Premonição: Diversão Macabra escrita por MV


Capítulo 1
Vidas Cruzadas


Notas iniciais do capítulo

Gente, resolvi continuar a série original depois do que ocorreu... Pra quem não sabe, tive alguns problemas com a antiga história e tive de excluí-la, e a série foi cancelada...Mas espero que gostem dessa fanfic nova! Nesse capítulo ainda não tem o acidente, esperem um pouco!Os personagens de Diversão Macabra:http://marcioviniciusfanfictions.blogspot.com.br/2013/04/personagens-de-premonicao-diversao.html



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12 de abril de 2013.

18:00.

Ele estava ali, sentado em uma cadeira na frente daquela fraternidade, onde ele vivia agora. Não vivia mais em MT. Abraham, embarcara numa aventura, depois de seus 18 anos. Aquele era seu segundo ano na faculdade.

E ali, sentado, voltou a lembrar dos acontecimentos que marcaram sua vida para sempre.

Já se faziam três anos desde que aquilo ocorrera com ele, mas mesmo assim, pesadelos voltavam. Cenas que ele queria esquecer, mas não conseguia. O barco explodindo, e depois as mortes que se seguiram. Os amigos que perdera. Cooper. Danny. E o fogo que o consumiu naquele dia, que deixou suas marcas para sempre.

Derek não era mais o mesmo garoto daquela época. Seu rosto mudara muito. Aquela pele antiga já havia sumido. Agora uma cicatriz cobria seu rosto. Próximo a sua cabeça. Mas não era apenas aquilo. Havia realmente se machucado naquele dia. Várias cicatrizes estavam espalhadas pelo seu corpo. Sua asma voltou com força total. E persistia até aquele momento.

Eu nunca vou esquecer o que aconteceu naquele dia.

Mas Derek era feliz, e tinha tudo para isso. Derek estava dentro de uma faculdade, morava ali. Além disso, ainda tinha Molly. Muitos anos se passaram, e os dois continuaram juntos.

Repentinamente, algo o tirou de seus pensamentos. Era Luke.

– E aí, cara? Tá bem?

– Luke, você sabe que sim. Eu só...

– Ah, tava lembrando daquela história, né? - Luke falou, sentando-se em um cadeira próximo a Derek.

– É.

– Derek, deixa de ser seco. Fala de uma vez, tem algo acontecendo? - Luke perguntou. Eu sou seu amigo, não tem problema.

– Eu não sei. Eu lembro disso sempre, mas hoje... foi diferente. Eu me lembrei muito bem de tudo. Até da minha premonição.

– Eu queria ter premonições algum dia... Deve ser muito legal, você ver as coisas acontecendo antes de realmente aconteceram. - Luke falou.

– Luke, não queira. Por favor. - Ele disse. - Foi por causa disso, que todo esse pesadelo começou.

– Derek, agora falando sério. Você sabe que eu sou o único que acredita em você, nessa história de morte, premonições...

– Também eu só contei pra você, né Luke? E tem mais, eu me lembro que você achava tudo mentira.

– Mas pode ter um fundo de verdade. Nunca se sabe. Você não sabe o que pode acontecer daqui a um dia. Daqui a uma semana. Daqui a um ano. A um minuto.

– Seriam bom se eu soubesse disso quando tirei aquele pessoal do barco.

E suspirou.

...

Sally estava quieta, sentada em sua cama, na fraternidade de meninas. Visualizava as fotos que tinha tirado no dia em que eles foram a uma grande festa, junto com vários meninos. E uma chamou sua atenção, seu amor estava com ela. Mas ele não sabia de seu amor platônico por ele. Era Luke.

Sally sabia porque Luke a atraía tanto. Aquele rosto de criança, o cabelo bagunçado e loiro, e seus olhos verdes. Luke era como um deus para Sally. O seu amor. Mas Sally tinha certeza que Luke não aceitaria ela em namoro.

Ela não fazia questão de ser bonita, apesar de ser. O grande problema era sua personalidade. Não era uma garota qualquer. Não podia ser namorada por um garoto qualquer.

Tinha que ser com Luke. Um sonho impossível.

– Sally, você tá aí?

– Ah, oi, Carey.

Carey chegou e sentou-se na sua cama. Sally e ela dividiam o quarto, porém Carey era muito diferente de Sally. Fazia o estilo rebelde, e era mesmo. Ela tinha piercings pelo corpo e tatuagens. A garota ainda pintara seu cabelo de rosa.

– Me diz no que você estava pensando, fofa. Solta de uma vez. Era no Luke, né?

– Carey, era sim.

– Quer saber o que eu penso, Sally? Penso que você deveria sair dessa, de amorzinho secreto e blá, blá, blá. Acho que você está extremamente dependente dele. Se atire no amor. E acabou. End.

– Carey, pra você é fácil que não tem nenhum namorado e pretendente. Mas e eu? Eu acho que o Luke nem me ama. - Sally falou.

– Ah, de novo esse mimimi? - Carey falou. - Sally, vai lá, e diz pro Luke que você o ama. E acabou. Se ele aceitar ou não, aí é outra coisa. - Carey pensou um pouco. - Certo, já sei. Faça isso amanhã.

– Por que amanhã?

– Amanhã, o Luke vai estar na boate certo? Naquela festa. Combinaram das fraternidades irem juntas. Logo você vai lá, e arrasa com o Luke. Primeiro, arranja uma bebidas para fazer o Luke ficar maluco. Depois, ele é só seu. E daí, você pode fazer o que quiser com ele. Até aquilo.

Sally olhou espantada para Carey.

– Que foi? Qual é o problema?

– Carey, calma. Não vamos chegar nesse ponto.

– Chegar nessa ponto? Sally, sexo é tudo de bom. Só você com essa sua "castidade" que não faz isso. - Ela riu. - Filha, você não é a Madre Teresa de Calcutá, se liberta!

– Ainda não. Calma. Mas o resto do seu plano parece dar certo. Mas eu não quero o Luke bêbado.

– Faça como você quiser, o que importa é você consegui-lo.

...

Hannah, acho que você tem muita sorte.– Lisa falou. - Encontrar alguém como o Ryan é quase impossível.

Pois é, prima. O Ryan é uma pessoa incrível. Carinhoso, engraçado, tudo de bom.

Queria ter sorte assim. O único namorado que eu tive... não deu muito certo.

Como assim? Você e o Matt não estão mais juntos? - Ela perguntou.

Não. Decidimos dar um tempo. Eu pedi isso. - Lisa falou. - Nosso relacionamento não estava muito bom...

– Nossa, eu realmente não sabia disso, Lisa. Vocês dois davam um perfeito casal... Uma pena.

– Eu já superei isso, Hannah. - Lisa falou. - Mas se você quer saber, eu ainda o amo. Mas o jeito que eu sou... Não dá.

Lisa era dona de uma beleza incrível. Tinha cabelos longos pretos, lábios carnudos e sedutores. Olhos verdes e profundos. Mas Lisa não gostava de sua aparência. Quando era pequena, sofreu muito com o bullying. Lisa era míope, e usava aparelho. Então, sempre foi muito rejeitada. Mas ela deu a volta por cima. Fez uma cirurgia a laser para correção dos olhos e deixou o aparelho. Começou a cuidar de sua aparência. E ficou assim. Mas ela queria mais. Sempre se achava feia.

– Quando era pequena, tudo bem Lisa. Mas agora... Você é linda!

– Fácil dizer essas palavras. Mas eu sei que é só consolação.

– Ai, Lisa, realmente eu não entendo você...

...

Mais tarde.

Três rapazes conversavam no interior da fraternidade dos meninos.

– Se eu fosse você, deixava de ser tão orgulhoso, Matt. - Alejandro disse.

– O Ale, cala a boca! Isso é tudo inveja - Matt disse.

– Matt, eu escutaria o Ale. Tá certo que ele não é nenhum exemplo para seguir porém nisso ele tem razão. Cara, você tem orgulho até de existir. - Derek falou.

– Mas eu não tenho que ter? - Matt falou. - Se eu não tiver, quem terá?

– Matt, essa sua busca por ser o melhor vai ter levar pro fundo do buraco. Você já perdeu a Lisa e...

– A Lisa? Ah, me poupe, Derek. - Ele continuou. - A Lisa era um pé no saco. Prefiro continuar do jeito que está hoje. Eu estou totalmente liberado. Faço o que quiser, quando bem entender. E acabou.

– Você realmente não tem juízo, né? - Alejandro perguntou.

– Ô mexicaninho, é claro que não. Eu faço, e que se dane o resto.

– E sempre eu que me ferro. - Alejandro disse.

Matt era um garoto que tinha tudo ao seu favor. Tudo mesmo. Ele era o cara. Matt era o armador do time de basquete da universidade. Tinha o futuro feito. A vida feita. Cobiçado por várias garotas, por sua beleza, cabelos e olhos castanhos, rosto de criança, Matt cada dia estava com alguém. O garoto vivia uma vida desenfreada, sempre buscando ser o melhor em tudo. Era o líder, o presidente daquela fraternidade.

E existia Lisa. Lisa nunca foi a menina dos sonhos de Matt, mas quando a viu, percebeu algo diferente em seu coração. Algo que o tocou profundamente. Lisa era linda, e não era nada parecida com Matt. Quieta e humilde, chamou atenção do garoto assim como um instante. Aproximaram-se, e Matt mudou. Sentiu-se pela primeira vez apaixonado por alguém, mas quando tudo acabou com Lisa, tudo voltou. Matt não sabia se realmente amava Lisa ainda, ou a odiava. O que importava é que voltara a ser o mesmo Matt de sempre.

Um barulho na porta interrompeu a conversa deles.

– Eu vou lá ver quem é. - Alejandro falou.

– Vai lá mesmo. - Matt disse.

– Matt, você não cansa de ser assim? - Derek perguntou. - Quando você estava com a Lisa você não era assim.

– Derek, você esqueceu de um pequeno detalhe: Quando eu estava. Eu não estou mais com ninguém. Eu não sei como você consegue manter esse namoro de séculos com a Molly.

– Conseguindo, Matt. Nós nos amamos de verdade. Estamos separados agora, mas sempre estaremos juntos.

– Oh, que lindo! - Matt falou, com deboche. - Mas esse não é meu caso.

...

– Tommy! Entra, vai. - Alejandro falou. - Onde você tava? Ah, isso não posso perguntar.

Tommy olhou para Alejandro, e continuou andando, na direção do seu quarto. Subiu as escadas, não olhando, não falando com ninguém. Subiu novamente, e chegou no sótão. Seu quarto, apertado, num canto qualquer. Tommy era mais velho que Derek, Matt, Luke, Alejandro. Um ano que perdeu. Um ano de terror.

Tommy se perdeu no mundo sombrio das drogas. Maconha, cocaína. Ficara lentamente viciado, mas conseguiu se recuperar. Isso foi quando ele tinha 15 anos. Tommy conseguiu se livrar, antes que entrasse em situação pior. Encontrou um grande apoio em uma pessoa que não estava mais ali: Mark Carpenter.

Ele tinha a mesma idade de Mark, e os dois decidiram sair daquele mundo. Enquanto Mark estava sozinho no mundo, Tommy tinha os pais. Tommy roubava dinheiro deles para sustentar o vício. Tornou-se agressivo. E quando seus pais descobriram, o expulsaram de sua casa. Ele nunca conseguiu ver os pais novamente. Renegado pelos pais, ele foi acolhido na mesma pensão onde Mark estava. E aí, surgiu uma grande amizade que teve fim quando a pensão desabou. Mark havia saído de lá antes. Tommy também. Porém ele não achou local para ficar. Retornou às drogas.

Com muito esforço de Mark, Tommy conseguiu escapar, e ir morar em uma casa de menores desabrigados, comandados por uma doce senhora. E resolveu estudar. Estudar seria o que o tiraria das drogas. Estava extremamente atrasado, perdeu um ano de sua vida, mas conseguiu com muito esforço chegar a faculdade. Era uma rotina difícil, passava quase o dia inteiro estudando.

Mais tarde, o mundo de Tommy desabou. Mark havia morrido em um acidente de barco, e Tommy foi um dos primeiros a saber. Foi aí que ele tomou um rumo diferente. Tommy sabia que Mark só queria seu bem, então estudou. E conseguiu chegar. Chegar a faculdade.

Já se faziam dois anos desde que aquilo aconteceu.

Quem pagava a faculdade para ele era a própria dona de onde ele estava, comovida com a situação do jovem.

Mas Tommy novamente se deixou abater. E foi destruído. As drogas. Não sabia, mas escondia de todos, em seu minúsculo quarto um pequeno pó branco. Cocaína.

Sim, ele ainda fumava. Talvez nunca conseguiria escapar daquilo. Mas ele sabia que conseguiria.

Ele suspirou, e deitou-se na cama, deixando seus pensamentos o levarem. Tommy era fraco e um rapaz com olheiras profundas. Abatido. Se não estivesse naquela situação, Tommy facilmente seria mais cobiçado pelas garotas do que Matt.

E então deixou seus pensamentos o levarem. E dormiu.

...

Ever wonder ‘bout what he’s doing?

How it all turned to lies?

Sometimes I think that it’s better to never ask why

Where there is desire there is gonna be a flame

Where there is a flame someone’s bound to get burned

But just because it burns doesn’t mean you’re gonna die

You gotta get up and try, try, try

Gotta get up and try, try, try

Gotta get up and try, try, try

Clair estava em sua casa, fazendo sua refeição. Seu jantar. Jack, seu marido, assistia televisão na sala. Clair sabia que a relação entre os dois não ia muito bem. Ela sabia que assumiria os riscos daquela relação quando conheceu Jack.

Ele havia o avisado sobre sua agressividade. Quando Jack perdia a paciência, coisas terríveis aconteciam. Mas Clair assumiu o risco. E se arrependeu. Ela tentava manter um ótimo clima entre os dois, porém nem sempre isso era possível. Jack era estressado por natureza, e certo dia, ela conheceu o terror. Ela teve a ousadia de responder Jack, em um dia que ele já estava extremamente estressado.

Clair sofreu as consequências daquele ato. Jack explodiu e bateu. Bateu em Clair. Ela sabia que Jack não fez isso por maldade, porém admitia que aquilo deveria acabar. Ela era jovem, não queria viver assim para sempre.

Clair tinha toda a liberdade de poder escapar de Jack, e procurar outro homem. Mas o que a mantinha ali, calada, na submissão de Jack, era o medo. Clair somente queria o bem ao marido, nem sempre um sentimento recíproco antes ambos. E tinha medo do que poderia acontecer.

Mas ela também sabia que Jack iria buscar livrar-se de sua agressividade, ou melhor, tratar. Jack era bipolar.

Sim, ele tinha alguns momentos de raiva, e outros, era de extrema alegria. Jack tinha várias personalidades, a cada dia era uma diferente. Mas Clair sabia que lentamente esse amor de Jack por ela esfriava.

Por isso tentaria fazer os dois se apaixonarem novamente, viverem os tempos que já passaram. A boate seria a solução. A festa. O amor. A diversão.

Clair também sabia que tinha defeitos: era ciumenta, e tentava cuidar da vida do marido.

Eu só quero o bem dele.– Ela pensou.

Mas Clair não sabia que isso irritava muito Jack. Jack queria ser mais livre. Livre para ir onde quisesse, sem que Clair tentasse correr atrás.

E assim, esse casal se desmoronava lentamente.

...

Luke estava em seu quarto, compartilhado por Derek, porém que não estava ali naquele momento. Mexia no seu Facebook, enquanto escutava música.

...

You would not believe your eyes

If ten-million fireflies

Lit up the world

As I fell asleep

Cause they fill the open air

And leave teardrops everywhere

You'd think me rude

But I would just stand and stare.

...

De repente, alguém o chamou para conversar. Sally Edwards.

– Olá. Tudo bem? – Ela perguntou.

– Tudo. Como você tá? – Ele respondeu.

– Bem, Luke. Poderia te dizer uma coisa? – Ela falou.

– O que? – Ele respondeu.

...

– É agora, Sally. Vai nessa. - Carey falou.

Ali no quarto das duas, uma música tocava.

...

I'd like to make myself believe

That planet earth turns slowly

It's hard to say that I'd rather stay awake

When I'm asleep

Cause everything is never as it seems

...

– Eu não consigo, Carey. - Sally falou.

– Oh, Deus. - Carey falou. - Escreve logo!

– Espera... - Sally falou, então concluiu. - Parece que é impossível. Eu.. não consigo falar com o Luke.

– Ok, eu desisto! - Carey falou. - Faça qualquer coisa.

– Então?– Luke escreveu.

– Eu queria te... convidar para dançar comigo lá na boate. - Sally respondeu, inocentemente.

Droga. Pareço uma burra fazendo isso.

Ela esperou ansiosamente por uma resposta. E obteve.

...

Luke leu a mensagem de Sally. E sentiu algo estranho. Como se a garota quisesse algo mais com ele.

Luke era um garoto bonito, sim. Mas tinha muito mais do que beleza. Era um garoto comum, que batalhou para chegar ali. Não era um vagabundo, trabalhava, para se manter ali. Mas uma namorada? Nunca.

Ele nunca manteve voto de castidade, mas nunca teve algo sério. Queria realmente ter uma namorada, porém apenas havia "ficado". E prestou atenção na música, era como se tudo fosse surreal. Como se ele estivesse sonhando.

...

I'd like to make myself believe

That planet earth turns slowly

It's hard to say that I'd rather stay awake

When I'm asleep

Cause everything is never as it seems

When I fall asleep

...

Sim, Sally queria namorar. Luke gostava da menina, não sabia qual era o seu verdadeiro sentimento em relação a ela.

– Tá bom, Sally. Mas não precisava falar isso. Lá na boate todo mundo é de todo mundo. E mandou.

Agora eu realmente estraguei tudo. Mas eu não estou mentindo, ou será que sim? Na boate todo mundo é de todo mundo, mesmo.

...

Sally recebeu a mensagem. Estava feliz ou magoada? A mensagem tinha duplo sentido. Carey leu a mensagem e falou:

– Eu disse que você fez papel de boba. Mas olhe pelo lado bom, ele aceitou.

– Isso não é um baile. É uma boate. - Sally falou. - Ai, eu sou muito idiota em escrever isso.

– Relaxa, Sally. Eu sei que você nunca foi a uma boate, irei te ajudar. Para começar, todo mundo é de todo mundo. Não existem casais ali dentro. Segundo, só se você quiser diversão você vai. Senão, desista. Não adiantar ficar o tempo todo sentada nas cadeirinhas do bar.

– Ai, tá bom Carey! - Ela falou. - Aqui, faz o seguinte, conversa com o Luke. Eu vou descansar um pouco. Preciso pensar melhor na besteira que eu fiz agora.

Ela falou já abrindo a porta e descendo as escadas.

– Bem, já que é assim... - Carey falou.

...

Hannah e Ryan andavam pela rua da cidade pela noite. A lua reluzia, e os carros passavam.

– Então sua prima acabou com aquele rapaz? - Ryan perguntou.

– É. Eu não entendi porque. - Hannah falou. - Eles eram um casal tão perfeito.

– Não eram, Hannah. Senão eles não tinham terminado. - Ele falou.

– É. Eu só espero que isso não aconteça conosco também. - Ela disse.

Ryan deu um beijo na bochecha de Hannah.

– Não, isso nunca vai acontecer. - Ele falou.

Ryan tinha razão. Se dependesse dele, nunca acabaria. Ryan encontrara em Hannah o pedaço que faltava em sua vida. Ryan era carinhoso com ela, por várias vezes, engraçado. Tinha 23 anos, cabelos bagunçados. Uma barba rala cobria seu rosto. Seus olhos castanhos eram de arrasar qualquer coração. Ele trabalhava com ajudante em um dentista, mas queria tornar-se um. Fazia faculdade de odontologia há menos de dois anos. Outro amor seu era a fazenda. Seu pai, Sr. Chavis, tinha uma grande fazenda, e ele era o herdeiro da propriedade. Adorava cavalgar, pescar. Hannah não gostava, mas aceitava.

Hannah era totalmente apaixonada por Ryan, já planejava um casamento. Confiava que ele conseguiria se tornar um dentista no futuro, sustentando a casa. Ela também. Hannah trabalhava como secretária em uma grande corporação. Ótimo cargo para alguém da idade dela. Hannah não era do padrão de moda comum. Sempre fora gordinha, mas feliz. Doce, tentava ajudar a todos. Sua bondade era extrema, principalmente para Lisa, sua prima, que fora alvo de bullying. Tinham muito contato entre elas, porém fazia tempo que não se viam. As duas combinaram de ir a boate no dia seguinte. Ryan também ia.

– Espero que sim. Porque eu já estou pensando bem longe.

– No que? - Ele perguntou, surpreso.

– No nosso casamento, Ryan. No nosso casamento.

...

– Ale, você não se sente meio mal pelo Matt te tratar assim? - Derek perguntou.

– Assim como? - Alejandro perguntou.

– Sei lá, com todo esse bullying em volta de você. Sabe, você é mexicano, e o Matt parece que se aproveita disso para te colocar nas piores situações...

– Quer saber a verdade, Derek? - Alejandro falou. - Eu não dou a mínima pro Matt. Se ele me odeia, ótimo. Eu não ligo. E tem mais, eu tenho orgulho de ser mexicano. Eu gosto mesmo. Cresci com aquela cultura e fim. Tá certo que as condições do México não são iguais as dos Estados Unidos. Mas, eu sinto saudades de lá.

Alejandro era um imigrante mexicano. Chegara aos Estados Unidos fugindo do México junto da família, vivendo como imigrante ilegal, aos 14 anos. Mais tarde acabaram por legalizar sua situação naquele país, para que Alejandro pudesse estudar, e ir para a faculdade. Anos se passaram, e Alejandro se acostumara a viver ali, naquele novo país. No começo foi difícil, porém se tornou mais fácil depois. Ele quando saiu de lá, abandonou muitas pessoas. Mas sentia falta de alguém em especial: seu amor. Alejandro nunca pode se declarar para ela. Teve de abandoná-la, e ela continuou em sua mente, até aquele momento. Outra coisa que o incomodava, era sua aparência. Para quem vivia no México, ele tinha um rosto fabuloso. Seus cabelos eram arrumados num moicano e eram pretos. Seus olhos também, como um típico mexicano. A pele queimada. Mas nos Estados Unidos isso não era nada bonito. E para piorar, tinha o sotaque. Muito forte.

– Eu acho que sei o que sentir saudade. - Derek falou. - Eu também sei como você deve se sentir em relação ao Matt, Ale. - Derek falou iniciando uma história. - Anos atrás, tinha um cara que me odiava também. Meu maior rival. Jimmy.

– E o que aconteceu com ele? - Alejandro perguntou. - Quando ele parou de te encher.

– Eu não sei. Só sei que ele parou. - Derek falou. - E quando parou... teve sua consequência.

– O que aconteceu, afinal?

– Ele morreu. Se sacrificou para me salvar.

Alejandro levantou uma cara de dúvida e espanto. Não entendeu absolutamente nada do que acontecera. Como o maior rival de alguém poderia morrer sacrificando sua vida por essa pessoa que odiava?

– Como assim?

– Prefiro não falar sobre isso. - Derek falou. - É sério.

– Se prefere assim... - Alejandro suspirou. - Sabe, Derek, ás vezes sinto muita falta de casa. Eu queria voltar para lá, abandonar tudo e voltar para o México. Aqui é legal, mas... Tá certo que o México não tem uma situação boa, é violento e não tem a mesma economia, mas é minha casa.

– Acho que eu te entendo. - Derek falou. - Eu tenho vontade também de voltar para casa. Para o tempo que eu não estava aqui.

– Mas Derek, é diferente. Você morava em Mt. Abraham. É aqui do lado, menos de uma hora de carro. Eu não. Eu morava no México, sabe o que é isso?

– Eu sei, Ale. Mas agora você está numa realidade diferente, entenda. O máximo que você pode fazer é buscar a paz por aqui.

– É exatamente o que busco, Derek. A paz. Mas para consegui-la preciso de várias coisas. Deixar de ser discriminado, o que acho impossível. E conseguir alguém que me ame. Alguém que pelo menos queira ficar comigo.

...

Mais tarde, naquele mesmo dia. Na fraternidade das meninas.

– Por que você se acha feia, Lisa? - Sally perguntou.

– É porque eu sou. Acabou. - Lisa falou. - Não tenho o padrão necessário para se considerada bonita.

– Acho que você tem anorexia sabia? Ou bulimia? - Sally falou. - Você é muito magra, você é obsessiva por beleza, você é...

– Sally, por favor! - Lisa gritou. - Você sabe que não gostou disso... Eu só queria ser bonita... Eu sei a minha condição, mas eu não consigo parar. - Ela disse. - Eu quero ser um pessoa realmente bela.

– Por que tudo isso, Lisa? Por causa do Matt? Ele é um babaca, você merece coisa melhor.

– Ah, eu não sei Sally. Eu só não me acho bonita, só isso. E quanto ao Matt, você sabe que eu o amo de verdade. Mas ele não aparenta ter o mesmo sentimento para mim.

...

Tommy foi repentinamente acordado de seu sonho. Ele estava suando, enquanto alguém batia na porta.

– Tommy, abre essa porta! - Matt gritou.

Tommy se levantou como um zumbi, e abriu a porta para Matt. Ele entrou sem falar absolutamente nada, e logo perguntou a Tommy:

– Onde você tava?

– Eu não preciso falar para você. - Tommy falou.

– Eu sou o presidente daqui. Preciso saber, Tommy. - Matt falou.

– Matt, você sabe que isso é coisa particular minha. Não sua.

– Tommy, escuta bem. Se você estiver metido com drogas, você sabe que pode levar nossa fraternidade pro buraco. Você não queria prejudicar tantas pessoas, certo?

– Claro, Matt. Eu sei.

– Então eu sugiro que você pense bem nisso. - Ele disse, olhando ao redor. - Não querendo fazer ameaças, mas você sabe qual é a punição para quem guarda drogas aqui dentro né?

– Expulsão.

– Eu não tenho nada contra isso, sinceramente. - Matt falou. - Mas o reitor do campus pediu isso. Não, obrigou. Sinceramente, eu sei que rola drogas em algumas por aí, e eu sei que aqui tudo é liberado. Você sabe disso. Mas não podemos dar ao luxo de usar drogas.

– Eu sei. - Tommy falou.

– Então pensa nisso, cara. - Matt falou. - Vai por mim.

Matt já saía do quarto. Porém parou na porta e se virou para Tommy. Com um sorriso debochado no rosto.

– Eu não vou falar nada. Mas fica esperto, cara. E da próxima vez, guarda essa sua cocaína num lugar melhor, idiota. - Matt falou, dando as costas para ele.

Tommy bateu a porta.

– Cara, que ódio! - Tommy falou, chutando a cama. - O Matt... O Matt é um idiota completo! Eu teria tanto prazer em dar um soco naquele filho da puta... - Tommy parou repentinamente. - Não, Tommy, controle-se. Você vai conseguir se controlar.

Tommy estava pronto para extravasar toda a sua raiva na boate. Não daria socos em ninguém. Não arranjaria brigas. Queria se sentir livre de tudo. Pelo menos uma vez na vida.

O grande problema é que Matt também estaria lá. Ele nunca suportou Matt, e quando entrou na fraternidade, Matt ainda não era o presidente. Não era. Quando fizeram todas aquelas provas bestas para serem aceitos, ele lembrou que Matt fizera também, junto dele. Mas os dois se odiavam, não suportavam ficar juntos.

Então, eles fizeram uma prova. A prova final para entrar na fraternidade. Os dois foram algemados e tiveram de conviver um dia inteiro. E pior: juntos. Depois daquele dia, o que já era ruim se tornou pior. Matt sempre tentava prejudicar Tommy ou se mostrar superior a ele.

Matt descobrira sua história de vida, e ele começou a encher Tommy. Ele ridicularizava toda a vida dele. Lembrou-se de um dia em que socou Matt, provocando uma briga generalizada na fraternidade. Tommy sofreu para voltar, mas conseguiu. Depois Matt diminuiu um pouco suas brincadeiras, mas sempre que conseguia, estragava a vida de Tommy.

Mas ele não suportava contar para ninguém. Matt era o presidente, então pensava que todos concordavam com ele. Ledo engano. Ele sofria sozinho.

Mas ele tinha esperança que tudo ia mudar. Tommy já se aproximara de todos ali. Fizera amigos, alguns inimigos. Mas ele já estava bem colocado ali.

E ele se lembrou de uma coisa que haviam contado a ele. Ele não acreditara, mas era perfeito para o momento. Peça ajuda a Deus, você é filho dele. Tommy nunca acreditou em Deus, e não acreditaria. Pensou em pedir para que tudo melhorasse. Mas foi impedido.

Filho de Deus? Eu sirvo mais pra filho do capeta! Ele nunca ia atender o pedido de alguém como eu.

Nunca.


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Notas finais do capítulo

As músicas tocadas foram Try - Pink e Fireflies - Owl City.Espero que gostaram! Como podem ver, a fic será bem diferente do meu normal. Comentem sobre o que acharam!Logo posto o segundo capítulo com o acidente inicial que vai acontecer na boate! Bom, acho que é só XDEspero por reviews!



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