Não Olhe Para Trás escrita por Mnndys
- Bom dia mocinha. – Papai fala assim que eu entro em casa.
- Bom dia pai. – Retribuo.
Ele está me olhando sério, suponho que algo estava o deixando irritado ou ao menos incomodado. Ando até a escada.
- Mia volte. – Ele ordena. – Vamos ao escritório preciso conversar com você.
Ah então o problema era comigo. Dou meia volta e caminho logo atrás dele até o escritório, ele segura a porta para mim e quando entro a fecha. Provavelmente não queria mamãe interferindo, o que significava que a conversa seria bem séria.
Sento-me em uma das poltronas macias. Estou morrendo de sono.
- Você tem dormido muitas noites fora de casa. – Meu pai diz.
Nas ultimas duas semanas dormi algumas noites fora, não muitas como ele disse, só algumas, mas eu sempre avisava, então não achei que fosse um grande problema.
- Às vezes. – Digo. – Tem algum problema nisso? – Pergunto.
Ele apóia os cotovelos sobre a mesa e me olha fixo.
- Me diz você. – Fala.
- Sinceramente não, nenhum problema. – Digo não entendo onde ele quer chegar.
Movo-me na cadeira mudando de posição tentando espantar o sono.
- Ok Mia, então vamos direto ao ponto. – Papai diz retirando os cotovelos da mesa e encosta-se a sua cadeira. – Você tem que levar a vida mais a sério.
- Você está me chamando de irresponsável ou algo assim? – Pergunto me sentindo um pouco ofendida.
- Não foi isso que eu disse. – Ele fala com calma.
- Mas foi isso que eu entendi. – Digo um pouco mais alterada.
- Mia você há de convir que ficar dormindo várias noites fora, só pensar em se divertir com os amigos e deixar de lado suas aspirações profissionais não é uma atitude muito adulta.
Levanto-me da poltrona e vou até a cadeira do lado oposto da mesa em que ele se encontra. Respiro fundo uma vez antes de falar.
- Qual é o problema exatamente? – pergunto. – Eu dormir fora, eu sair ou eu não trabalhar?
- Vamos por partes. – Ele diz. – Primeiro, você dormir fora me incomoda sim. Se quiser dormir com alguém várias noites seguidas é melhor que case primeiro, e pelo que eu saiba você ao menos tem um namorado. – Diz começando a se irritar. – E não me venha com a desculpa de já ter morado sozinha na França. Quando você estava longe era uma coisa, mas você está de volta e as pessoas nessa casa costumam ter dignidade mocinha.
Casar? Será que ele se lembrava que eu só tinha vinte e um anos? Casar não era uma aspiração para um futuro próximo, e se ele achava que eu usaria um cinto de castidade até lá estava bem enganado. Mas não discuto com ele.
- Tópico dois. – Digo ríspida.
- Suas saídas? Bom não seria ruim se não atrapalhasse o três. Seu futuro profissional. – Diz.
- Não atrapalha.
- Sim atrapalha. – Diz convicto. – Na sua idade sua mãe estava fazendo medicina, inserida em vários projetos e com um currículo extenso já na bagagem.
- Eu tenho uma profissão. – Falo.
Ele revira os olhos. Era totalmente contra minha carreira gastronômica, dizia que isso era uma empolgação passageira e que logo eu iria enjoar e querer fazer outra coisa.
- Eu não vou discutir isso de novo com você. – Papai diz e eu me sinto aliviada. – Mas se você fez sua escolha talvez você devesse procurar se aprofundar.
Levanto da cadeira.
- Se essa é sua preocupação pode ficar tranqüilo já. Me inscrevi em alguns cursos com experiências válidas, estou só esperando uma resposta. – Falo. Ele esboça um sorriso. – Se é só isso eu vou para o quarto.
- Pode ir. – Ele diz. Abro a porta. – Mia. – Ele chama. Volto a olhar para ele. – Não fique chateada comigo. – pede.
A minha irritação desaparece com essas palavras e corro para ele feito uma criança e lhe encho de beijos.
- Como se fosse possível me chatear de verdade com você. – Digo. – Você e a mamãe são meu porto seguro, eu só tenho a agradecer vocês por terem me trazido para essa casa.
Ele me dá um beijo na testa.
- Nós é que agradecemos pelo dia que Deus colocou você e cada um de seus irmãos em nosso caminho. – Fala carinhosamente. – Agora vá dormir.
- Mia acorda querida. – Mamãe diz docemente. – A Lily está ai.
Abro os olhos surpresa. O que Lily queria tão cedo? Puxo o celular e vejo que já passa da uma.
Me ajeito rapidamente e vou ao encontro dela.
- Hey você está viva! – Lily diz quando me vê. Dou um abraço nela. – Você sumiu. – Ela reclama.
- Eu ando um pouco ocupada. – Falo.
Pela expressão dela sei que ela captou alguma coisa.
- Ocupada com quem? – Pergunta.
Fico animada e a puxo para o sofá.
- Ethan. – Digo com empolgação.
Lily faz uma careta.
- Não tinha ninguém pior? – pergunta irônica. Dessa vez sou eu quem faço careta para ela. – Sabe ele é bonitinho, e pelo jeito tem algum dinheiro, mas nada a altura da sua família.
Estou chocada com o que Lily diz, como era possível alguém pensar só no dinheiro? Não tinha a mínima importância quanto dinheiro ele tinha ou de que família viesse.
- Ethan é muito melhor do que qualquer milionário. – Digo.
- Não seja boba Mia. – Fala. – É só olhar o Sean, lindo, milionário de berço, e louco por você.
- Mas eu não gosto dele Lily. E dinheiro não é importante. – Falo.
- Não é importante porque você tem de sobra, mas e se você tivesse crescido com a sua família biológica, eles deviam ser bem pobres. – Ela teoriza. – Nesse caso você iria pensar diferente.
Eu paraliso. Lily sabia que eu odiava pensar ou falar sobre qualquer coisa referente aos meses que vivi antes de chegar a casa dos Grey, para mim eu pertencia a essa família e não importava de onde vinha.
- Hoje definitivamente deve ser o dia de irritar a Mia e ninguém me avisou. – Falo. – Agora se me dá licença vou tomar banho. – Não espero uma resposta dela e vou embora.
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