Tudo começou a muito tempo atrás. Em Londres, quando eu tinha apenas nove anos. Era um lindo dia. Toda a minha família estava junto à mim. Meu aniversário de 10 anos não podia estar sendo melhor. Era pura alegria em toda a família... Pena que durou tão pouco. Meu pai e minha mãe optaram por um passeio em nossa carruagem. Meus parentes, amigos e familiares resolveram ficar, e só meu pai, minha mãe e eu fomos. À este ponto, as coisas ainda estavam correndo bem. Entramos na carruagem e passeamos pelas ruas de Londres, com um sorriso no rosto, principalmente os meus pais. Era tanta alegria, que até mesmo os mendigos passando fome sorriam de volta. Eles sorriam pra mim. Um sorriso contagiante. Algo que no fundo dizia: “Feliz aniversário, filha!”. E tudo isso me deixava feliz. Eu sorria de volta, alegremente. Nunca vou me esquecer daquele sorriso. Porque esse foi o meu último. Daqui pra frente tudo seriam lágrimas. Dois homens invadiram a nossa carruagem e fizeram eu e os meus pais de reféns. Pediram jóias, objetos de valor, dinheiro... Tudo. Eles levaram tudo o que tínhamos. Mas ainda sim, meus pais mantiveram a calma. Em um momento, eles me jogaram pra fora da carruagem, como se eu fosse uma nada. Os dois homens (estúpidos) seguiram adiante com os meus pais como reféns, e eu os seguia. Eu consegui seguir eles até um pedaço, onde perto de um precipício, eles começaram a discutir. Parei pra observar, já que a carruagem estava em velocidade alta e se eu os seguisse, obviamente seria notada. Eles ainda continuavam discutindo, mas isso não foi o pior. Naquele momento, eles se chocaram com uma pedra enorme, e a carruagem virou naquele precipício. Ninguém saiu vivo, ou ileso dali. E eu fiquei lá. Parada. Em choque. Imóvel. Eu havia acabado de perder os meus pais. Depois de um tempo, consegui voltar à realidade. Limpei as lágrimas, e corri o mais rápido que eu pude de volta para a mansão dos meus pais. Eu precisava avisar alguém sobre o ocorrido. Precisava achar o resto da minha família o quanto antes. Mas as surpresas não acabaram àquele dia. Quando alcancei a mansão minha visão só embaçava. Tudo estava em chamas. Queimando. Um vermelho carmesim predominava nas chamas. Eu não conseguia desviar a visão de tudo aquilo. Era o meu aniversário, e eu havia perdido minha família inteira. Corri pra salvá-los, mas mãos me puxavam. Pessoas que estavam socorrendo me pediam pra sair dali, mas eu escapei delas. E então, um pedaço da porta em chamas me atingiu. Uma dor lacerante percorreu meus olhos e meu corpo. E de repente... Tudo ficou escuro.