Eu Não Mudaria Nada Em Você - Segunda Temporada escrita por Amanda Suellen


Capítulo 38
Aprendendo a Superar


Notas iniciais do capítulo

Cap especial dedicado para a boneca da "Feelings Refugees", amei sua recomendação, muito obrigada s2

Notas Finais, amores.



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Tínhamos passado a tarde toda “assaltando” as lojas. Nova York era o melhor lugar para se fazer compras. E olha que dessa vez eu estava de fato animada com toda essa andança. Tenho certeza que a Nanda adoraria andar por todas essas lojas e comprar tudo que visse pela frente. Uma onda de saudades bateu em mim e eu senti um aperto no peito.

Victória: Ei, por que parou? – perguntou ela com um olhar preocupado.

Juliana: Estarmos aqui hoje... Sem a Nanda é... Estranho, você não acha? Quer dizer, era parte do nosso plano nos mudarmos todos para os Estados Unidos, por Deus! A maior parte foi a Nanda que se encarregou!

Pietra: Jú... – ela começou, mas eu levantei minha mão parando-a.

Juliana: Sim, sim. Eu sei. Ela está em um lugar melhor e blá, blá, blá. Mas mesmo assim dói sabe? Dói saber que vamos realizar nossos sonhos, juntos, e ela não. Dói saber que a qualquer momento o Math pode cair na real e se dar conta que não está feliz. Que está apenas mentindo pra si mesmo. E então, o que faremos? Não quero vê-lo novamente como estava quando ela morreu. Foi horrível!

E realmente foi. Ele tinha enlouquecido. Tia Patty obrigou-o a passar em um psiquiatra, claro que ele ainda se consultava com o Dr. Lowa, mas agora por telefone. E também não é assim tão frequente como era no começo. Ele fez progresso, mas e se em um momento ou outro ele simplesmente... Desabar de novo? Estremeci só de pensar nisso e vi Lara piscar as lágrimas para longe, para ela foi difícil ver a melhor amiga sendo enterrada.

Lara: Ele vai superar, Jú. Assim como nós. Precisamos seguir em frente. Todos nós. Não apenas você, ou eu, mas todos.

Juliana: E se não conseguirmos?

Victória: Vamos apenas fazer o nosso melhor, ok? Um passo de cada vez.

Respirei fundo e assenti. Elas estavam certas. Eu não podia me deixar paralisar assim. Eu já lidei uma vez com a morte de Josh, apesar de não ter sido de uma forma muito sabia, mas lidei. E agora precisava estar firme para o Math e todos os outros.

Pietra: Bem, graças a Deus que aquele filho da puta do Apolo está internado! Juro que se não tivessem achado o corpo dele arremessado naquele barranco antes de mim, eu mesma teria o feito parar de respirar! O bastardo é sortudo, quero dizer, ele perdeu os movimentos das pernas e tal, mas porra, a Nanda morreu! – murmurou exasperada.

Lara: Ei! – gritou ela – Chega, ok? Não vamos mais falar disso. Por favor?

Murmuramos desculpas a ela e decidimos ir à praça de alimentação, estávamos ficando esgotadas e não tínhamos comido nada desde que desembarcamos. Chegando a praça vi um sorriso malicioso brotar no rosto de Pietra e me virei para ver o que é que ela olhava.

Juliana: Ai. Meu. Deus. – murmurei incapaz de tirar o enorme sorriso do meu rosto. Lara e Victória seguiram em direção ao meu olhar.

Lara: Ah, não! – rosnou fechando a cara. Victória riu e balançou a cabeça.

Pietra: Vamos, garotas. – chamou ela andando em direção ao que nos chamou atenção.

Lara: Espera, você não está querendo que nós vá lá, né? Por favor, a menina simplesmente derramou suco em mim e depois me insultou!

Victória: Não seja uma megera, vai. Você mereceu o insulto, agiu como a Alice e a cadela da Natália.

Lara: Eu não! – disse na defensiva.

Juliana: Sim, você sim. Agora, deixe de graça e vamos lá dizer “olá” para a menina.

Lara: Por quê?

Pietra: Ora por que! Você não viu como o Math a olhou? Ou então o jeito que ele sorriu bobamente enquanto ela te insultava? Ta na cara que ele gostou dela.

Lara: E daí?

Victória: E daí que vamos perguntar-lhe seu nome e talvez até possamos dar uma “ajudinha” pra ele.

Lara: Não. De jeito nenhum! – resmungou ela dando meio volta – Eu não vou fazer isso com a Nanda.

Juliana: Fazer o quê? – estreitei meus olhos a fim de desafiá-la a falar. Ela não estava realmente dizendo que estamos traindo a Nanda, não é? Quer dizer, falar sério, o Math precisa seguir em frente.

Lara: Você sabe o quê – retrucou pegando seu telefone – Ela acabou de morrer e vocês estão realmente jogando o Math pra cima de outra?

Pietra: Ninguém está falando que ele precisa se casar com ela!

Victória: Apenas queremos que ele conheça novas pessoas e se ele gostou dela... Que mal há? Você não quer vê-lo feliz?

Lara: Claro que quero! Só não acho certo ele correr para a primeira que vê.

Juliana: E quem foi que disse que ele está fazendo isso? – gritei exasperada. Ela realmente estava me tirando do sério. – Ele passou nove meses chorando e se culpando pela morte dela. Todos sabemos o quanto ele ainda sofre, você acha que foi fácil pra ele tomar a decisão de se mudar pra cá? De deixar de ir visitar o tumulo dela todos os dias? Não! Não foi! E agora, você está definitivamente sendo uma cadela desprezível.

Victória: Jú – ela disse se aproximando de mim – Relaxa.

Eu estava respirando asperamente. Como é que a Lara não podia ver o quanto terrível era sua atitude sobre Math conhecer alguém?

Lara: Olha, se vocês querem fazer isso... – ela abriu as mãos em gesto de quem não dá à mínima e continuou – Vão em frente. Só não me façam fazer parte disso. Por eu não vou. – então virou as costas e saiu da praça de alimentação.

Ficamos ali, paradas, vendo a Lara se afastar. Senti uma mão em meu ombro e me virei para ver a Pietra me dando um pequeno sorriso.

Juliana: Estamos fazendo algo bom, certo? – sussurrei com a voz embargada.

Pietra: Claro, amiga. A Lara só está protegendo o lugar da Nanda. É compreensível. Logo ela vê que ninguém será capaz de tomar o lugar da Nanda. Ela era única.

Victória: Bom, o que acham de irmos lá de uma vez? – indagou animada, suspirei e as segui até a garota do avião, que estava sentada em uma mesa de canto junto com outra menina.

XxX: Hum... – disse a amiga dela vendo-nos se aproximar.

Pietra: Oi! – cumprimentou animada.

XxX: É... Oi. – murmurou a garota do avião, meio desconfiada da nossa repentina aparição.

Juliana: Vimos você aqui e resolvemos passar para dar um “oi”, sabe? – expliquei e ela assentiu lentamente – Não fomos apresentadas devidamente. Juliana Tores – estendi a mão para cumprimentá-la.

Ellie: Campbell – respondeu ela, arqueei a sobrancelha para ela – Ellie Campbell. E essa é minha irmã, Catrina Campbell.

Pietra: É um prazer conhecê-las. Pietra Mitchell. E essa belezinha do meu lado – disse ela apontando pra Tori, enquanto a mesma ria – É Victória Alter.

Catrina: O que acham de se juntarem a nós para um lanche? – propôs querendo conhecer mais nós. Sorri docemente assim que sentamos.

...

Depois de horas e horas conversando com as duas na praça de alimentação, finalmente recebemos uma ligação do Travis perguntando que horas chegaríamos e nos lembrando do jantar com sua família. Despedimos-nos das meninas, mas antes passamos o número do Math e dissemos para elas nos ligarem, marcando uma saída num clube que ela e sua irmã iriam hoje.

Victória: Cara, ainda não acredito que vocês duas simplesmente passaram o número do Math, fingindo ser o de vocês pra Ellie! Ele vai matá-las!

Pietra: Ah, ele vai é nos agradecer! – disse rindo e se dirigindo para a porta da frente de nossa casa.

Juliana: Estamos atrasadas. Temos que nos arrumar logo. – ralhei subindo as escadas correndo. Elas seguiram para seus quartos e eu entrei no meu.

Agora que morávamos todos juntos, cada uma de nós dividia o quarto com o nosso namorado. Encontrei o Travis em frente ao espelho arrumando sua gravata, ele me sorriu aquele sorriso sexy e eu corri para seus braços. Pulando em cima dele. Ele me pegou e riu.

Travis: Opa! Qual o motivo da alegria, Jujuba?

Juliana: Nada de especial, amor. Apenas a vida sendo boa. – murmurei me apertando em sua volta.

Travis: Tudo bem. Vá se arrumar. Estamos atrasados. – disse me soltando e dando um longo beijo em minha testa. Pisquei-lhe antes de ir para o chuveiro.

Feeling my way through the darkness

Guided by a beating heart

I can't tell where the journey will end

But I know where to start

They tell me I'm too young to understand

They say I'm caught up in a dream

Well life will pass me by if I don't open up my eyes

Well, that's fine by me

So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

I tried carrying the weight of the world

But I only have two hands

I hope I get the chance to travel the world

But I don't have any plans

I wish that I could stay forever this young

Not afraid to close my eyes

Life's a game made for everyone

And love is the prize

So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

I didn't know I was lost

I didn't know I was lost

I didn't know I was lost

I didn't know I was lost

Sai do banheiro ao som de Avicii – Wake me Up. Remexi a cabeça e gritei para o Travis, adoro essa música! Ele riu e balançou a cabeça. Estava com um vestido vermelho longo, havia cortado meu cabelo um pouco abaixo do ombro fazia pouco tempo e o pintei de loiro, Travis passou quase um mês dizendo como amou minha pequena “transformação”, e as meninas concordaram que eu estava com uma cara mais “descente”. Mas assim como eu, todos fizeram uma pequena “transformação” no visual e na personalidade. Pietra que era dona de longos cabelos castanhos escuros decidiu repica-lo todo em camadas um pouco acima da cintura e os pintou de louro avermelhado encima, com as pontas pro roxo, um arraso que só! Anna se decidiu por cortar uns três dedos e fazer umas luzes loiras, para dar um toque a mais em seu cabelo castanho claro. Ficou com um ar mais sexy, maravilhoso! Lara não quis cortar seus longos cabelos chocolate e nem mesmo pintá-los, então apenas resolveu tirar os cachos que mantia e deixá-los mais “natural” com mechas lisas e onduladas. Nossa doce Kate se decidiu por escurecer um pouco o cabelo castanho claro e usar o look cacheado nas pontas. A que mais fez mudanças tirando a Pietra, foi a Lola, que apareceu com umas mexas californianas louras e com o cabelo em camadas, perfeito! Tori, assim como Lara, não quis nem cortar e nem pintar o cabelo, apenas optou por manter seus cabelos lisos.

Travis me abraçou por trás e eu apoiei minha cabeça em seu ombro.

Travis: Você está linda. – falou em meu ouvido e eu lhe sorri.

Juliana: Posso lhe falar uma pergunta?

Travis: Claro, Jujuba.

Juliana: Se eu morresse e você estivesse tentando seguir em frente, e as meninas te ajudassem a encontrar outra garota, uma garota legal. Você ficaria bravo com elas?

Travis me virou de frente pra ele e juntou as sobrancelhas, como se tivesse que pensar muito para responder isso. Ele então passou uma das mãos em minha bochecha e fixou o olhar em mim.

Travis: Eu não sei se ficaria bravo. Talvez incomodado.

Juliana: Por quê?

Travis: Você é a mulher da minha vida e se eu te perdesse... Não sei, acho que não seria capaz de amar mais ninguém.

Juliana: Travis...

Travis: Não – ele me cortou – Eu sei que você acha que está fazendo a coisa certa, assim como as meninas, mas o Math precisa de tempo. Se ele realmente gostou da menina do avião, bem, então ele que dê o primeiro passo. Por favor, não se intrometa, Jujuba.

Mordi o lábio e ele cerrou os olhos, desconfiado.

Juliana: E se por coincidência eu acabei “esbarrado” na Ellie?

Travis: Ellie? Quem é Ellie?

Juliana: A menina do avião!

Travis: O quê... Juliana, o que foi que vocês fizeram? – perguntou sério. Merda, Juliana? Sério? To ferrada.

Juliana: Hum... Nós meio que passamos o número dele pra ela.

Travis: Defina o “meio”?

Juliana: Tipo, ela e a Catrina convidaram todos nós para um clube aqui perto, só que então nós temos compromisso com seus pais hoje e tal. Dissemos pra elas nos ligarem para marcar numa outra noite e quando a Ellie pediu o nosso número... Bem, passamos o do Math.

Travis: Jujuba! – ele bateu na testa e depois um sorriso malicioso surgiu em seus lábios, olhei-o confusa – Ele vai te matar.

Juliana: Tori disse a mesma coisa.

Travis: Você não tem jeito mesmo, não é?

Juliana: Eu fiz isso por uma boa causa!

Travis: Ah é? Bom, explique isso para ele – apontou para a porta e eu lentamente me virei para ver o Math parado com um olhar fulminante.

Chutei-me interiormente e tentei um sorriso.

Matheus: Que porra você estava pensando?

Juliana: Não sei do que você está falando – me fingi de desentendida.

Matheus: Não se faça de idiota. A Ells acabou de ligar. No meu telefone! Disse que você e a Pietra passaram pra ela ligar e falar com vocês.

Ok. Ele estava explodindo de raiva, mas que raio de “Ells” foi esse? Hum.

Juliana: Ells, hein? Até apelido já tem! – riu enquanto ele corava.

Matheus: Jú, não tem graça! Como é que você faz isso comigo?

Juliana: Ei, eu não fiz sozinha, sabe? E outra, ela é bacana.

Matheus: E o inferno que ela é bacana? A minha noiva acabou de morrer, merda!

Senti como se tivesse levado um tapa na cara, as mãos macias e quentes do Travis apertaram levemente meu braço, me dando conforto. Pisquei as lágrimas para longe enquanto via todos se aglomerando na porta do quarto.

Pietra: Droga, Matheus! A gente só quer o seu bem!

Matheus: ao pedi para fazerem nada!

Juliana: Fizemos porque te amamos! Sabemos que você gostou da Ellie, mas assim como a Lara, você está pensando que vai trair a Fernanda. Quer saber o quê? Vocês não vão! A Nanda ia querer que você seguisse em frente e encontrasse alguém que o ama!

Eu estava tremendo. E eu vi o Math respirar rapidamente, tentando controlar seu temperamento. Não era essa a reação que eu esperava.

Guilherme: É melhor vocês dois se acalmarem. Não querem falar as coisas no momento da raiva, só da merda.

Lara: Não, Gui. Deixa a Juliana falar o quanto já está cheia de ter que se lembrar da Fernanda e como ela quer colocar uma qualquer em nossas vidas.

Victória: Lara! – gritou ela e eu arregalei os olhos, minha cabeça doía e de repente era como se tivesse tomado um soco no estomago.

Travis: Respire, Jujuba – ele sussurrou em meu ouvido.

Pietra: Eu não posso acreditar que você disse isso! Pra que agir dessa forma? Apenas demos o número dele, nossa grande coisa! É só ele falar pra ela não ligar mais. Simples. Acho que você e ele estão agindo assim, porque estão com medo de seguirem em frente e esquecerem a Nanda. – disse ela exasperada para a Lara.

Lara: Oh, por favor! Cale a boca! – retrucou.

Caíque: Lara, para com isso. – falou ele assustado pelo modo que a namorada estava agindo.

Lara: Vai apoiar o que as duas fizeram?

Caíque: Não estou apoiando ninguém. Nem sei a história toda, mas seja qual for, vale mesmo a pena essa briga?

Ela ficou quieta por um momento me encarando, depois saiu para seu quarto e bateu a porta.

Matheus: Foda-se. – disse antes de sair também.

Ficamos todos olhando um para o outro, soltei a respiração que nem sabia que estava segurando e lágrimas rolaram pelos meus olhos.

Rafael: Jú, não liga. Ela falou aquilo no calor do momento.

Lucas: As palavras são as únicas coisas que não podemos retirar depois de ditas – sussurrou ele bravo por ela ter agido daquela forma comigo.

Travis: vocês podem, por favor, me deixar falar com ela um minuto? – pediu olhando para eles.

Guilherme: Claro – disse enquanto se retiravam.

Travis olhou para mim com dor nos olhos e eu desviei meu olhar dele.

Travis: Jujuba, olha pra mim.

Juliana: Não.

Travis: Por favor? – pediu segurando em meu rosto e levantando para cima, assim não teria outra opção se não olhar pra ele. – O que é que está acontecendo?

Juliana: Nada!

Travis: Você não é assim, Jujuba. Depois hoje a Nanda morreu o Math não foi o único que... Perdeu-se. Você está toda cheia de atitude, se mostrando forte e dizendo que eles têm que superar. Mas e você, Jujuba? Já superou?

Lágrimas e mais lágrimas caiam agora descontroladamente e meu coração doía tanto que parecia que uma faca havia sido atravessada por ele.

Juliana: Eu só... – sussurrei sem palavras – Sinto tanta falta dela, sabe? Se eu não falar dela, ou então pensar nela... Então... Então eu fico bem, entende? Mas se eu lembro... Apenas... Perco-me de novo. E eu não faço ideia de como fazer a dor passar. – ele me abraçou apertado e eu solucei seu peito – Dói tanto.

Travis: Eu sei. – o ouvi fungar ao dizer isso.

Semanas Depois

Ellie Narrando - Especial

Há duas coisas na vida que sempre assustam o inferno para fora de mim. Acordar no meio da noite e descobrir um fantasma, com a sua cara transparente enfiada em mim, era uma delas. Não é provável acontecer, mas ainda assim muito, muito esquisito de pensar. A segunda coisa é entrar atrasada em uma sala de aula lotada.

Eu absolutamente detesto estar atrasada.

Eu odeio que as pessoas virem e me olhem, o que sempre fazem quando entramos em uma sala de aula um minuto após a aula começar.

Foi por isso que eu tinha traçado obsessivamente à distância no Google entre meu apartamento, em Columbia University, e o estacionamento designado para estudantes, no fim de semana. E eu realmente dirigi duas vezes no domingo para me certificar que o Google não estava me desviando do caminho.

1,9 quilômetros para ser exata.

Cinco minutos de carro.

Mesmo assim, eu ainda saí 15 minutos mais cedo para chegar 10 minutos antes da minha aula das 09h10 começar.

O que eu não planejei foi o tráfego de uma milha de comprimento no sinal de ‘pare’, porque Deus não permitiria que algum dia houvesse um semáforo de verdade nessa cidade que nunca dorme, ou o fato de que não havia absolutamente nenhuma vaga sobrando no estacionamento do campus. Eu tive que estacionar na estação de trem ao lado do campus, perdendo um tempo precioso procurando moedas para pagar o serviço.

“Se você insiste em se mudar de casa com a sua irmã, pelo menos fique em um dos dormitórios. Eles têm dormitórios lá, não têm?” A voz da minha mãe se infiltrou através de meus pensamentos quando eu parei em frente ao Edifício de Ciências, sem fôlego por correr a ladeira mais íngreme e inconveniente da história.

É claro que eu não tinha escolhido ficar em um dormitório, porque eu sabia que, em algum momento, os meus pais apareceriam aleatoriamente e iriam começar a julgar e a conversar, e eu prefiro me chutar no rosto antes de submeter um inocente a isso. E há também a segunda razão pela qual não me mudei para um dormitório, não havia jeito de Catrina ser minha companheira de quarto. Sabe-se lá que louca eu encontraria para companheira! Em vez disso, peguei o dinheiro que eu e Catrina ganhamos trabalhando como barmen, e aluguei um apartamento de dois quartos próximo ao campus.

O Sr. e Sra. Campbell odiavam isso.

E isso me fazia a mim e a Catrina muito feliz.

Mas agora eu estava lamentando o nosso pequeno ato de rebeldia, porque, enquanto eu corria para fora do calor úmido de uma manhã de final de agosto e entrava para o prédio climatizado, já era 09h11 e minha classe de astronomia era no segundo andar. E, por que diabos eu escolhi astronomia?

Talvez porque a ideia de ficar sentada em outra aula de biologia me fez querer vomitar? Yep. É, foi isso.

Corri até a escadaria larga, corri através das portas duplas e bati direto em uma parede de tijolos.

Tropeçando para trás, meus braços se debateram como um guarda em um cruzamento. Minha bolsa lateral escorregou, me puxando para um lado. Meu cabelo voou na frente do meu rosto, uma mecha preta que obscureceu tudo enquanto eu oscilava perigosamente.

Oh meu Deus, eu estava caindo. Não havia como parar. Visões de pescoços quebrados dançaram na minha cabeça. Isso ia ser ruim... Algo forte e duro passou em volta da minha cintura, parando minha queda livre. Minha bolsa caiu no chão, derramando livros caros e canetas pelo chão brilhante. Minhas canetas! Minhas canetas gloriosas rolaram em toda parte. Um segundo depois eu estava pressionada contra a parede.

A parede estava estranhamente quente.

A parede riu.

XxX: Uau. – disse uma voz profunda. – Está tudo bem?

A parede definitivamente não era uma parede. Era um cara. E pra piorar tudo? Não era apenas um cara. Era o garoto gostoso do avião! O mesmo que semanas atrás eu liguei, pois suas belas amigas me fizeram uma jogada ruim! Ai. Meu. Deus! Meu coração parou por um segundo assustador e a pressão apertou o cerco contra meu peito e eu não podia me mover ou pensar.

Obriguei-me a tomar uma respiração profunda - a apenas respirar. Eu precisava respirar. Ar para dentro. Ar para fora.

Dois dedos pressionaram embaixo do meu queixo, forçando minha cabeça para cima. Surpreendentes e profundos olhos azuis emoldurados com espessos cílios pretos fixaram-se nos meus. Um azul tão vibrante e elétrico, e um contraste tão gritante contra as pupilas negras, que eu me perguntei se eles eram reais.

E então a realidade me bateu. Eu estava parecendo uma boba. Limpei a garganta antes de responder:

Ellie: Estou bem. Desculpe se esbarrei em você, estava com pressa e acabei não vendo que vinha direto para você. Sinto muito.

Seus lábios se inclinaram sobre os cantos quando ele se ajoelhou. Ele começou a recolher minhas coisas e por um breve momento, senti vontade de chorar. Eu podia sentir as lágrimas se construindo na minha garganta. Eu estava muito atrasada agora, de nenhuma maneira eu poderia entrar na aula e no primeiro dia. Que fracasso.

Mergulhando para baixo, deixei meu cabelo cair para frente para proteger meu rosto e comecei a pegar as minhas canetas.

Ellie: Você não tem que me ajudar.

Matheus: Não é nenhum problema. – Ele pegou um pedaço de papel e, em seguida, olhou para cima. – Astronomia 101? Estou indo nessa direção, também.

Ellie: Eu achando que nunca mais ia te ver depois da confusão no avião e, no entanto, acabo por encontrar suas amigas no shopping, ligo pra você sem a intenção e agora esbarro em você e descubro que teremos aula juntos até o fim do semestre! – digo ironicamente antes de tapar a boca.

Matheus: Coincidência, não? – disse ele e abriu um sorriso torto, revelando uma covinha na bochecha esquerda, mas nada no lado direito.

Ellie: Acho que deveria me apresentar formamente. – estendi minha mão para ele – Ellie Campbell.

Matheus: Matheus Torres – falou pegando em minha mão – Mas todo mundo me chama de Math.

Ellie: Obrigado novamente, Matt. – disse pronunciando o jeito que falamos aqui nos Estados Unidos, Matthew.

Ele se inclinou e pegou uma mochila preta que eu não tinha notado. Várias mechas de seu cabelo castanho chocolate caíram sobre a testa e quando se endireitou, ele as afastou.

Matheus: Bem, vamos fazer a nossa grande entrada.

Meus pés estavam enraizados no local onde eu estava quando ele se virou e caminhou um par de pés para a porta fechada da sala 205. Ele estendeu a mão, olhando por cima de seu ombro, esperando.

Eu não poderia fazer isso. E não tinha nada a ver com o fato de que eu estava chocada com o que era, possivelmente, o homem mais sexy do campus. Eu não podia andar pela classe e ter todo mundo virando e olhando. Suor eclodiu e pontilhou minha testa. Meu estômago se apertou quando dei um passo para trás, para longe da sala de aula e do Matt.

Ele virou-se, as sobrancelhas em uma expressão curiosa em seu rosto marcante.

Matheus: Você está indo na direção errada, Ellie.

Ellie: Eu não posso.

Matheus: Não pode o quê? – Ele deu um passo em minha direção. E eu fugi.

Eu realmente virei e corri como se estivesse na corrida para a última xícara de café no mundo. Enquanto passava por essas malditas portas duplas, o ouvi chamar o meu nome, mas eu continuei.

Meu rosto estava em chamas enquanto descia as escadas, sem fôlego, eu estourei para fora do edifício de ciência. Minhas pernas continuaram se movendo até que me sentei em um banco fora da biblioteca. O sol da manhã parecia muito brilhante quando eu levantei minha cabeça e apertei os olhos fechados.

Minha nossa.

Que maneira de fazer uma primeira nova impressão. Acho que desde que o ouvi por telefone há semanas atrás estava esperando para encontrá-lo novamente e em questão de segundos... Estraguei tudo. Ótimo, Ellie. Parabéns, realmente.

Eu tinha duas opções neste momento: esquecer e seguir em frente na minha tentativa desastrosa para assistir minha primeira aula da minha carreira universitária ou ir para casa, subir na cama e puxar a coberta sobre minha cabeça. Eu queria muito entrar na segunda opção, mas não era eu.

Se correr e se esconder fosse o meu Modus Operandi, eu nunca teria sobrevivido na escola.

Olhando para a hora no meu celular, empurrei os meus pés e atirei minha bolsa sobre meu ombro. Pelo menos eu não estaria atrasada para minha aula de história. História era no prédio de ciências sociais, na parte inferior do morro que eu tinha acabado de subir correndo. Cortei pelo estacionamento atrás do edifício de ciências e cruzei a rua congestionada.

Empurrando minha falha épica da manhã para fora do caminho, entrei no edifício de História e tomei o primeiro conjunto de passos para a direita. O corredor do andar superior estava lotado de estudantes esperando para as salas esvaziarem. Eu me enfiei através dos grupos de riso, esquivando-me de alguns que ainda pareciam meio adormecidos. Encontrei um lugar vazio em frente à minha sala de aula, me recostei contra a parede e cruzei as pernas. Corri minhas mãos sobre meus jeans, animada para começar em história. A maioria das pessoas ficaria entediada até as lágrimas em História 101, mas era a minha primeira aula na lista de interesse acadêmico.

Lizandra: Menina, o que você está fazendo sentada no chão?

Minha cabeça virou-se e um sorriso irrompeu no meu rosto quando vi o sorriso largo e brilhante que se estendia por todo o rosto bonito e infantil, de tom caramelo, de Lizandra Massey. Minha melhor amiga desde o primário.

Ellie: É confortável aqui. Você devia se juntar a mim.

Lizandra: Diabos, não. Eu não quero que a minha bunda gostosa fique manchada por sentar no chão. – ela apoiou um quadril contra a parede ao meu lado e sorriu. – Espere. O que você já está fazendo aqui? Pensei que você tinha uma aula às nove.

Ellie: Você se lembra disso? – Nós tínhamos trocado nossos horários por meio segundo na semana passada.

Lizandra: Eu tenho uma memória assustadora para as coisas que são praticamente inúteis para mim, lembra-se?

Ellie: Verdade.

Lizandra: Então você já matou aula? Você é uma garota malvada, muito malvada.

Estremecendo, balancei a cabeça.

Ellie: Sim, mas eu estava atrasada, e odeio entrar em uma sala depois do início da aula, então acho que o meu primeiro dia será quarta-feira, se eu não desistir dela antes disso.

Lizandra: Desistir dela? Garota, não seja estúpida. A astronomia é uma aula marmelada. Eu teria tomado se não tivesse sido preenchida em dois segundos, quando todos os malditos veteranos escolheram a classe.

Ellie: Bem, não foi você que quase matou um rapaz em uma corrida no corredor para a classe, e acontece que o cara também está na aula marmelada.

Lizandra: O quê? – seus olhos escuros se arregalaram com interesse e ela começou a se ajoelhar. Alguém chamou sua atenção. – Espere um segundo, Ells. – então ela começou a acenar o braço e pular. – Hey! Catrina. Traga sua bunda aqui!

Catrina: Ei, queridas.

Lizandra: Ells está prestes a nos dizer como ela quase matou um cara em um corredor. Pensei que você gostaria de ouvir a história também.

Eu estremeci, mas a centelha de interesse nos olhos castanhos de Catrina era engraçada quando ela olhou para mim.

Catrina: Agora entendi porque não te vi em Astronomia. Conta! – disse ela, sorrindo.

Ellie: Bem, eu realmente não quase matei alguém. – disse eu, suspirando. – Mas foi perto disso e foi muito, muito embaraçoso.

Lizandra: Histórias embaraçosas são as melhores. – disse, ajoelhando-se. Catrina riu.

Catrina: Isso é verdade. Desembucha, irmã.

Coloquei meu cabelo para trás e baixei a voz para todo o corredor não se deleitar com a minha humilhação.

Ellie: Estava atrasada para astronomia e eu meio que corri pelas portas duplas do segundo andar. Eu não estava olhando para onde estava indo e eu choquei com este pobre cara no corredor.

Lizandra: Caramba. – simpatia pareceu atravessar o rosto dela.

Ellie: Sim, e eu quero dizer, eu quase o derrubei. Deixei minhas coisas caírem. Livros e canetas voaram por toda parte. Foi épico.

Catrina: Espere. – Catrina ofegou, seus próprios olhos arregalados – Os olhos eram tão azuis que quase pareciam falsos? E ele cheirava realmente bem? Eu sei que soa assustador e estranho, mas apenas responda a pergunta.

Isso foi meio assustador e estranho e muito engraçado.

Ellie: Sim para ambos.

Catrina: Puta merda em um sapato – ela soltou uma gargalhada – Você conseguiu o nome dele?

Eu estava começando a ficar preocupada, porque Lizandra também tinha essa expressão surgindo em seu rosto.

Ellie: Sim, por quê?

Catrina deu uma cotovelada em Lizandra e então ela baixou a voz.

Catrina: Foi Matheus Torres?

Meu queixo bateu no meu colo.

Ellie: Foi! – os ombros de Lizandra tremeram.

Lizandra: Você topou com Matheus Torres?

Ellie: Bem, sim. – encolhi os ombros e foquei em Catrina – E como é que você sabia?

Catrina: Ah, isso é porque ele me disse.

Ellie: Você falou com ele?

Catrina: Yeah. Ele é bem legal se quer saber. Se eu soubesse que era você que tinha trombado com ele, teria dito a ele o porquê de você sair correndo como se tivesse um ladrão armado atrás de você.

Ellie: Oh meu Deus! Ele deve estar achando que sou uma louca.

Catrina: Acho que não. Caso contrário ele não estaria com aquele olhar.

Lizandra: Que olhar? – perguntou curiosa.

Catrina: Aquele de apaixonado.

Portas se abriram e os estudantes se derramaram no corredor. Nosso pequeno grupo esperou até que a sala se esvaziou antes de ir para dentro, pegando três assentos na parte traseira, com Lizandra no meio de nós. Conforme eu puxava a minha enorme mochila - eu poderia derrubar alguém se batesse com meus cinco cadernos, Lizandra agarrou meu braço. Malícia e caos total enchiam seu olhar.

Lizandra: Você não pode descartar a astronomia. Para passar por este semestre, devo viver através de você e ouvir sobre o Matt pelo menos três dias por semana. Eu ri baixinho.

Ellie: Eu não vou largar a matéria. Mas duvido que eu vá ter algo para te contar. Não é como se nós fôssemos nos falar de novo.

Lizandra soltou meu braço e sentou-se, olhando-me.

Lizandra: Famosas últimas palavras, Ell.


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Notas finais do capítulo

Eu e Yasmin conversamos bastante e decidimos reescrever a Fanfiction "Eu Não Mudaria Nada Em Você", mas nesse site: http://www.wattpad.com/32127500-eu-n%C3%A3o-mudaria-nada-em-voc%C3%AA, acho que vocês vão gostar da nova versão da Fanfiction. Até porque ela acaba daqui dois caps e tal. A nova versão será muito mais recheada de intrigas e é claro, amor. Enfim, sintam-se a vontade para darem uma olhada, já postei o primeiro capitulo reescrito.

Visual novo das meninas aqui embaixo:
Anna: http://www.polyvore.com/cgi/img-thing?.out=jpg&size=l&tid=35667892

Pietra: http://images.luvimages.com/luvphotos/l/lucy_hale_big_hair-335.jpg

Lara: http://data3.whicdn.com/images/33300548/tumblr_m7n6hjJuUd1r7dx6fo1_500_large.png

Jú: http://images2.fanpop.com/images/polls/276000/276783_1249027283145_full.jpg

Kate: http://media.tumblr.com/ee078515a8c928c53c9d2d6188b3f826/tumblr_inline_mh0lagQ4ml1ruz9j7.gif

Lola: https://encrypted-tbn1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTRDvvcy9G99bZl7QkpGszr7bkNaV8OvHhzCRrLeamuSckBMvmr

Tori: http://31.media.tumblr.com/tumblr_levq7mK0Dn1qg0c4wo1_500.png