O Gelo e o Fogo escrita por Sídhe


Capítulo 15
Capítulo 11 - Fogos de artifício (Parte I)


Notas iniciais do capítulo

Sim, aqui estou eu às 4 horas da manhã acordada para postar uma parte do que vem a seguir. Deveria completá-lo logo, mas vou ter provas esses dias e então quis postar agora. Já já sai o resto... Ah, e novos leitores que apareceram nos reviews, sejam bem-vindos!
Espero que gostem e boa leitura.



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Leo estava pensando na conversa que tivera com Thalia, vestido com uma camiseta velha e desbotada e um calção simples. Ele não conseguia dormir na cama de sua suíte (Os Mclean sabiam como hospedar uma pessoa), sua cabeça tinha mil pensamentos ao mesmo tempo, parecendo querer explodir a qualquer segundo. Se ela não tinha namorado, era uma chance a mais. E ele dissera que esperava que um dia ela visse um fantasma: Cubra-se de farinha e pergunte se ela quer namorar com você, pensou sarcasticamente.

Não adiantava, não conseguia dormir com tudo aquilo passando por sua mente. O garoto se levantou e se dirigiu para a sala, procurando atravessá-la e pegar um copo d'água na geladeira, e quem sabe alguma coisa para beliscar e distraí-lo.

Em vez disso, ele encontrou Reyna.

Ela, sentada de pijamas no sofá, tamborilava os dedos na tela apagada de seu celular, descalça e com os cabelos presos num baixo rabo-de-cavalo. Reyna falou quando o viu chegar ali:

- Não consegue dormir?

Ele suspirou, dessa vez sem nenhuma animação ou sorriso louco.

- Tem uma certa capitã de softball que não me deixa tirar uma pestana - Ele se sentou no sofá ao lado dela, pedindo espaço e, como costumavam fazer, ficou sentado numa ponta do sofá e ela na outra, dividindo o móvel com as pernas esticadas de frente para o outro.

- Somos dois, então.

Leo puxou a boca para um canto, se preparando para falar.

- Perguntei para ela se tinha namorado e ela disse que não.

Reyna levantou uma sobrancelha.

- Essa foi sua pergunta? - Seu tom não queria ofendê-lo.

- Idiota, eu sei.

- Mas você é um. - Ela levantou as sobrancelhas e voltou sua atenção para o celular em suas mãos. - Ou quase.

- Obrigado pela parte que me toca - Leo murmurou, pura ironia. Ele deu um pequeno empurrão com o pé no cotovelo dela - E você, dulzura, o que faz acordada? Vai me dizer que está com fome?

Ela negou com a cabeça, naquele seu olhar típico e penetrante.

- Essa viagem está me deixando nos nervos - Reyna disse, suspirando - Drew é insuportável. Pensei que passar uns tempos perto dos amigos seria bom para mim, mas...

Leo completou para ela:

- Jason está aqui. - A garota assentiu para a frase, deixando alguns fios de seu cabelo escuro caírem em seu rosto. - Parece que nenhum de nós dois está com muita sorte.

- Você está - Ela falou - Ela está sozinha, você também. Apenas não sei se Thalia gosta de você. Ela pode ser minha melhor amiga, mas ninguém sabe o que se passa no coração de outra pessoa.

A frase o fez refletir. Ele tinha o olhar preso no rosto de Reyna.

Ela riu, sem graça, ainda olhando para a tela apagada do celular. Para Leo, não importasse quando, vê-la sorrir era algo totalmente estranho e inesperado.

- O quê? Tenho alface no meu dente? - Perguntou, passando a língua nos dois dentes dianteiros.

- É só que... - Ela fez uma pequena pausa. Eles falavam baixo, tentando não acordar os outros dormindo - Olhe o tamanho desta casa, Valdez. A família Mclean é extremamente rica. Mas aqui estamos nós, lutando para ocupar o mesmo sofá. Creio que porque nos acostumamos em estar apertados em uma pequena casa. - Leo não queria sentir vergonha de si mesmo por ter uma família não-rica, mas do jeito que Reyna falava era como se ela preferisse viver em sua casa que na grande mansão de praia - Às vezes eu penso que isso é como um tipo de...

Ela parou novamente, e dessa vez não continuou.

- Como o quê? - Leo perguntou, curioso.

Ela se levantou de repente, saindo do sofá e soltando os cabelos, se preparando para dormir.

- Nada - O seu tom frio voltara - Vamos dormir. Procuraremos um plano amanhã.

- Mas você disse que não conseguia dormir.

Reyna quase ia embora antes que ele, numa súbita ideia, perguntasse:

- Você já viu um fantasma?

Ficaram alguns segundos de silêncio antes que ela respondesse, com a voz trêmula e de costas para o garoto.

- Eu não acredito mais em fantasmas.

Ela começou a andar e foi para seu quarto sem olhar para trás.

...

Quando Leo voltou para o quarto, estranhou o fato de haver alguma coisa encima de sua cama. Que ele se lembrasse, não havia deixado sua mochila ou qualquer outra coisa ali.

Tirou o lençol e gritou. Havia uma gosma verde meio transparente fazendo a forma de uma pessoa na cama, marcando no lençol o contorno de alguém que havia estado ali. Aquilo parecia... fantasma? Não, que coisa mais idiota para se pensar, Valdez. Ele, ainda com a mão hesitante, tocou a gosma verde e trouxe os dedos para próximo de seu nariz... Alga marinha?

No instante seguinte Reyna havia entrado com passadas firmes em seu quarto e fechado a porta, parecendo apenas alarmada, mas não assustada. Ela olhou para a cama do garoto e para sua mão suja. Segurava um lençol manchado de verde na mão.

- Também está na minha. Alguém fez isso enquanto estávamos na sala. - Jogou o lençol num canto, encima de uma cadeira. - Deve ter sido Drew. Só pode ter sido Drew.

- Certeza que foi alguém? - Leo pareceu nervoso - Não é como se tivesse um monstro de alga por aqui, é?

Reyna nunca parecera mais incrédula.

- Francamente, Le-

Alguém começou a bater na porta com força, a interrompendo no meio da frase, sendo que nem ao menos trancada estava. Leo foi para mais perto da garota e cutucou seu ombro, olhando fixamente para o lugar de onde vinham as batidas; alguma coisa lhe dizia que Reyna fazia o mesmo.

Isso sim foi alguém - Leo murmurou e a outra assentiu, sem tirar os olhos da porta.

Mais batidas vieram do outro lado do quarto, fazendo Reyna e Leo ficarem de costas um para o outro, como se aquilo pudesse lhes dar proteção. A janela que ocupava toda a parede estava com a cortina fechada, não os deixando ver quem estava batendo com força no vidro. As batidas vinham cada vez mais fortes, os fazendo variar olhares desesperados da janela para a porta e, de vez em quando, um para o outro.

- O que me diz agora? - Reyna não sabia como ele poderia manter o tom divertido, mas assustado, naquele momento.

Ela resmungou, começando a se assustar mais com as contínuas batidas estourando seus tímpanos.

- Fantasmas não existem! - Ralhou.

De repente, o silêncio imperou. A garota correu para a janela a contra-gosto de Leo e abriu as cortinas azuis escuras com força.

- Não tem ninguém aqui - Murmurou num tom vago, os olhos arregalados e vazios.

Leo caminhou até a porta e a abriu, com a mão tremendo na maçaneta prateada. Quando ele viu que quem - ou o quê - havia batido não estava ali, deu um olhar desesperado à garota em seu lado.

- Reyna, vamos dar o fora dessa casa.

Ela o deu um olhar raivoso, como se a ideia fosse absurda. Abriu caminho colocando a mão no peito dele, para logo depois o puxar pela camisa até o sofá mais próximo e o largar ali, obrigando-o a se sentar.

- Não seremos ridículos, Valdez - O garoto levantou uma sobrancelha ao ouvir seu sobrenome. Ele levantou o indicador para argumentar, mas ela o interrompeu antes mesmo que o som saísse de sua boca, passando a andar de um lado para o outro - Isso foi feito por alguém, tenho certeza absoluta. Monstro da alga, francamente? - Cruzou os braços - Mesmo de brincadeira, temos 17 anos, Leo. Isso já é motivo suficiente para sermos mais maduros.

Ele fez uma cara irônica.

- E nós estamos planejando assustar alguém.

- Os motivos são outros - Ela rebateu, parando de andar e o encarando. Olhou pelas grandes janelas da sala, vendo o sol nascente tingindo a água do mar com sua cor, e suspirou. - Já é de manhã. Nós fomos assustados e não conseguimos dar ao menos um arrepio em Thalia. - Sentou-se no outro sofá ali na sala, apoiando a cabeça nos braços sobre os joelhos.

Leo se deitou, colocando os braços sobre a cabeça. Ele não conseguia pensar em nenhuma maneira de assustar a garota para o dia de Príncipe-Salvador-Valdez.

- E como vamos fazer isso? - Disse Leo.

- Fazer o quê? - Uma voz diferente soou na sala. Ambos levantaram a cabeça e viram Jason, ainda apenas com a calça do pijama, e Reyna tentou não dar importância àquele fato enquanto se levantava de supetão, abrindo e fechando a boca, tentando falar algo que não conseguia - Vocês não estão acordados muito cedo? O que exatamente estão fazendo aqui juntos? - Sua voz era duvidosa.

- Jason! - Reyna exclamou, sem graça pela forma que ele havia dito aquilo - Nós apenas... - Ela parou - Você também está acordado cedo demais. - Suas sobrancelhas se franziram - Até onde você nos ouviu?

Ele cruzou os braços e sorriu, e a garota engoliu em seco para a cena. Leo rolou os olhos, como se a cena fosse algo irrelevante.

- Eu posso ajudar.

O quê?! - Os outros dois disseram juntos.

Jason deu outro sorriso.

- Sou irmão dela, não sou? Mais um motivo para dar um susto. Piper pode ajudar.

Reyna não fez uma das melhores caras.

- Piper também sabe disso?

- Ela conhece a área bem - Falou Jason, encarando a garota com seus olhos azuis.

- Eu acho que ela não vai gostar muito da ideia. - Leo comentou.

O loiro gesticulou um okay com a mão:

- Convencerei ela. Relaxe. - E saiu de volta para seu quarto.

Leo e Reyna se entreolharam.


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Notas finais do capítulo

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