O Limite Entre A Morte E A Loucura escrita por Marcela


Capítulo 1
Sensações Póstumas


Notas iniciais do capítulo

Só para avisar, essa fic não possuí muitos diálogos, é mais um monologo da própria Jhennifer.



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No fundo de um abismo escuro, me encontro a sós com os meus pensamentos. Meus sentidos parecem estar atrofiados. Eu não enxergo nada, não ouço qualquer ruído, nem sinto cheiro algum. Tento em vão me mover, mas parece que o meu corpo está totalmente paralisado.

Pergunto-me se estou morta, mas tenho medo de qual será a resposta. Aparentemente essa é a única explicação plausível. Eu sempre fui uma cristã fiel que acreditava em uma “pós-vida”, mas por me considerar uma boa garota esperava algo melhor do que esse vazio que estou sentindo.

Começo neste instante a acreditar estar presa no limbo. Talvez o fim seja simplesmente isso, passar o resto da eternidade a sós com seus pensamentos, refletindo cada momento vivido.

Sinto-me presa há dias, no infinito plano material que é o meu corpo. Eu não me pertenço mais, sou apenas uma pequena partícula na imensidão do universo, uma partícula sem vida.

Sem nenhum sucesso tento me lembrar dos últimos acontecimentos, gostaria apenas de saber como foi a minha morte, mas nada me vem à mente.

Não sinto fome, sede ou vontade de fazer nenhuma necessidade, essa é apenas mais uma prova de que a vida deixou meu corpo. Provavelmente em breve começarei a me decompor e confesso ter muito medo disso...


Passaram-se mais algumas horas e alguns vestígios da minha vida começaram a esclarecer minha memória. Lembro-me vagamente de quando aquelas vozes começaram a invadir a minha cabeça. Eu sabia muito bem que aquilo não era normal e tinha medo de acabar trancada em um manicômio, por isso escondi das pessoas o quanto pude o fato de suspeitar ser uma esquizofrênica. Dois meses depois aquelas vozes estavam me deixando louca e em um ato absurdo de coragem, resolvi provar a mim mesma que todos os meus tormentos eram apenas fruto da minha imaginação e com uma caneta tentei furar os tímpanos em busca da certeza de que os sussurros que eu ouvia vinham da minha cabeça. Com sucesso perdi a audição do lado direito, mas fui interrompida pela minha mãe ao tentar furar o ouvido esquerdo. Ao ouvir as minhas explicações, ela mesma me trancou em Briarcliff.

Os dias naquele lugar pareciam eternos. No começo eu me isolei completamente, pois não me conformava em estar trancada naquele lugar com um monte de malucos. Com o tempo, aceitei que eu também era um deles. Esquizofrênicos, assassinos em série e lunáticos em geral recheavam as acomodações da clínica administrada por uma freia cruel. O cheiro de mofo me deixava enjoada e a comida era horrível. Ao lembrar-me bem daquele lugar, fico feliz por estar morta.

Relembrando as memórias de Briarcliff, instantaneamente um jovem de cabelos bagunçados, pele branca e um sorriso estonteante me veio à mente: Kit Walker.

Eu tinha uma paixão platônica por Kit, o famoso Bloody Face. Ainda recordo da chegada dele ao sanatório e o pânico que causou entre as pacientes que já conheciam a fama do rapaz que assassinou a própria esposa. Eu, pelo contrário, não tinha medo dele, pois sabia que cada um dos pacientes daquele lugar carregava seus próprios demônios e ele não era uma exceção. Embora me envergonhe admitir, me sentia até um pouco excitada pelo olhar misterioso que ele possuía. Mas Kit era fechado demais, por isso eu nunca tentei me aproximar dele. Pensando bem, esse é o meu maior arrependimento, pois li certa vez que estar em um hospício te permite fazer qualquer coisa, já que independente do que se faça você é considerado um louco.

Eu devia ter conversado com ele, mas não, a minha timidez me impediu novamente. Ainda sim, as esperanças que eu nutria por Kit e os devaneios de viver uma história de amor ao seu lado, foram a única parte boa de ficar trancada naquele lugar.


Sou interrompida dos meus pensamentos pela sensação de ter uma intensa corrente elétrica percorrendo meu corpo e depois de segundos de dor insuportável, perco a consciência. Acordo novamente, dessa vez vendo uma forte luz amarelada e ouvindo uma voz familiar, é a Irmã Jude.


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Notas finais do capítulo

A citação sobre estar em um hospício te permite fazer qualquer coisa é do livro Veronika Decide Morrer, de Paulo Coelho.



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