Capítulo 7. – Sério, uma missão?

Eu sabia que no momento em que nos afastássemos as coisas ficariam estranhas. Ou Claire me zoaria para sempre ou pararia de falar comigo. Por isso, evitei o máximo terminar o beijo, porém precisávamos respirar.

Afastei-me devagar, abrindo os olhos para vê-la. Claire me olhava com atenção, seus olhos não desviavam dos meus e eu, como o completo e absurdo idiota que sou, não sabia o que fazer.

– Rick... – ela engoli em seco.

– Claire, eu...

– Não, não fale nada. – Claire pediu, colocando o indicador em meus lábios.

Eu sorri. Sim, eu fui idiota o bastante para sorrir. E minha idiotice aumento em níveis consideráveis quando eu voltei a beijá-la.

Eu não era um idiota.

Ok, eu era.

Mas era um idiota viciado em beijar minha melhor amiga.

Porra, qual o meu problema?

Eu poderia ter passado o dia beijando-a ali na praia, ainda em cima dela, mas Deus, Jesus, Buda, Jeová, Afrodite ou Zeus, sei lá, não gostava tanto de mim assim, então, obviamente alguém teve que atrapalhar.

Nos afastamos apressados quando ouvimos um pigarro alto, próximo demais de onde estávamos. Levantei-me e ofereci a mão para Claire, que segurou e eu a puxei para cima, sem tirar o fodido sorriso idiota do meu rosto.

Ao virar para frente, dei de cara com Jake, não, o nome dele não é Jake. Ah, tanto faz. Com o filho de Zeus, me encarando como se pudesse me matar com o próprio olhar. Porra, ele é filho de Zeus! Um raio e o simples descendente aqui já era.

Claire pareceu pensar o mesmo.

– Josh... – começou.

Então, o nome dele é Josh.

– O que, Claire? – falou com raiva.

– Não faça isso. – disse devagar.

– Você não pode me impedir. – desdenhou.

Esse cara já era.

Ninguém simplesmente dizia que Claire não podia fazer alguma coisa.

E então uma onda – que parecia quase um tsunami – atingiu o garoto. Eu fui obrigado a sentir pena dele. Ou não, até que estava me divertindo com tudo isso.

Claire fez a água recuar e deu para ver o garoto apoiado nos braços e joelhos, enquanto tossia e cuspia água.

– Eu vou conversar com ele. – Claire disse, virada para mim – Seu pai e sua mãe ainda querem falar com você. Se você encontrar minha mãe, fuja. Entendeu?

Assenti e lhe dei um selinho. A observei correr e se ajoelhar ao lado de Josh, com a mão em suas costas enquanto ele ainda cuspia água.

Caminhei para o chalé de Apolo, esperando que meu pai estivesse lá. Precisava contar para ele dos últimos acontecimentos e perguntar o que havia acontecido comigo, pois eu ainda queria beijar Claire.

Eu sei, sou idiota.

Senti alguém bagunçando meu cabelo e ao olhar para cima encontrei Travis. Forcei um sorriso para o meu padrinho, que continuou caminhando ao meu lado.

– O que você tem, magrelo?

– Magrelo é teu pai. – resmunguei.

– Hey, ele é seu tio-avô, mais respeito, moleque. – Travis disse sério, mas eu sabia que ele brincava. Afinal, quando ele não brincava? – Onde está sua mãe?

– A última vez que eu a vi, ela estava com meu pai e a mãe da Claire.

– Mãe da Claire?

– Sim, Pietra, eu acho. Ao que parece, eles se conheciam.

– Pietra? – riu.

– Sim.

– Coitada da Claire. E espero que a Meg tenha se controlado, ou não.

– Quem é essa mulher? – perguntei.

– Pietra frequentava o acampamento na nossa época. Ela tinha uma obsessão por Will, mas seu pai sempre gostou da sua mãe e ela dele, apesar de tudo. O ódio da sua mãe por Pietra foi quase instantâneo e claro, reciproco. Pietra até tentou separar seus pais. E conseguiu, por alguns meses.

– Nossa. – exclamei.

– Pois é. E vai me dizer o que você tem ou eu vou ter que adivinhar?

– Eu e Claire nos beijamos. – falei baixo.

– Finalmente! Eu estava até achando que você era gay.

Dei um soco em seu ombro e ele riu, esfregando o local.

– Era meio óbvio que ela gostava de você. E você dela, se quer a minha opinião.

– Eu nunca a tinha visto como algo além de uma amiga. Mas hoje...

– Que fofo, meu afilhado está apaixonado. Me ligue se precisar de camisinhas.

– Travis! – ralhou minha mãe, se aproximando de nós.

– Se fodeu, tio. – falei.

– Richard! O que falamos sobre palavrões?

– Você, Megan Mason Solace, brigando com alguém por causa de palavrões? – Travis perguntou fingindo surpresa.

– Calado sobre isso, Tetê. Leo está com Rose, na praia.

– É hoje que meu menino pega a ruiva. – afirmou o filho de Hermes.

– Se aquele menino encostar um dedo na minha irmã eu acabo com ele.

– Ei! – exclamou.

– Desculpa, mas ninguém chega perto da minha irmã.

ᵜ

Era de noite, na hora do jantar, mais especificamente. Eu estava sentando na mesa dos filhos de Apolo, junto com meu pai, mais afastado de nós estava o namorado da mãe de Claire.

Rose e minha mãe estavam na mesa dos filhos de Atena. Eu observava Claire, sozinha na mesa dos filhos de Poseidon. Ela olhava para a sua comida, enquanto a cutucava.

– Richard Solace, Claire Adams, Rebecca Scott e Josh Marshall. – Quíron anunciou durante o jantar – Quero os quatro na Casa Grande.

– Que merda você fez? – perguntou meu pai aos sussurros.

Isso era a prova do quanto ele confiava em mim e me amava. Obrigada, pai. Te deixarei orgulhoso de mim, pode deixar.

– Eu não fiz nada.

– Vá logo.

Amoroso, gentil e meigo. Essas são as maiores qualidades do meu pai, com certeza.

Resmungando, levantei-me e segui até a Casa Grande. Com Claire ao meu lado e Rebecca e Josh logo atrás de nós.

– Porque estamos sendo chamados? – perguntei a Claire.

– Não faço ideia. – ela disse, mordendo os lábios.

Em frente à Casa Grande, Quíron nos esperava. Mal havíamos chego quando ele anunciou.

– Tenho uma missão para vocês quatro.

Sério, uma missão?