Eu Escolhi Você escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 45
Um pequeno desabafo




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Porque quando coisas ruins acontecem, tem de acontecer de uma vez só? Desmoronar em cima da pessoa e a deixar sem saber o que fazer, e por onde andar? Era o que Gina se perguntavam à todo instante enquanto atravessava apressada as ruas e avenidas que a levariam para casa. Vez ou outra os carros buzinavam por ela simplesmente passar na frente deles, outras vezes os motoristas eram obrigados a frear se não quisesse causar um estrago em uma certa ruiva irritada e sem rumo que caminhava por ali.

Tudo bem que ela não estava tão feliz assim antes dessa "descoberta omitida" do próprio irmão. Mas ela estava bem. Estava contente por Draco, que era seu melhor amigo, e Luna, que também era sua melhor amiga, terem finalmente se acertado. E foda-se se Harry não estava mais ligando pra ela. Ela não precisava dele. Tentou acreditar nessa frase que acabara de passar por sua mente, dando voltas.

Chegou em casa primeiro do que os outros, entrou já batendo a porta estrondosamente e Molly saiu da cozinha as pressas para saber o que estava acontecendo.

– Gina! - Exclamou a mulher atônita olhando a ruiva subir a escada pisando alto. Ganhou as costas da filha como resposta, e bufou, tirando o avental que estava amarrado em sua cintura, colocando-o na poltrona do sofá, e acompanhando Gina escada a cima.

A ruiva bateu a cara na porta da mãe, mesmo sabendo que Molly não tinha culpa de nada, tirou a mochila das costas e se sentou na cama. Correção, ela se jogou.

– Ginevra! - Molly repreendeu-a assim que entrou no quarto.

– Que foi mãe? - Perguntou irritada.

– Olha o jeito que você fala comigo, sou sua mãe! - Corrigiu-a a mulher, recebendo um silêncio e um suspiro de Gina como pedido de desculpas. Molly suspirou fundo e se aproximou da cama. - Que foi anjinho?

– Como a senhora pôde esconder de mim isso também? - Perguntou a ruiva, olhando a mãe com mágoa.

– Esconder o que Gininha? - Questionou Molly sem entender. Gina revirou os olhos. A ruiva odiava que a mãe chamasse-a assim. Na verdade ela se irritava, não odiava nada que Molly fazia por ela.

– A senhora sabe muito bem. - Replicou a ruiva se encolhendo na cama, trazendo os joelhos para o alto e abraçando-os.

– Seria mais fácil você me falar, não acha? - Pediu a mais velha ruiva.Gina respirou fundo.

– Sobre o Rony. Sobre o déficit que ele tem. - Respondeu áspera. Molly a encarou séria e respirou fundo. Gina riu sarcástica.

– Não vem me dizer que era um segredo dele porque todos vocês sabiam. - Continuou a mais nova chateada.

– Foi o Rony que pediu. - Molly começou a se explicar e viu a filha virar a cara. A mulher se sentou ao lado da ruiva e a encarou. - Rony não saiu espalhando pra todo mundo que tem esse problema. Todos descobriram de outra maneira. Gina, olha pra mim. - Pediu Molly ao ver Gina abaixar o olhar. A ruiva continuou encarando o edredom da cama e ouviu a mãe suspirar. - Quando seu irmão era bem pequenininho, e ia à escola, ele sempre chegava em casa chateado. E eu perguntava o porquê, e ele respondia "meus coleguinhas ficam me chamando de burro". Mas eu sempre achei que era piadas de colégio. Sempre tem. - A mulher falava com um sorriso triste no rosto. Gina repousou o queixo sobre os joelhos, e se permitiu encarar a mãe,que agora tinha um olhar vago e distante. - Quando eu perguntava pra ele como ele estava indo no colégio, ele me contava das brincadeiras, dos amiguinhos, mas nunca do que ele aprendia. Eu comecei a me preocupar quando olhei seus caderninhos e só tinha desenhos. Foi aí que eu liguei pra uma das professoras dele. Era de português. - Molly abaixou o olhar repentinamente, mas logo encarou Gina de novo. A ruivinha prestava atenção nas palavras da mãe. - Ela me disse "eu não sei o que acontece com ele,ele nunca parece estar dentro da sala de aula, mesmo estando." Eu contei para o seu pai,mas ele não se importou muito naquela época. Foi aí que eu pedi alguns conselhos para meus amigos daquela época e me disseram para procurar um psicólogo. Eu procurei e era uma mulher. Ela me falou "trás seu filho aqui e vamos descobrir o que ele tem." Eu levei o Rony e ela me respondeu, no fim da consulta "eu não tenho dúvidas de que o seu filho tem déficit de atenção. Você imagina como eu fiquei? - Molly indagou e Gina negou com a cabeça. Viu os olhos da mãe molhados. - Eu tornei a contar para o seu pai e aí ele se preocupou. A gente procurou um especialista, até levamos o Ron lá várias vezes mas o doutor disse que o caso dele era avançado e que não ia fazer muita diferença se continuássemos a levá-lo lá, porquê ele não conseguiria. Trocamos seu irmão de escolinha, mas só piorou, porque o tempo foi passando e ele foi ficando adolescente. Foi então que a Fleur e o Gui convidaram Fred e Jorge para irem morar com ele, passar um tempo lá. E surgiu a ideia do Ronald ir também, porque lá as coisas era mais modernas. E aqui estamos nós Gina. - Molly concluiu, limpando uma lágrima que rolava pelo seu rosto, mas sorriu. Gina engoliu seco e respirou fundo. Nunca pôde imaginar tudo isso na vida do Rony.

– Mas ele podia ter me contado, eu teria ajudado ele. - Argumentou a ruiva tristonha. Molly sorriu e alisou o rosto da filha.

– Eu sei que teria. Mas Rony só não queria que a irmã que ele ama soubesse que ele tem um problema assim. Você entende? - Perguntou Molly cautelosa. Gina teve a mente bagunçada, no instante em que vários momentos juntos com Rony veio à sua cabeça. Ela ficou segundos pensando em tudo aquilo, processando todas as informações que a mãe contara sobre seu melhor irmão. O melhor que ela podia ter. O irmão com quem ela tinha agido de uma forma estúpida e agora estava mais do que arrependida.

– Eu entendo. Agora eu entendo. - Respondeu a ruiva, sorrindo sincera e sentindo o rosto ser molhado por duas lágrimas que desceram por iguais. Molly balançou a cabeça positivamente, sorrindo para Gina e a puxou para um abraço confortante.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

Harry chegou uma hora depois do fim das aulas na casa dos Weasley, que como Molly já havia avisado, era considerada sua. Ele parou pra lanchar e pensar em que rumo levar a vida antes de resolver voltar pro lar doce lar e encontrar e metidinha e irritante ruiva Weasley. Graças a Deus seus pais lembravam de depositar dinheiro para ele todo mês na conta do banco do senhor Weasley. Disso, Harry não tinha que reclamar.

Já entrou tirando a mochila das costas e jogando-a no sofá. Ele detestava ser mal educado mas aquele dia estava definitivamente estressante. Se sentou ao lado da mochila jogada e bufou alto. Recostou a cabeça no couro macio do sofá vermelho e fechou os olhos. Weasley's realmente amavam vermelho.

– Hey,Harry! - Harry arregalou os olhos assustado ouvindo Jorge o chamar. Rolou os olhos vendo o gêmeo rir da sua expressão e riu junto em seguida.
– Da próxima, avisa que tá aqui. - Pediu sarcástico, rindo junto de Jorge.

– Da próxima, fique com os olhos abertos. E lembre-se de quem é o verdadeiro inimigo. - Falou o gêmeo, citando a frase de "Em Chamas", filme que tinha acabado de estrear no país.

– Isso, nem pra chamar pra ver Em Chamas também. - O moreno fingiu indignação.

– Cara, bom demais viu. Só pra você saber, o distrito 12 não existe mais. - Contou o ruivo, recebendo um dedo do meio como resposta.

– Vai dar spoiler pra sua avó. - Replicou Harry, bufando.

– Minha vozinha já assistiu comigo. - Provocou Jorge, vendo Harry rir pelo nariz e soltar um "nossa, até ela".

– Onde está o Fred? - Questionou o moreno.

– Ele foi comprar nossas passagens. - Respondeu Jorge, se sentando no segundo sofá e ficando de frente para Harry. Colocou os pés sobre a mesinha de centro da sala. Harry tomou posição no sofá de imediato e o Weasley estranhou. - Que foi?

– Vocês vão embora que dia? - Indagou o moreno, estupefato.

– Domingo agora. - Respondeu Jorge rápido. - Por quê?

– Será que ainda dá tempo do Fred comprar uma passagem pra mim também? - Harry perguntou inseguro e Jorge arregalou os olhos, deixando a boca entreaberta.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~~ ~~ ~~ ~~

– Rony, por favor. - Insistia Hermione para que Rony estudasse um pouquinho com ela.

– Mione, não peça mais. - Respondeu o ruivo, cansado, enquanto parava na frente do portão da casa de Bellatrix, Luna e da namorada. Ele gostava de levá-la pra casa, quando cada um do grupo tomava seu rumo e ficava só os dois.

– Rony, só um pouquinho. - Pediu a garota, entrelaçando as mãos em um pedido e ficando na frente do ruivo.

– Eu não to com cabeça hoje. - Explicou o ruivo olhando-a nos olhos. Hermione abaixou o olhar e fez um beicinho. Rony sorriu.

– Ah meu Deus! - O ruivo a puxou pela cintura e depositou um selinho demorado nos lábios da morena.

– Por favor. - Ela sussurrou com os lábios ainda pressionados nos dele.

– Vamo fazer assim, amanhã a gente estuda tá bom? Me deixa descansar, só hoje. - Propôs o ruivo e Hermione sorriu, se dando por vencida.

– Tá bom, tá bom. Mas amanhã vamos pro cantinho da leitura depois da aula, certo? - Falou com os olhos brilhando. Rony sorriu bobo.

– Você fica linda assim, sabia? - Ele brincou, mordiscando o lábio inferior de Hermione, que logo ganhou um tom avermelhado.

– Certo, senhor Rony? - Repetiu Hermione, vendo-o tentar mudar de assunto. Rony riu fraco e balançou a cabeça em concordância.

– Certo, senhorita Weasley. - Ele percebeu o sorriso bobo dela brotar.

– Weasley é? - Indagou, corando. Rony a abraçou pela cintura e a segurou firme, tirando os pés da morena do chão.

– É, Weasley. - Respondeu sorrindo junto com Hermione. O ruivo inclinou um pouco para beijá-la enquanto a mantinha no ar.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~

– A gente podia fazer alguma coisa hoje à noite, loirinha. - Sugeriu Draco passando um dos braços em volta do ombro de Luna. Eles voltavam pra casa, depois da aula foram andar sem rumo e namorarem em paz.

– É, eu gostei da ideia. Mas o clima tá tenso com os outros. - Respondeu Luna pensativa. Draco suspirou.

– Eu espero que tudo se resolva logo. - Confessou o loiro, olhando de um lado para o outro antes de atravessar uma rua.

– Começando por você e pelo Harry, não é? - Luna soltou uma indireta.

– Eu acho que eu exagerei, né? - Perguntou o loiro, retoricamente, recebendo um olhar de esguelha de Luna.

– Você acha Draco? - Ela parou na frente do namorado e o encarou. - Vocês são amigos desde pequenos pelo que você me disse. Isso não é jeito de tratar um amigo não.

– É, eu sei. Eu fiquei com ciumes e estourei. - Draco suspirou, arrependido.

– Pois trate de encher esse balão de volta. - Ordenou Luna e viu o loiro rir pelo nariz.

– O quê? Isso é um ditado? - Indagou enquanto ria.

– Que eu acabei de inventar. - A loira gabou-se e riu junto de Draco, enquanto recebia um selinho demorado. - Vai, me promete que vai conversar com ele e se desculpar. - Ela obteve o silêncio como resposta. - Draco..

– Tá bom, tá bom. - Draco respirou fundo e bufou. - Eu vou me desculpar.

– Acho bom. - A loira falou séria. - Ou então, nada de eu e você essa noite.

– Ahhh não, mas o que é isso? - O loiro fingiu-se de indignado. Luna riu. - Isso não é válido.

– No meu mundo é. - Replicou Luna beijando o ombro em seguida. Draco sorriu vendo-a fazer, e quando se deu conta estavam os dois em plena calçada da rua se beijando. Luna sentiu o bolso do short vibrar e se separou dos lábios de Draco frustrada. Draco bufou entre um sorriso enquanto observava a namorada abrir um também sorriso atendendo o celular. Ficou curioso.

Neville!– Exclamou a loira, surpresa e sorridente. Draco franziu a testa.

Ei Luna.– A voz do moreno do outro lado da linha parecia tão feliz quanto.

Achei que tinha se esquecido de mim.– Reclamou Luna fazendo um beicinho. Draco ergueu uma das sobrancelhas.

Isso tá meio que fora de cogitação.– Neville argumentou entre uma risada. - Tô com saudades.

Eu também to com saudades.– Luna confessou, o sorriso irradiante sobre os lábios, e não ligando para as expressões desconfiadas e estranhas que Draco fazia observando-a no telefone. - Mas como estão as coisas aí? E o colégio novo?

É tudo incrível aqui, valeu a pena eu vir pra tão longe.– Neville parecia realmente contente.

Eu fico feliz.– Disse a amiga, sincera e serena.

Mas me conta, o que já aconteceu depois que eu mudei?– Indagou o moreno desconfiado e com curiosidade. Luna riu pelo nariz e olhou Draco nos olhos. A loira levou a mão livre até os fios loiro do namorado e os bagunçou levemente. Draco sorriu.

Aconteceram algumas coisas.– Começou a garota, um pouco sem jeito mas sem deixar de sorrir.

Então?– Neville a incentivou a continuar.

Bom, eu tô.. tô meio que.. na verdade, tô namorando.– Luna se embaraçou para falar, um pouco insegura, enquanto sentia os dedos de Draco acariciou as costas de sua mão, que agora estava entrelaçada com a do namorado.

Jura?– Neville se surpreendeu, mas não se abalou. - Com quem hein mocinha?

Adivinha..– Brincou a loira, já sabendo que o amigo teria a resposta na ponta da língua.

Ele é loiro?– Começou Neville, a voz fingindo incerteza, o sorriso nos lábios.

Sim, ele é loiro.– Respondeu Luna, vendo Draco sorrir.

Ele é alto?– Questionou o moreno, ainda fingindo chutar as opções.

Alto, magro mas com o corpo que eu preciso.– A loira deixou as palavras saírem de sua boca sem com que ela mesma percebesse, e corou ao ver o sorrisinho malicioso que Draco deu, mesmo disfarçadamente. Ouviu uma risada pelo telefone e se amaldiçoou por ter falado isso.

Vocês brigam muito?– Neville indagou ainda rindo.

A gente brigava.– Respondeu a menina se permitindo sorrir outra vez. Draco sussurrou pra ela ouvir um "é, a gente brigava" enquanto beijava as costas da mão da loira.

Eu ainda não descobri. Pode falar o nome dele?– Brincou o moreno fingindo incerteza.

Malfoy. Draco Malfoy.– Luna respondeu cheia de si, arrancando uma risada tanto de Draco, quanto de Neville.


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Notas finais do capítulo

Quero reviews..



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