Aliaqua escrita por Gabriel Hefesto


Capítulo 2
Dúvidas.


Notas iniciais do capítulo

Como pode coisas tão simples...



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Pedro


Eu realmente esperava que aquilo fosse um pesadelo, somente isto, mas eu me surpreendi mais uma vez com o que poderia ocorrer à minha volta. Ao entrar no quarto de Victória o cheiro de sangue me chamou a atenção, meu coração acelerou e minha respiração ficou mais rápida, o desespero dominara o meu corpo e me fazia tremer, a cama de minha irmã estava cheia de sangue e o chão também. Aproximei-me de sua cama esperando encontrar o seu corpo mutilado mas nada estava lá.

"Talvez ela tenha escapado de seu agressor e este sangue não seja dela." Pensei esperançoso, então andei pelo quarto todo gritando pelo seu nome, olhei embaixo da cama, dentro de seu guarda-roupa mas ela não se encontrava lá, até que me lembrei que ela tinha um suíte em seu quarto.

Aproximando-me da porta de sua suíte ouço o som de água jorrando, tentei controlar minha respiração, mas foi em vão, estava nervoso demais. Lentamente eu coloco a mão na maçaneta e abro a porta do banheiro. Limpando suas mãos cheias de sangue na pia da suíte, não estava ninguém mais e ninguém menos que Robert, ele olhou para mim e então sorriu como se aquele fosse o ambiente mais normal do mundo.

"Meu senho..." Ele começou, porém, eu pulei para cima dele agarrando seu pescoço, eu pressionava sua laringe com as minhas mãos com toda a força que eu podia, sua expressão mudou de normal para surpreso, no entanto ele não reagiu, aos poucos ele foi dobrando sem conseguir respirar, lágrimas desciam de seus olhos, e o que me deixava mais perturbado era que seus braços estavam parados em seu lado, mesmo morrendo em minhas mãos ele não me atacava.

Eu estava confuso, não sabia se as emoções que se afloraram em meu peito era satisfação, pena ou repulsão, eu sempre havia lido sobre antigos seriais killers que viviam na época em que a água predominava o mundo, a forma de como eles descreviam a adrenalina de matar uma pessoa, de tirar uma vida com suas próprias mãos. Não que eu tivesse pensando sempre em matar uma pessoa, porém, em nossas aulas tínhamos que saber sobre certas formas de "adrenalina" e eu fui designado a este livro. E acabei de certa forma sentindo vontade de experimentar todas as sensações descritas no mesmo, é claro que nunca tinha parado para fazer isto, pois sabia que era errado.

Um movimento atrás de mim me trás à realidade, um grito e um choro ao mesmo tempo me faz virar para trás e por somente alguns segundos afrouxar as minhas mãos que estavam em volta de Robert. Victória estava parada em minha frente, lágrimas escorriam em seu rosto e o horror estava estampado na mesma.

“O que está fazendo Pedro?” Ela perguntou para mim chorosa, segurava uma caixa que provavelmente pesava bastante para ela. “Solte o Robert agora!”

Sem nenhum argumento plausível solto o mordomo, ele se comprime e começa a tossir, depois de um tempo ele levanta com dificuldade, tossindo de vez em quando e sorri sem jeito para mim. Eu não sabia o que estava ocorrendo, mas corri em direção de minha irmã, tirei a caixa de suas mãos, ignorando suas objeções e a abracei.

“Eu estarei me retirando agora, com licença.” Disse Robert, desfaço o abraço com a minha irmã e me posto em sua frente, impedindo sua passagem.

“Não, ficará aqui.” Eu disse, queria respostas e não o deixaria sair de minha visão tão cedo.

“Com todo o respeito senhor, não são as suas ordens que eu devo seguir.” Ele disse com um sorriso cínico.

“Exato, ele tem que seguir as minhas ordens.” Disse uma voz atrás de mim, viro-me rápido e me deparo com o meu irmão mais novo, Haziel, ele tinha um metro e sessenta motivo de que Robert sempre tem que se abaixar para ouvir suas ordens, seu cabelo era rebelde, castanho com leves tons de roxo, ondulado indo até os ombros, hoje ele usava uma roupa nobre de tonalidade vinho, como sempre querendo mostrar a todos de onde vem que ele mesmo com os seus 15 anos, era superior a muitos seres viventes.

Encaro o meu irmão e seu olhos azuis penetravam em minha mente, minha confiança se abalava completamente a minha sanidade, eu nunca havia entendido muito bem, mas desde que Haziel nasceu ele tinha esta expressão, estes olhos, típico daquelas pessoas que presenciaram coisas demais, coisas que não deveriam nunca serem avistadas por uma pessoa normal. Por este motivo sempre o achei intimidador, não gostava de contrariá-lo.

“Robert, desça e prepare o meu café, logo me encontrarei com você mais tarde.” Em seguida o mordomo sai do quarto, ele olha para mim rapidamente, vejo um brilho lilás em seus olhos, mas foi tudo tão rápido que achei que era a minha imaginação. “Desça logo.” Ordenou Haziel, por algum motivo sua voz era tensa, ele estava sendo cuidadoso ao falar com Robert.

“O que tinha ocorrido Pedro? Porque atacou o Robert?” Perguntou Victória recolhendo a caixa, me aproximando do mesmo eu comecei a ouvir miados bem baixinhos, dentro da caixa estava Sophia, a gatinha de Victória, junto com ela estava quatro filhotes.

“Eu tinha visto muito sangue e pensei que ele tinha feito algo com você.” Disse para ela, logo em seguida, sorrindo eu perguntei: “Então Sophia teve filhotes é?”

“Não está meio óbvio Pedro?” Disse Haziel, se afastando para a porta. “Deixe de papo mole, Victória pediu ajuda ao Robert para fazer o parto da gata, por isto ele estava cheio de sangue, agora, não chegue perto dele mais.”

“Por quê? Posso saber?” Perguntei confuso, não era própria dele este tipo de atitude.

“É perigoso no momento.” Depois de uma pausa dramática, ele se virou para a saída. “Só me escute.” E foi embora do quarto.

Sozinho com a minha irmã, a ajudei acomodar os seus novos animais de estimação e depois descemos juntos para a cozinha, ao chegar lá, encontramos Haziel tomando um chá que estava sendo servido por um Robert muito sorridente, Henrique, o nosso pai, estava muito quieto enquanto brincava com o seu café, o que era muito estranho. Sento do outro lado da mesa ficando de frente ao meu pai.

“O que ocorreu pai? Você parece abatido.” Pergunto preocupado, de fato ele parecia muito mal, quando ele levantou os seus olhos para mim vi o quão pálido ele estava, seus olhos estavam arregalados e quando ele começou a falar quase dou um salto da cadeira, de tão rouca que sua voz estava.

“Eu só tive um pesadelo, nada demais meu filho.” Ele disse, meu pai estava ficando calvo e por este motivo sua “careca” estava sempre brilhando quando ele soava demais, e isto ocorria quando ele estava nervoso ou ansioso.

“Como foi este pesadelo pai?” Algo estava errado, porque ele se encontrava assim por causa de um pesadelo? Será que foi o mesmo que o meu?

“Eu conto quando você voltar de sua aula, agora vá, senão chegará atrasado.” Ele fala querendo finalizar a conversa, logo após isto ele se levanta e se retira. Eu e os meus irmãos continuamos na mesa, em uma tensão a qual nenhum de nós atrevia quebrar.


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Notas finais do capítulo

...parecerem tão complicadas em nossas mentes?