Eu Escolhi Você escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 46
Saudade reprimida


Notas iniciais do capítulo

Eu amei escrever o momento Hinny porque, sei lá, acho eles tão nho nho



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– Hey tia. - Hermione cumprimentou Bellatrix ao adentrar a casa. A mulher estava assistindo algum filme qualquer que Hermione não reconheceu, enquanto comia pipoca.Bella sorriu para a sobrinha ao vê-la passar pela porta.

– Mione. Quer pipoca? - Ofereceu a morena mais velha enquanto Hermione negava com a cabeça e suspirava. - Que foi meu anjo? - Indagou Bellatrix com preocupação, procurando o controle do dvd pelo sofá em seguida e parando o filme.

– Problemas tia. Muitos problemas. - Suspirou a garota novamente, cansada aparentemente, enquanto colocava a mochila sobre o braço do sofá e se sentava ao lado da tia.

– Quer desabafar ? - Questionou Bella, serenamente e encarando o semblante cansado de Hermione.

– Ah, é tudo ao mesmo tempo sabe Bella. A bomba sempre tem que explodir pra todos os lados. Meus pais aqui, Rony com problemas, Draco e Harry se estranhando e agora até Gina chateada comigo. - Hermione explicou, respirando fundo e passando os olhos pela casa.

– Mas por quê? - Perguntou a mulher sem entender.

– Eu prefiro não contar. Tudo bem? - Pediu Hermione um pouco receosa. Bellatrix sorriu e balançou a cabeça positivamente.

– Mas se você quiser um colo, cê sabe que estou sempre aqui meu anjo. - Respondeu Bella amigavelmente. Hermione sorriu fraco e abraçou a tia. O abraço foi correspondido, e Bellatrix alisou os cabelos da sobrinha. - Tudo vai se resolver, você vai ver. - Comentou a tia, saindo do abraço com a morena e a lançando um olhar esperançoso.

– Eu espero que sim. - Confessou Hermione sem sorrir dessa vez. Bellatrix ouviu o celular tocar sobre o outro braço do sofá e esticou o braço para pegar. Não reconheceu o número.

– Ué, sem número. - Comentou estranhando. Hermione ergueu uma das sobrancelhas. Viu a tia atender a ligação e levar o celular até o ouvido.

Alô? – Disse Bella esperando uma resposta ao outro lado da linha. Arregalou os olhos e entreabriu a boca ao obter. Hermione franziu a testa, vendo o sorriso que a tia deu em seguida. - Sim, sim, sou eu.– Continuou a mulher, levando um dedo até a boca e mordendo a ponta de uma unha. - Claro, aquela vez que eu mandei um email pra vocês, eu me lembro, não faz muito tempo. – Hermione estranhava cada vez mais a conversa. - É sério isso? – Bellatrix se levantou subitamente do sofá e soltou um grito mudo para Hermione. A morena se levantou junto e fez um sinal para saber o que estava acontecendo. - Mas é claro, mas é claro que eu quero.– Respondia Bellatrix, eufórica. Hermione soltou uma risada pela nariz, imaginando que aquilo pudesse ser um encontro. Mas ficou confusa ao ver o sorriso da tia morrer. - Eu gostaria muito de aceitar, mas.. eu não posso. Não por agora. – Explicou a mulher, agora desanimada e abatida. Hermione ficou sem entender, completamente. - Uma semana?– Questionou Bella duvidosa e atordoada. - Tudo bem, eu vou pensar melhor. Mas por enquanto a resposta é não. – Replicou a mais velha, tristonha. Sussurrou um "tchau" e desligou o celular, jogando-o sobre o sofá segundos depois.

– Tia, o que foi? - Questionou a morena vendo a tia quase chorar.

– Eu recebi.. - Bellatrix respirou fundo, antes de continuar. - Recebi um convite para fazer um estágio de biologia marinha no Brasil. - Explicou a mulher e Hermione sorriu com orgulho.

– Mas Bella, isso é ótimo. - Comentou a menina animada.

– É, mas eu não posso aceitar. - Argumentou Bellatrix, fazendo um muxoxo com os lábios.

– Mas por que não? - Indagou Hermione, desentendida.

– Porque não posso largar você e Luna aqui por três meses. Principalmente agora que seus pais estão querendo te levar. - Bellatrix explicou se sentando no sofá, desanimada. Hermione entreabriu a boca esperando que algo sensato saísse, mas não saiu. A morena suspirou.

– Tia, eu não quero que sua vida fique prejudicada por mim.Você pode chamar alguém pra ficar com Luna e comigo. Meus pais não podem usar isso como argumento, eles sabem que você dedicou sua vida pra cuidar de nós. - Replicou Hermione, de pé em frente a tia. Bellatrix sorriu frouxamente.

– Você não me prejudica anjo. Mas enquanto essa situação não resolver, eu não posso ir. - Explicou a mais velha, encarando Hermione. - Entende? - Hermione assentiu, mesmo não querendo aceitar.

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Mary não achava certo tirar Hermione da vida que tinha só para poder mostrar ás empresas e à sociedade empresarial que eram uma família feliz e construída. Sim, esse era o maior motivo que Alberto tinha para querer levar Hermione em bora. A mulher nunca concordou muito com a situação, mas tinha que apoiar o marido.

– Temos que buscar Hermione, e rápido. - Comentava o homem com impaciência, passando os olhos por um jornal novo que recebera no hotel. Eles se instalaram em um dos melhores hotéis da cidade por alguns dias até poderem levarem a filha dali. É claro que preferiam convencê-la de que tudo assim era melhor, do que levar a menina as forças em um avião para fora do país.

– Alberto, eu já te disse que não sei se isso é o certo.. - Contrapunha Mary, sentada na beira da cama, as mãos cruzadas sobre as pernas e o olhar vago.

– Mary, não começa. Já conversamos. Ela vai se acostumar. Vai gostar de ter os pais perto dela de novo. - Explicou o marido, confiantemente. Mary suspirou e negou com a cabeça, sem ele ver.

– Nunca devíamos ter deixado ela aqui. - Desabafou a mulher apoiando os cotovelos sobre as pernas e segurando a cabeça entre as mãos.

– Era preciso, naquela época. - Alberto falou sério, abaixando o jornal e encarando a mulher, que não retribuiu o olhar.

– A gente podia inventar uma história qualquer. Dizer que nossa filha se mudou para ter estudos melhores e ser mais sucedida na vida, não sei.. - Replicava a mulher dos cabelos mal ondulados e castanhos, como os de Hermione, finalmente encarando o sério olhar de Alberto.

– Mary, para. - Pediu o homem, já se irritando. Suspirou, se levantou do pufe, colocando o jornal por sobre ele, e caminhou até a frente da mulher, repousando a cabeça dela em seu peito enquanto a abraçava pelo topo da cabeça, por estar em pé. - Vai dar tudo certo, você vai ver. - Tornou Alberto a dizer, confiante, e Mary respirou fundo, sua cabeça latejando e respondendo por ela "não vai dar não".

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O clima na casa dos Weasley não estava nada bom. Molly até tentava animar um ou outro, vez ou outra, mas acabava desistindo e indo para a cozinha fazer o que sabia de melhor. Harry e Draco não se olhavam, apesar da mente do loiro estar gritando para ele se desculpar com o amigo, o orgulho dentro de si criava barreiras para que ele pudesse fazê-lo. Gina também criava coragem para falar com Rony, estava envergonhada, julgou-o de cabeça quente e o arrependimento a queimava por dentro. Estava em seu quarto, não tinha saído desde que a mãe foi conversar com ela. Além de não ter as palavras certas para falar com Rony, não queria encontrar o idiota do Potter. Só precisava desabafar com Draco no momento, mas sabia que se fosse chamá-lo, iria encontrar com Harry. Não teve outra opção a não ser optar por tentar se entender com Rony, pois sabia que o irmão estaria mal e trancafiado em seu quarto, assim como ela. Mal dos dois.

Se levantou da cama e respirou fundo antes de destrancar a porta, girar a massaneta e sair do quarto que já estava a deixando enjoada. Se arrependeu de todas as formas de ter saído de lá quando deu de cara com Harry, o mesmo indo em direção ao quarto que dormia com Draco.

– Tinha que ser. - Resmungou a ruiva entediada.

– Garota, sai da minha frente. - Bufou Harry sem paciência.

– Até parece que tô te impedindo de alguma coisa. - Debochou Gina encarando os olhos azuis irritados do moreno.

– Tô sem saco hoje pra aturar menininha mimada. - Harry replicou, seco. Gina riu com deboche.

– Até parece. O mimado falando da mimada. - Implicou, sarcástica. Harry revirou os olhos.

– Meu dia já tá entediante demais pra eu ficar aqui parado discutindo com você. - Respondeu o moreno com desdém.

– Escuta aqui Potter.. - Começou a garota, o encarando zangada. Harry a segurou pelos braços quando a ruiva fez menção de lhe apontar o dedo. O moreno deu um passo pra frente, ficando cara a cara com a garota, e percebeu Gina estremecer.

– Escuta aqui você. - Contrapôs Harry com a voz firme e a encarando nos olhos. - Eu tô de saco cheio de você. Algum tempo atrás eu até poderia te considerar uma garota esperta e inteligente, mas hoje, te acho burra e idiota. - O moreno não se intimidou ao vê-la se chatear amargamente com aquelas palavras. Harry a encostou na parede ao lado da porta do quarto, e continuou segurando-a pelo braço, sem machucá-la. - Você devia saber que aquele beijo idiota que eu dei em Luna era pra mostrar o tanto que eu tava cansado de ver você e Draco quase se casando. - Falava o moreno com os olhos faiscando, a voz grossa mas sexy aos ouvidos de Gina. A ruiva tinha a respiração descompassada e encarava o garoto estremecida. - Você devia saber que eu sempre gostei de você, mas acho que você não enxerga o óbvio. Mas agora, eu tô cansado. Eu não vou correr atrás. Você me quer longe da sua vida e eu vou tratar de cuidar disso. - Concluiu o moreno indiferente enquanto a lançava um último olhar penetrante antes de soltá-la.

A ruiva sentiu os braços serem soltos, e viu o garoto se afastar, mas o segurou pelo braço impulsivamente e o empurrou contra a parede à sua frente. Harry se surpreendeu mas não se intimidou.

– Cala a boca Potter. - Ela ordenou antes de envolver os cabelos do moreno com uma das mãos e o calar com um beijo quente.

Harry a envolveu o máximo que pôde pela cintura, esfregando o corpo da ruiva no seu, enquanto brincava com a língua da garota sem ela pestanejar. Gina puxou os cabelos do moreno sentindo como se seu corpo fosse explodir, explodir de paixão, de saudades. As cabeças se moviam em sentido contrário freneticamente, as bocas se sugando, com o intuito de aproveitar todo aquele estúpido tempo perdido. Naquele momento, naquele pequeno e intenso momento, nem Gina nem Harry queriam saber se estavam brigados, se estavam brigando. Eles só precisavam daquele beijo. Eles apenas precisavam.

Quando necessitaram de ar, Gina descolou seus lábios dos de Harry ás pressas e se amaldiçoou por ficar presa no olhar do moreno e com a respiração anormalmente acelerada. Harry também inspirara e expirava profundamente, quase se perdendo nos olhos de Gina. Como era bom poder beijá-la. E por sua vontade, ele faria isso todo o tempo. Mas ela não queria. Pelo menos na mente dele. O moreno a empurrou e bagunçou os cabelos.

– Eu não sou seu brinquedo. - Disse Harry com mágoa e irritação e tratou rapidamente de sair dali, entrando em seguida em seu quarto e batendo a porta com força. Gina bufou e soltou um grito mudo e desesperado, que só ela ouviu internamente. Quis chorar. Mas somente quis.

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– O que você tá esperando, posso saber? - Indagou Arthur Weasley, vendo um Draco impaciente sentado no sofá à sua frente olhar de um lado para o outro todo o tempo.

– Não é nada senhor Weasley. - Respondeu o loiro indiferente, mas sem querer parecer grosso. Arthur o encarou e riu.

– Eu já tive a sua idade. Ou está esperando a namorada ou pretendendo fazer alguma coisa mas sem coragem. - Argumentou o homem ruivo vendo Draco desviar o olhar do seu.

– São só problemas. - Explicou Draco sem detalhes.

– Problemas bem problemáticos mesmo, ou problemas que podem ser resolvidos com um pedido de desculpa? - Questionou Arthur, cruzando a mão por sobre as pernas e encarando Draco novamente, pois o loiro o olhou.

– Pedido de desculpas. - Confessou o loiro, cansado, entre um suspiro longo. Viu Arthur sorrir de lado.

– Então por que não o faz? - O homem perguntou desentendido mas lançando-lhe um olhar incentivante.

– Não é tão simples. - Respondeu Draco, acreditando nas próprias palavras.

– Se você errou, peça desculpas pelo seu erro. Se você não errou, peça desculpas mesmo assim. Não deixe uma amizade, ou alguém que você goste se afastar só por medo dessa palavra. - Arthur falou serenamente, fazendo o loiro à sua frente ficar pensativo. Segundos depois viu o mesmo loiro há poucos pensativo, agora se levantar do sofá determinado e subir as escadas apressadamente. Arthur sorriu, sozinho.

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Não fazia sentido Draco e Harry ficarem sem se falar. Eles eram amigos há anos mesmo. Era estupidez um duvidar do outro, desconfiar ou até mesmo se zangar um com o outro. Era uma completa estupidez. Draco bateu na porta com receio, mas não vendo sinal de resposta, adentrou o quarto com cautela. Viu o moreno deitado sobre a cama, apoiando a cabeça sobre as mãos, e os olhos fechados. Draco sentou em sua cama e respirou fundo.

– Posso falar com você? - Pediu o loiro, na tentativa de Harry já ter descarregado um pouco sua raiva e responder com um "sim" aquela pergunta. Mas nada respondeu. Começou a cantarolar, mudo, uma música qualquer que Draco não fez questão de saber qual era. - Harry..

– Não. - Respondeu o moreno seco e monossilábico. Draco balançou a cabeça e suspirou pesadamente.

– Olha eu sei que eu exagerei hoje na escola.. - Começou o loiro na tentativa de Harry somente escutá-lo e perdoá-lo, mas foi interrompido outra vez.

– Já disse que não pode falar comigo. - Replicou o moreno irritado, mas permanecendo na mesma posição na cama, agora balançando os pés.

– Mas eu vou falar. - Contrapôs Draco, se levantando da cama.

– Eu não vou ouvir. - Respondeu Harry displicentemente.

– Harry, isso tá ridículo. - Debochou Draco, vendo o moreno finalmente abrir os olhos e o encarar, surpreso. Harry deu uma risada sarcástica em seguida.

– Ridículo? - Repetiu o moreno, ficando sério em seguida. - Ridículo é você achando que eu vou roubar sua namorada. - Cuspiu as palavras com irritação. Draco respirou fundo, cobriu o rosto com as mãos e bagunçou os cabelos em seguida.

– Olha, eu sei que eu não devia ter agido assim, mas.. - O loiro novamente foi interrompido enquanto tentava dar uma explicação convincente.

– Não, não não Draco, não precisa se explicar. - Harry respondeu demonstrando desdém. - Eu não tô com saco pra babacas hoje.

– Opa, pera aí. Babaca? - Draco indagou sério e descrente.

– É, babaca, pessoas chatas, idiotas, que não merecem atenção. - Disse o moreno ironicamente. - Sabe agora o que é um babaca ou quer que eu desenhe?

– Babaca é você. - Replicou Draco irritado. Harry riu pelo nariz, sarcasticamente. - Eu venho tentar me desculpar por ter sido idiota hoje mais cedo e você fica com essa grosseria.

– Que linda você. Ficou magoada? - Debochou Harry o encarando. Draco levantou o dedo do meio para o moreno e tratou logo de sair do quarto, sem antes soltar um:

– Vai pro inferno garoto.

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Tudo era tão estranho. Uma hora as coisas estão ás mil maravilhas e do nada vem aquele furacão e coloca tudo fora do lugar. A vida é estranha. Hermione tinha que concordar com esse pensamento. Mas não é porque tudo estava uma desordem, que ela tinha que parar de acreditar que coisas boas acontecem. Uma frase que ela viu em um seriado uma vez, mas especificamente chamado Supernatural, e que ela gostou muito, dizia o seguinte: "Ás vezes, coisas ruins simplesmente acontecem." E era verdade. Coisas ruins acontecem para a vida mostrar que as coisas boas valem a pena. E que correr atrás de tudo ao seu lugar novamente é preciso. Hermione sabia que não seria fácil ajeitar toda aquela bagunça. Ter de convencer os pais a deixá-la com sua nova família, ajudar Rony a ganhar sua própria auto confiança novamente, fazer os amigos se aproximarem mais uma vez. Nada disso seria fácil. Pelo contrário. Seria um pé no saco, ela se via a beira de desistir. Mas sabia que tinha algo pelo que lutar. E ela iria lutar.


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Notas finais do capítulo

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