Eu Não Mudaria Nada Em Você - Segunda Temporada escrita por Amanda Suellen


Capítulo 27
Visita Inesperada


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado aos leitores novos e a todos que mandaram reviews *-* Estou de férias, finalmente, então os caps serão mais frequentes.
Boa leitura, amores s2



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Maroon 5 - Daylight

Duas semanas depois...

Querido diário,

Duas lentas e torturantes semanas se passaram, e eu realmente não faço idéia de como tornei as coisas tão ruins e confusas assim.

Luc me liga todos os dias, diferente do restante da galera. Ele me disse que de todos, Pietra é a que está mais furiosa comigo. “Uma carta? Ela deixou uma droga de uma carta, e se mandou?!” Foi o que ela disse antes de cair no choro e gritar que me odiava.

Math e Nanda permaneceram calados, e não tocaram mais no assunto desde então. Pareciam bastante magoados, me contou Luc.

Já os outros simplesmente não acreditam que eu realmente me fui, sem dizer nada. Acham que eu os abandonei, sem dó. E preferiram não me ligar.

Eu os entendo, mas também sinto falta deles, queria apenas que um deles me atendesse quando eu ligo. Sinto-me sozinha, incompleta sem eles.

Não tive noticias de Travis durante esses quatorzes dias, toda vez que pergunto a Luc como ele está ou algo sobre ele, Luc apenas muda de assunto, ou então diz que preferi não comentar. Não recebi nenhuma ligasse de Travis também.

Não tenho mais lágrimas para chorar, não tenho mais forças para me lembrar deles, meus pais ligaram para a Tia Patty na primeira semana, e ela disse que não entendia o que havia acontecido, pois nem dela eu havia me despedido. Minha mãe tentou conversar comigo sobre eu passar em um psicólogo ou algo parecido, mas eu não aceitei, afinal, nenhum medico poderá curar o buraco que eu mesma fiz em meu coração.

Diversas foram às vezes que eu me peguei pensando em me cortar, mas no final, acabei não fazendo isso. A dor física não vai superar a dor emocional.

Lúcia: Juliana? Vem almoçar filha! – minha mãe me chamou lá da cozinha e eu revirei os olhos, mesmo sem fome teria que comer.

Juliana: Já vou, mãe. – respondi e voltei a escrever em meu diário.

A escola não é tão ruim, principalmente quando você vai pra uma escola onde não conheci ninguém e que é em outro bairro que a sua casa. Não foi fácil convencer minha mãe de me deixar estudar lá, mas como a nova casa do meu pai é naquele bairro, eu passo a semana com ele e os fins de semana com minha mãe.

Sim, os dois já se divorciaram.

Você deve estar perguntando por que eu escolhi ir morar com meu pai e ir pra uma escola onde não conheço ninguém, simples: Meu pai não para em casa, sempre viajando e me deixando sozinha, não tenho que ficar explicando o porquê deu não comer e nem o porquê de eu chorar todas as noites. E a escola nova? Bem... Na minha antiga escola, todos conheciam a minha história e a de Josh, todos sabiam sobre a clinica de reabilitação... E Nicole e Yasmin estudam lá... Não falei com elas desde que voltei, é provável que eu saia correndo ou me esconda se ver elas, pois não sei como vou encará-las.

Lúcia: Juliana! Eu não vou chamar de novo! Sua comida está esfriando! – dessa vez ela gritou mais alto e eu bufei, fechei o diário e fui até a cozinha.

Juliana: Já estou aqui. Satisfeita?

Lúcia: Muito. Sente-se e coma. Tudo. – ordenou e eu tive de resistir à vontade de revirar os olhos e suspirar alto.

Juliana: Sim, senhora. – sorri falso e me pus a cumprir o que ela havia me mandado.

Lúcia: Filha... Você sabe que eu não gosto de ser tão mandona assim, mas desde que você voltou, você não coopera. Eu não sei o que houve lá, mas quero que saiba que estou com você, você pode me contar qualquer coisa, sabe disso não é?

Juliana: Sim, mamãe. Eu sei. – respondi sinceramente.

Lúcia: Seu pai vai vir te buscar nove horas.

Juliana: Ok.

...

Estava terminando meus deveres de casa quando ouço a campainha tocar, minha mãe tinha ido ao mercado, então desci para ver quem era.

Quando abri a porta não acreditei no que vi: Anna, vestida impecavelmente de preto, seu brilhante cabelo achocolatado estava preso em um rabo de cavalo alto, e apesar da maquiagem perfeitamente feita, suas pupilas estavam vermelhas.

Anna: Então, não vai me convidar para entrar? – perguntou arqueando uma sobrancelha. Abri caminho para ela passar.

Juliana: O que faz aqui? Achei que já tinha voltado para Nova York.

Anna: Acabei ficando mais tempo do que esperava ficar. Você deve saber o porquê – sorriu sarcasticamente e eu encolhi os ombros, enquanto me sentava.

Juliana: Para quê você veio aqui, Anna?

Ela suspirou rendida.

Anna: Por que você veio embora, Jú? – não me deixou responder – O Travis ficou completamente maluco! Ele não falava com a gente. Destruiu a casa, jogou o aparelho de som pela sala... O Shep e o Gui tentavam conversar com ele, mas não adiantava! – pisquei varias vezes, tentando administrar tudo que ela estava me contando – Ele quase bateu no Lucas quando ficou sabendo que ele te ajudou a ir embora. Eu fiquei apavorada! Nunca tinha visto Travis daquele jeito... Tão... Quebrado. Não era ele. – ela balançou a cabeça para esquecer a memória que a perturbava e eu encolhi os ombros – Não tivemos coragem de voltar para Nova York e deixá-lo naquele estado.

Juliana: Eu... Eu não consegui dizer adeus. Eu sinto muito, por tudo isso.

Anna: Sente muito? – riu sem humor – Jú, eu gosto de você pra caramba, mas Trav é meu melhor amigo, e eu odiei a mim mesma por ter que vê-lo daquele jeito e não poder fazer nada. Você não tinha esse direito. – falou entre dentes.

Juliana: Você queria que eu fizesse o quê? Ficasse lá e esperasse ele ir embora? Me deixar? – aumentei a voz enquanto falava.

Anna: Você foi egoísta. Só pensou em si mesma e não pensou na dor que causaria a ele! Você virou as costas para sua tia e seu primo, eles te acolheram quando você mais precisou! Você virou as costas para seus amigos! Por causa de quê? Um medo idiota de ficar sozinha. Isso não ia acontecer, Juliana. Ele te ama.

Juliana: Chega! Você não tem o direito de vir até aqui e falar tudo isso, como se soubesse da metade do que eu sinto!

Anna: Eu sei o que o Travis sente. Sei o que ele sentiu quando você o deixou. Sei o que todos sentiram, quando leram aquela carta. E posso dizer com todas as letras: Você errou feio. – fechei os olhos, fazendo as lágrimas que se acumulavam descerem pelo meu rosto – Sabe, Jú, o que mais me doeu ver? – perguntou assim que me passou um lenço – Travis rasgando o seu passaporte e quebrando seu celular, para não vir atrás de você, para não te procurar. Para te deixar livre. Pois você disse na carta que não o amava mais. Como você pôde, Jú?! Mentir daquele jeito!

  Juliana: Eu disse que sinto muito! Eu não sabia o que fazer, estava com muito medo dele ir embora. E o único jeito dele não vir atrás de mim era dizendo que não o amava mais. Você acha que foi fácil escrever aquilo? – berrei para ela – Não! Não foi fácil! Na verdade, não está sendo nada fácil ficar sem ele, eu o amo com todas as minhas forças! Amo-o cada dia mais, e sei que cometi um erro enorme, colossal, o deixando, mas não posso voltar no tempo e mudar as coisas. Ele tem que seguir a vida dele e eu a minha. Sinto por você ter ficado mais do que queria, sinto por tudo que Shep e Kate passaram e o restando do pessoal, mais não posso fazer nada.

Anna: Você pode voltar. Pode dizer a ele o quanto o ama e o quanto está arrependida do que fez. Vocês podem tentar outra vez... Não sei, Jú. Eu... – ela parou de falar e colocou a mão na cabeça, perdida – Eu só quero ver o Trav bem. Feliz. E se a felicidade dele for com você, então, por favor, o faça feliz. Volte e concerte tudo.

Juliana: É tarde demais. – falei limpando uma lágrima e sorrindo fraco.

...

Depois que a Anna foi embora, subi e tomei um banho de quase duas horas, sai, me sequei e me vesti. Meu pai foi me buscar as nove em ponto, me despedi de minha mãe e entrei no carro.

Douglas: Você andou chorando – observou – Devo perguntar por quê?

Juliana: É melhor não. – sorri fraco e ele assentiu dando partida.

Douglas: O que acha de pizza hoje?

Juliana: Comemos pizza na quarta. – lembrei.

Douglas: Comida chinesa?

Juliana: Não. – fiz careta e ele riu.

Douglas: Tudo bem. O que quer comer então?

Juliana: Preciso mesmo comer? Comi hoje na casa da mamãe.

Douglas: Não vou discutir sobre isso. Você sabe que tem que comer. – falou sério e eu revirei os olhos. – É mal educado revirar os olhos para os mais velhos. – brincou.

Juliana: Oh, me desculpe, meu pai disse algo sobre isso, só que eu estava muito ocupada revirando os olhos e não escutei – sorri inocentemente enquanto ele ria e balançava a cabeça.

Douglas: Você não mudou nada.

Juliana: Espero que isso seja um elogio. – comentei e liguei o som do rádio, estava tocando “Anitta – Show das poderosas”, não que eu gostasse da música, mas aumentei e comecei a balançar, só para irritar meu pai.

Douglas: Pode abaixar um pouco, por favor?

Juliana: O quê? Aumentar? Ok. – falei rindo e aumentando mais, os carros que passavam ficavam olhando. Meu querido pai então muda de rádio e está tocando “Fernando e sorocaba – Teus segredos”, faço careta e cerro os olhos para ele. Abaixo o som e mudo de rádio novamente, está tocando “Fluxo perfeito – Strike”, sorriso para ele e abaixo o vidro.

Douglas: É reconfortante saber que você liga para meus gostos musicais – resmunga ironicamente e eu lhe dou um sorrisinho sínico.

Juliana: Não reclama, ok? Já escutei demais as suas músicas super legais.

Ficamos em silêncio, só ouvindo o rádio. De repente começa a tocar “Fake Number – Outro mundo”, automaticamente eu levo minha mão até o rádio e o desligo. Meu pai então me olha questionando a minha repentina ação e eu evito seus olhos.

Douglas: Está difícil, não é?

Juliana: Você não faz idéia do quanto. – respondi com a voz rouca, a garganta apertada pelas lágrimas não derramadas.

Não demorou muito e chegamos ao condomínio do meu pai, entrei e fui para o meu quarto, coloquei meu notebook para ligar. Vesti meu pijama e fui para a sala. Meu pai estava no telefone. Novidade, pensei enquanto revirava os olhos e me concentrava em abrir meu facebook.

Douglas: Certo... Tudo bem. Obrigado. – desligou – Pedi lanche para você.

Juliana: Vai sair? – perguntei assim que o vi colocando o casaco.

Douglas: Vou dar uma passadinha rápida no escritório, esqueci de assinar uns papeis. Não demoro. – me deu um beijo na testa e saiu.

Suspirei e coloquei o notebook na mesinha, peguei meu iphone e disquei o número da Pietra, uma hora ela vai me atender, tentei ser otimista. Quando estava quase caindo na caixa postal, ela atendeu.

Pietra: O que é que você quer, Juliana? – uau, ela estava com muita raiva mesmo.

Juliana: Não fala assim...

Pietra: O que você quer? – me interrompeu firme.

Juliana: Pedir desculpas.

Pietra: Pelo quê? Por fugir e não me falar nada, por achar que era só deixar uma carta e tudo ficaria bem, ou, por partir o coração do Travis de um jeito que eu nunca pensei que fosse possível partir o coração de ninguém? – Oh droga! Ela realmente me odeia agora.

Juliana: Por tudo. – respondi segurando as lágrimas. – Eu sei que errei, ok? E estou arrependida. Mas... Eu estava com medo e ir embora... Bem, pareceu a escolha mais certa.

Pietra: Escolha mais certa? – berrou – Porra! Que consideração viu. Você não foi embora, você fugiu. O que é bem diferente. E tem mais, essa não era a escolha mais “certa” e sim a mais fácil. Desculpa Jú, mas fugir na resolve nada.

Juliana: Eu sei. Agi por impulso. Desculpe-me, por favor, por favor, me desculpa. Eu juro que nunca mais faço nada parecido, mas... Por favor, você é minha melhor amiga.

Ouvi um silêncio na linha e depois um suspiro cansado.

Pietra: Tudo bem... Eu não ia conseguir ficar brava com você por muito tempo mesmo. Mas caramba Jú! Que droga você fez? Todos estão decepcionados com você e o Trav....

Juliana: Eu sei. – a interrompi e suspirei.

Pietra: E o que você vai fazer agora?

Juliana: Não tenho idéia.

Pietra: Bom, você pode começar pedindo desculpas a sua tia, que também ficou muito mal por causa da sua partida-repentina.

Juliana: Vou ligar pra ela depois. Você ainda está muito brava comigo?

Pietra: Olha, Jú, eu não vou mentir pra você, eu fiquei puta da vida contigo, assim como a Kate e a Anna, mas você é minha melhor amiga e eu te desculpo.

Juliana: Anna esteve aqui hoje.

Pietra: Ai meu Deus! Sério? Não acredito! O que ela te falou?

Juliana: Disse que eu não tinha o direito de magoar o Travis do jeito que eu fiz e coisas assim. – falei desanimada.

Pietra: Hum. Travis está de cortar o coração, Jú. Nunca o vi assim.

Juliana: Ele está tão mal assim?

Pietra: Você não tem idéia. Essa semana que ele começou a ir pra escola novamente, antes ele não saia nem do quarto e a única pessoa que tinha coragem de entrar lá era a Anna, mesmo com o Travis gritando para ela sair de lá. Parecia um louco.

Juliana: Parece realmente horrível. – suspirei e ouvi o barulho de algo se quebrando.

Pietra: Droga! – praguejou baixo.

Juliana: Onde você está?

Pietra: Dentro do armário – sussurrou ela e eu me segurei para não rir.

Juliana: O que você está fazendo dentro do armário?

Pietra: Brincando de esconde-esconde – ironizou – O que você acha que estou fazendo dentro do armário? Estou me escondendo!

Juliana: De quem?

Pietra: Da idiota da Alice.

Juliana: Ahn? Por quê? Há essas horas?

Pietra: Graças a você, ela vai ser a Julieta agora e eu estou quase a matando sufocada, cara ela recama de tudo, seja o cenário ou até as roupas. Hoje tive que ficar até mais tarde para ajudá-la a repassar umas falas e remendar algumas roupas que ela fez o favor de rasgar, porque de acordo com ela, eram ridículas. Estou surtando!

Juliana: Sinto muito – falei sentindo dó dela.

Pietra: É bom sentir mesmo. – retrucou e uma voz fina a chamou – Droga, ela está vindo! Depois nos falamos. – disse e desligou. 


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Notas finais do capítulo

De sessenta e poucos leitores, apenas dois recomendaram a Fic, poxa galera :( Reviews? recomendações? criticas?