03 – Promessas, estúpidas promessas

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Caro leitor, gostaria de lhe dar um conselho: nunca, nem sob pressão, prometa algo ao Scorpius. É sério, você vai se arrepender. Com amor, Rose Weasley.

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Fazia uma semana que Scorpius não ia à minha casa nem falava direito comigo, e ele estava mais gay que o normal. A não ser quando tínhamos companhia, claro, porque ai ele parecia ser um pouco mais homem. Mas isso estava me deixando péssima, porque além de culpada eu sentia que teria que correr contra o tempo, pois faltavam apenas duas semanas para a maldita festa de aniversário do Scorpius, onde ele me apresentaria oficialmente como namorada.

É claro que seria apenas o costume de praxe, porque na verdade a família do Scorpius já me conhecia, assim como a minha o conhecia. Mas mesmo assim eu estava assustada.

— Está dando um jeito no Scorpius, não? – Albus comentara comigo enquanto íamos ao refeitório juntos. Scorpius não havia ido hoje.

— Talvez sim, talvez não. Ele é meio... Burro. – comentei fazendo Albus assumir uma máscara de confusão. – Digo, ele faz muito bem o que eu digo, às vezes e na hora. Depois ele volta a ser o completo gay que conhecemos. – expliquei suspirando.

Albus passou um braço por meu ombro, me dando conforto.

Eu sentia falta de Albus. Na verdade, o meu primo idiota só ficava comigo e com Scorpius quando Roxanne – nossa prima e namorada do Al – não estava. Ela e Scorpius não se davam muito bem, acho que pelo fato de que a Rox implicava com o Scorpius por ele ser gay, embora ela não tivesse nada contra, mas achava que era bem engraçado vê-lo com raiva.

— Por que ainda está tentando? – ele perguntou ternamente.

Por que eu ainda tentava? Porque Scorpius era meu amigo e eu me sentia na obrigação de ajudá-lo. Era isso, ou era o fato de que eu, no fundo, queria que ele fosse homem de verdade? Não saberia responder.

— Eu sei por quê. E Rose, sinceramente, Scorpius também sabe. Mas acho que você ainda não está pronta para descobrir, por mais que também saiba. – disse se sentando em uma mesa enquanto brincava com uma maçã.

Fiquei pensando no que Albus me disse enquanto comia um sanduíche. Eu estava confusa, muito confusa. E toda aquela maluquice com Scorpius estava me deixando pior.

Mais tarde, antes de ir para casa, Albus me disse que iria me ajudar. Simples assim, sem precisar nem de um pedido. Ah, como eu amava o Albus.

Quando cheguei em casa, tive uma enorme surpresa. Encostado na soleira da porta fechada e parecendo extremamente arrependido estava Scorpius, com seu habitual cabelo bagunçado, e com a barba por fazer.

Preciso dizer que ele estava lindo?

— Me desculpe. – ele disse enquanto eu caminhava até ele em silêncio.

— Te desculpar por ser gay? – perguntei sem olhá-lo. – Eu não posso mais fazer isso Scorpius. Estou desistindo, porque sinceramente... – hesitei enquanto entrava e jogava minha mochila no sofá. – Você nunca vai conseguir parecer homem. Você é gay Scorp, e é amado por isso. Seus pais não podem te odiar... Pelo menos não por muito tempo.

Eu não sei ao certo o que me fez dizer aquelas palavras, mas eu sabia que elas eram reais. Eu não conseguiria mais fazer aquilo.

— Não Rose, você tem que me ajudar. Você prometeu. – lembrou-me batendo os pés no chão e cruzando os braços de um jeito completamente infantil e gay.

As palavras, minhas próprias palavras, ecoaram em minha mente, com a minha voz.

"Eu vou te fazer homem. Digo, você vai parecer um, o melhor que todos já viram. Eu prometo."

Malditas promessas. Eu nunca prometeria isso se soubesse que um dia iria pensar em desistir, ou pior, que um dia ele iria usar isso contra mim. Logo contra mim, a melhor amiga de todo o mundo.

— Scorpius... – tentei suplicante.

— Nem adianta Rosie.

Suspirei e o olhei determinada.

Ele queria que eu o fizesse parecer um homem, mas teria que ser do meu jeito.

— Albus, eu preciso de você. – despejei assim que ele atendeu ao telefone. Scorpius estava me olhando com uma cara brava. Ele ainda não havia aceitado minha nova condição.

”Já que sou eu quem vai ser sua namorada, você vai fazer o que eu quiser e do jeito que eu quiser, assim como eu já havia dito antes. E isso inclui aceitar as aulas do Albus, e de quem mais ele quiser que o ajude."

— Todos precisam de mim Rose. Mas diga-me, o que quer especificamente? – ele disse usando toda sua modéstia. Idiota.

— Preciso que me ajude, com aquilo que prometeu hoje mais cedo. Se quiser trazer a tropa também pode.

Ouvi-o rir do outro lado da linha. Ele havia entendido.

E, se conheço Albus Potter tão bem quanto acho que conheço, ele se empenharia em ajudar Scorpius e, consequentemente, me ajudar.

Eu só esperava que nada desse errado, e que Scorpius finalmente conseguisse superar seus problemas de memória e se lembrar de parecer um homem sempre.

Agora, a Operação Masculinidade está oficialmente em prática. E seja o que Deus quiser.