Eu estava me arrumando loucamente, parecia que nunca havia ido a uma festa antes, eu arrumava meu cabelo para um lado, penteava para o outro, passava um pouco de rimel aqui, um pouco de blush lá. Aquela garota maquiada já não era mais a mesma que ontem havia andando de skate com Daniel, e conhecido Dakota e Henry, essa garota que estava se arrumando, estava começando a se importa com os outros, estava mudando, e não era pra melhor, aquela moleca, estava cometendo um dos maiores erros da vida.

Eu estava sentada na beirada da cama colocando meu tênis quando a campainha tocou, e eu sai correndo com um tênis na mão outro no pé e abaixando a barra do vestido preto rendado que eu usara pela primeira vez. Eu não estava muito acostumada a me arrumar para ir a uma festa em pleno sábado, 90% dos meus sábados eram tediosos, eu fazia coisas tipo assistir filme, ficar o dia inteiro na frente do computador, debaixo de cobertores e comendo.

Eu abri a porta da minha casa e dei de cara com o Henry todo arrumadinho, eu o encarei da cabeça aos pé, e o olhar dele estava apenas fixado no meu rosto.

- Hmm, oi.

Falei.

- Oi Zoey - Ele respondeu - Você já ta pronta?

Ele perguntou olhando para a trança no meu cabelo, a qual era a primeira vez na vida que eu havia feito, eu realmente odiava fazer penteados.

- Quase. - Respondi me olhando desde os meus pés e logo depois olhando para o rosto dele - Entra ai - Continuei - Fica a vontade, meus pais não estão e casa, não se preocupe.

Eu lembrei que meus pais eram mais ausentes na minha vida desde pequena do que presentes, e eu com 16 anos, já estava totalmente acostumada com a falta que eles faziam. No começo foi mais difícil de aceitar, mas, fazer o que né?! Minha única opção era me adaptar a tal solidão desde pequena.

Eu corri para o banheiro novamente, soltei a trança, sentei no vaso sanitário, coloquei o outro pé do tênis, levantei-me, me olhei no espelho, é, eu estava realmente diferente, estava de vestido, meus cabelo estava mais ajeitadinho, eu estava de colar e havia passado uma pequena quantidade de maquiagem, mas era maquiagem, pra uma pessoa que não costumava passar com muita frequência.

- Tô pronta!

Exclamei indo para sala, onde Henry estava.

- Então vamos?

Ele perguntou, e eu fiz que sim com a cabeça.

Ele saiu na frente, eu sai logo atrás, fechei e tranquei a porta e quando olhei pra rua ele estava entrando um uma Ranger Rover, provavelmente era daqueles filhinhos de papai que tem tudo o que quer, ah que ótimo.

***

Chegamos na frente da casa que seria a festa, eu assumo, eu não estava nem um pouquinho empolgada. Cara! Eu realmente não era disso. Não era mesmo.

- Eai?

Ele falou me olhando.

-Eai...?

Retruquei sem saber o motivo do "Eai?" dele.

Olhei para os lados, e eu estava me sentindo um peixe fora d'água, e onde estava o Daniel nessa hora pra me salvar, ah que merda!

Olhei para os lados observando a rua e lá longe apareceu o Daniel sozinho.

- Milagre! 

Exclamei sozinha.

- Que?

Henry questionou me encarando.

- Nada não - falei - pensando alto sabe?!

- Hmm! - Ele falou levantando as sobrancelhas - Vamos entrar?

- A gente pode esperar o Daniel? - Perguntei - Ele ja tá vindo logo ali. - Continuei apontando para a direção que Daniel estava vindo.

- Ok!

Ele falou e sorriu.

Olhei para onde Daniel estava vindo, e o encarei até ele chegar perto de mim.

- Pensei que ia me abandonar seu... uxi!

Falei pro Daniel quando ele chegou perto de mim.

- Desculpe vossa senhoria - ele falou zuando da minha cara - pensei que a vossa alteza estivesse muito bem acompanhada.

Ele falou e depois deu uma risadinha sarcástica pra mim. E eu com minha infantilidade tamanha, mostrei a língua pra ele.

- Podemos entrar agora?

Perguntou Henry.

- Claro!

Exclamei puxando Daniel pelo braço.

Fomos entrando um ao lado do outro no patio da casa. Entramos na festa sorrateiramente, eu peguei uma bebida me sentei, Daniel ja foi azarar as garotas, pobres garotas, e Henry, bem, eu não sabia onde ele estava.

Até aquele momento a festa estava realmente tediosa, eu ouvindo a musica alta, vendo as pessoas passarem de um lado para o outro, quando de repente algum me cutuca, e quando olho pra trás era o Henry, ele estava com um copo na mão, e os dois primeiros botões da camiseta abertos.

- Vem comigo, quero te mostrar uma coisa - Henry cochichou no meu ouvido.

- Ta!

Exclamei.

Ele puxou minha mão, e eu fui logo levantando. Eu podia sentir a mão dele suada segurando a minha com firmeza. Nos subimos uma escada e entramos a primeira porta á esquerda, quando olhei ao redor, percebi que estávamos em uma biblioteca, me apaixonei pelo lugar no mesmo instante, era realmente apaixonante olhar para os lados e ver dezenas de livros. Logo olhei para o Henry e perguntei:

- Como você soube que eu amo livros?

Ele olhou ao redor, parecia tão impressionado quanto eu.

- Eu realmente não sabia - Ele falou - Só queria te mostrar o que tem ali fora! 

- Ah ta!

Falei meio constrangida, porque cara, eu pensei que ele soubesse que eu gostava de livros.