- Quê? – Perguntou Scorpius não entendendo nada. Rose por sua vez parecia estar eufórica!

- O Ted é seu primo! – Ela repetiu como se assim ele entendesse melhor.

- Impossivel… eu… não tenho nenhuma ligação com a vossa família…

Ted suspirou.

- Nem você… nem eu… - Ele já tinha percebido tudo. – Na verdade, o Tio Harry é meu padrinho, mas não tenho nenhuma ligação de sangue com a família Potter, nem com a família Weasley. Mas… tenho com você. Porque a minha avó Andrómeda era irmã da sua avó Narcisa… logo o seu pai era primo da minha mãe, o que faz de nos dois… primos afastados. – Scorpius piscou algumas vezes ainda assimilando a informação.

- Isso mesmo! – Disse Rose. – São primos em segundo grau!

Ficaram uns segundos em silêncio.

- É… - Disse Scorpius. – Somos primos…

Ficou um clima estranho, não havia muito por dizer, Ted tinha noção dessa ligação com os Malfoy, já tinha sido mencionado algumas vezes, mas nunca tentou nenhum contacto pois sabia da aversão dos Malfoy a todos os considerados ‘’Traidores de sangue’’, e sua avó foi considerada uma. Já que ela foi expulsa de casa e renegada pela família por se casar com um nascido trouxa. Scorpius ficou feliz com a intenção de Rose, ela queria deixa-lo feliz, mas não sabia o que pensar da descoberta deste novo primo, perguntava-se se seu pai sabia da existência dele, além disso já tinha ouvido falar da sua tia-avó Andromeda, e seus avós sempre falavam muito mal dela, diziam que se tinha aliado aos nascidos Trouxa nojentos, e que para eles era como se não existisse. O seu avô tinha proibido sua avó de visitar a campa dela quando morreu, justamente por a considerar imunda.

Os dois se encaram meio constrangidos, não sabiam como agir, apertar a mão e dizer ‘’prazer em te conhecer primo’’? Se abraçarem? Acabaram por não fazer nada, além disso, Scorpius não sabia se Ted tinha aquela típica aversão a Sonserinos e vice-versa. Ted se perguntava onde tinha nascido aquela amizade repentina da prima com um Malfoy, mas preferiu não fazer perguntas indiscretas. Até porque Rose se encarregou de responder a sua pergunta mesmo sem ele a verbalizar.

- Ted, eu e Scorpius somos amigos… já sei que você vai dizer que é uma loucura… que meu pai vai surtar e bla bla bla… mas a verdade é que… eu acho uma bobagem não ser amiga dele só por causa da família dele, ou da casa dele. Ele é realmente uma boa pessoa e…

-Tudo bem Rose. – Ele a interrompeu. – Eu te conheço bem… e confio no seu bom senso, e se você acha que há realmente algo de bom nele… eu acredito. Além disso, ninguém tem o direito de julgar suas decisões.

- Oh Ted! – Ela o abraçou. – Obrigada… - Depois olhou para Scorpius sorrindo. – Vocês são primos!!

- Já entendemos isso. – Scorpius sorriu. – E fico contente, sério… mas, a gente mal se conhece…

- Não espere que façamos uma festa! – Completou Ted. – Mas… muito prazer, Scorpius.

- Igualmente.

E sorriram, Scorpius estava um pouco mais feliz, não sabia se era por ter ganho um primo, ou por perceber que ele não antipatizava totalmente com ele.

- Bem, eu vou ter com a Victoire. Você é louca Rose. – Ele riu saindo.

- Viu? – Rose sorriu para Scorpius. – Ele não fez perguntas indiscretas, nada… aceitou nossa amizade!

- Duvido que todos sejam assim… - Ele disse se sentando ao pé do seu Mocho-Real.

- Você diz isso porque não conhece meus primos…

- Ta, seu irmão tenho certeza que não vai reagir bem…

- Ele não vai reagir mal… vai ficar relutante, mas só ele… o resto do pessoal aceita…- Scorpius a encarou. – Ah, ta bom… o Tiago é capaz de implicar um pouco… - Scorpius continuava olhando para ela. – E talvez a Lily, e a Dominique… mas no fim todos vão acabar aceitando…

- Quantos familiares você tem aqui?

- Ora…- Ela disse fazendo um ar pensativo enquanto sentava do lado dele e Abby pousava no seu ombro. – Ted..Victoire…Dominique…-Contava pelos dedos. – oito…acho.

- Resumindo. – Ele disse. – Dos seus oito familiares em Hogwarts, quatro vão ficar relutantes…Já não é assim tão mau.

Ela deu uma gargalhada.

- Ok, eu sei que parece assustador a primeira vista, mas juro que não é assim tanto.

-E porque é que os outros iriam aceitar assim, de bom grado?

-Ah, o Ted e a Victoire são mais maduros, não levam essa história de separação de casas assim tão a sério, o Louis, tadinho, ele é tão novinho, nem entende bem essa história toda, o Alvo, ele é aquele tipo de garoto que é na paz sabe…

- Ah ta, ele atacou o Clint…

- Você sabe que ele mereceu neh? Além disso quando você conhece o Alvo você percebe bem que ele é a pessoa mais pacifica do mundo!

- Quem é que pode ter a pior reacção? Tirando o seu irmão claro.

Ela fez novamente um ar pensativo.

- O…Tiago talvez? Sabe, as vezes até parece que ele é o mais novo do que o Alvo e a Lily, se comporta como uma criancinha sabe, e é um pouco imaturo…

-Talvez ele só seja divertido…

- Ah, mas ele leva esse negócio das rivalidades entre a Sonserina e a Grifinória bem a sério! Então, quando ele souber da nossa amizade é bem capaz de ele ter uma tremenda falta de tacto e começar a disparatar ainda antes dos outros todos assimilarem bem a informação.

- E os outros três que ficariam relutantes?

- O Hugo, você já sabe, é por causa do meu pai. Mas é aquilo que eu te falei, ele acaba aceitando. A Lily, bem, em alguma coisa ela tinha que puxar o Tiago, ela é temperamental, uma peste… e fala sem pensar as vezes, e isso pode acontecer quando ela souber da nossa amizade. Quanto a Dominique… é um verdadeiro furacão, é muito agressiva… é capaz de pegar pelas golas da camisola perguntando se você quer mesmo ser meu amigo ou se está me enganando.

Ele deu uma gargalhada, embora fosse de nervosismo.

- É melhor eu estar a uma distância segura quando você der a notícia para eles.

- Não se preocupe, eu tenho uma ideia melhor… eu conto para eles essa noite, com calma, no salão da Grifinória… você vai estar no seu cafofo da Sonserina, a uma distância bem segura. Aí eles dormem sobre o assunto, e no dia seguinte eles acordam mais receptivos a ideia.

- E o que fará eles acordarem mais receptivos a ideia?

- Eu sou a racional do grupo…Eles sempre ouvem e têm em conta o que eu digo! Você não viu o Ted? Ele prontamente aceitou a minha decisão e nem questionou, os outros vão questionar… mas vão mudar de ideias!

- É… você tem uma capacidade de argumentação muito bem…

- E você?

- Eu o quê?

-Seus amigos… como vão reagir…

Ele remexeu-se desconfortável, contar para os amigos dele ia ser mais complicado, mas tinha que arriscar, sentia que por Rose valia a pena.

- Mal… mas eu vou contar a mesma…

-E se contarem para o seu pai?

- Não vão contar…

- Como pode saber…

- Tenho meus métodos…

Ela não disse mais nada, apenas confiou nele, aninhou sua cabeça no ombro dele e fechou os olhos enquanto acariciava Abby ainda pusada no seu ombro, ele fechou os olhos também sentindo o perfume dos seus cabelos, pela primeira vez ele teve uma sensação estranha, um frio na boca do estômago, um arrepiu na espinha, uma vontade de a apertar contra si, mas essa vontade desapareceu com a mesma rapidez que apareceu. Ele abriu os olhos, confuso, encarou Rose que ainda tinha seus olhos fechados, e pensou, como era agradável a companhia dela.

XX-XX

A noite já caia em Hogwarts, e juntamente com ela, caia também uma grossa chuva que denunciava o Inverno rigoroso que os esperava nesse ano. Como sempre, estavam todos ao pé da lareira se aquecendo. E Rose estava há um bom tempo procurando a oportunidade certa para soltar a bomba.

- Tadinho do Tiago. – Dizia Victoire que estava enrolada em uma manta juntamente com Ted. – Deve estar morrendo de frio naquela enfermaria.

- Se não fosse aquele Jonh. – Disse Lily que comia um sapo de chocolate. – Oh Louis, vai para a cama! – Louis estava adormecido e seu peso caia todo sobre o ombro dela já que ele dividia a manta com ela.

- Se tratando de um Sonserino não se podia esperar mais nada. – Disse Dominique que dividia a manta com Rose que encarando o lume disse.

- Nem todos os Sonserinos são tão maus assim. – Olharam todos para ela como se ela tivesse dito a maior bobagem do mundo. Ficaram uns segundos em silêncio por uns segundos, Ted não se mostrou tão surpreendido, até porque ele já sabia, e Hugo, apesar de saber de quem ela falava, estava perplexo, porque pensou que tinha tirado aquela ideia da cabeça dela.

- Tipo quem? – Perguntou Alvo mastigando um sapo de chocolate.

- O scorpius. – Ela disse num sussurro tão baixo que ninguém ouviu.

- Quem? – Perguntou Victoire.

- Scorpius. – Ela disse mais alto.

Ficaram olhando para ela, esperando que ela caísse na risada dizendo que era brincadeira, mas vendo que ela não o fazia, olharam para as caras uns dos outros incrédulos.