem para nós dois.

–Então amanhã nós vamos tudo bem? – perguntou voltando a acariciar os cabelos de Hermione.

–Unhum. – respondeu entre um bocejo.

–Bom, acho melhor você ir para o seu quarto agora. O Fred II já está com sono. – brincou enquanto se levantava e estendia a mão para a morena.

–Quem disse que é menino? – perguntou sonolenta, mas aceitando a mão que ele lhe estendia.

–Eu digo. – respondeu a ajudando a sair da cama.

–Ah não. Estou com sono. – mumurrou se apoiando em Jorge.

–Vem. – disse passando um dos braços por suas pernas, enquanto o outro estava firme em suas costas.

–Se alguém nos vir assim, vão pensar outra coisa. – mumurrou Hermione, com o rosto enterrado no pescoço do ruivo. – Você tem o cheiro do Fred.

Jorge estava no meio da escada quando percebeu o que a morena tinha falado, mas quando olhou para ela, percebeu que já tinha dormido.

–Por que você está carregando a Hermione? – perguntou Carlinhos quando viu o irmão descer as escadas com a morena nos braços.

–Porque ela dormiu lá no meu quarto, e eu vim trazer para o dela. – respondeu dando de ombros. – Abre a porta para mim, por favor. – pediu apontando a antiga porta que era o quarto de Percy.

Carlinhos fez o que o irmão pediu ainda não entendendo muito bem o que estava acontecendo.

Em silêncio viu Jorge colocá-la deitada na antiga cama de Percy, tirando seus sapatos, cobrindo-a e dando um beijo em sua testa, enquanto afagava os cabelos dela.

–Hm... Jorge? – perguntou Carlinhos.

O outro ruivo finalmente se lembrou da presença do irmão mais velho. Saindo do quarto e fechando a porta do quarto em seguida.

–Sim? – perguntou enquanto descia as escadas em direção a cozinha, procurando alguma coisa que Rony ainda não tenha devorado.

–Você gosta da Hermione? – perguntou fazendo com que o ruivo mais novo batesse a testa no armário em que procurava a comida.

–O quê? Da Hermione? – perguntou rindo em seguida. – Não, não. Isso é meio impossível.

–Então por que está sendo tão carinhoso com ela desde a guerra? Eu nunca tinha visto você ser carinhoso, nem mesmo com uma de suas namoradas.

–Isso era apenas porque elas não mereciam meu carinho. – respondeu dando de ombros e voltando a procurar a comida.

–Você ainda não me respondeu em relação a Hermione.

–Hermione é como se fosse uma irmã para mim, e eu a amo apenas assim. E estou sendo carinhoso por outros motivos que não posso dizer no momento. – respondeu, finalmente encontrando a comida que tanto desejava.

–E o que seria? Você não pode me contar? – perguntou.

–Não. Isso não é comigo. Se ela quiser que eu conte, eu conto, mas ela me pediu que não contasse a ninguém. – respondeu simplesmente. – Bom, agora eu vou dormir. Boa noite, Carlinhos.

Cumprimentou saindo da cozinha em seguida, sem nem ao menos esperar uma resposta.

–Isso está muito estranho. – mumurrou, seguindo o caminho que a pouco o irmão tinha feito.

~*~

Jorge acordou ofegante, depois de mais um pesadelo sobre a morte de Fred.

Esses pesadelos eram constantes desde o fim da guerra. Sempre o mesmo momento. A última vez que viu seu irmão vivo e fazendo uma piada.

Levantou-se e se dirigiu escada abaixo, esperando que pelo menos essa noite Hermione conseguisse dormir sem nenhum pesadelo.

Sem dúvida os pesadelos dela eram muito piores, e nunca conseguia voltar a dormir.

Desceu até a cozinha e pegou um frasco da poção de Sono sem sonhos que sua mãe sempre deixava caso precisassem. Voltou a subir as escadas, mas parou um pouco antes, no terceiro andar, olhando para antiga porta que um dia fora o quarto de Percy.

Estava dividido se ia ou não olhar como Hermione estava. Decidiu dar apenas uma olhada.

O mais calmo possível caminhou até o quarto em que a morena dormia e abriu a porta devagar, tentando não fazer muito barulho.

Parecia tudo normal, ao menos pela morena que se debatia de um lado para o outro na cama.

Caminhando rapidamente em sua direção, a balançou tentando acordá-la. Depois de algum tempo, já estava ficando sem saber o que fazer, até que a morena abriu os olhos ofegantes.

–Fred! – disse ofegante e abraçando o ruivo, chorando em seu ombro. – Desculpa Jorge, é que...

–Está tudo bem, Mia. Também tive um pesadelo. – disse acariciando seu cabelo.

–Fica. Por favor, só essa noite. – pediu ainda abraçada a Jorge.

–Você disse isso das outras cinco vezes. – brincou.

–Jorge. – resmungou soltando um sorriso entre as lágrimas.

–É claro que eu fico Mia. Estava só brincando. – disse sorrindo e separando-se da morena, deitando na cama em seguida.

–Hey, dá um espaço para mim aí. – disse Hermione o empurrando para o outro canto da cama.

–Boa noite, Mia.

–Boa noite, Gred.