Não Olhe Para Trás escrita por Mnndys


Capítulo 5
Mesmo sem querer




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- Vamos Mia. – Diz Elliot pela terceira vez, já começando a se irritar. – Já está tarde.

- Só mais um pouco. – Faço beicinho. – Eu prometo.

Ele faz sinal com as mãos indicando que só mais um pouco. Sorrio.

- Ela não tem freios. – Ouço-o dizer para Kate enquanto levanto e me encaminho para a pista de dança.

Lilly e Joss ainda estão por lá.

É noite de sábado e estamos no Trinity NightClub, próximo ao Escala, uma das melhores casas noturnas de Seattle. Havíamos combinado o mais perto possível de todos, mas no fim não foi assim, já que Ana e Christian haviam desistido de ir.

Começo dançar animadamente ao som de uma música tem um ritmo legal, acho que é Rihanna, não tenho certeza. Estou dançando distraidamente ao lado de Joss quando Lilly me cutuca e me faz olhar para um lado da pista.

Vejo Ethan atracado com uma loira. Tento parecer indiferente e dou de ombros para Lilly que revira os olhos. Com certeza havia feito isso para tentar me deixar brava com Ethan, ela o julgava mal.

Não consigo evitar levar os olhos para onde ele está. Acabo me lembrando do nosso beijo. Haviam se passado três semanas, mas eu podia me lembrar e sentir como se houvesse acontecido há um dia.

- Boa noite meninas. – Digo de sobressalto e volto para a mesa. – Pronto Elliot, vamos embora.

Kate me olha estranhamente.

- Tem certeza? – Faço que sim com a cabeça. – Onde está Ethan? – Pergunta.

- Não acho que ele vá agora. – Disfarço o mau humor.

- Ah, entendi. – Ela dá uma risadinha. – Vou deixar minha chave com ele, já volto. – E vai procurando Ethan pela pista.

Sento-me ao lado de Elliot para esperar. Ele pega minha mão e dá um beijo em meus dedos. O jeito que me olha parece querer sugerir “Paciência Mia”. Pisco uma vez para ele.

Duas mãos pousam de repente em meus ombros.

- Pronto, vamos? – Apesar de saber quem é inclino a cabeça para trás. Ethan pisca para mim.

Minutos depois estamos nos despedindo no estacionamento.

- Vejo vocês no almoço. – Digo animadamente.

- Christian sabe que estamos indo? – Elliot pergunta, preocupado.

- Ana disse que falava com ele, afinal foi idéia dela.

- Então deve ter avisado, ela não faz nada sem avisar ele antes. – Diz Kate.

Elliot me pergunta se não quero dormir em sua casa ou que ele me acompanhe até em casa, recuso, para deixar ele terminar de aproveitar a noite com Kate.

Dirijo tranquilamente desejando somente a minha cama, o sono faz até com que eu não pense em Ethan. Ligo o som para tentar me manter acordada. Acelero ao ver a chuva começa a cair no momento que entro na no trecho da I-90 E, na entrada de Mercer Island. Acabo de atravessar a Lacey V. Murrow Memorial Bridge quando escuto um barulho de estouro, identifico na hora que o pneu estourou. Paro o carro no acostamento para decidir o que fazer.

- Droga! - grito enquanto dou um soco no carro.

Eu deveria ter aprendido a trocar pneus, mas nunca achei que fosse precisar.  Pego o celular e ligo para Elliot. Desligado. O de Kate também. Não quero acordar o papai a essa hora. Penso em Christian, mas desisto, pois sei que ele não virá, vai mandar alguém dele e no dia seguinte me dará uma bronca infinita.

Começo a ficar com medo, quase não passa carro, os que passam não param, o que não é tão ruim, porque quem me garantiria que dentro de um carro não teria um tipo de louco. Me arrependo de não ter pego a WA-520 E para voltar.

Procuro o numero de Ethan na agenda, penso várias vezes antes de apertar o botão de chamar, não queria ser chata. Aperto e fico esperando que atenda. Um toque. Dois toques. Três toques. Quatro toques. Ele não vai atender, penso.

- Mia?! Aconteceu alguma coisa? - Como ele sabe? Penso. Mas é óbvio que teria acontecido algo para eu ligar para qualquer pessoa a essa hora.

- Estou precisando de uma mão, ou melhor, de duas.

- Está tudo bem? - Ele parece preocupado.

- Está, é só um pneu furado. Tentei ligar para Elliot e Kate, mas estão com o celular desligado. - Digo tentando me justificar.

- Me diz onde você está. - Isso soa quase como uma ordem.

Explico a ele. Ethan provavelmente estava em casa já que o apartamento da Pike Place Market fica próximo a balada em que estávamos. Demoraria um pouco para chegar até mim.

A chuva está mais forte e decido ficar dentro do carro, mas deixo a janela aberta. Alguns minutos depois um carro para ao lado.

- Precisa de ajuda? - Um rapaz que parece embriagado pergunta. Olho e vejo que outros dois rapazes estão com ele no carro e me olham fixamente.

- Não. - Respondo, mas minha voz falha um pouco. - Meu namorado está chegando. - Falo, tentando parecer mais segura.

- Tem certeza? - Outro deles pergunta. Faço um movimento afirmativo com a cabeça. - Podemos trocar o pneu ou te dar uma carona. - Diz maliciosamente. Tremo só de pensar nisso.

- Não, prefiro ficar e esperá-lo, mas podem ir, ele logo vai chegar. - Digo.

- A gente te faz companhia. - O terceiro fala. - Você deve estar com frio ai nesse carro, sozinha.

Meu estômago começa a se contorcer. O primeiro que falou comigo, que parece mais alterado abre a porta de seu carro para descer. Olho pelo retrovisor e reconheço a Mercedes de Kate estacionando logo atrás do meu Audi.

- Meu namorado. - Digo para os rapazes do carro, como um aviso.

Aquele que havia aberto a porta logo fecha de novo, enquanto Ethan se aproxima. Nem me importo com a chuva quando desço do carro e atingi-o com um abraço.

- Tudo bem? - Ethan pergunta, alto demais, demonstrando que a pergunta era na verdade para os rapazes do carro.

- É claro, só estávamos oferecendo ajuda a sua garota, mas já que você chegou acho que podemos ir. - Diz um deles antes de arrancarem com o carro. Não vejo qual, pois estou encostada contra o peito de Ethan.

"Sua garota". Soa estranho.

- Tudo bem? - Ele volta a perguntar, dessa vez baixinho só para mim.

- Aham. - Digo. – Eram só uns babacas.

- O que eles disseram? - pergunta.

- Que queriam me levar para dar uma voltinha, ou me fazerem companhia dentro do carro para esquentar. - Digo. Vejo a boca de Ethan se fechar em uma linha de raiva.

- Nesse caso eu deveria ter quebrado a cara deles. - Diz sério.

- Eles não pareciam caras maus, apenas caras bêbados, eu é que sou uma medrosa. - Digo, tentando o deixar mais relaxado. - Aliás, obrigada por vir.

Aos poucos vamos nos soltando um dos braços do outro, já completamente molhados pela chuva.

- Preciso trocar um pneu agora. - Lembra. - Me espera dentro do Mercedes. - ordena ele.

Ele começa a retirar as coisas do carro para fazer a troca e eu permaneço de pé no mesmo lugar. Observando-o. Adorava prestar atenção nele, em tudo que falava ou fazia, era algo fascinante para mim.

- Mia para o carro. - Ele volta a falar. Dessa vez obedeço.

Minutos depois Ethan termina o serviço e se encaminha ao Mercedes, está sujo de graxa e ensopado, acabo não disfarçando um riso.

- O que é engraçado Mia Grey? - Pergunta bem-humorado.

- Você. - Digo.

- Bem senhorita, devo dizer que eu estava entrando no banho quando você ligou. - Diz. - E desisti disso para ficar assim. - Aponta para si mesmo.

- Não vou sentir culpa. - Digo. - Mas se serve de consolo mesmo assim você é lindo. 

- Ganhei meu dia. - Diz ele ironicamente. - Pode ir para o seu carro, mas vou seguir você até em casa, por segurança.

Pega um pano em seu carro e começa a limpar as mãos, enquanto isso levanto e vou para o carro. Demora pouco mais de dez minutos para chegarmos a minha casa.

- Pronto. Encrenca entregue. - Falo brincando para Ethan.

Estou encostada no carro, me arrepio quando sinto a chuva gelada cair sobre a minha pele. Ethan está me olhando de um jeito estranho. Qual o problema? Tento descobrir.

- Ainda bem que você não estava se molhando fora do carro quando aqueles idiotas passaram. - Ele diz.

Dou uma olhada em mim mesma e vejo o quanto meu vestido de cor azul clara estava transparente.

- Ops... - Digo com ar inocente.

Ethan está se aproximando e sinto meu coração acelerar. Ele para em frente a mim e coloca as duas mãos no carro, deixando-me entre elas. Abaixo a cabeça deliberadamente, não sou capaz de ficar frente a frente com ele sem desejá-lo. Ele solta uma das mãos do carro e delicadamente puxa o meu queijo para cima, para que voltemos a estar olhos com olhos. Levanto uma de minhas mãos e passo por seu cabelo molhado, depois desço e passo meu dedo indicador por seus lábios que hoje estão gelados e molhados por gotas de chuva.

Em uma fração de segundos a distância que ainda havia em nossos corpos desaparecem e Ethan está me empurrando contra o carro. Uma de suas mãos está em meu cabelo e a outra desce pelo meu corpo até chegar a cintura. Abro a boca surpresa e Ethan aproveita a oportunidade para colocar sua língua, de repente estamos ali percorrendo a boca um do outro. Mas não é urgente como a outra vez, é lento, vamos nos entregando pouco a pouco. É delicioso e sensual, de um jeito que nunca achei que um beijo pudesse ser.

Quando nossas bocas se separam Ethan começa a roçar seus lábios por meu pescoço, em seguida passa por minha orelha, o que me provoca um arrepio e termina com um beijo em minha testa. Logo encosta sua testa contra a minha e ficamos assim, os dois parados, respiração ofegante.


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