Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 9
O Baque


Notas iniciais do capítulo

Adicionando dois de uma vez, pq o anterior tava "transitório" demais, acho haha
Indicação de trilha para o capítulo:
http://www.vagalume.com.br/young-the-giant/cough-syrup.html
só clicar em "tradução", quem precisar, e dá pra escutar no link do lado.



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Dinho voltou para o hostel à noite e levou um pouco do jantar na casa de Orelha para Fatinha. –Aaaah, não precisava! Mentira, precisava sim, que eu to morrendo de fome!

–Que isso, Fatinha, se não fosse por você eu estaria acampando na praça!

–Você me abandonou, mas ainda é o melhor amigo do mundo! Só que não, né, porque abandonar os amigos não se faz e...

–Tá bom, Fatinha, já sei disso, foi mal!

O garoto fez cara de ofendido e os dois riram sonoramente. Passaram o resto da noite falando nada e de tudo um pouco. Michel bateu na porta do quartinho para que falassem mais baixo e riram mais ainda, diminuindo o tom de voz.

Fatinha acordou e estranhou o silêncio do amigo, que já estava acordado, mas não a vira levantar. Dinho segurava um copo de água e alguns comprimidos, a funkeira estranhou.

–Já precisando de remédio pra idade, Adriano? A viagem te amadureceu tanto assim?

O adolescente levou um susto ao ouvir a voz da amiga, mas conseguiu tomar o remédio antes que caísse no chão.

–É... São pra dormir, é o fuso-horário.

–Sei...

Fatinha desconfiou, mas não disse mais nada.

–x-

Dias se passaram. Enquanto Lia saía com Vitor, Ju e Gil e passava o resto do tempo tocando guitarra para ignorar o retorno de Adriano, que a fazia chorar escondida seguido, Dinho se ocupava indo ao colégio pela manhã, tendo aulas extras com o melhor amigo à tarde e trabalhando e falando bobagem com Fatinha no hostel pelo resto do tempo. Todos os dias, em um determinado horário, o garoto não fazia nada disso e ninguém sabia onde ele estava.

Na entrada do colégio, Dinho tentou mais uma vez.

–Lia, por favor?

–O que você quer conversar, Adriano? Fala logo e sai da minha cola!

–Você jura que não sabe?

–Eu não sei, nem quero saber por quê você voltou, Adriano, eu só quero que você me deixe em paz!

–Depois daquele dia? Impossível.

–Entende uma coisa: aquele dia foi um erro! Eu não sei o que aconteceu, porque eu não sinto mais nada por você! Nada! Entendeu ou quer que eu chame o Gil pra grafitar pra você?

–Eu não acredito nisso.

–Problema seu, Dinho, eu segui em frente. Eu estou com o Vitor agora e a gente é muito mais feliz junto do que eu era com você.

–Eu percebi pela forma que você me agarrou na casa da Marcela!

–Dinho, na boa, cansei de você! Volta pra África e vê se me esquece!

Lia saiu furiosa, desviando para o banheiro assim que Dinho estava fora do alcance. Passou o tempo que pôde escondida, liberando as lágrimas que não podiam ser vistas por mais ninguém, com ódio de si. “Por que ele tinha que voltar? Estava tudo tão bem...”.

Dinho chutava as grades do colégio, furioso. Não acreditou em nenhuma palavra do que Lia disse, sabia que ela era especialista em mentir e tinha a lembrança do reencontro e da expressão de prazer no rosto da ex naquela tarde vívida como se tivesse ocorrido no dia anterior. O que Lia sentia por ele ainda era forte e o tempo apenas havia aguçado seus sentidos para o momento de intenso prazer que tiveram no novo quarto da roqueira. Ela o amava. O que atormentava o garoto era jamais recuperar o perdão da roqueira. Lia já havia escondido por bastante tempo o que sentia antes deles namorarem e agora seria ainda pior, mas dessa vez não bastava admitir, a garota dificilmente o perdoaria.

Durante o intervalo, os meninos jogavam a famosa pelada de lei do recreio. Vitor, dessa vez, estava presente. Lia conversava com Ju na arquibancada e Gil jogava no time do motoqueiro. Dinho, é claro, foi para o time adversário. O jogo foi permeado de faltas entre os dois e Adriano, que estava disposto a descontar sua raiva em Vitor. O moreno de olhos azuis se aproximava com a bola, enquanto Dinho o olhava com ódio, pensando em como quebrar as pernas, o braço e o que mais chegasse perto de sua ex que pertencesse àquele príncipe afeminado. Vitor estava cada vez mais perto, pronto para chutar a gol. Dinho sempre foi um ótimo jogador, mas a raiva lhe subiu a cabeça e, ao invés de roubar a bola e humilhá-lo com dribles, empurrou o garoto com toda sua força ao chão. O baque foi forte, Adriano não via mais nada. O ódio literalmente o havia cegado.

–Dinho? Dinho, acorda! Dinho?

Por um momento pensou ter visto Lia ao seu lado, mas estava apenas Fatinha, que batia em seu rosto, desesperada. Havia desmaiado. Vitor, como bom cavalheiro, estendia a mão para que o garoto levantasse.

–Você está bem?

Dinho se sentiu humilhado: desmaiara e o motoqueiro parecia intacto. Lia o mirava com desprezo, o que só fazia a dor aumentar. Robson apitou a plenos pulmões e encaminhou o aventureiro para a enfermaria.


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado e que sigam lendo a fic :)



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