Dilema Platônico escrita por Metal_Will


Capítulo 30
Capítulo 30 - Cabra-cega




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O professor parecia bastante animado, embora os alunos menos instruidos nas artes cênicas não estivessem muito seguros.
        - Jogo? - pergunta Leandro - Como assim?
        O professor sorri e continua.
       - Bem, acho que poucos de vocês estão familiarizados com apresentações. Então, é interessante fazermos algumas atividades antes de começar a ensaiar qualquer coisa
       - E que tipo de atividade seria, professor? - pergunta Toni, de alguma forma achando aquilo tudo bem interessante.
       - Relaxem - comenta Dani com um sorriso no rosto - É só uma brincadeirinha.
       "É verdade...ela já está acostumada com essas coisas", pensa Miguel. "Mas o que será que ele vai propor?"
       - Bem - professor Platão prossegue com sua explicação - Como vocês podem ver eu tenho algumas vendas na minha mão
       - Vendas? - observa Leandro - Vai fechar nossos olhos?
       - Isso mesmo. Você é um cara bem esperto
       Olhos vendados? Bem, pelo menos Miguel não precisaria se preocupar em alguém ver qualquer besteira que ele fizesse.
       - Na verdade, essa é só a primeira etapa da nossa brincadeira. A parte principal vem depois
       - Tá deixando todo mundo curioso, professor. O que diabos a gente tem que fazer? - Leandro protesta
       - Calma. Não precisa ter pressa. Tudo bem. Primeiro vamos falar dessas vendas.
       Ele dá uma pausa e continua.
       - Danieli, você que é mais experiente, pode vir me ajudar?
       - Claro - responde a garota
       Ela se coloca no centro do salão junto com o professor que começa a explicar as regras do jogo.
       - Bem, primeiro vamos vendar os olhos da Danieli.
       Ele coloca a venda nela, gira a garota uams duas vezes e pergunta
       - Está enxergando alguma coisa?
       - Não, não - ela responde
       - Ótimo. Bem, como todos podem ver, ao contrário dela, Danieli está de olhos vendados. Dani, seu objetivo é pegar um dos outros jogadores.
       - Ah! - grita Camila - Vamos jogar cabra-cega?
       - Mais ou menos. Na cabra-cega normalmente temos apenas uma pessoa de olhos vendados...nesse caso, todos vocês estarão de olhos vendados
       Todos estranham. Mas qual o objetivo disso?
       - Todos nós estaremos vendados? - pergunta Sandra, que estava apenas ouvindo tudo atentamente - Mas e daí? Alguém vai ser o pegador e os outros precisam fugir ou tem mais alguma coisa
       - Na verdade, todos são pegadores e todos são fugitivos
       - Você sempre fala tudo pela metade. Pode explicar esse jogo melhor? - pergunta Leandro, de alguma forma achando tudo muito bizarro
       - Bem, resumindo, o objetivo de vocês é escolher um parceiro para a próxima etapa da nossa dinâmica
       - Um parceiro? - pergunta Sandra
       - Exatamente. Nossa próxima atividade será um jogo em equipes. Como temos seis pessoas, três duplas já vão servir
       - Então nosso parceiro será a primeira pessoa que tivermos contato de olhos vendados. É isso? - observa Miguel
       - Isso mesmo. Você pegou rápido a ideia do jogo. Seria mais fácil deixar que vocês escolhessem as duplas abertamente ou sortear, mas isso não teria muita graça. Desse jeito é bem mais divertido não acham?
       - Hmm...é..interessante - comenta Toni   
       - Resumindo tudo - continua o professor - Todos vocês andarão de olhos vendados por essa sala e buscarão seu parceiro. A primeira pessoa que vocês entrarem em contato será seu parceiro e não poderão trocar mais. Mais do que um jogo, isso vai desenvolver a independência de vocês com a visão.   
         - Nossa independência com a visão? - repete Camila - Como assim?
       - Eu disse que vocês precisam sentir a harmonia com o ambiente - explica Platão, fechando os olhos e abrindo os braços - Isso não se consegue só com a visão. Vocês precisam usar todos os seus sentidos. 
       "Hmm...interessante...sabendo jogar dá para escolher a pessoa que você vai ficar", pensa Miguel consigo mesmo. "Com certeza o Toni vai querer ficar com  a Camila...então, preciso dar um jeito de ficar com a Dani!"
       - É fácil! - exclama Leandro - É só a gente chamar pela pessoa que a gente quer, não?
       - Não - corrige o professor - Vocês também estão proibidos de falar
       - Hã? Sério? - Leandro se decepciona
       - E quem falar...levada uma tacada nas costas! - diz o professor segurando um bastão de madeira.
       - Tsc...complicou - reclama Leandro
       - Então..vamos lá. Primeiro, espalhem-se pela sala.
       O grupo se dispersa pelo salão.
       - Agora...tirem os sapatos
       - Hã? Tirar os sapatos também? - pergunta Sandra
       - É..vocês sabem que cada pessoa tem um andar diferente. Se vocês já se conhecem, mesmo de olhos vendados ainda fica fácil reconhecer cada um pelo barulho dos passos. Estando descalço isso diminui bastante
       "Putz...ele tem razão...", pensa Miguel, "Ouvir os passos ia ajudar bastante."
       - Mas, mesmo que vocês sintam dificuldade em ouvir os passos ou sentir o perfume...acreditem, de alguma forma vocês conseguem sentir a presença das pessoas ao redor. Em teatro isso é bem importante.   
        "Sentir a presença", pensa Miguel consigo. "Acho que consigo sentir a presença da Danieli. Sim, consigo sim. Ela tem que ser minha parceira!"
       O professor começa a vendar os olhos de todos os presentes. Era impossível ver qualquer coisa. Miguel tenta se lembrar da configuração dos colegas no salão. Danieli estava bem do outro lado da sala. Estava confiante de conseguia acompanhar o movimento dela.
      - Bem. Todos vendados? Podem começar! - grita o professor - Quando encontrarem o parceiro, segurem a mão dele e não falem nada até eu dar o sinal!
       "Por aqui..por aqui...", pensa Miguel confiante, "Tenho certeza que ela está por perto...". Não demora muito e Miguel logo sente alguém pegando na sua mão. "É ela?", pensa ele contente, "Será? Essa sensação...espera...acho que não é ela....". Ele fica segurando a mão da pessoa por algum tempo até Platão dar o sinal.
      - Tudo bem, todo mundo já tem um parceiro. Podem tirar as vendas.
      Miguel tira a venda e logo se depara com a pessoa que seria sua parceira na próxima dinâmica.
      - Hã? Você?


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