Me deito na cama confortável do hotel, tentando ignorar as inúmeras ligações em meu celular, vejo ser Pietro em grande parte delas, não quero falar com ninguém, de jeito nenhum, sou orgulhosa demais, já tenho problemas demais e, no final das contas, realmente sou idêntica a Ângela, não tenho absolutamente nada de diferente daquela mulher, fugi igual ela, me escondi igual a ela, agora sou mal caráter, igual a ela...

  Meu celular toca novamente, vejo ser a vigésima quinta ligação de Pietro, enjôo de fazer de besta e atendo, querendo acabar com tudo isso.

 - O que você quer?

 - Graças a Deus! Onde você está? Por que demorou pra me atender? Eu estou preocupado com você, estou em Cuiabá procurando você igual um louco, você não tem idéia do quanto estou arrependido de tudo isso, minha mãe está jogando na minha cara que tinha me avisa... Você está me ouvindo?

 - Sim e repito: O que você quer?

 - Quero conversar com você, por favor, me fale: Onde você está?

 - Para que você quer saber? Para brigarmos novamente? Não, muito obrigado!

 - Val, por favor, me fale?

 - Vou te enviar um torpedo com o indereço!

...

 - Espero não me arrepender! – murmuro sozinha, discando o endereço do hotel

  Entro no banheiro e tomo um breve banho para esperar Pietro, tentando me acalmar, tentando relaxar, visto uma roupa qualquer e me sento na cama, logo ouvindo alguém batendo na porta, abro e vejo um Pietro totalmente desesperado, arqueio uma das sobrancelhas e o olho, magoada demais para dizer alguma coisa. Simplesmente dou espaço para que ele entre. Antes de entrar, Pietro me abraça fortemente, murmurando desculpas e mais desculpas, não retribuo, apenas fico em silêncio.

 - Val, não faça mais isso, por favor! – ele diz entrando no quarto – Me desculpa novamente, eu... Eu...

 - Você...?

 - Eu... Vou te contar o que é! – ele fala, com certo desapontamento na voz

 - Comece! – ordeno, tentando ser paciente, coisa que não sou nem um pouco!