- Você sabe que vou sentir muita falta de você, não sabe? – Pergunto a Enzo.

Ele se ofereceu para me ajudar a fazer as malas. Não sei onde vamos colocar tanta roupa.

- Sei, porque também vou sentir muito sua falta. – Ele diz. – Não sei como vou sobreviver sem você. – Exagera.

- Da mesma forma que sobreviveu por vinte e três anos. – Digo.

Ele pisca seus grandes olhos verdes para mim. Se Enzo não fosse gay provavelmente teria roubado meu coração para ele.

- Já se despediu do Louis? – Me pergunta.

- Não, ele vai passar aqui para me levar e então vai ser a hora. – Explico. Por algum motivo sinto meu coração apertar. – Preciso confessar que me apeguei a ele. Espero que me despedir não seja tão difícil como foi com Ethan. – Falo.

- E como foi com ele?

De repente estou no quarto de Ethan, cinco meses atrás.

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- Te amo, te amo, te amo, te amo. – Ethan repete varias vezes entre um beijo e outro.

- Eu não te amo. – Rebato. Ele para e fica me olhando querendo entender. – Você me disse para te esquecer, estou começando agora. – Digo.

De repente ele franze a testa e deita ao meu lado da cama, em silêncio.

- É nossa ultima noite, você precisa estragar? – Ele pergunta sem olhar para mim.

- Foi uma brincadeira. – Digo enquanto passo a mão pela barba por fazer dele. – E não diz que essa noite é a ultima, tenho certeza que vou passar muitas noites mais com você.

Ele finalmente se vira para mim.

- Você é muito otimista. – Ele constata.

- E você pessimista. – Rebato. – Mas eu te amo mesmo assim.

Um sorriso invade o rosto dele de novo.

- Agora você me ama? – Pergunta.

- Amo, muito. – Digo.

Ethan me puxa para seus braços e nós fazemos amor.

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- Nós tivemos uma noite incrível, depois ele me levou para casa e tudo acabou. – Conto para Enzo.

- A história de vocês ainda não terminou. – Ele diz.

- Na verdade ela mal começou. – Indago. – Mas se depender de mim vai voltar a acontecer.

- Uau nem parece a Mia derrotada que conheci. – Fala.

- Enzo! – Grito o repreendendo.

Eu não era uma derrotada.

Conseguimos terminar de arrumar as coisas.

Me despedi da maioria do pessoal na noite anterior, em uma festinha que organizei. Sou uma das poucas que vai embora, boa parte deles optou por ficar em Nova York. Com exceção de Josh e Hayley que voltarão para Califórnia, e Ashley que está indo para o Texas. Pieter e Claire decidiram morar juntos em Nova York, e Enzo virá morar com Marie após minha partida.

Marie ficou com a vaga que havia sido oferecida a mim no restaurante dos pais de Louis, o que me deixa muito contente. Eles todos continuarem em Nova York se tornará um motivo para eu voltar muitas vezes a cidade.

- Me ligue, dê noticia. – Imploro para Marie.

- Eu darei e você também, não some. – Ela pede.

- Quando eu precisar de uma bronca eu juro que você será a pessoa. – Falo para ela. – E se eu estiver me sentindo um lixo ligo para o Enzo levantar minha auto-estima.

Os dois me abraçam de uma vez só.

- Interrompendo? – Louis diz abrindo a porta.

- Você nunca interrompe. – Largo meus amigos e pulo no colo dele.

- Vou sentir falta disso. – Ele fala.

- Não será o único. – Falo.

- Vamos? – Ele pergunta.

Aceno assentindo.

Dou um ultimo abraço em Marie e Enzo e saio do apartamento com Louis.

Não vamos direto ao aeroporto, fazemos uma pequena parada no Central Park.

Sentamos em um banquinho. O parque está colorido com a chegada da primavera, Louis pega uma flor e coloca em meu cabelo.

- Linda. – Ele diz.

Dou um sorriso para ele, mas permaneço em silêncio, não sei bem o que dizer.

- Despedidas são uma droga. – Murmuro.

Os olhos azuis radiantes de Louis não estão tão brilhantes nesta manhã.

- Sim, uma droga. – Ele diz. – Ainda mais quando a gente conhece alguém tão incrível e temos que aceitar o fato de que ela irá partir e te esquecer. – Ele parece desolado.

- Como eu poderia te esquecer? – Pergunto.

- É assim que as coisas são. Pessoas vem e vão das nossas vidas a todo instante. – Diz.

Ele tinha razão, as pessoas sempre estavam saindo de nossas vidas. Puxo a mão de Louis e coloco entre as minhas.

- Eu nunca vou me esquecer de você e eu te prometo que vamos nos ver muitas vezes. Tenho que conhecer muito de Nova York ainda, não é? – Tento animar.

- Sim, mas talvez você conheça o resto com Ethan. – Ele fala. Ameaço começar a falar, mas ele me impede. – Tudo bem Mia, eu sabia desde o começo que o que nós tínhamos era temporário, mas valeu a pena cada segundo, porque você é uma garota maravilhosa.

Cada vez mais eu comprovava que Louis era um perfeito cavalheiro.

- Se nós pudéssemos escolher por quem nos apaixonar acho que eu teria me apaixonado por você. – Revelo. – Você é o namorado que toda mulher gostaria de ter, perfeito eu diria, só não é perfeito para mim. – Completo, deixando as lagrimas rolarem por meu rosto.

- Obrigado. Posso te dar um conselho de amigo? – Ele pergunta. Faço que sim coma cabeça e ele prossegue. – Se você ama mesmo esse Ethan e se tem certeza que ele te ama, luta por ele, vai pra Seattle e ganhe o cara.

Bem, isso não era algo que eu esperava ouvir de Louis, mas então me lembro que acima de tudo éramos amigos e que a partir daquele instante era só o que seriamos. Fico feliz por ele agir como tal.

- Um dia quem sabe eu volte aqui com Ethan e você esteja com uma linda namorada e sairemos para nos divertir juntos. – Sugiro.

- Fechado. – Concorda.

Louis começa a brincar com os pingentes de minha pulseira.

- Sempre me fará lembrar de você. – Digo. – Acho que nova York foi meu sonho, mas eu tenho que viver a realidade e essa é em Seattle. – Concluo.

Já está na hora de ir.

Na hora em que me deixa no aeroporto Louis me dá um beijo no rosto. Faço beicinho para ele.

- Mia... – Ele repreende.

- Eu vou ter que implorar um beijo de despedida? – Pergunto.

Ele não me dá uma resposta e eu não preciso implorar.

O meu ultimo beijo em Louis não dói e não tem gosto de saudade, pelo contrario, tem gosto de uma aventura que vivi e principalmente, tem jeito de recomeço.