Como Capturar Um Morcego Em Sete Dias escrita por ohhoney


Capítulo 2
Segundo dia


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas de todos os planetas e galáxias, como vão? Ansiosos para ler o segundo capítulo? Vejamos quem consegue resistir ao nosso querido morceguinho.



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–Acorde. Acorde.

A voz gelada de Ulquiorra entrou nos meus ossos e me fez estremecer. Abri os olhos. Ele estava parado na frente da cama, imóvel, com a mesma cara de sempre.

-Que foi? - perguntei.

-Aizen-sama que falar com você.

-Então diga que eu não quero falar com ele... Ele me dá arrepios.

Ele ficou me encarando por algum tempo, foi muito estranho. Então, virou e saiu. Simples assim. Cocei os olhos, tentando acordar direito. Fui até a pequena pia e lavei o rosto. Comi a comida que estava na mesa, e voltei a me deitar na cama. Ulquiorra entrou uns dez minutos depois, perguntando se eu gostaria de sair.

-Pra que? Eu não vou conseguir sair daqui mesmo.

-Aizen-sama disse que humanos têm necessidades básicas.

-É, acho melhor ir mesmo - falei enquanto me tocava que precisava ir ao banheiro.

Ulquiorra me guiou até uma pequena porta branca alguns corredores de distância do meu quarto. Abriu a porta para mim e eu entrei. Era um banheiro simples, tinha um vaso sanitário e uma banheira, além de uma parede cheia de espelhos. Uma janelinha pequena deixava entrar um pouco de luz.

Fiz tudo o que tinha que fazer, tomei um banho rápido enquanto chorava de angústia. Coloquei a roupa e saí do banheiro. Não tinha ninguém no corredor, um silêncio mortal pairava no ar. Que estranho.

Meio apreensiva, fui pelo corredor tentando fazer o mínimo de barulho possível. Virei milhares de corredores idênticos, e parecia que eu estava sempre indo na mesma direção. Ao longe, comecei a ouvir algumas vozes. Onde diabos eu estava?

-O que está fazendo aqui? - uma voz perguntou.

Virei num susto. Os olhos verdes de Ulquiorra estavam pregados nos meus de uma maneira aterrorizante.

-E-Eu me perdi. Só queria voltar para o meu quarto. Desculpe.

-Venha, mulher.

Andando pelos corredores, chegou uma hora que ouvi algumas vozes de novo. Tentando ver de onde vinha, espiei um corredorzinho pequeno, e vi um cara alto de cabelo azul carregando uma pilha de livros nos braços. Ele virou a cabeça na hora quando pousei os olhos nele, e fez uma cara não muito boa. Corri para tentar alcançar o Espada na minha frente. Ele abriu a porta e eu entrei.

-Precisa de algo?

-Só me diga se Yumi está bem. Por favor.

-Ela está perfeitamente segura. Contudo, acho que não foi uma decisão sensata deixar o Grimmjow tomando conta dela.

-Por quê? Esse Grimmjow é perigoso? - fiquei meio desesperada.

-Talvez. - ele se dirigiu a porta - Se não precisa de nada, com licença. - e saiu.

Pelo o pouco que eu vi, ele parecia bem perigoso. Mas estava levando livros nos braços. Yumi, diferentemente de mim, era muito forte e determinada. Eu era somente uma garota boba. Ela estaria segura. Eu, por sorte, sairia viva.

Sentei na cama, remoendo todas as coisas possíveis. Pensei até em receitas novas. Não tinha muito que fazer lá, somente esperar. Eu estava ansiosa para conversar com qualquer pessoa, mas Ulquiorra não era alguém que falava muito. Minha garganta estava seca e eu me sentia muito parada.

Felizmente, o dia foi passando rápido. Quando vi, o Espada entrava com o jantar nas mãos. Ele largou a bandeja em cima da mesinha e saiu sem dizer nada. Faminta, fui até lá e comi tudo. Quando terminei, fiquei brincando com as migalhas e restos que restavam no prato. Não tinha nada pra fazer mesmo.

A porta foi aberta, e segundos depois o prato saiu da minha frente.

-Ei, eu estava... – tentei falar.

-Não importa.

Porque ele era tão frio? Isso machucava. Como eu já estava tendo uma batalha interna contra meus pensamentos (“eles vão vir me salvar”, “não, não venham me salvar, fiquem a salvo aí”), estava muito sentimental. Com esse gesto rude, comecei a chorar.

Ulquiorra parou na porta e ficou me observando, silencioso como uma cobra. “Pare de chorar, estúpida. Porque está chorando? Não tem motivo. Sua fraca, inútil”. Tentei loucamente controlar as lágrimas, e quanto mais tentava, menos dava certo. Elas não paravam de escorrer.

O garoto permaneceu parado na porta, observando, quieto. Quase não percebi que ele estava ali. Olhei para cima; ele me encarava com a mesma expressão de sempre, olhos frios e vazios, boca numa linha reta, rosto impenetrável. Eu estava começando a ficar com raiva dele.

-Que é?! Vá embora! – gritei, tentando secar o rosto.

Ele me encarou por mais alguns segundos antes de virar para frente e sair andando. Que diabos ele pensa que estava fazendo? Se fosse olhar, pelo menos fosse solidário e viesse perguntar se eu estava bem. Que raiva!

Fui até a cama e deitei. Nessa altura, meu rosto já estava meio inchado, as lágrimas pararam de cair. Sequei o resto delas com a ponta do lençol, respirando fundo para conter os soluços. Não tinha porque chorar, honestamente.

Por um lado, eu quero que eles venham me salvar. Por outro, quero que eles fiquem a salvo, longe daqui. Se eles vierem, tenho certeza de que explodirá uma guerra, e eu não quero ninguém ferido.

Algum tempo passou, e eu estava ficando com sono. Deitei a cabeça no travesseiro, mas não consegui dormir. Fiquei olhando para a parede, até que ouvi um barulho estranho. Não mudei de posição. Senti alguém se aproximando, e avistei um par de calças brancas na minha frente. Não me mexi.

-Aizen-sama pediu para eu perguntar se está tudo bem. – a voz de Ulquiorra ecoou pelo quarto.

-Estou ótima, maravilhosa, perfeita.

-Ele deseja saber o que te preocupa.

-Nada. Deixa pra lá.

-Aizen-sama me deu uma ordem. Eu não posso voltar sem saber o que te preocupa. Comece a falar, mulher.

Fiquei quieta.

-Só... Só vá embora, por favor.

Ulquiorra ficou mais alguns minutos parado na minha frente, e saiu quando viu que eu não falaria nada.

Alguma coisa dentro de mim latejava, perguntando por que Aizen se importaria com o meu bem-estar. Aquele cara não dava a mínima para ninguém. Perguntei-me se não era o próprio Ulquiorra que queria saber.

“Pare de se fazer de boba, Ulquiorra também não se importa com ninguém”, pensei comigo mesma, fechando os olhos, afundando na escuridão.


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Notas finais do capítulo

Estão gostando? Deixem aí o que estão achando, se gostam, se odeiam, se querem jogar pedras em mim, o que pode melhorar... Comentem, senão Ulquiorra vai arrancar o coração de vocês ♥