Aliaqua escrita por Gabriel Hefesto


Capítulo 4
Veneno.


Notas iniciais do capítulo

"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe."

—Charles Chaplin



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Haziel


Por algum motivo eu estava lembrando da primeira vez que eu me encontrei com o outro Robert, era algo que eu teria que deixar sempre em mente, depois daquele dia eu fiz muitas coisas que não me orgulhava tanto assim, tramei a morte de muitos parentes meus, conspirações para poder estar no lugar de meu pai, no trono, tudo isto para se ver longe destes olhos que me perseguem o tempo todo, pois era isto que ele queria, e eu arriscaria tudo para viver longe destes fantasmas. Robert estava em sua forma normal, ele era amigável com todos mesmo sendo o meu servo, mostrava o respeito que todos mereciam, pois ele sabia o seu lugar, ver um ser misterioso controlando o corpo de meu precioso servo me deixava cada vez mais irado, ele sempre esteve ao meu lado me apoiando e agora eu tinha medo de ser totalmente controlado por ele, eu sabia que não era culpa do Robert em si, mas sim da coisa que estava dentro dele, a coisa que o mantinha preso em sua mente, que o fazia sofrer enquanto o possuía de forma bizarra, eu odiava o que fazia mal a mim, ou o que fazia mal ao meu servo.

Algo misterioso começou a acontecer, enquanto ele servia uma outra xícara de chá para a Victória, a sombra de Robert se tornou roxa como a Aliaqua e então ela desgrudou do corpo de meu mordomo, deu para ver que aquilo o afetou pois ele ficou paralisado por um tempo e havia empalidecido de cansaço, quando Pedro olhou para ele, novamente com uma raiva que eu não consegui identificar muito bem o do porque do mesmo, ele sorriu discretamente e continuo servindo aos outros. Meu pai não estava mais ali, por algum motivo ele tinha saído da cozinha mais cedo que o normal, mas eu sabia que se ele estivesse presente pediria para que Robert descansasse. Antes que eu pudesse falar qualquer coisa a sombra de meu servo estava ao meu lado cochichando em meu ouvido:

"Eu sei o que você pretende, mas se pedir pra ele se retirar agora seus irmão verão que tem algo errado..." Disse a sombra de uma forma risonha.

Eu percebi que ninguém mais o escutava, nem mesmo o dono da sombra, pois aquela coisa roxa e disforme estava em um local visualmente aberto e brilhava de uma forma fluorescente, mesmo quem não quisesse teria prestado atenção na mesma. Mesmo assim eu me virei para ela e com um suspiro de descontamento percebi que se tratava do "outro Robert".

"Eu já estou satisfeito, irei começar minhas lições mais cedo hoje, com licença." Eu disse me levantando da cadeira.

"Irá nos encontrar na estação mais tarde Haziel?" Perguntou Pedro sem nem olhar para mim.

"Eu ainda não sei, se eu for para este passeio que o meu pai programou para nós, eu avisarei." Disse me retirando. Naquele momento Robert falou:

"Irei te acompanhar meu senhor." Sabia que ele estava fraco, provavelmente o outro Robert estava usando a energia dele para se manter separado e isto estava desgastando o mesmo.

"Não precisa, mais tarde precisarei de você, vá descansar e isto é uma ordem." E segui para a biblioteca. como o esperado a sombra de Robert me seguiu. Agora estávamos a sós e eu não precisa mais me preocupar com os outros nos ouvindo ou pensando que eu era maluco por falar sozinho.

"Gostaria de saber o que está acontecendo com o seu servo?" Ele disse rindo logo que me alcançou, ele me tirava do sério, no entanto, eu me esforçava ao máximo para não demostrar isto a ele, pois seria uma forma dele saber que tinha algum efeito em mim. "Bom, deixe eu te mostrar!"

Um estalido forte no local me fez ficar alerta, um fenômeno estranho me fazia flutuar no mesmo lugar enquanto a biblioteca mudava pouco a pouco, um clima sombrio se apoderava do local e me afetava de uma forma deprimente, eu queria sair daquele local, não queria ficar mais ali, porém, eu não conseguia me mexer, qualquer movimento meu era feito em câmera lenta, o outro Robert gargalhava perante o meu desespero. E então um local se formou, era como um castelo sombrio com um tempo escuro, o frio era tanto que fazia eu me arrepiar, parei de flutuar mas ao invés de descer normalmente eu fui caindo de lado, em câmera lenta, eu não podia gritar, não podia me mexer, só podia ver o sorriso do outro Robert enquanto eu caia um calabouço se abriu me engolindo em total escuridão que me fazia agoniar, e então eu cai. Fiquei sem me mexer por algum tempo até que um brilho arroxeado atrás de mim me fez levantar, quando olhei para o local puder ver à minha frente Robert preso pelos pulsos na parede, mesmo sendo alto seus pés não alcançavam o chão, e espinhos estavam sendo perfurados em todo o seu corpo.

"É isto que ele está sofrendo no momento, enquanto eu estiver me apoderando de se corpo, será por isto que ele sempre passará." Disse o outro Robert enquanto caminhava para uma abertura da cela dele, de lá ele tirou um copo contendo um líquido fumegante, ele andou até a minha direção e entregou o copo para mim, era uma mistura doentia entre roxo e vermelho, aquilo parecia ser feito de ácido.

"Diga-me Haziel, quem é a pessoa mais velha do mundo?" Perguntou o outro Robert sentando em uma cadeira perto da cela de meu servo. Parei para pensar um pouco sobre isto, em minha mansão tinha no momento um arquivo sobre todas as pessoas existentes entre as 7 áreas, e pelo o que eu tinha lido...

"Meu pai, com 43 anos, é a pessoa mais velha do mundo." Eu disse, era estranho ser filho de alguém tão velho, de um ancião.

"E se eu dissesse que antes as pessoas viviam até mais que os 100 anos, você acreditaria?" Ele perguntou para mim, aqueles olhos fantasmagóricos me encaravam de uma forma assustadora. O que ele disse não passava de lendas, nenhum ser humano poderia viver tanto assim, o máximo que conseguiria seria 50 anos, pois foi o que ocorreu com o meu avó, mas 100 anos? Impossível.

"Olhe para este copo, consegue perceber? Consegue sentir?" Disse ele me encorajando a olhar para o objeto em minhas mãos. Com o aviso dele pude perceber melhor a reação dos líquidos existentes naquele copo, tinha mais líquido roxo do que o vermelho, como se o engolisse.

"Neste copo contém tudo que está dentro do corpo de seu servo, não sou ou que estou matando-o, é a sua nova fonte de energia, a Aliaqua. Na verdade, eu estou matando ele também como pode ver agora, mas ele já estava incapacitado quando eu o possui, na verdade, foi por este motivo que eu consegui possuí-lo. Seu pai tinha sido avisado, repara, vocês quase não bebem a Aliaqua mas ele, por estar viciado no líquido, bebe quase o tempo todo, isto logo se apoderá de todo o seu corpo e ele vai morrer mais cedo que o normal. Mas não precisa se preocupar, se a Aliaqua apossar-se de seu corpo antes de sua morte, um amigo meu viverá conosco, não é legal?"

A notícia me chocou, meu pai estava morrendo e eu não podia fazer nada, me ajoelhei perante o que ele me falou e sem eu perceber lágrimas encheram os meus olhos.

"Diga-me como deter isto Robert!" Eu o ordenei, o sorriso que ele deu, me fez arrepiar mais que o frio mais cedo.

"Eu não sei como, porém, talvez você descobrisse se conseguir ver os outros 'fantasmas' no corpo de outras pessoas." Ele falou se levantando da cadeira.

"Existem outros?" Eu perguntei espantado.

"Mais perto do que você imagina!" Ele disse se aproximando de mim.

"Ensine-me a ver Robert!" Eu disse começando a soar, eu sabia que estava correndo riscos. Ele se aproximou de mim e então segurou a minha cabeça, algo começou a escorrer do meu coro cabeludo e começou a entrar em meus olhos, uma dor que nunca sentiu antes fez eu começar a cambalear, era como se os meus olhos tivesse derretendo, e então ele me largou no chão. Eu me ajoelhei e então cai, percebi que do chão frio que antes eu havia me encontrado agora estava em um tapete, pude perceber que voltei para a biblioteca, apalpando todos os cômodos possíveis, me guiei através da memória até um espelho até que a dor começou a diminuir. Aos poucos fui abrindo os meus olhos, no começo não vi nada de diferente, até que percebi que a cor de meus olhos haviam mudado, de castanhos escuros se tornaram roxos como a própria Aliaqua. Um barulho atrás de mim me fez virar de susto, meu pai havia entrado as pressas, pelo seu rosto deu para ver que ele não esperava me encontrar aqui, então ele falou:

"Eu esqueci a minha pasta, já estou saindo... o que aconteceu com o seu olho? Você está bem?" Ele disse se aproximando de mim, ele tocou o lado direito de meu rosto virando um pouco para os lados para verificar se eu tinha me machucado em algum lugar, porém, eu não estava prestando atenção nisto, e sim em um "fantasma" que estava logo atrás do meu pai, ele usava um traje de batalha completa como um general da época medieval, tinha cerca de 3 metros, ele com certeza não era uma cópia do meu pai assim como o outro Robert, ele não sorria para mim, porém, eu percebi que ele sabia que eu conseguia vê-lo e eu não sabia se isto era bom. Atrás dele um fantasma sorridente mostrava quatro dedos para mim e depois desapareceu, eu sabia o que isto significava, eu tinha dado duas ordens para ele, e agora eu só tinha quatro, se eu caísse na armadilha dele mais uma vez...


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Notas finais do capítulo

Desculpem minha demora, ocorreu várias problemas com a minha net, mas irei compensar vocês ^^



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