Beautiful Soul escrita por Jubs C, Julia Brito


Capítulo 1
Despertar.


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ((:



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"Eu, a alma chamada Peregrina, amo você humano Ian. E isso nunca vai mudar, não importa o que possa acontecer. - Eu formulei aquelas frases com cuidado, para não haver mentira em minha voz. - Fosse eu um Golfinho, um Urso ou uma Flor, pouco importaria. Eu sempre o amaria, sempre lembraria. Você será meu único parceiro."

                             - The Host.

- Ela está acordando! 

Ouvi a voz de Jamie ecoou no fundo do meu crânio, fazendo com que eu despertasse mais depressa. Eu esperava ouvir a voz de Melanie, mas me lembrei de que havia deixado seu corpo. 

Esse pensamento fez meu coração doer. Será que estava bem?

Abri meus olhos o mais depressa que conseguia, sentindo a luz da lâmpada em cima de mim, imundar meus olhos. Era uma forma diferente de ver as coisas. Não havia mais ninguém ali. Eu não estava dividindo meu novo corpo, com ninguém.

Ian tocou meu rosto, fazendo com que meus olhos confusos se focassem apenas nele.

- Peregrina?

Sua voz era doce e ponderada. Ele não estava confuso como eu, muito menos surpreso. Estava simplesmente... feliz. Mas a duvida não havia deixado minha mente. Eu estava preparada para acordar em outro mundo. Dentro de uma outra espécie. Não ali. Dentro de um corpo humano que nem me pertencia. Me levantei da mesa, ordenando aos meus músculos cansados que se sentassem. Encarei seus olhos, desesperada.

- Ian? Ian, onde estou? Quem sou eu? 

- Você é você – Sua voz continuou calma. Quase que emocionada. Seus dedos rodearam os meus. Enlaçados de  uma forma mágica. – E está perfeitamente entre os seus. Está comigo, agora. Para sempre.

Eu não sabia o que estava acontecendo dentro de mim. Eu não sabia o que pensar disso tudo. Tudo o que eu sabia era que o amava. Mas não sabia como reagir a tudo o que estava acontecendo, á tudo o que ele havia me dito. Por isso, me contentei em apertar sua mão na minha, admirando a maneira como elas se preenchiam, em um encaixe quase que perfeito.

- Onde ela está? A dona desse corpo? – Minha voz estava mais grossa, do que era quando eu dividia o corpo com Melanie, o que me fez cobrir minha boca, com a minha mão livre.

- Ela está bem aqui – Doc me assegurou. – No tanque e pronta para ir. Nós pensamos que você podia nos dizer o melhor lugar para enviá-la.

Eu havia tomado o lugar de uma outra alma. Mas não havia mais ninguém lá, provavelmente a garota desistiu de lutar e se deu por vencida. Talvez estivesse morta há messes. E isso me incomodava.

Olhei para Doc.

- Doc, você prometeu! Você jurou para mim. Por quê? Por que não cumpriu sua palavra?

Doc se aproximou de mim, apoiando uma de suas mão na mesa, encarando meus olhos.

- Mesmo um homem honesto às vezes cede ao coação, Peg – explicou-se Doc. - Não era sua hora de ir. 

Mantive meus olhos grudados no de Doc por alguns segundos, mas a minha mente estava muito além dali. Eu não conseguia afastar a sensação de que eu havia tomado o lugar de outra alma. Meus olhos se encheram de água, ao pensar na pobre garota que havia sido dominada, que havia perdido seu corpo. Duas vezes.

- Shh, está tudo bem.

Ian estava mais próximo do que eu me lembrava, seus lábios estavam bem próximos do meu ouvido e eu pude sentir sua respiração pesada, quando alguns fios do meu cabelo se depreenderam do coque firme feito perto da minha nuca. Meus dedos se moveram até eles, e eu  os coloquei atrás da minha orelha.

Minha outra mão ainda estava sobre a de Ian. Eu simplesmente não queria soltá-la. Principalmente quando eu me lembrava de que eu tinha pensando que nunca mais iria vê-lo.

- Você pensou mesmo que ia nos deixar daquele jeito, Peg – Eu senti um suspiro escapar dele quando seu rosto se escondeu na curva do meu pescoço. Fiz o mesmo, escondendo meu rosto em seu pescoço. Não me importando com as pessoas presentes. Eu estava tão feliz! E ao mesmo tempo tão triste.

- Eu disse que não queria ser uma parasita.

Minha voz saiu baixa, quase como um pedido de desculpas. A voz de Melanie invadiu meus ouvidos em seguida, fazendo com que uma parte de mim se acalmasse.

- Deixem-me passar. – Ordenou Mel. Ian se moveu, levando seu corpo para o lado, me dando passagem para ver Melanie se aproximar. Não soltei sua mão. Não pretendia soltá-la tão cedo. – Ouça, Peg. Eu sei exatamente o que você não quer ser. Mas nós somos humanos, e nós somos egoístas, e nem sempre nós fazemos a coisa certa! Não vamos deixar você morrer. Você tem de lidar com isso.

Melanie ainda era a mesma. Ela conseguia por meus pensamentos em seus lugares. Ela clareava minha mente.

- Mel? Mel, você está bem! – Me levantei da mesa, me atirando para frente para finalmente lhe dar um abraço.

Eu estava tão feliz! Melanie estava bem! Eu pensei que nunca a veria novamente e nem ouviria suas broncas mais uma vez.

Ela me apertou, sorrindo de uma forma que era simplesmente contagiante, o que fez com que eu devolvesse seu sorriso de uma forma quase mecânica.

- Claro que estou! E você vai ficar bem, também. Nós não fomos estúpidos quanto a isso. Não pegamos simplesmente o primeiro corpo que vimos.

- Deixe que eu conto a ela, deixe. – A voz de Jamie interrompeu Melanie, e ela me soltou, ainda sorrindo.

- Jamie!

- Oi, Peg! Legal, não é? Você é menor do que eu agora! – provocou Jamie, brincalhão

- Mas ainda sou mais velha – Reagi preocupada. – Eu tenho quase... Meu aniversário é daqui duas semanas. Vou fazer 18.

Olhei para Mel que encarava Ian com os olhos confusos. Ele devolvia o olhar.

- Nós não daríamos mais de 15 anos para você, Peg. - Explicou Doc. E deu continuidade, me explicando detalhadamente sobre a escolha do corpo e como havia sido feito a troca das almas. 

Quando ele terminou, Ian começou a falar, sua voz era baixa, quase um sussurro só para mim.

- Eu segurei você na minha mão, Peregrina. E você era tão bonita...

Meus olhos se umedeceram novamente, eu estava feliz! Ian havia provado que não amava só meu corpo. Mas a minha alma. Eu, a alma que parasitava em vários corpos, por tantos anos. Mas de alguma forma ele conseguia me ver de outra forma. E com o pouco conhecimento que eu havia adquirido e aprendido sobre os humanos: aquele não era um amor fácil de se encontrar. 

- Você está gostando, não está? Você não está zangada? Não há ninguém aí dentro com você, há? - A voz preocupada de Jamie me trouxe de volta a realidade.

- Não estou zangada., não exatamente. E eu... eu não encontrei mais ninguém. Só algumas poucas memórias, perdidas da antiga hospedeira.

- Você não é uma parasita. – disse Melanie, fazendo que minhas ultimas barreiras caíssem. – Esse corpo não pertencia á ninguém, e não há mais ninguém que possa reivindicá-lo. Nós esperamos para ter certeza, Peg. Tentamos acordá-la. Várias vezes.

Deixei meus olhos correrem pela sala, reconhecendo cada rosto, me lembrando de cada nome, me lembrando de cada coisa que eu havia vivido com eles.

Eu estava tão surpresa por nenhum dos olhos me olharem de forma acusadora, estava todos felizes. Ou no mínimo surpresos. Eu quase me sentia um deles. Eu realmente gostaria de ser um deles.

- Você está bem aí dentro? – Ian apertou levemente minha mão e eu voltei a encará-lo. Ele permanecia igual. Os olhos um pouco mais cansados, mas ainda assim era o mesmo. Consegui notar que ele estava preocupado em saber como eu me sentia. Se eu estava infeliz, confusa ou com dor. Sorri levemente para ele, devolvendo o aperto.

- Eu... eu não sei. É meio confuso. É quase tão difícil quanto mudar de espécie. Era mais fácil quando eu tinha a ajuda da Mel.

Melanie sorriu para mim, com os braços ao redor de Jared.

- Ainda tem. Só que... De uma forma diferente.

A sala foi tomada por risadas baixas e comentários variados. Mas nenhum deles era sobre eu ser uma parasita. Nenhum deles se referia a mim dessa forma, mais. Isso me deixava feliz. Era mais fácil me acostumar com esse novo corpo, se eu deixasse de ser vista como a coisa que tomava a vida das pessoas. Eles estavam me aceitando, me entendendo, aos poucos. E eu também estava os entendendo. Me entendendo. Aos poucos.

- Você não se importa demais de ficar aqui, não é, Peg? Não acha que talvez você possa aguentar? – O murmurio de Ian quase não se diferenciava das outras vozes, mas eu pude ouvir claramente. Eu sabia reconhecer sua voz, fosse onde fosse.

Ele tocou meu rosto, seus olhos eram esperançosos. Eu não queria magoá-lo.

- Acho que posso fazê-lo – Respondi. Minha voz saindo na forma de um sussurro. – Se isso deixa você feliz.

- Não é o bastante, na verdade. Isso tem que deixar você feliz, também.

- Eu... acho que... sim. Acho que isso pode me deixar muito, muito feliz – Respondi, notando que pela primeira vez havia certeza em minha voz.

Ian aproximou meu rosto do seu, seus lábios quase tocaram os meus. Eu sentia minha pele queimar e em um movimento rápido, abaixei meus olhos.

- Isso quer dizer que vai ficar. - Sussurrou antes de colar seus lábios nos meus.

Foi diferente dessa vez. Os meus lábios se moviam com os dele. Não havia nada que poderia me impedir de fazê-lo.

- Eu vou. – Falei com a voz firme, tentando demostrar toda a certeza que eu estava sentindo.

E foi então que eu tive a confirmação que eu precisava.

Mesmo se eu vivesse mil vidas, em mil planetas diferentes. Mesmo que eu conhecesse mil espécies diferentes e aprendesse mil coisas, era dele que eu precisava. Era ele que eu queria.

Eu não me sentia uma parasita quando estava com Ian. Eu me sentia quase humana.

Completa, de uma forma que eu nunca fui em todas as minhas vidas


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