Uma Noite Mais Que Louca escrita por Queen Barenziah


Capítulo 1
Ingressos


Notas iniciais do capítulo

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Uma Noite Mais que Louca

O alarme tocava ao som de ‘’Welcome to The Jungle’’, apontando que eram 7:10 da manhã e eu tinha que ir para a escola. Levantei bocejando como um leão e olhando para o espelho na frente do meu armário, reparei que eu parecia um cadáver a essa hora da manhã.

Catei uma blusa velha minha que coincidentemente combinava com a calça jeans jogada no chão do meu quarto e coloquei as duas vestes e então pronto, eu já estava preparada para mais um dia super foda de aula.

                                           ***

Chegando lá estava tudo ‘’normal’’, falo entre as aspas porque já estou tão acostumada a ver pessoas se agarrando em cada corredor, vadias brigando por atenção nas salas e babacões te chamando de ‘’gatinha dos rock’’ a cada 1 metro de distância todos os dias que até já acho normal isso.

Enfim, estava tudo certo até eu sentar na minha cadeira, porque foi aí que Julliane Anderson entrou na sala com o seu olhar angelical e cachos loiros, andando rebolando e piscando para os meninos do time de futebol americano da sala.

- Quer falar sobre a vaca leiteira?

Falou Emma, minha melhor amiga, no meu ouvido.

- Sei lá cara, acho que não tenho nem mais assunto pra falar dela, ‘’puta’’ já define tudo.

Emma soltou uma leve risada quando falei isso.

Apesar de ser um pouco louca, Emma era minha melhor amiga e me apoiava em tudo o que eu fazia e estava sempre disposta a me acompanhar em qualquer tipo de confusão. Sinceramente, ela é como uma irmã que eu nunca tive, digo, eu tenho uma irmã e um irmão, mas eles não são tão legais quanto a Emma.                                                                                        Eu e ela nos conhecemos quando eu tinha 8 anos, no parquinho do meu antigo apartamento, ela era minha vizinha.

- Bom dia alunos! Sentem em seus lugares, a aula já começou e não é hora de bagunça!

Falou a Srta.Rivers, nossa professora de português.

- Sim senhora, é você que manda aqui!

Falou Julliane em um tom irônico fazendo todos da sala rirem.

- Silêncio! O próximo que der mais um pio vai ir para a diretoria!

- Você parece uma múmia só a essa hora da manhã ou você é horrível assim normalmente?

Falou Julliane fazendo todos em volta rirem novamente.

- QUEM DISSE ISSO?!

Gritou a professora furiosa.

- Foi a Lucy professora!

Falou Julliane e mais uma vadia apontando para mim.

A Srta.Rivers me encarou com raiva e apontou para a porta.

- Mas eu não...

- VAI AGORA!

Falou ela gritando comigo.

A vadia da Jill ria de mim enquanto cochichava algo com o grupo de retardadas em volta dela.

- Vai se foder!

Sussurei a ela.

                                             ***

- O que te trás aqui novamente Lucy?

Falou a diretora, já acostumada com a minha visita lá.

- A Srta.Rivers me expulsou da sala...

- De novo?

-É! Mas não foi minha culpa, a vaca da Jull...

- Ei!

Falou ela me interrompendo.

- Em primeiro lugar, não quero escutar nenhum palavreado de baixo calão aqui! Segundo, Lucy eu estou cansada disso! Todo o santo dia você vem e inventa uma desculpa diferente para cada coisa que acontece, eu quero que uma vez na vida você admita seus erros!

- Mas dessa vez não fui eu! É sério!

- Tá bom... eu não quero saber... mudando de assunto, já é hora do recreio, passamos tempo demais aqui falando sobre seus problemas.

- Humpf!

Bufei enquanto saia da sala.

Minhas botas de couro preto estalavam enquanto eu andava furiosa pelo piso molhado da  escola procurando pela Emma.

- Aí está você!

Falei enquanto puxava Emma até o corredor.

- O que houve?

- Nada de mais, só que a diretora deu um sermão inútil para mim e não acreditou em nada do que eu falei.

- Pegou detenção?

- Graças a deus não.

- Que tal a gente parar de falar nisso e ir comer? Eu estou com fome!

Falou Emma batendo no meu braço de leve.

- Eu acho que seria uma ótima idéia...

                                            ***

Depois da aula eu voltei para casa de ônibus, como eu sempre fazia. Chegando lá vi uma coisa que era muito comum pra mim: minha mãe me encarar sentada na cadeira da cozinha me esperando. Alguma coisa ruim tinha acontecido, e a culpa era minha.

- E aí mãe?

Falei puxando uma cadeira do lado dela.

- Posso saber por que você foi novamente chamada na  diretoria?

- Foi uma garota. Ela fez uma piadinha e colocou a culpa em mim.

- Ah...

Suspirou ela colocando a mão sobre a cabeça.

- Mãe?

- Lucy...

- O que é?

- Eu cansei tá bom? Ou suas atitudes, incluindo suas notas, melhoram, ou eu mando você para um psicólogo, internato ou qualquer coisa que seja para fazer você parar!

- Você só pode estar brincando! Caralho! Nem minha mãe não acredita em mim!

- PORRA LUCY, COMO EU VOU ACREDITAR EM VOCÊ SE A ÚNICA MERDA QUE VOCÊ FAZ É ARRANJAR ENCRENCA!

Gritou ela.

O ambiente ficou silencioso por alguns minutos.

- Já entendi, você não confia em mim... e provavelmente nunca vai confiar.

Falei saindo correndo em direção ao meu quarto.

Acidentalmente cai sobre o meu irmão porque eu estava distraída brigando com a minha mãe.

- Merda!

Falou meu irmão quando eu tropecei nele.

- Foi mal!

- Porra Lucy, vê por onde tu anda!

- Eu já falei que foi mal seu otário!

- Tá tanto faz, tu viu meu celular? Tô procurando ele a um tempão.

- Não sei como é que eu vou saber?

- Escuta aqui, se você não achar meu celular eu vou falar para a mãe que foi tu que quebrou aquele vaso de cerâmica caro pra caralho dela!

- Mas não fui eu que quebrei porra!

- Eu sei.

Falou ele me encarando e rindo.

Aquele filho da puta é esperto. Melhor procurar aquela bosta do que mais uma vez levar a culpa por alguma coisa que eu não fiz.

Assim que entrei no quarto vi algo brilhante em baixo de um moletom laranja e fedido um pouco em baixo da cama do meu querido irmão.

Me joguei no chão imediatamente pegando o item tão precioso do meu irmão: o celular dele.

- Tão cego para um gênio maligno...

Falei baixinho.

Naquele mesmo instante o celular fez um ‘’bipe’’ dizendo que tinha uma mensagem nova, e o remetente era um tal de ‘’Eduardo’’.

Bom, dar uma bisbilhotada não faz mal a ninguém.

Comecei a vasculhar mensagem por mensagem até encontrar algo, digamos que, bom o suficiente para poder me vingar do meu irmão.

Sabem esse tal de Eduardo? Então... digamos que ele e meu irmão estavam trocando mensagens a poucas horas atrás sobre ‘’se encontrarem no lugar tal para o show do sei lá quem com uns outros amigos’’ e mais algumas besteiras. Acontece que minha mãe não sabe disso, ela proibiu meu irmão de ir nesse dito show do sei lá quem porque meu irmão tirou 2,0 num trabalho de história, e agora meu irmão vai ir escondido dela.

-Achou meu celular?

Falou meu irmão entrando no quarto.

- Ah sim,  tá aqui ó.

Falei pra ele fechando as mensagens rapidamente.

- Valeu! Agora vaza que eu tenho que sair.

Falou ele me empurrando.

- Você vai aonde?

- Ah eu vou... estudar na casa de um amigo... sabe como é né? É difícil de estudar aqui em casa com essa bagunça.

- Já falou com a mãe?

- Sim, já falei... Agora pode sair? Eu vou me atrasar caralho!

- Tá certo então... hum, só espera um pouco... vai que horas?

- Agora... mas pera aí, pra que esse interesse todo?

- Sei lá! Não posso saber aonde meu irmãozinho vai?

Falei brincando.

- Vai se ferrar.

Falou ele revirando os olhos.

Fiquei um tempo pensando no que eu iria fazer, só contar a minha mãe que meu irmão iria num show não era o suficiente, aliás, a esse ponto meu irmão provavelmente já teria excluído as mensagens do celular dele. Eu precisaria de algo mais concreto para fazer minha mãe ferrar com o meu irmão...

De repente minha mente começou a funcionar mais rapidamente e algo brilhante estava se formando na minha cabeça.

Hum... Se ele vai num show, então ele precisa de... INGRESSOS!!! Era isso o que eu devia procurar! Mas aonde um garoto de 19 anos que reprovou duas vezes colocaria um maldito ingresso?

Minha mãe limpa o quarto dele todos os dias, seria muito estúpido da parte dele deixar um ingresso dentro de uma gaveta, ele tinha que deixar aquela porcaria num lugar em que ela não o achasse.

Havia um único lugar em que nem eu e nem minha mãe não colocávamos as nossas mãos: o carro do meu irmão.

 Imediatamente parti para aquela lata-velha cor azul marinho a procura de um igresso para um show de rap.

Abri o porta luvas e rapidamente identifiquei o pequeno papelzinho dourado ao lado de uma carteira de motorista suja. Estiquei meu braço para pegar o pequeno papelzinho, mas assim que toquei nele escutei uma voz conhecida se aproximar do carro: era meu irmão.

- Calma to saindo de casa agora seu filho da puta!

Falou meu irmão no telefone.

- Tá bom, eu já entendi, eu não vou me atrasar!

Falou ele desligando o telefone e ligando o carro.

Eu estava encolhida no banco traseiro tentando não ser vista pelo meu irmão. Mas e agora? O carro já estava andando e pra piorar eu continuava sem o ingresso em minhas mãos! Eu tinha ferrado tudo! Só me restava esperar meu irmão ir naquele maldito show e com sorte se ele esquecesse o celular dele, eu conseguiria bater umas fotos, roubar o dinheiro dele e voltar pra casa feliz de táxi.

O carro velho fazia um estranho barulho enquanto corria pela decida íngreme e molhada por causa da recente chuva, e já como meu irmão possuía uma incrível habilidade de dirigir eu fiquei um pouco com medo. O carro tremia e balançava um pouco e em um desses balanços eu soltei um ‘’Ai!!!’’  porque minha cabeça havia batido no teto do carro.

- Mas o que? O que você tá fazendo aqui sua vadia de merda!?

Gritou meu irmão se virando um pouco para trás para bater em mim.

- Vai tomar no seu cu! Eu vi suas mensagens seu babacão!

Falei revidando com um soco no braço dele.

- Aí! Isso doeu  sua...

- Sua o que? O gato comeu sua língua otário?

- Você é uma... PUTA MERDA!

Meu irmão olhou aterrorizado para o carro de luxo virando a esquina lentamente a uns 10 metros da gente.

Ele tentou frear mais o carro estava a uma velocidade tão grande e estava tão perto do outro carro que aquilo não funcionou.... Nos meus últimos segundos consciente olhei para o carro derrapando com movimentos selvagens e vi um rosto familiar totalmente assustado.

Eu estava prestes a reconhecer aquela pessoa, mas foi aí que meu corpo começou a voar em slow-motion  na direção do vidro frontal do carro, eu podia sentir os pequenos caquinhos de vidro penetrando no meu rosto.

De repente tudo ficou preto.


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