Remember Me escrita por SweetBia, Anaísis


Capítulo 10
The End


Notas iniciais do capítulo

Alooo leitores fofos e lindos, estamos de volta. Eu sei que já não postamos à imenso tempo e que isso é algo sem desculpa. Mas garanto-vos que não abandonámos a fic, muito pelo contrário.
Espero que gostem do capítulo, não foi fácil escrevê-lo, comecei e apaguei várias vezes porque queria algo bem feito e que me orgulhasse, o que não estava a acontecer.
Capítulo dedicado à Thalia Luna que fez a segunda recomendação linda e perfeita que eu amei ler e um obrigada especial a Denize que me fez tomar vergonha na cara e acabar logo de escrever o capitulo para postar.
O capítulo está meio brasileiro meio português porque eu e a Júlia (o meu anjo/escritora maravilhosa salvadora de bloqueios criativos) escrevemos em conjunto
Boa leitura



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No capítulo anterior ...

— Isto é para aprenderes a não brincar comigo sua cabra. Eu até ia ser gentil contigo mas depois desta vi que não mereces. Vou-me enterrar neste corpinho até me fartar, pouco me importa se te magoar. - ameaçou.

O homem rasgou a sua camisa deixando os seus seios a mostra, espalmou as suas mãos nele enquanto lambia e mordia o seu pescoço.

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https://www.youtube.com/watch?v=upyY-XA1aHA

(Música do capítulo, oiçam enquanto lêem, sff)

 

Bella sentiu as lágrimas rolarem pelas suas bochechas, sentindo o peso do homem em cima de si e a sua boca, que lambia o seu pescoço, começar a descer para os seus seios. Com as lágrimas surgiu também o nojo por sim própria, apesar de não ter experiência com homens sabia perfeitamente o que iria acontecer e que precisava impedi-lo.

Começou a debater-se, agitando os braços e pernas o máximo que podia, batendo no homem com toda a sua força, todavia apenas serviu para que o mesmo se irritasse mais.

— Quieta putinha. - rosnou enquanto aumentava o peso nas pernas de Bella de modo a que ficaram imóveis. O coração da menina batia de maneira delirante, medo a tomava por completo, seus pensamentos voavam ferozmente em direção a algo que a salvasse. - Se você for boazinha prometo que não irá doer… Tanto. - o monstro riu enquanto distribuía fortes mordidas pelo colo da jovem.

Bella sabia que não podia desistir, se o fizesse estaria morta, talvez seu corpo sobrevivesse, mas sua alma teria sido tomada de si para todo o sempre. Tornou a tentar lutar contra ele, mas sua força de nada parecia adiantar contra a do homem. Os braços dele prendiam fortes o pulso da menina, mas ela conseguiu, por um momento, desvencilhar-se do aperto. Quase inconscientemente lançou seu braço contra o rosto dele arranhando-lhe tanto a ponto de fazer um filete fino de sangue escorrer por debaixo das curtas unhas da menina.

— Você quer que seja assim? -ele grunhiu, sua expressão tornando-se doentia.- Tudo bem, doçura. Eu gosto das mais selvagens. -ele prendeu novamente suas mãos no alto de sua cabeça e aproximou-se lentamente dela prolongando o sofrimento.

Bella sentiu a bile irromper por sua garganta, mas a fez retornar bravamente, ela não iria dar aquele monstro o prazer de vê-la fraquejar. Ela tornou-se imóvel, mordeu o lado interno de sua bochecha para impedir os soluços.

O monstro sorriu julgando que aquela era sua rendição, descuidou-se de seus braços e seguiu com as mãos em direção ao seu ventre enquanto de maneira nojenta beijava os seios a mostra de Bella. Ela apertou as mãos fazendo com que a palma doesse, mesmo sem olhar sabia que havia feito ali um ferimento. O homem continuava a lambê-la, por sorte ele ainda não havia tocado sua intimidade, mas ela sabia que o momento não estava muito longe, podia sentir o volume dele contra seu quadril roçando-a de forma compassada. Ela levou a mão até as grades enferrujadas da cabeceira de sua cama para conter os espasmos violentos de medo. A dor estava próxima e ela podia sentir.

Mas sua mão tocou algo de uma diferente textura, não era o metal áspero da cama, era algo morno e liso. Devagar, Bella levantou os olhos para não atrair a atenção de seu agressor. “É o antigo bastão de beisebol de Jasper” sua mente cantou em jubilo, fechou os olhos por segundos, recordando o dia em que encontrou o bastão.

Flashback on:

Bella estava a acabar de lavar o chão de sala quando começou a ouvir uma agitação em frente à casa, aproximando-se da janela olhou para a rua de forma a garantir que não eram nenhuns arruaceiros a partir a cerca do quintal, sabia que o progenitor ficaria furioso com ela se chegasse a casa e visse a cerca destruída, mesma não sendo sua culpa. Todavia, no momento em que olhou pela janela desejou que fosse, de facto, os arruaceiros, em seu lugar vinha o progenitor visivelmente bebabo e irritado com algo que ela desconhecia, uma vez que vinha quase a gritar impropérios.

Sentido-se observado, o homem levantou o olhar cruzando-o com o de Bella que ainda o observava da janela e que viu o preciso momento em que a fúria se apossou do olhar dele , fazendo-o ranger os dentes de raiva. Conhecendo bem os acessos de fúria de Charles e as consequências que estes tinham nela, ou seja, as nódoas negras e dores em todos os sítios que lhe batia, as suas pernas agiram por instinto e, largando a esfregona de qualquer jeito, começou a correr o mais rápido que conseguia para se esconder dele, parou por momentos em frente ao seu quarto, não se podia esconder ali, seria o primeiro sítio onde o progenitor procuraria logo não seria de todo um bom esconderijo.

Deu meia volta pensando em que lugar não seria descoberta pelo pai quando se deparou com a porta fechada do quarto de Jasper, nunca mais entrara ali desde que ele fora embora. Foi preciso ouvir a porta da rua abrir para decidir entrar no quarto, fechou a porta atrás de si com cuidado para não fazer barulho e revelar a sua posição e olhou à sua volta, tirando a camada de pó que cobria os móveis e o chão, o quarto encontrava-se da mesma forma que se lembrava.

O grito de Charles a chama-la levou a que parasse com a sua breve inspeção e pensasse qual o melhor sítio para se esconder, podia ir para baixo da cama mas, para além de ser um lugar óbvio, a quantidade de pó ali acumulada de certo fariam com que passasse o tempo todo a espirrar e fosse fácil de descobrir, achou melhor ir para dentro do armário, apesar de também ter uma quantidade considerável de pó de certo esta era mais pequena e também era um sítio mais resguardado. Entrou, fechando a porta de seguida, e tentou esconder-se o melhor possível entre as velhas roupas que Jasper deixara ali. Vários minutos se passaram em que ouviu os gritos do pai e coisas a partirem-se pela casa até que o silêncio se instalou, mais alguns minutos se passaram e Bella começou a pensar que era seguro sair do seu esconderijo, estava prestes a empurrar a porta do armário para sair quando ouvi a porta do quarto abrir lentamente, voltou no mesmo instante a encostar-se à parede do armário, prendendo a respiração, e espreitou por uma fresta na porta.

— Eu sei que estás aqui, se bem que nunca pensei que fosses capaz de voltar ao quarto dele, não depois de o teres morto, não te bastou a tua mãe também tinhas de matar o teu irmão. És mesmo um monstro sem sentimentos fedelha. - falou enquanto se baixava para a procurar debaixo da cama.

Uma lágrima silenciosa escorreu pela bochecha de Bella, respirou fundo tentando convencer-se que o que ele dizia era mentira, não fora culpa dela a mãe ter morrido e muito menos Jasper, o monstro na história era Charles.

Viu o progenitor olhar em volta à sua procura e o seu olhar fixar-se no armário. Charles começou a aproximar-se do armário e Bella encolheu-se mais no canto do armário entre os casacos e camisas pendurados. Ele estava a erguer a mão para agarrar no puxador da porta quando Bella sentiu algo ao seu lado, algo comprido e redondo, desviando o olhos de Charles por momentos olhou para o lado e lá estava ele, o antigo bastão de beisebol de Jasper, a sua salvação. Ainda sem fazer barulho agarrou no bastão, talvez se conseguisse atingir o progenitor, surpreendendo-o quando abrisse a porta conseguiria ganhar tempo para fugir dali.

Charles já tinha a mão no puxador e estava prestes a abrir a porta quando uma voz anasalada e irritante de mulher se fez ouvir pela casa.

— Charles, querido, estás em casa?

— Escapaste desta vez monstro, mas não me voltes a aparecer à frente tão cedo ou eu juro que não vives mais um dia. - ameaçou num sussurro, levanto a voz de seguida. - Estou a ir Darcy.

Foram precisos vários minutos para Bella sair do armário, respirando profundamente. Depois desse dia começou a guardar o taco de Jasper no seu quarto, perto da cama, para caso o pai tentasse apanhá-la de surpresa enquanto dormia e tentasse matá-la.

Flashback off

Quando voltou a abrir os olhos sentiu uma nova torrente de lágrimas se formar. Seu irmão, mesmo de longe, continuava a cuidar dela. Suas esperanças se renovaram momentaneamente, sabia que só teria uma chance e que se falhasse o homem a mataria, mas ela tinha que tentar. Seus dedos se fecharam entorno da base do taco, ela respirou fundo e devagar para não atrair os olhares do homem que já lambia próximo a seu ventre.

Tudo aconteceu lentamente. Bella ergueu o taco com força para golpear o homem, mas o objeto bateu contra as grades de sua cama e caiu ao lado da escrivaninha, longe demais para que ela pudesse alcançar. Assustado com barulho o homem nojento levantou o tronco para ver o que estava acontecendo e percebeu a falha tentativa de moça de o golpear.

— Vadia! -ele disse baixa e colericamente, ergueu a mão e bofeteou o rosto de Bella que inconscientemente o chutou, fazendo com que o homem perdesse o equilíbrio e caísse da cama. O coração da jovem perdeu uma batida, aquela era sua única chance de escapar. Ela rastejou rapidamente para fora da cama, mas o monstro levantou-se e agarrou seu tornozelo. - Você não vai escapar puta! -ele rosnou e Bella chutou seu queixo fazendo com que ele a largasse.

Ela pegou o taco rapidamente e pôs-se de pé, o homem também havia levantado, segurava o queixo que havia entortado levemente enquanto uma pequena ferida sangrava em seu lábio inferior. Jasper a havia ensinado a rebater, ela podia se defender, por um segundo rezou para que o irmão a conduzisse. “Afaste um pouco os pés e bata com toda sua força” a voz risonha de Jazz a orientou em suas lembranças e ela o fez enquanto engolia seco. O monstro rosnou e avançou por cima da cama e meio sem jeito com o braço erguido para a esmurrar, mas Bella foi mais rápida.

De olhos meio fechados ela desferiu o golpe na cabeça de seu agressor, o som da reação foi estranho, um baque grave e o barulho de algo quebrando, Bella o acertou na têmpora e sangue escorreu da região . Ele caiu pesadamente na cama inerte, de braços abertos enquanto o sangue fluía rapidamente manchando os lençóis encardidos da cama. Bella permaneceu imóvel por alguns segundos esperando que ele acordasse, suas mãos tremiam tanto que se ele o fizesse a menina não teria como reagir.

Bella se abaixou lentamente, mantendo o taco apostos para olha-lo, as orbes escuras do homem estavam abertas e opacas, fitando o vazio. O bastão caiu das mãos de Bella, seus joelhos cederam e ela caiu enquanto as lágrimas brotavam de seus olhos. Sua mão tapou os lábios enquanto soluços ameaçavam rasgar-lhe o peito. “Eu o matei, eu o matei, eu o matei, eu o matei” sua mente repetia delirante. Ela havia matado um homem. “Ele não merecia a vida”, sua consciência a lembrou, Bella sabia que seria ela ou ele. Era a sua vida contra a dele e ela fez uma escolha, sábia ou não ela a tinha feito.

Aos poucos o estupor ia deixando-a. Ela tinha que agir rápido, sabia que em breve os outros homens iriam até ali para ver o serviço que o companheiro havia feito e abusariam dela também. A imagem de mais violência fez um tremor violento assaltar seu corpo, ela não teria sorte contra um grupo.

 Foi até à porta e sem fazer barulho abriu-a e espreitou para o corredor, continuava a ouvir risos, conversas e gemidos vindos da sala, ninguém parecia ter notado o que se passara no quarto. Voltou a fechar a porta devagar, o coração batendo rápido demais. Bella colocou a mão no peito e sentiu o pular incessante de sua pulsação “se acalme” ela pediu para si mesma. Devia haver algum jeito, ela tinha que sair dali o mais rápido o possível. Voltou a fechar os olhos e respirou profundamente uma, duas, três vezes até sentir o coração abrandar. Mais calma e ainda com os olhos fechados começou a pensar no que iria fazer a seguir, que passos dar, a única certeza que tinha no momento era que não podia continuar naquela casa, quando notassem a demora do homem a aparecer iria alguém à sua procura e encontra-lo-iam estendido no chão, morto, com uma poça de sangue à volta da cabeça. Não, ela tinha de sair dali, assim que o encontrassem virariam toda a sua fúria contra ela, principalmente o pai, ele não se tinha importado que outro homem a violasse, pelo contrário, fora ela que a vendera pelo homem, de certo também não se importava que todos aqueles homens abusassem dela assim que descobrissem, que lhe batessem ou, até mesmo, que acabassem por a matar.

Voltou a abrir os olhos, já sabia o que tinha de fazer e também que tinha de agir rápido e sem barulho. Contornou o corpo estendido no chão e, quase correndo, foi até ao armário pegar uma velha mala gasta que pousou em cima da cama, pegou nas suas poucas roupas, dobrou-as de qualquer jeito e colocou dentro da mala, de seguida afastou os lençóis no canto esquerdo do colchão, na parte da cabeça, colocou a mão num buraco do colchão e de lá tirou uma meia onde guardava todo o dinheiro que possuía, eram as suas poupanças do tempo em que vivia com a velha senhora que vivia na casa ao lado, do dinheiro que ela lhe dava todas os meses como mesada, não era muito mas era melhor que nada, colocou debaixo da roupa na mala tal como outras peças de roupa interior. Vestiu um vestido simples, com um ar gasto, comprido e com mangas, calçou-se e pegou num casaco grande que pertencera a Jasper e que de vez em quando vestia, era uma forma de sentir o irmão mais perto, protegendo-a do que estava para vir. Estava a vestir o casaco quando uma papel amarelado pelo tempo e dobrado ao meio caiu de um dos bolsos, Bella pegou nele e quando abriu viu que era a última carta que Jasper lhe enviara, com lágrimas nos olhos passou os dedos pelas palavras enquanto as relia, “Eu queria tanto ter-te aqui agora Jasper, de certeza que nada disto teria acontecido”. Quando acabou de reler voltou a dobra-la e colocou de volta no bolso do casaco para estar junto a si.

Fechou a mala e com todo o cuidado para não fazer barulho ao abriu a janela e passou a mala por ela, colocando-a no chão do lado de fora, olhou para o bastão de Jasper caído no chão e ficou em dúvida se devia ou não levá-lo, acabando por decidir deixá-lo ficar, não só tinha algumas manchas de sangue como iria lembrá-la do crime que cometera sempre que olhasse para ele. Saltou pela janela e abrigando-se no escuro da noite, correu o mais rápido que pode para longe da casa que fora o seu inferno pessoal nos últimos meses. Sabia que não podia ficar na aldeia onde vivia, praticamente toda a gente a conhecia ou conhecia o seu pai então seria muito fácil ele encontrá-la.
Foi para o lado contrário do centro da aldeia, sabia que havia outros aldeias para onde podia ir a alguns quilómetros e seguiu na direção delas, com sorte encontrava alguma carroça que fosse na mesma direção e a levasse.

Bella caminhou pelo que lhe pareceram horas, ao longe o sol já começava a nascer quando, vendo que ainda iria demorar a chegar à aldeia e o cansaço começava a consumi-la, decidiu entrar na floresta e encontrar um lugar abrigado e escondido para descansar um bocado antes de recomeçar a caminhada. Embrenhou-se pelas árvores sem seguir nenhum trilho, tropeçando em algumas raízes levantadas, arranhando as mãos e ficando com o vestido preso em alguns ramos, até que encontrou um casebre com ar abandonado no meio das árvores, andou até ele e espreitou pelas janelas cobertas de pó e sujidade, não estava ninguém lá dentro o que a levou a decidir entrar e ficar ali a descansar.

Precisou de forçar um bocado a porta para abrir devido às dobradiças enferrujadas, o aspeto do interior não era muito melhor que o do exterior, também ali se notava o abandono, tal como uma grande quantidade de pó acumulado. A mobília que se encontrava não era muita e não estar em bom estado, uma cama, uma mesa com duas cadeiras e uma bancada perto da janela era tudo o que havia. Pensado que era melhor do que dormir na rua, Bella pousou a sua mala na mesa que rangeu um bocado e deitou-se de lado na cama, com os braços à volta dos joelhos, não demorou mais do que uns segundos a adormecer, exausta da caminhada e da quantidade de emoções que sentira desde que fora abruptamente acordada pelo homem mais cedo.

— Encontrei-te putinha, pensavas que fugias de mim depois do que me fizeste? - ouviu uma voz dizer perto de si, levando a que abrisse os olhos rapidamente.

O homem encontrava-se ali, perto da cama onde ela estava deitada, com os braços cruzados e a olhar fixamente para ela, porém o que mais a assustou foi a quantidade de sangue que o cobria num dos lados da cara.

— Tu mataste-me! Achavas mesmo que sais impune seu monstro? - rugiu, enquanto se aproximava dela.

— Não, não, por favor, foi um acidente, uma acidente! Eu não queria. - soluçou.

— Querendo ou não vais pagá-las, eu vou acabar aquilo que comecei mais cedo, só que desta vez não vou ser gentil nem ter cuidado! - rosnou.

O homem subiu em cima de Bella, ignorando os gritos de protesto da menina que sentia falta de ar devido ao peso do homem em cima de si, tentou debater-se mas não conseguia, a força do homem era mais que a sua. Sabia que desta vez não tinha como escapar, o homem estava a usar o peso do seu corpo como forma da imobilizar, restringindo os seus movimentos, enquanto lambia o pescoço de Bella, que continuava a gritar e sentia as lágrimas correr pelas suas bochechas, não tinha como escapar, o homem ia viola-la e fazer o que quisesse com o seu corpo sem ela conseguir impedir. Sentia que estava a sufocar enquanto o homem continuava a lambê-la e a apalpa-la, estava a ficar sem forças mas ainda consegui gritar uma última vez.

— NÃO!

Bella acordou de repente com o som do seu grito, olhando freneticamente à sua volta, tinha sido um sonho, o homem não estava ali, ela continuava sozinha no casebre, sentada na cama com o vestido colado ao corpo todo suado, a chorar e com a respiração acelerada. Não voltou a fechar os olhos com medo de voltar a ver o homem, não queria voltar a ter pesadelos, queria esquecer tudo o que se passara naquela noite.

Os dias foram passando dando lugar às semanas, Bella perdera noção do tempo que passara desde que fugira de casa, continuava a vaguear de aldeia em aldeia, às vezes percorrendo as longas distâncias a pé, outras tendo a sorte de encontrar uma carroça que a levasse, por duas vezes teve de fugir de tentativas de abuso como a que a levara a fugir de casa. Assim que notou que estava a uma distância segura tentou estabelecer-se na aldeia em que se encontrava e procurou emprego, apesar de apenas gastar as suas poupanças em pão e água para se alimentar, o dinheiro que tinha já era escasso, talvez desse para mais duas refeições e por isso precisava de arranjar maneira de se sustentar. Todavia, o seu pedido por trabalho fora recusado em todos os sítios em que tentara, desde que saíra de casa que dormia na rua, encolhida no sítio mais abrigado que encontrasse e o único banho que tomara, sem contar com os de chuva quando não encontrava sítio para se abrigar, fora no rio que corria perto da aldeia onde estivera antes, ninguém queria contratar uma jovem cuja aparência era de um mendigo e fraca pela má alimentação e noites mal dormidas tanto devido ao frio que fazia de noite na rua como aos pesadelos que cada vez se tornavam mais frequentes.

A menina tinha agora medo de dormir e em pesadelos revisitar as cenas daquela noite fatídica que mudara a sua vida, porém os piores momentos não eram passados em pesadelos mas sim quando tinha os olhos abertos … a memória do homem que matara assombrava-a à medida que cada vez mais era consumida pela culpa do que fizera.

Bella passou um mês e meio a deambular de aldeia em aldeia, até que uma noite não aguentou mais e deixou-se cair contra a parede do beco escuro em que se encontrava. À quatro dias que não comia e o seu corpo já mal se aguentava em pé, todo o corpo lhe doía mas as piores dores eram psicológicas. Para cada lado que olhasse, em cada pessoa que passava por ela, via a cara do homem que matara, por muito que tentasse esquecer, que argumentasse que fora em legítima defesa, a culpa que sentia não diminua, pelo contrário, aumentou de tal forma que lhe tomou conta de todo o corpo e da mente. Ao mesmo tempo que a culpa, também o nojo que sentia pelo seu corpo aumentava, matara o homem com aquelas mãos que agora encarava, homem esse que antes lambera o seu pescoço, os seus seios e quase a marcara para sempre. Sim, a culpa que ela sentia era enorme mas também o nojo que sentia do seu corpo.

O que diria Jasper se a visse naquele estado? O que diria o seu amado irmão se soubesse o que acontecera, se soubesse que o seu anjinho, como lhe costuma chamar, matara um homem?

Jasper …

Tirou a carta dele do bolso do casaco e desdobrou-a ficando apenas a olhar para a última linha, ele escrevera que a amava mais do que a própria vida, será que ainda a continuaria a amar ou também ele olharia para ela com nojo e veria o monstro que ela era. No final, o pai tinha razão, ela era um monstro, matara a mãe, era por sua causa que Jasper fora para a guerra onde acabou por morrer, e matara também aquele homem.

Ela não merecia viver, não conseguia mais viver, não queria mais viver ...

Olhou para a garrafa de água que trazia, era de vidro, foi preciso apenas fazer um pouco de força para agarrar na garrafa e bater com ela na parede, partindo-a em vários pedaços. Pegou num dos pedaços que tinha um bico afiado e ficou a olhar para ele por instantes, olhando também para a carta de Jasper, talvez assim finalmente se reunisse com o irmão, talvez finalmente tivesse a paz que tanto desejava.

Com as últimas forças que lhe restava levou o pedaço de vidro ao pulso e espetou-o na carne do seu braço, traçou uma linha no pulso com o pedaço de vidro, sentindo a carne rasgar enquanto via o sangue começar a sair da ferida, não lhe doeu, as dores e sentimentos que lhe assombravam a mente serviram como anestesia. Repetiu o que fizera no outro pulso até que o sangue saia abundantemente de ambos os pulsos e o pedaço de vidro caiu da sua mão, todavia agarrou a carta de Jasper o mais firme que conseguiu. À medida que foi sentindo a escuridão tomar conta de si, o seu corpo começou a escorregar pela parede até estar deitada naquele passeio.

A escuridão tomou conta de todo o seu corpo e, no final, a carta acabou por cair da mão inconsciente e quase sem vida, manchando-se com o sangue de Isabella.

Aquele beco e o silêncio da noite ficaram marcados pela tragédia que acabara de acontecer, com uma vida a ser tirada por uma jovem desesperada, todavia outro acontecimento diferente marcou a noite e o beco, tendo chegado sob a forma de uma figura solitária que fora atraída para aquele sítio pelo cheiro de sangue fresco.

— Ora, ora, o que temos aqui?


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Notas finais do capítulo

E uma etapa se fechou...
Espero que tenham gostado do capítulo tanto como nós, talvez tenha sido dificil de ler tal como foi dificil de escrever, tentámos transmitir todos as emoções de Bella de modo a que entendessem o motivo por trás da sua decisão.
Estou mais que ansiosa por escrever o próximo capítulo, então prometo que não vai demorar muito. Posso já adiantar que personagens muito amadas por todos vão finalmente aparecer, especialmente um certo irmão e mais não digo ;)
Comentem o que acharam do capítulo, o que pensam que vai acontecer no próximo e recomendem se acharem que o capítulo merece uma recomendação.
Beijinhos SweetBia e Anaísis



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