- Onde você está? – Pergunto para Meg.

- No consultório do Robert. – Ela diz.

- Achei que ia comigo no escritório da Gia. – Lembro.

- E eu vou. – Fala. – Mas estou sem carro, você pode me pegar aqui? – Ela pergunta.

Fico em silêncio.

Eu não havia encontrado Ethan desde o restaurante, só havíamos nos falado algumas vezes por telefone. Há dias falávamos em nos encontrar, mas algo sempre impedia, na verdade acho que ele estava fugindo.

Agora se eu fosse ao consultório e encontrasse Ethan poderia parecer que eu estava atrás dele, não queria isso. Mas por outro lado queria vê-lo.

- Mia você ta ai? – Meg pergunta.

- Tudo bem eu vou te buscar. Até mais.

Termino de me arrumar e me apresso para buscar Meg. Um sorriso brota em meus lábios.

- Que animação hein. Aonde vai? – Mamãe pergunta.

- Ver Gia. – Conto. Omitindo a primeira parte do meu trajeto.

- É com te ver empolgada com trabalho.

Despeço-me dela e vou pegar meu carro.

Penso em passar uma SMS para Ethan avisando que passarei por lá, mas desisto, vou fazer uma surpresa. Estou tentando falar com calma com ele desde que cheguei, mas as coisas são diferentes agora.

Ele se tornou sócio do consultório tem responsabilidades e também tem sua namorada, e eu estou totalmente ocupada com o meu negócio. Acho que finalmente me sinto adulta.

- Mia! – Cindy diz quando me vê.

- Oi Cindy. – Digo. – Trouxe um presente!

Ela me olha surpresa e eu passo uma sacola para suas mãos.

- Não precisava. – Ela diz.

- Precisava sim, eu ia trazer quando cheguei, mas as últimas semanas foram agitadas.

Cindy puxa o vestido de renda de dentro da sacola.

- Oh é lindo. – Fala. – Obrigada.

Era a cara dela, delicado.

Ela guarda de volta na sacola e coloca em um canto embaixo de sua mesa.

- Meg ainda está com o Dr. Stratford? – Pergunto a ela.

- Sim. Quer que eu a chame?

- Não precisa, eu espero.

Dou uma olhada em volta para ver se tem muitos pacientes. Têm alguns apenas.

- O Dr. Kavanagh está atendendo? – Pergunto.

Cindy me lança um sorriso malicioso. Então ninguém pode querer ver um ex-namorado sem segundas intenções?

- Ele está atendendo. – Ela diz. Faço um muxoxo. – Mas deve estar para terminar, e tem um tempo até o próximo paciente. – Cindy diz.

- Se Meg ainda não tiver saído até lá, pode ser. – Falo tentando disfarçar a empolgação.

Fico debruçada sobre o balcão conversando com Cindy sobre assuntos banais.

- Cindy estarei no Dr. Kavanagh. - Uma voz diz e eu me viro para olhar.

Encontro uma mulher muito bonita e curvilínea, ela é alta e encorpada e tem cabelos loiros compridos.

- O Dr. Kavanagh está atendendo. – Cindy explica. – E sua paciente já está esperando Dra. Adams.

- Eu sei das duas coisas, não te perguntei nada. – A mulher diz para Cindy.

Cindy se desculpa desajeitadamente.

Enquanto observo a cena tenho a impressão de que já vi aquela mulher antes. Não sou boa fisionomista. Ela me olha uma vez e depois sai pelo corredor.

- Nossa! Quem é a diaba loira? – Pergunto.

- A Dra. Adams, como você pode ver, um amor de pessoa. – Cindy ironiza.

- Dra. Adams. – Repito. – Qual o primeiro nome dela?

 - Rebekah. – Fala.

Finalmente consigo associar quem se trata. Mas custo a acreditar, aliás me recuso a isso. Rebekah, a ex de Ethan, agora trabalha com ele.

- Cindy me responde uma coisa com sinceridade. Rebekah e Ethan tem saído juntos?

Cindy passa a mão no cabelo sem graça.

- Sim Mia. – Solta a respiração. – Sinto muito.

Não, era eu quem sentia muito. Sentia por ter sido tola e não ter imaginado isso. Era por essa razão que Paul e Kate estavam bravos e por isso que Ethan me disse que eu o odiaria.

Eu provavelmente o odeio neste instante, depois de tudo ele estava com Rebekah de novo.

Não sei quem era mais tolo nesta história toda, ele ou eu.

- Mia tudo bem? – É Meg quem pergunta assim que me vê.

- Não, não está. – Respondo.

Estou chorando. Cindy e Meg me olham com certo desespero e sem saber o que fazer.

- O que aconteceu? – Meg pergunta. E Cindy faz a mesma pergunta, mas com os olhos.

- Você conhece Rebekah? – Pergunto a ela.

- A doutora?

- Sim. Lembra quando eu te contei sobre a ex do Ethan?

- Não vai me dizer que... – Ela não termina.

- Bem eu digo, é a Rebekah, e ele está com ela de novo. – Falo.

Cindy e Meg me olham com pena. Na verdade eu meio que sinto pena de mim mesma também.

Mas de repente é como se eu pudesse me lembrar de Enzo me falando em Nova York sobre ter postura derrotista e dizendo “você não é uma galinha para ter penas Mia”. Sorrio involuntariamente com a lembrança.

- Você precisa decidir se vai chorar ou ri. – Cindy fala.

- Eu não sei, o que você acha? – Pergunto.

- Acho que nem Ethan merece suas lágrimas. – Ela diz.

É a primeira vez que ouço ela se referir a ele como Ethan e não doutor.

- Você ainda quer ir falar com Gia? – Meg me pergunta.

Penso por um instante. Eu não estava mais com tanta vontade, mas eu precisava fazê-lo.

- Sim, nós vamos. – Digo enquanto enxugo as lágrimas. – E depois vamos voltar aqui e pegar Cindy para beber.

Cindy arregala os olhos para mim.

- Happy hour. – Explico. – E você vai.

Meg está rindo de mim ou para mim, não sei bem.

- Você é bipolar. – Diz ela.

- Cindy tem um papel e uma caneta ai? – Pergunto.

Ela me passa o que peço.

- O que vai fazer? – Meg pergunta.

- Deixar um recado. – Explico.

Escrevo algumas palavras rápidas no papel.

- Entrega para ele. – Digo a Cindy.

- O que está escrito ai? – Meg quer saber.

- Lê Cindy. – Peço.

- “O cara que eu conheci era muito mais digno e menos idiota do que você, se você encontrar com ele me avise. P.S.: Você não deveria dizer que ama alguém quando na verdade ela não passou de uma distração enquanto você esperava a vadia que te machucou voltar.” – Cindy lê. – Você pegou pesado.

- Eu poderia fazer mais. – Digo.

- É, mas isso é o suficiente. – Meg fala enquanto me puxa.

- Até mais tarde! – Grito para Cindy.

Parabéns Ethan Kavanagh eu te odeio! Grito silenciosamente para mim mesma.