Como Capturar Um Morcego Em Sete Dias escrita por ohhoney


Capítulo 4
Quarto Dia


Notas iniciais do capítulo

Demorou, mais saiu. Desculpe, ando numa fase KnB que parece permanente. Mesmo assim, tomei vergonha nessa minha cara e escrevi o capítulo. Espero que não tenha ficado muito ruim e que vocês gostem.



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         Acordei com o barulho da porta sendo aberta, mas me fingi adormecida. Espiei por entre os cílios; era Ulquiorra de novo. Ele deixava a comida em cima da mesa e não fazia questão de me acordar. Fechei os olhos rapidamente quando ele chegou perto. Deve ter ficado uns cinco minutos abaixado perto de mim.

         -Acorde – ele falou enquanto sacudia de leve meu ombro.

         Afundei o rosto no travesseiro e esperei ele ir embora. Quando a porta fechou, decidi: iria perguntar o que diabos ele quer comigo. Eu estava ficando um pouco irritada já, queria saber o que aquele homem esconde.

         Comi o que estava na mesa e esperei que Ulquiorra voltasse. O dia estava calmo e até que ensolarado, fiquei sentada no chão olhando o céu pela pequena janela com barras no alto da parede.

         -Com licença. – Ulquiorra anunciou quando entrou no quarto. Virei para olhá-lo. Ele pegou a bandeja. Tive que me esforçar para falar quando ele estava quase saindo de novo.

         -U-Ulquiorra! – chamei, e ele virou devagar para olhar para mim – Eu gostaria de perguntar algumas coisas.

         -Sim?

         Bati no chão ao meu lado, convidando-o a sentar. Ele veio até mim, mas permaneceu em pé. O olhar dele continuava congelante.

         -O que quer saber?

         -Primeiro – olhei para os olhos dele – O que você quer comigo?

         Ulquiorra suspirou, então olhou para o lado.

         -Eu não consigo entender a complexidade dos sentimentos humanos e estou curioso a seu respeito. Porque você está triste? Eu não prometi que seus amigos ficariam a salvo? Você deveria estar feliz, não triste. Não há motivos para estar triste. Tudo está perfeitamente bem. O que te aflige?

         -Bom, só o fato de eu sacrificar minha liberdade para ver meus amigos seguros. Quer dizer, o que me garante que eles estão bem? Você pode muito bem estar me enganando e eu continuo presa aqui na agonia de ver minha amiga com aquele seu colega brutamontes. Não saber o que se passa lá fora é a pior coisa que existe. Meu coração já não aguenta mais ver esse mesmo quarto...

         -Coração? – ele perguntou – Coração? O que é coração? É uma emoção? É um sentimento? É uma coisa figurativa? Eu posso ver? – ele ironizava – Posso tocar? Vocês humanos só sabem falar de coração, eu não sei o que é isso.

         -Você não entende, e não faz questão de entender. Não vou explicar pra alguém que não está disposto a ouvir.

         Virei o rosto para o outro lado. Idiota. Esperei que ele fosse embora, mas continuou parado ali. Quase dois minutos depois, senti uma movimentação. Virei para ver, era Ulquiorra sentando-se perto de mim com aqueles grandes olhos verdes mirando no fundo da minha alma. Ele me encarou pacientemente.

         -O que foi? – perguntei por fim.

         -Estou esperando.

         -O que?

         -Você me explicar.

         Suspirei.

         -Ok, bom... Primeiro, coração é usado figuradamente, sabe? Coração é um órgão do corpo humano que bombeia o sangue, mas do modo que falamos é como se ele fosse o lugar em que todos os sentimentos ficam. Por exemplo, quando você está feliz, seu peito parece se expandir e o coração bate mais rápido. Quando você está triste, você sente seu peito se comprimindo e se quebrando em pedaços.

         -Mas como isso é possível?

         -É o que a gente sente, não o que necessariamente acontece.

         -E... Seu peito está como agora?

         -Doendo. Comprimido. Quebrado. – sorri um pouco.

         -Você está triste?

         -Hm, sim.

         -Por quê?

         -Porque eu não sei o que se passa com os meus amigos, não sei se Yumi está bem. Estou confusa com umas coisas. Eu quero ficar aqui para que o Kurosaki-kun fique a salvo, mas quero que ele venha me salvar. Odeio ficar o dia inteiro olhando pra parede do quarto e vendo sempre o mesmo pedaço do céu. Odeio não saber o que esperar, e nem sei se devo esperar. E você não me trata muito bem, honestamente. Se bem que a comida é ótima.

         -Como você quer ser tratada? – Ulquiorra perguntou determinado.

         -Bem. Sei lá, você podia deixar de ser menos frio comigo, já é um começo. Deixe-me perguntar uma coisa. Porque você resolveu que conversaria comigo assim, de uma hora pra outra?

         -Simpatizei com você, humana. Seus sentimentos me deixaram curiosos. Eu poderia muito bem ter ido até o Szayel perguntar sobre os humanos, mas eu queria ouvir direto da fonte. Estou interessado em você e nesse tal de coração.

         Minhas bochechas queimaram.

         -Alma. O que é alma? – ele perguntou.

         -Ah, não sei explicar muito bem... Bom, digamos que seria a essência do ser humano, o que ele verdadeiramente é. O corpo seria só uma carcaça para a alma. O que realmente importa está dentro.

         O silêncio instalou-se no ar. Ulquiorra continuou me encarando, parecendo absorver o que eu disse. Ele levantou-se de repente e caminhou até a porta.

         -Aizen-sama está me chamando.

         E saiu.

         Ulquiorra não voltou pelo resto do dia. Ele agia tão estranho... Mesmo assim, foi bom ter conversado um pouco com ele. Eu estava precisando disso. Ele pareceu confuso, mas acho que entendeu direito. Será que expliquei bem?

         Espera aí. Porque diabos ele subitamente se interessou por essas coisas? Porque ele veio falar comigo? Aquele garoto estava me deixando confusa demais. Mais do que eu já estou. Ulquiorra é um dos caras mais complexos que eu já conheci.

         Outra pessoa veio trazer o jantar, e Ulquiorra não deu as caras. Foi alguma coisa que eu disse? Depois de comer, eu estava sentada no sofá trançando meu cabelo quando a porta foi aberta. Era ele.

         -Ah, olá. – sorri.

         Ele andava nervosamente. Chegou perto de mim e me puxou para cima pela mão, logo em seguida jogando-me na parede.

         -O que você está fazendo? – perguntei assustada. O olhar dele era mortal.

         -Você... Eu não entendo. Você deveria ter medo de mim. Eu vou matar seus amigos, vou destruir tudo o que você ama. Vou deixá-la sozinha. Você vai viver na agonia constante.

         -N-Não...

         -Vou matar todos os seus amigos. Kurosaki Ichigo principalmente.

         -Não, por favor... – meus olhos estavam cheios de lágrimas.

         -Você está com medo de mim? – ele perguntou baixo, chegando mais perto. Aperto minha mão mais forte, e as lágrimas finalmente escorreram pelo meu rosto – Você está com medo de mim?

         -S-Sim. – murmurei.

         Ele me largou. Olhou para mim de cima a baixo e caminhou até a porta. Com um último olhar, ele a fechou. Joguei-me na cama, minha cabeça girava. Não estou brincando quando digo que Ulquiorra era o cara mais complexo e estranho que já vi. Alguma coisa nele dava arrepios e fazia você querer ficar longe. Alguma coisa nele dava medo, muito medo.


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Notas finais do capítulo

Pronto, agora podem me bater :B Algum comentário final? Ok, eu deixo vocês me xingarem, vão lá. Beijinhos! ♥



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