Estava em Curitiba, no meu primeiro dia de mudança. Não conhecia muito bem a cidade, e não tinha emprego. Havia me cansado da vida de drag queen suburbana do Rio de Janeiro, de falsos amores e falsos sorrisos. Procurava experiências novas, e claro, um emprego decente.

Após duas horas tirando os móveis frágeis das caixas da carreta, fui verificar com meus colegas de quarto, Cleisson e Carlos Eduardo, que gosta de ser chamado de Kadu, o que estava faltando. Ao todo faltavam lustres e colchas de cama.

“Tsuna, você poderia ir comigo e com o Kadu compras as coisas no mercado mais perto? Você sabe... Para agilizar.” Disse Cleisson, para mim.

Sem complicações, logo concordei. Queria ver que tipo de pessoas moravam ao nosso redor.

Chegando lá, nos dividimos em sessões. Fiquei com a tarefa de comprar os lustres da casa. Andei um pouco até a parte que mais me agradava, e não demorou muito, até que me deparei com um modelo. Tive problemas em achar um modelo exemplar, então olhei ao redor procurando um vendedor que pudesse me ajudar.

Assim que me virei, meus olhos se encontraram com um garoto alto, de cabelos castanho-claro, olhos cor de mel e intensos, e um sorriso radiante. Ele estava vestido com uma blusa em gola V, que mostrava seu peitoral definido, uma calça justa skinny, um all star, e vários anéis fabulosos em seus dedos. Ao ver aquela pessoa em minha frente, particularmente me segurei para não ficar ereto lá mesmo, mas me contive.

“Com licença... Você poderia me ajudar?” Disse, com uma expressão ainda meio abobada em meu rosto.

“Mas é claro! Do que você precisa?” Após ele falar isso, deu aquele sorriso radiante que faz minhas pernas balançarem.

“Eu... Eu... Onde... Onde ficam os exemplares daquele lustre?” Disse eu ficando vermelho após gaguejar, e apontando para meu lustre.

Então aquele deus grego passou por mim de maneira sensual, e assim pude sentir seu perfume de jasmin. Pude jurar que ele piscou ao olhar para os meus olhos.

Esperei uns 5 minutos, quando o vendedor sexy voltou com um pacote em suas mãos.

“Aqui está” Disse entregando o pacote em minhas mãos.

“Muito obrigado... Aproposito, qual seu nome?” Fiquei encabulado

“Rafael Garcia. (risos) E o seu?” Os olhos dele brilharam em minha direção.

“Tsuna Tiras do Papel, mas me chame só de Tsuna, por favor... Eu queria saber, se você pode ir tomar um sorvete comigo mais tarde, no fim do seu expediente. Sabe, eu sou novo na cidade, ia gostar de ter um guia. (risos)” Como eu sou bobo, ai nossa senhora!!!

“Eu notei que você tem um sotaque diferente. Ok, Tsuna, eu saio em uma hora. Tudo bem por você me esperar?” Disse ele com firmeza e alegria.

“Ok, te vejo lá na porta principal em uma hora, Rafa.” Dei uma piscada pra ele e sai.

Eu estava com o sorriso de orelha a orelha. Quem diria que no meu primeiro dia já conseguiria um encontro?

Voltei a focar no por quê de eu estar ali e fui entregar o lustre ao Cleisson e Kadu. Ajudei-os a escolher as colchas das camas e logo soltei a bomba:

“Daqui uma hora tenho um encontro com um cara SUPER gostoso que trabalha aqui!” Será que falei alto demais?

“É bom, ai você me deixa ouvir Beatles em paz.” Comentou Cleisson.

“Nossa! Tudo bem que eu sou hétero, mas se ele for lindo divide comigo ein!” Será que o Kadu estava falando sério?

“Nem vem pistoleira.”

Ao olhar pro relógio, vi que meu horário tinha chegado e eu precisava ir. Me despedi de meus amigos e fui ao local do encontro. Não demorou mais que dez minutos, e o Rafa apareceu logo dizendo:

  “Pronto para o sorvete?”

  “Claro que sim, onde vamos?”

  “A melhor sorveteria daqui de Curitiba.”

  Com isso fomos até o estacionamento, quando finalmente paramos em frente ao seu carro, assim que ele entrou abriu minha porta no passageiro e seguidamente ligou o carro.

  O encontro estava prestes a começar.