O quarto estava sendo apenas iluminado por um abajur ao lado da cama, não havia barulho algum na rua, assim como também não havia pessoa alguma. Não era tão tarde da noite, mas também não era tão cedo. Quinn tinha acabado de chegar da festa, muito cansada, mal via a hora de deitar em sua cama, e quando deitou, sentiu um alivio ser transmitido por todo o seu corpo. 

O envelope branco estava em suas mãos, não tinha o deixado desde que decidiu fazer parte deste jogo maluco de Jesse. Mas parecia ser pelo menos divertido, afinal, era só ela dar para ele o que ele queria, que ela teria o que ela queria. Simples assim. Deixou o envelope ao lado do abajur, apagando-o, e se virou de lado, pensando que finalmente iria dormir.

Ouviu os passos de seu cachorro vindo para o quarto, e logo viu que ele tinha subido na cama, ela sabia que ele ia ocupar mais da metade da cama, pelo fato dele ser maior do que ela, mas mesmo assim o deixou lá.

-Só me faça um favor, não babe na minha cama - ela disse para Sammy, enquanto ele se ajeitava.

Tentou dormir, e demorou apenas duas horas para ela desistir e se convencer que aquilo era um plano estúpido. Seu corpo estava implorando para algum tipo de descanso, porém a mente dela estava muito agitada para pelo menos pensar em dormir.

Sem ter o que fazer, e na inquietude que estava,  procurou algo, mas nada adiantava. Deitou-se na cama de novo, frustada por nada adiantar. Então viu o envelope, apenas lá, inquieto, ao lado do abajur, e sentiu vontade de ler ele, afinal, ela queria saber o que Jesse havia escrito naquele tão misterioso envelope. 

Abriu o envelope, o rasgando, e dentro dele havia apenas uma folha, onde estava escrito no topo dela: "Rachel, eu gosto de você". E depois de ler isso, Quinn somente deixou a folha cair no chão.

Jesse só podia estar de brincadeira.

Ela tinha que consertar isso. Não acreditava que ele havia escrito somente isso para Rachel. Nunca, em razão alguma, ela iria se apaixonar por ele assim, a carta tinha que ser algo mais complexo.

Ela resolveu que ela mesma iria fazer a carta. Sentou-se na sua escrivaninha e pegou um papel e uma caneta para poder começa-lá. Mas o problema era, como começar? Tudo o que ela sabia é que ela devia ser arrogante que nem Jesse, mas a arrogância não a faria conquistar Rachel, então ela teria que ser encantadora, mas não sabia como ser encantadora... Talvez se ela escrevesse a carta como uma pessoa tímida, daria tudo certo.

Querida Rachel...

Não, parecia que elas tinham alguma intimidade.

Cara Rachel...

Muito formal.

Rachel...

Perfeito.

Rachel,

Eu não sei como começar isso. Não sei como colocar em simples palavras o que eu sinto por ti, parece que elas simplesmente não saem, como se estivessem presas em algum lugar inalcançável da minha garganta.

Mas acho que posso dizer que gosto de você, eu realmente gosto de você. Eu gosto...

Começou a pensar nas características físicas de Rachel. Ela a tinha visto tão poucas vezes que mal sabia como ela se parecia. Sabia. pelo menos, que ela tinha longos cabelos castanhos. Isso já era um começo. Ela também era baixinha, mas seria rude falar da altura dela. Ela tinha... Olhos castanhos. Somente o cabelo e os olhos já eram o suficiente para falar dela.

...Eu gosto de seus olhos, que se parecem com aquele chocolate negro que desejamos ter. Seus cabelos são lindos, e aparentemente muito macios. Mas não é somente isso que gosto em você, gosto de você por inteiro, desde seus pés até o último fio de cabelo.

Rachel Berry, eu gosto de você. Porém eu sei que serei apenas mais um de sua longa e extensa fila de pretendentes. Pois você, é simplesmente e perfeitamente... Você.

Quinn não tinha mais o que falar sobre Rachel, somente isso, mas ela precisava de algo grande para terminar a carta, algo maior que o "P.S.: Eu te amo". Mas ela não sabia o que colocar, a não ser...

Sinceramente seu, 

Admirador secreto.

Era isso. A carta estava finalmente pronta. E finalmente, sem interrupção alguma, Quinn podia dormir tranquilamente.

Xxx

A escola inteira estava de ressaca. Até mesmo Quinn estava com um sono imenso, mas nada comparado aos outros alunos, eles estavam acabados, dormindo encostados nos armários ou até mesmo vomitando em latas de lixo. Talvez agora eles aprendessem a não festejar durante a semana.

Se dirigiu diretamente para seu armário, e logo percebeu que havia alguém que tinha conseguido um armário perto do seu, e por mais incrível que parecia, essa pessoa era a própria Rachel Berry. 

Abriu seu armário sem olhar para ela, não gostava de falar com as pessoas logo tão cedo, era como se fosse um ritual de manhã. Porém ela tinha a sensação estranha que Rachel ia falar algo para ela. E antes mesmo de pegar seus livros, sua sensação se provou certa.

-Olá, você é Quinn Fabray, não é? - Perguntou ela.

-Sim, eu sou Quinn Fabray.

-Eu ouvi falar tanto sobre você, eles dizem que você é muito fria, e grossa, mas eu não acho que você seja isso. Eu queria te conhecer para ter certeza que você não o que eles dizem, sabe? A tal rainha do gelo - ela deu uma risada antes de continuar. - Sabe, eu não sei por que você me lembra tanto de filmes de suspense e terror. Sempre que eu vejo algum filme de terror, eu lembro de algo que me dizem sobre você. Enfim, eu sou Rachel Berry, prazer.

-Eu sei quem você é...

-Oh, então o que falam sobre mim? 

-Que você fala muito. - Quinn disse sem pensar, e logo percebeu que foi grossa com ela, porém antes de pedir desculpas, só ouviu o riso dela.

-Você é engraçada, Quinn. De qualquer forma, eu tenho História agora, te vejo pelos corredores?

-Sim, uhn... Berry, espere! Eu tenho isso para te entregar - ela pegou a carta que havia escrito naquela madrugada na bolsa e entregou-a para Rachel. - Bem, só isso.

-Primeiro, ninguém me chama de Berry. É estranho. Me chame de Rachel mesmo. E segundo, bem, obrigado por me entregar. Até mais, Quinn.