Uma Vez Mais escrita por AnaMM


Capítulo 32
Tempo Contado


Notas iniciais do capítulo

Não podia terminar o dia sem postar! Mil perdões pelo atraso, mas cá está, enfim! Mil agradecimentos a todos que comentaram, favoritaram, recomendaram, curtiram, pediram... Vocês dão vida às fics, sejam elas minhas ou de qualquer outro autor.

Trilha sonora anteriormente pensada pra cena final, mas que vale pro capítulo inteiro:
http://www.vagalume.com.br/evanescence/broken-traducao.html



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Em um banco afastado, Lia enterrava o rosto contra os punhos, escondendo-se do mundo. Não podia suportar as perguntas, as suspeitas, ou as teorias. A mera hipótese de Dinho poder morrer a qualquer momento a assustava mais que cem capangas do Sal em uma noite escura. Queria poder vê-lo de uma vez, acabar com o tormento, e, ao mesmo tempo, não tinha coragem. Temia pelo pior. As horas pareciam não passar, o ponteiro do relógio em um ritmo cada vez mais lento. Tic, tac, tic, tac, ti-

Ouviu-se um alarme soar onde os médicos se reuniam, a poucos metros de onde todos esperavam por notícias de Dinho. Um alarme que Lia conhecia bem, de tantos anos acompanhando o pai no trabalho. Alguém morrera.

-Não, por favor, não! - O rosto de Lia era novamente inundado por lágrimas. O abraço de Marcela nem perto de ser suficiente para tranquilizá-la. -Não pode ser! O Dinho! Por favor, não, por favor! - Lia se debatia entre os braços de Marcela, balançando inconscientemente seu banco.

-Lia, calma, a gente não sabe o que aconteceu. - Marcela tentava acalmá-la, mas nem a própria professora acreditava piamente em suas palavras.

-O que tá acontecendo, mãe? Por que a Lia tá assim? Que som foi esse?

Lia se levantou bruscamente e tentou correr, sendo segurada por Bruno.

-Ele não pode, Bruno, ele não pode! Me larga, eu preciso- eu preciso impedir o Dinho! Ele não pode ir! Não pode ser verdade! - Lia falava com esforço, tentando se desprender do irmão da melhor amiga.

Quando finalmente se soltou, foi parada por um vulto mais que conhecido.

-Pai? O-o o Dinho, ele...

-O Dinho acaba de ser transferido para um quarto e poderá receber visitas em breve.

A roqueira não se lembrava do momento exato em que o mundo parara, mas voltou a girar. Tudo parecia ter mais vida agora que Adriano estava bem. Tranquilizou-se com a retirada do espinho que tanto a fizera sofrer. Ele estava vivo. Quarto. Visitas.

-Quanto tempo pra esse breve? - Lia perguntou em um misto de angústia e de alívio.

Lorenzo riu da reação da filha.

-Em breve. - Sorriu, divertido, e voltou para o balcão, onde pegaria algumas fichas.

Juliana abraçou a amiga, não se contendo em felicidade. Bruno e Gil se entreolharam e sorriram, despreocupados. Marcela telefonou para dona Paulina.

-Alô? Dona Paulina? Avisa o Rômulo e o Severino que ele está bem! - Marcela exclamou.

-Esse guri ainda vai me deixar louca! - Paulina brincou.

-Tenho certeza que vai, dona Paulina. Ele e a Lia! E mal vejo a hora desses dois nos enlouquecerem de novo! - Marcela respondeu, em seguida se despedindo e desligando para abraçar Fatinha, que chorava, mas de felicidade.

-Ele tá bem, Marcela, ele tá bem! - Fatinha comemorou.

Marta passava a mão pelos cabelos da filha, contente pela cena. Lia se desprendeu do abraço e correu até as secretárias, questionando-as quanto às visitas a Dinho.

-Lia? – Lorenzo chamou. – Pode ir.

-Que? – Lia perguntou confusa, ainda atrapalhada com a alegria de saber que seu ex-namorado estava são e salvo.

-Quarto 203. – Lorenzo respondeu sorrindo.

A roqueira abraçou o pai empolgada e se dirigiu o mais rápido que pôde ao quarto do garoto.

Hesitou à frente da porta. Tinha medo de como ele estaria, medo de como agiria. E se fosse apenas um sonho? A porta se abriu e com ela veio o choque. Dinho estava roxo, pálido, fraco, mas o mais chocante para Lia era que estava careca. Com os cabelos raspados, na verdade. Bem raspados. Aproximou-se do ex. Hematomas à parte, ainda era o mesmo Dinho. Apesar de perdido e solitário, o olhar ainda era do garoto que amava. Adriano hesitou ao vê-la. Não queria que Lia, de todas as pessoas, visse-o daquele jeito.

-Não ficou tão mal. – Lia comentou.

-Isso porque eu ainda tenho sobrancelhas. Vai ficar pior. – Adriano protestou.

-Ei, - A roqueira passou a mão pela cabeça do garoto. - você continua arrasando! Ficou até mais homem.

-Você tá querendo dizer que eu não era homem? – Dinho contrapôs fingindo indignação.

-E eu lá gosto de mulher, Adriano?

-E aquela sua namorada motoqueira é o que? – Dinho perguntou, levando um tapa de Lia em seguida. Sempre tão delicada... – Ô Lia, você não respeita nem os roxos que eu já tenho? Eu tinha até me esquecido do quanto você gosta de bater... – Adriano comentou sugestivamente.

-Dinho! Eu só não te bato de novo porque você já apanhou demais. – A roqueira protestou ofendida.

Por um momento, ambos ficaram sérios, em silêncio.

-Se tava difícil te reconquistar antes, imagina agora? Careca, roxo, magro desse jeito... Principalmente sem os cachos! – Dinho tentou brincar.

Lia suspirou derrotada, observando o estado do ex-namorado. Ponderou o medo que havia sentido na sala de espera, sem saber se voltaria a falar com Adriano. Não tinha por que mentir.

-Dinho, escuta uma coisa. E isso não sai daqui e não precisa ir se animando, porque não vai mudar em nada a nossa situação. Eu te amo. Eu te amo com ou sem cachos, com ou sem confiança, com ou sem Valentina. – Sem defesas, a loira deixou escapar uma lágrima. – O que eu sinto por você, por mais que eu quisesse, por mais feio e parecido com um zumbi que você fique, não mudou, nem mudará. E dói admitir isso sabendo que eu simplesmente não consigo confiar em você. Que eu não vou voltar a ficar com você, por mais que o meu coração, que o meu corpo implore por isso. Não culpe os cachos, mas o que você fez. Ou melhor, o que você não fez, que foi me contar sobre a Valentina.

Derrotado, Adriano tentou controlar a voz.

-Eu também não quero ficar longe de você. E eu sei que você não vai querer voltar, eu não esperava que quisesse. Lia... – Dinho parou por um momento. – Eu não quero passar os meus últimos dias longe de você.

-Não vão ser os seus últimos dias, Dinho, você vai se curar. – Lia tentou convencer Adriano e a si.

-A gente não pode ter certeza disso. Se realmente forem, eu quero passar esses dias com as pessoas que eu mais amo. Você é a principal delas. Eu não quero sua pena, apenas o seu perdão. Eu quero poder estar do teu lado sem culpa, sem rancor. Eu quero consertar o que eu fiz. Eu quero te devolver cada sorriso que eu roubei. Eu quero... Eu quero você do meu lado mesmo que seja como amiga, pode ser?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^^ Comentem, por favor, pra eu saber o que vcs estão achando, se estão gostando... É a principal forma de retorno que temos aqui no Nyah.