– Potter e Evans para a minha sala, agora. – Gritara Minerva McGonagall para mim e para o demente que usava óculos que estava em minha frente. Ótimo, mais um dia de sermão por causa de Severo e o quatro olhos. Por que céus a vida fora tão injusta comigo?

Bem, não me apresentei, me chamo Lilian Evans, sou nascida trouxa e bruxa. Cabelos ruivos que expressam minha energia: explosiva. James Potter, o melhor artilheiro da Grifinória, melhor amigo de um dos meus melhores amigos e o ser mais insuportável da face da Terra, seja ela mágica ou não, é a única pessoa que consegue explodir com os meus sentimentos de uma forma que nunca – antes – fora possível antes. Ele conseguia ser os dois extremos de Lily, a garota estudiosa, monitora chefe e perdidamente apaixonada por seus cabelos bagunçados e pelos óculos. Mas bem... Ninguém precisa saber disso à não ser Dorcas, certo? Lene me mataria se descobrisse isso, digo, que eu já sei que sou apaixonada pelo imbecil do inspetor chefe.

Segui a professora McGonagall até sua sala, olhando Potter pelo canto dos olhos, percebi que um sorriso brincava em seus lábios. Aquele sorriso, o sorriso que eu sabia que vinha antes de um discurso interminável da minha amada professora. Entramos na sala e ela logo jogou o olhar severo para mim, porque sempre eu? Céus, a corda arrebenta pro lado mais fraco Lilian, aprenda.

– Evans, achei que já tivéssemos arranjado um jeito de combater James sem ser se jogando em cima dele e batendo nele desejando sua morte. – Eu ia abrir a boca para protestar, mas seu olhar ficou mais severo. – E você Potter, já deixei claro o que penso de um monitor chefe jogando azarações em outro aluno da escola. Ainda mais sendo o Snape, o que ele te fez dessa vez?

– O Ranho... Snape, bem ele, ele havia desrespeitado a minha colega aqui professora. É claro que eu fui me divertir à custa dele, com Sirius, isso eu não nego. Mas assim que a Lene – Ele recebeu um par de sobrancelhas erguidas – Marlene McKinnon, professora – James suspirou e tomou ar – falou que ia chamar a ruivinha aqui para dar um jeito em mim e em Sirius, digamos que Snape falou algo como ‘Eu não preciso que aquela sangue ruim venha me defender’. Foi o que ele disse professora, pode perguntar pra todo mundo que tava lá. Ele a chamou – ele apontava pra mim agora – de sangue ruim. Na minha frente. Eu tinha que tomar providencia! Daí essa louca me atacou do nada, sem saber do que tinha acontecido. Eu acho que eu mereço um agradecimento ou algo do tipo, eu defendi você meu Lírio, foi por isso que eu ataque ele daquela maneira.

Olhei para ele como se não acreditasse, primeiro por qual motivo ele me defenderia e segundo: Severo havia mesmo me chamado de sangue ruim? Sei que temos nos afastado bastante, ele anda com várias pessoas da Sonserina acusadas de serem Comensais da Morte, entre eles aquele tal de Malfoy. Mas eu nunca pensei, na verdade nunca ousou passar pela minha cabeça que o meu melhor amigo pudesse ter mudado tanto, em tão pouco tempo. Ouvi a professora suspirar e sussurrar um ‘‘Ok então, vão logo antes que eu me arrependa. Não esqueçam de fazer a ronda!’’.

James puxou o meu braço e, me levou para fora da sala, eu ainda estava assustada com o que ouvi lá dentro. Assim que saímos da sala pude ver uma pequena movimentação a nossa frente e James se posicionou a minha frente. Vi de relance Snape, Malfoy, o irmão de Sirius e aquela prima toda estranha dos Black, suspirei sabendo o que viria a seguir. Era óbvio que eu havia perdido o meu melhor amigo, mas por qual motivo?

– Achei que alguém como você, Potter, iria olhar mais com quem anda. É horrível saber que um amigo do meu irmão esteja assim tão desesperado que só consiga pensar em ficar ao lado de uma sangue-ruim – O primeiro veneno a ser lançado: irmão de Sirius, senti minha respiração falha e abaixei a cabeça, deixando-a encostar nas costas de James.

– Verdade Potter. Sua família toda sangue puro e você ai, sujando o seu nome. Deveria aprender a se portar como um sangue puro, somos pouco sabia? Mas é claro que existem famílias, como a sua, que não se importam em pegar o resto, como o tal do Sirius e nem em pegar uma sangue-ruim imunda como a Evans – Soltou Malfoy, fechei meus olhos e os senti encher de água.

– Isso tudo é vontade de sair com a Lils irmãozinho? Porque se for, digo que o James tá nessa fila há anos ainda não houve nenhum resultado. Vai ter que esperar e muito viu? – Sirius apareceu, sabe-se lá da onde com Remus ao seu alcance. Dei meio sorriso ao ver Aluado – que era como os meninos o chamavam – e ele devolveu, logo fechando a cara quando virou-se para os quatro alunos da Sonserina. – Além disso irmão, achei que você faria mais o estilo da loira que está ao seu lado.

O clima ficou pesado a partir daí, porque Malfoy apontou a varinha para James que devolveu. Mas o que nós não esperávamos era que Severo abrisse a boca.

– Escute aqui Potter, jogue qualquer azaração em meus amigos e eu juro, por Merlin, que acabo com a sua vida. Vá cuidar da sua vida, da vida dos seus amigos e dessa sangue ruim que você tanto admira vai. – Dito isso os quatro saíram dali, deixando um Sirius extremamente irritado, sendo segurado por Lupin.

James se virou para mim e levantou meu rosto. Pude ver sua expressão de espanto ao me ver chorar tanto, sem fazer barulho algum. Convenhamos que, quando você está apaixonada pelo Potter, chorar em silêncio enquanto ele fica flertando com outras garotas acaba sendo a melhor solução. E ainda fingir que é por estar com saudade de casa é um ponto positivo.

O quatro olhos egocêntrico suspirou e me tomou em seus braços, encaixei minha cabeça em seu pescoço, sentindo o cheiro de hortelã que deveria vir de algum perfume, aquilo não podia ser o perfume natural do Potter. Eu estaria morta se fosse.

– Meu Lírio, se acalma, Snape não sabe o que fala. Logo vocês vão estar por ai, conversando e eu vou te irritar novamente, como sempre. Só não chora, se não vou ser obrigado a tomar uma suspensão por acabar com a vida de qualquer um que faça mal a você. E se eu tomar suspensão ninguém vai poder cuidar de você. – Potter disse isso e logo colou sua testa na minha – Não sei o que está acontecendo pra você estar tão calma comigo hoje, mas calma. O Ranhoso é só o Ranhoso. Você ainda vai ter o Aluado, o Six e a mim, entendeu?

Os três seguraram o olhar em mim como se eu fosse uma criança. Céus, onde eu fui me meter. Santo Merlin, por favor. Concordei com a cabeça recebendo um ‘É isso ai pimentinha’ de Sirius e um outro sorriso de Remo. Ambos saíram e Potter olhou para mim sorrindo.

– Pronta para fazer a ronda, meu Lírio? Aposto que morreu de saudade disso! – Soltei um murmúrio que fez um som engraçado e rimos juntos. Logo fui, ao lado de Potter, fazer a ronda para ver se os recém chegados do primeiro ano não estariam por ai, vagando. E logo depois, com preguiça da mesma ladainha de sempre da Sala Comunal da Grifinória, entramos no quarto dos monitores chefes. Me despedi de James e fui dormir. Me lembrando somente que, no meio da nossa caminhada, ele havia me emprestado seu cachecol, e ele estava tão macio e cheiroso que decidi dormir com ele. Para ver se o cheiro que tanto me acalmava impregnava de vez em mim.

Quem sabe o dono do cheiro também, não é?