Silent Town escrita por Jhay


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Agradeço a Flavia Rodrigues por favoritar. E aqui está outro capitulo para vocês ^^



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10 de julho de 2012. 08h00min

 Alyce não sabia o que fazer. Não tinha certeza se aquilo era uma pegadinha ou se era real. Tudo bem, ela encontrou com uma mulher que era fantasma e Leon desapareceu, mas talvez não seja totalmente verdade. Pode ser algum programa de TV fazendo algum reality show sobre terror. Ela estava confusa. Não sabia se contava ou não para os outros. A carta dizia que seria melhor não. Talvez realmente não seja uma boa ideia falar para os outros sobre isso, eles não acreditariam, pensou.

 Ela foi até a janela, afastou a cortina de seda velha e rasgada, tirou uma camada de poeira do meio da janela e olhou lá fora. Achou que o sol estava radiante, mas tinha se enganado. Nuvens cinzas e negras se acumulavam pelo céu, deixando o lado de fora nebuloso. Olhou para a rua de frente a casa. Se assustou com o que viu. No lado direito, perto de uma das casas, estava uma criatura esquelética de olhos vermelhos faiscantes, boca cheia de dentes e sem lábios. Olhou diretamente para a janela de Alyce, se virou e saiu correndo na direção oposta com as quatro patas no chão sujo. Alyce colocou a cortina de volta no lugar rapidamente e se sentou no chão, abraçando as pernas e escondendo o rosto entre os joelhos.

 Então aquilo de seres estranhos era verdade! Alyce poderia dizer que era coisa de sua imaginação, mas achava difícil acreditar naquilo. Como faria com que os outros acreditassem nela sem que a chamassem de louca? Sentiu uma lágrima percorrer sua bochecha, até que as outras foram acompanhando o fluxo. Chorava sem fazer barulho para que ninguém escutasse. Sentiu alguém a encarando. Ergueu a cabeça e se deparou com um garoto extremamente branco de olhos negros, boca fina e cabelos negros. Estava de cócoras e com as mãos sobre o joelho.

  – Oi - ele sorriu mostrando dentes brancos e ligeiramente tortos.

  – Oi - ela disse em um tom fraco e dando um sorriso amarelo.

  – Você está bem? - ele entortou um pouco o rosto.

  – Não. Minha cabeça está uma confusão - disse. Conversar fantasmas era estranho, mas ela não se importava mais.

  – Leu a carta? - sua expressão estava um pouco mais séria.

  – Li. Foi você...?

  – É. Fui eu quem escreveu. Vim ver se você tinha entendido bem.

  – Eu até que entendi o que estava escrito. Só tenho dificuldade em acreditar. Digo, é verdade?

  – Sim.

  – Por que escreveu a carta? - viu o rosto do garoto ficando triste.

  – Porque não posso ver pessoas morrendo na minha frente e não fazer nada. É terrível. Terrível passar anos nesse lugar e sempre ver pessoas vindo, mas nunca mais voltando.

  – Então não somos os primeiros?

  – Não. E você não é a primeira a ler a carta.

  – Quem a leu antes de mim... Sobreviveu?

  – Não. Ele morreu antes de chegar no centro - ele abaixou o olhar.

  – Mas eu vou conseguir - ela falou com convicção e o garoto voltou a olhar para ela.

  – Eu acho que sim. Você parece ser diferente.

  – Diferente? - ela estava confusa

  – É. Você parece ser motivada e forte. Além de parecer amar os seus amigos.

  – Eu os amo. E farei de tudo para mantê-los a salvo.

  – Eu percebi. Então...

  – Onde está Leon? - ela o cortou

  – Leon? - ele franziu o cenho - Aquele de cabelo preto e olhos verdes?

  – Então você sabe onde ele está?

  – Não. Só sei que ele está com Amélia.

  – A bruxa?

  – Ela mesma. Mas ele está seguro, por enquanto.

  – O que devo fazer para tê-lo de volta?

  – Eu já disse o que você deve fazer.

  – Mas... Lá fora... Eu vi aquela criatura... Há piores?

  – Muitos outros.

  – Como eu me protegeria?

  – Uma arma.

  – Onde? Porque eu acho que não é qualquer arma.

  – Está certa de achar isso. Vá até o porão. Lá você encontrará o que precisa.

  – E o que é?

  – Você vai saber.

  – Não seria mais fácil você me dizer?

 Ele ia dizer algo, mas foi interrompido pelo barulho da maçaneta abrindo. A porta foi escancarada, mostrando Kaio com cara de quem acabou de acordar. Alyce viu quando o garoto-fantasma sumiu do nada.

  – O que você está fazendo aqui? - perguntou Kaio.

  – Eu... Hãn... Eu... - tentou achar uma desculpa - Queria pensar um pouco sozinha. Só isso.

  – Os outros estão lá em baixo. Disseram que estão prontos para começar...

  – Não! - Alyce levantou rapidamente - Eles não podem ir agora. Agora não!

 Ela não esperou Kaio dizer alguma coisa, simplesmente correu até o andar de baixo, onde encontrou Lucy e James.

  – Vocês... - falou cansada - Vocês não podem ir agora!

 Os dois já estavam perto da porta principal, pararam e olharam para Alyce. Kaio estava no topo da escada.

  – Do que você está falando Alyce? - perguntou Lucy com uma voz amena.

  – É que eu...

 Alyce foi interrompida por um grito estridente vindo do lado de fora da casa. Os quatro foram para a janela do lado da porta, estava embaçada, mas eles conseguiam ver o que estava acontecendo. Três pessoas, duas garotas e um garoto corriam pela rua. Eles corriam como se suas vidas dependessem daquilo, e dependiam. Atrás dos três estava uma criatura horrenda. Tinha escamas negras, olhos completamente brancos, boca com dentes afiados e enormes como os de tubarão. Ele não corria de quatro como o outro, observou Alyce, ele corria como uma pessoa, só que mais rápido. Em uma das mãos estava carregando uma espécie de faca. A língua pontuda e extremamente grande agora estava para fora da boca, pingando um líquido verde viscoso.

  – Eles estão vindo pra cá?! Que porra é essa?! - exclamou James - Tranca a porta Lucy!

  – Não! Deixa eles entrarem - disse Alyce empurrando Lucy.

  – Você está maluca Alyce? Eles vão trazer aquele... Aquela coisa pra cá! - gritou James

  – Não! Aquilo não pode entrar aqui. Ele não consegue.

  – Você pirou? - Lucy gritou com os olhos arregalados

  – Olha lá! - Kaio apontou para a janela.

 Com relutância os dois olharam para o lado de fora novamente. Os três estavam no jardim, a menos de seis passos da porta principal. A criatura que estava atrás deles parou no momento em que chegou no limite da rua que dava para a calçada. Só ficou observando com raiva, sem ultrapassar a linha. Os três adolescentes irromperam porta a dentro, caindo no carpete surrado.

  – A porta! Fechem a porra da porta! Agora! - gritou a garota desesperadamente.

 Lucy, sem perder tempo, bateu a porta e a trancou com um clic.

  – Quem são vocês, e como vieram parar aqui? - perguntou Alyce com voz séria.

  – Meu nome é Anne - disse a garota do meio, tinha cabelos negros lisos, olhos verde-escuros, boca carnuda e corpo escultural vestido com um short curto, top, botas um pouco abaixo do joelho.

  – Esses são meus amigos - apontou para o garoto a sua direita de olhos castanhos, cabelo azul, boca fina e rosto de criança, vestindo uma camisa velha, jeans e coturno - Luke e - apontou para a garota na esquerda de olhos também castanhos, cabelo rosa, boca carnuda e rosto comum de ar brincalhão, vestindo uma calça jeans justa, regata preta e tênis - Allison.

  – Viemos para cá porque achamos que ia ser divertido ver uma cidade abandonada e tal - disse Allison - Mas nunca achamos que íamos encontrar aquelas coisas.

  – Que coisas? - Alyce não podia deixar de perguntar.

  – Criaturas estranhas, que eu nem sei descrever para vocês. Conseguimos ficar escondidos, só que ai um deles encontrou a gente, levaram o Fred e a gente correu. Aí vimos essa casa e achamos que podíamos nos esconder aqui. Oh meu Deus! O Fred! - Anne disse quase a ponto de chorar.

  – Eles o levaram? Como assim?

  – Eles não o levaram tipo: pegaram ele e a gente nunca mais viu o corpo. Eles levaram do tipo: pegaram ele e o partiu em pedaços. Vimos quando eles arrancaram partes dele e começaram a comer. Foi simplesmente horrível! - disse Allison com o olhar horrorizada.

  – Não sabemos o que fazer agora. Provavelmente vamos morrer aqui - disse Luke - Não tem como sair sem que eles nos vejam.

  – Na verdade... - Alyce encarou cada um - Existe um modo de sair.


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Notas finais do capítulo

Espero reviews *-* Bjs com maracuja e paçoca pra complementar :3