Beautiful Soul escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 2
Tocada.


Notas iniciais do capítulo

Obrigada as minhas duas gatinhas lindas, pelos comentários no primeiro capítulo! Vocês me fizeram querer continuar! Então, dedico esse capitulo á vocês. Espero que gostem.
Nos vemos nas notas finais ;)



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A noite caiu. E eu podia ouvir claramente os grilos cantarem do lado de fora da caverna. O som era calmo e me fazia querer fechar os olhos.

A sala de Doc estava praticamente vazia, de todas as pessoas que me cercavam no momento em que acordei, apenas Melanie, Ian e Jeb haviam permanecido lá. Além de Doc, é claro. Que me enchia de perguntas sobre "como eu estava me sentindo nesse novo corpo" e "se havia algum problema que ele deveria saber". Mas não havia. Não tinha problema nenhum em meu novo corpo. Afinal de contas, ele era meu. Eu não o dividia com ninguém.

O sentimento de ter roubado o corpo de outra pessoa estava começando a se afastar. Eu não estava sendo uma parasita, porque no fundo não havia o que "parasitar". Aquele era um corpo morto, e eu teria que entender isso. Eu não era uma assassina como pensei que era.

E depois de Melanie me dizer, diversas vezes, que tudo o que havia feito era salvado um corpo humano de ser esquecido embaixo da terra, a ideia começava a ser mais aceitável. 

Ian havia encostado suas costas em uma parede próxima á messa em que eu me encontrava. Seus olhos quase fechados, ele estava pronto a se render ao sono. Olhei para Mel, ela e Jeb conversavam na porta da sala, baixo, como se estivessem guardando um segredo. Mas depois de tanto tempo dividindo o mesmo, eu acreditava que não havia segredos entre nós.

Jared se aproximou dela, passando suas mãos em volta da cintura de Mel, que olhou para mim e depois para Ian, antes de comentar algo com Jeb e Jared. 

Jeb assentiu á qualquer coisa que Melanie tivesse dito, e então em passos leves ela se aproximou da mesa, olhando vez ou outra para Jared, que havia se abaixado ao lado de Ian, provavelmente tentando convencê-lo á ir para seu quarto.

- Como você está se sentindo, Peg? - Perguntou, sorrindo enquanto falava.

- Bem melhor. - Suspirei e devolvi seu sorriso. - Acho que já estou pronta para outra colheita. - Falei de uma forma divertida, o que aumentou seu sorriso. 

- Não sei não, hein. - Melanie devolveu minha brincadeira. - Me parece um serviço muito pesado. - Ela riu da minha cara de desaprovação. Eu era capaz de colher. 

- Eu não sou inútil, Mel.

- Eu sei que não, Peg. Não disse que você era. Apenas disse que colher era um trabalho um tanto quanto pesado. Por enquanto. 

Ela pausou, seus olhos eram sérios, pela primeira vez desde que havíamos começado a conversar. Mas era obvio que aquilo não iria durar muito, ela logo abriu um sorriso maroto, falando em seguida.

- E é por isso que você irá conosco amanhã, para a cidade. - Gelei. - Mas não se preocupe. Vamos de madrugada para não chamar muita atenção.

- Você tem certeza? - Perguntei nervosa. - E se os buscadores aparecerem? E se eles pegarem você. Ian e Jared?

Melanie riu de meu desespero. Mas eu não achava nada engraçado. Era arriscado, isso sim! Muito arriscado.

- Você sempre foi preocupada demais, Peg! Não sei como conseguimos conviver tão tempo juntas em um só corpo. Cadê seu espirito de aventura? - Brincou. Mas notando que eu ainda estava tensa, deixou que sua voz se tornasse o mais séria e firme, que podia. - Vai dar tudo certo. Não vamos... Despreparados. - Ela fez uma longa pausa para falar a última palavra. Quase como se não soubesse como dizê-la. Seu tom era incerto, porque ela sabia que eu entenderia o que ela estava querendo dizer. Iríamos levar armas.  - Eu sei o que você pensa disso, Peg. Eu realmente sei. Mas... é a única maneira de nos manter á salvo. Você entende, não é?

Eu não entendia. Na verdade, creio que nunca entenderia a brutalidade humana. Ferir seus semelhantes, era... Assustador! Mas vendo como as coisas estavam, eu tinha de concordar que era necessário e teria de me acostumar a essa ideia de vida que eles tinham. 

Eu queria me adaptar. Porque agora eu via, que não tinha aprendido tudo sobre a raça humana antes de me hospedar nela. Os humanos não eram apenas brutos, não eram seres selvagens e não queria apenas guerra. Pelo menos não todos eles. 

Eles eram capaz de amar de uma forma que eu nunca pensei que iria experimentar. Não eram selvagens, só lutavam por aquilo que acreditavam, queriam ser livres e fariam com que isso acontecesse, mesmo que morressem tentando. Essa era uma das bilhares de coisas que eu admirava neles. Eu queria ser como eles.

- Peg? Está aí? - Melanie estalou seus dedos na frente dos meus olhos, me levando a piscar repetidas vezes antes de me situar no assunto novamente. Logo que o fiz, respondi.

- Pode ser legal. 

- E vai ser! - Falou animada. - Agora, faça seu... Hm, namorado, levar dali e ir dormir um pouco.

Nesse instante Jared nos encarou, sorrindo antes de dizer.

- Ian é um cabeça dura!

- Diga a ele, Peg. Diga que deve ir dormir! - Mel exclamou com a voz entrecortada. Ela estava com sono. Estava cansada, tanto quanto eu.

- Eu não preciso ir dormir, Melanie. - Ian resmungou, empurrando a perna de Jared com os seus pés. 

- Mel tem razão. - Interrompi seus protestos. - Amanhã será um dia longo.

Seus olhos se voltaram para mim, quase como se perguntasse se eu tinha certeza que queria que ele fosse para seu quarto. Ele precisava descansar, não queria vê-lo se arrastando pelos cantos por aí. Disso eu tinha certeza.

- Pode ir. Eu não vou a lugar nenhum. 

Ian me encarou por mais alguns instantes, antes de estender a mão para Jared, num pedido mudo para que ele o ajudasse  a levantar. Jared segurou sua mão e o puxou com força para cima, uma força desnecessária que fez com que Mel e eu rissemos. 

- Nos vemos amanhã, Peg. - Ela se despediu, depositando um beijo em minha testa.

Jared foi o próximo a falar, sem mover um músculo de onde estava inicialmente.

- Tente descansar, Peregrina. 

Assenti, me sentando na cama, lentamente, ainda sem saber se eu tinha completo controle do meu corpo. Esperei por Ian, que parecia relutante. Eu não entendi o motivo, até ele dizer o que pensava, mantendo ainda uma certa distância entre nós.

- Melanie deve ter lhe dito da nossa... excursão de amanhã. - Assenti, dando lhe uma brecha para continuar. - Mas eu quero que saiba que não estamos te forçando a ir. Se você preferir, ficaremos aqui. Esse foi o trato. - Ele pausou, respirando fundo antes de continuar. Diminuindo um pouco a distancia entre nós, de um modo que lhe possibilitou de depositar uma de suas mãos na cama. - Se não estiver pronta, pode me dizer, não irei ficar magoado, prometo.

Sorri, esticando minha mão e a depositando em seu rosto, o que lhe deu segurança para se aproximar o suficiente a ponto de eu sentir o calor emanar de seu corpo. 

- Eu estou pronta. - Falei confiante. Realmente estava. Queria ver o mundo lá fora, mais uma vez. - E sei que você não vai deixar nada de ruim me acontecer. - Fiz mais uma pausa, para acariciar seu rosto. - Assim como quero que você saiba que não irei deixar que nada fira você. E nem a Mel.

Ian devolveu meu carinho, passando seus dedos ásperos sob a pele de minha bochecha. Seus lábios se aproximavam dos meus, eu era capaz de sentir sua respiração se misturar á minha de uma maneira incrível. Eu queria sentir seu beijo novamente. Estava a ponto de enlouquecer com a falta dele.

- Eu sei que não vai. - Murmurou, antes de selar nossos lábios.

Todas as vezes que eu beijava Ian, eu sentia uma coisa nova. Uma sensação que imundava todo o meu corpo. Eu gostava de sentir essas coisas, eram tão... intensas! Eu gostava do modo como seus lábios se moldavam aos meus, de como dançavam em sincronia. Eu não queria beijar mais ninguém, eu não queria que mais ninguém me tocasse. Era como se cada célula de mim fosse feita apenas para Ian, apenas para o toque dele. 

Eu ainda estava aprendendo a como lidar com tudo isso. Todas essas sensações. Todos esses... desejos.

Sim. Eu o desejava de uma forma assustadora.

Eu queria sentir sua pele na minha, sentir seus braços ao meu redor e saber que ele não desejava mais ninguém acolhido em seu peito.

Eu queria saber se ele me queria da forma que eu o queria. Eu não sabia como lidar com isso, nunca havia sentido isso antes. Era tudo completamente novo.

E isso fazia com que se tornasse completamente verdadeiro.


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Notas finais do capítulo

E então? Ficou bom? Ficou péssimo? Por favooooor, me digam!
Não vou demorar para atualizar, prometo!
Até a próxima meus amores *-*
Beeeijos ;*