–Eu não quero que a Lia sofra, que fique bem claro, mas eu não posso te ajudar, Vitor.

–Que amiga é você, Juliana?

–Eu sou a amiga que sabe muito mais do passado deles que você. O Dinho errou, sim, e muito, mas ele não é esse monstro que você diz. Eu acreditei uma vez que ele tivesse amadurecido, que não faria com a Lia o que fez comigo, e estava errada, mas talvez agora ele tenha finalmente crescido. Digo, ele veio atrás dela, não veio? Olha, eu gosto do Dinho e tenho um histórico com ele. Você pode fazer o que quiser, Vitor, mas eu quero entender o que realmente aconteceu antes de tomar partido. Agora se você me der licença, eu tenho que fazer uma coisa. Até logo, Vitor.

Juliana saiu, deixando Vitor confuso. Como ela podia defender o canalha? O que esse Dinho tinha que enfeitiçava todas as garotas?

–x-

Marcela abriu a porta para Ju, que perguntou por Lorenzo e Dinho.

–Eles não estão aqui, Ju. Você sabe o que eles estavam fazendo juntos? Eu não entendi nada quando vi o Lorenzo chegar com o Dinho hoje cedo...

–Nem eu, Marcela. Eu encontrei com eles e a Raquel saindo do apartamento, mas o Dinho e o tio Lorenzo literalmente fugiram das minhas perguntas.

–Isso está muito estranho... Eu pensei que o Lorenzo não quisesse nem ouvir falar no garoto!

–Eu também... Mas então, eu vim buscar umas coisas da Lia, que ela vai dormir lá em casa hoje, eu só não queria que o Dinho ficasse sabendo, pra não ir atrás dela, você sabe.

–Como ela está?

–Muito abalada, Marcela... Também, né, depois do que eu fiquei sabendo agora pelo Vitor!

–Ele te contou tudo? Juliana, você não imagina como eu fiquei chocada! Esses dois não têm jeito, mesmo... – Marcela riu. Queria criticar os atos da enteada, mas não conseguiu esconder o quanto a história de Lia e Dinho a divertia. – Ah, os adolescentes...

Juliana também queria repreender as atitudes da amiga, mas teve que rir com Marcela. Quem poderia entender aqueles dois?

–x-

Lia ainda se repreendia pelo que havia feito mais cedo. Como pôde ceder ao Dinho tão facilmente? Tudo bem que ela estava com uma necessidade enorme dEle, mas sabia controlar seus hormônios... Ou não? Pelo menos a vontade foi sanada e não precisaria pular para os braços de seu ex tão cedo, nem tentar convencer Vitor a lhe dar o que até então não conseguira. Vitor... Provavelmente ele a odiasse naquele momento, com razão, mas Lia sabia que eles não podiam terminar. Sozinha, seria ainda mais difícil resistir ao pegador e não queria ceder a ele de jeito nenhum. Talvez, com uma desculpa a mais, conseguisse frear seus impulsos.

Muito sonhou, contra sua vontade, com estar de volta nos braços dele e, agora que o sonho se tornara realidade, tentava lutar contra a lembrança da sensação incrível de estar com ele outra vez. Não podia ter feito aquilo, não se reconhecia mais. Onde estava aquela Lia guerreira e dissimulada que escondeu por anos o que sentia pelo garoto? Culpou o choque do momento. Ver o aventureiro de volta, depois de tantos sonhos, a confundiu, fazendo-a pensar que não era real, que nada estava realmente acontecendo. No entanto, sentia-se culpada até mesmo por sonhar com o retorno de Dinho. Deveria odiá-lo, não querer vê-lo nem perto do Brasil outra vez, mas era mais forte do que ela. Ju estava de volta e lhe contava o que ouvira de Vitor. Lia escutou vagamente, mas o suficiente para concordar com o plano de Vitor. Por um lado, ficou possessa com a tentativa do moreno de controlá-la, de protegê-la, como se a garota fosse incapaz. No entanto, quando se tratava de Dinho, era mesmo. Iria se apoiar nele, não podia sucumbir ao garoto de cabelos cacheados.