— Então Arika, conte-me mais sobre você. — Perguntou Naruto enquanto carregava a mais nova amiga, que divagava longe.

— Eu... — Pensou em uma resposta ao loiro que analisava cada palavra dela. — Eu gosto de comer... — Foi algo instantâneo, não sabia bem o que dizer. — E de música... E de ler... Escrever. — Foi acenando a cada coisa que pensava.

“Se ele soubesse o que escrevo... Dele, principalmente...”. Riu-se internamente.

— E você, do que gosta? — Apertou-se ainda mais no pescoço do loiro que a carregava, a velocidade dele caiu sutilmente.

— Comer, também. — Riu-se, aquele riso Uzumaki...

“Rámen, é claro”. Pensou a garota com um sorriso bobo no rosto. Se aquilo havia sido a morte, ela estava sendo sepultada na maior felicidade.

— ... Gosto também de uma boa batalha... E gosto dos meus amigos.

— É o que tem de melhor. — Afirmou Arika. Naruto parou de súbito, fazendo-a ter um grande salto na boca do estômago. — O que foi Naruto-Kun?!...

— Eu sinto... — Arregalou os olhos, soltou a garota que com custo se equilibrou no grande galho da árvore. Ela só se sentiu segura mesmo quando se sentou nele e o abraçou, como um gato que sobre em uma árvore e fica com medo de descer. — Fique aí, tudo bem?

Ela não fez nada a não ser acenar pesadamente, pegou a varinha, se alguém lhe atacasse ela não hesitaria de usar uma maldição. Naruto desceu da árvore, olhou ao redor de maneira lentar. Arika viu pela primeira vez quem os acompanhava, pois o loiro já os havia deixado para trás havia muito tempo. Quem estava ali era apenas Sai, que disse algo e olhou para ela, logo voltaram a analisar a floresta ao redor.

— Saia das sombras quem é que seja! — Bradou o loiro, sua voz soando mais tensa do que Arika se lembrava que ela era.

Naruto costumava ser incrivelmente positivo, porém a garota percebera, ele tinha momentos em que o humor ia-se completamente, tornando-se alguém frio, sem vida. Se aquilo tudo era um sonho dela, não sabia de onde aquela personalidade dele vinha, pois ela mesma sempre imaginara o loiro sorridente, mesmo nos momentos mais difíceis.

Uma explosão veio do meio das árvores, ela se agarrou firme à madeira, ou seja, tanto a varinha quanto ao galho, concentrou-se, aparatou, em um instante estava ao lado do loiro, que se surpreendeu.

— O quê?! Deveria ter ficado na árvore! — Exclamou o loiro, vendo se algo saia do meio das árvores em cinzas.

— Aqui está mais seguro. — Respondeu ela com simplicidade, apertou os dedos ainda mais na varinha, mais um pouco poderia quebrá-la.

O custo daquela aventura era talvez morrer, apesar que ela duvidava muito que já não o estivesse. Morrer duas vezes era muita falta de sorte, sem dúvidas. Ela sabia que talvez teria de fazê-lo, porém preferia deixar aqueles pensamentos para uma última hora, para um último segundo.

— Tenho como revelar quem está por trás desta fumaça... — Murmura Arika.

— Rápida. — Naruto se posiciona para fazer o primeiro selo em defesa.

— Targeo. — Ela murmura, pronta para realizar outro feitiço.

A fumaça é sugada rapidamente pela ponta de varinha, revelando ninjas absurdados que já se preparavam para atacar com suas katanas e kunais. Eram ninjas da vila oculta do som, pelo que pôde reparar a garota.

Os ninjas surpreendidos atiram as katanas no ar, Naruto se multiplica, tudo isto tão rapidamente que a garota quase tem um ataque epilético (jamais pensara que animes realmente pudessem provocar isto, mas a realidade mostrou que sim poderia acontecer).

Uma explosão de fagulhas de tinta a fez perder um pouco a audição momentânea, ela tinha de reagir, tinha de lutar, mostrar que estar próximo a Naruto não era ser uma inútil e sim alguém que também tinha fibra, uma ninja, uma ninja-bruxa.

— Evanesca. — Gritou apontando para as armas nas mãos dos ninjas que lutavam com Sai, as armas prontamente viraram pó, deixando-os lutar apenas com jutsus com o menino-do-sorriso-falso.

Eles perceberam a garota pela primeira vez, perceberam que ela poderia ser uma ameaça. Um dos ninjas do Sam caiu bem a frente dela, parecia que ele estava lutando contra um dos ninjas de Naruto (que veja bem, não precisava se esforçar muito, ela não sabia o porque do loiro estar demorando tanto aquela luta).

O ninja do som na frente dela sacou uma Kunai, ela tinha o feitiço para isto, sorriu.

— Expelliarmus! — Bradou com a varinha, posicionando-se em uma pose de luta.

A kunai dele voou e atingiu uma árvore, aprofundando-se na madeira. Ele começou a fazer um jutsu, que demorou segundos para ela ter noção do perigo que aquilo poderia ser.

— Expulso. — Bradou ela novamente. O ar comprimiu-se na frente da varinha, empurrando o ninja, mas este ficou parado no lugar. Ela deveria imaginar, ele estava preso ao chão por chakra.

O pessoal do Som possui um chakra especialmente do ar... Pensou logicamente Arika. Seus pensamentos voavam rapidamente. Talvez, ele lançará um jutsu de ar, provavelmente... Um jutsu de terra, controlar a terra... Reducto!

Pensou na palavra, no modo não verbal fez com que a terra abaixo do ninja se comprimisse, aquilo teve um enorme efeito nela. Era certo que apenas grande bruxos conseguiam controlar os elementos com o Reducto, ela realmente pensou que conseguiria com certa dificuldade, mas não imaginava que aquilo faria com que ela...

...

— Está tudo bem... — Murmurou a voz macia e mesmo assim espontânea do loiro.

Arika abria os olhos vagarosamente, ela sentia-se fraca, apertou os próprios dedos e sentiu-os gelado. A varinha! Arregalou os olhos subitamente, se levantando, mesmo com o corpo doendo.

— Minha varinha!? — Gritou, exasperada.

O loiro a estendeu na frente da morena, que já tinha lágrimas nos olhos. Pegou e mirou-a atentamente. Analisou cada resquício dela, parecia intacta. Aonde estava com a cabeça!? Um feitiço daquele... Poderia ter feito com que ela se espatifasse... Ainda bem que o menor dos problemas fora que ela apenas desmaiou.

— Está tudo bem... Desculpe ter te testado. — Murmurou tristemente Naruto. — Eu poderia ter terminado aquela luta assim que ela começou... Pensei que você... — Ele parou, as vezes se esquecia da sua demasiada espontaneidade.

Ela apontou a sua varinha adiante, exasperada, o comentário do loiro não a afetara em nada, ela apenas se preocupava com a varinha, como havia sido tão estúpida. Pensara.

— Incendio. — Murmurou, e o lugar que ela apontou a varinha se incendiou, como deveria ser. Suspirou tranquila.

— Agora você deve me falar a verdade... — Murmurou o loiro, sentando-se próximo à garota, daquele ângulo ela ficava ainda menor próximo a ele. — Que tipo de ninja é você?... Você consegue conjurar todos os tipos de chakra...

— Desculpe não ter dito a verdade logo de cara. — Ela olhou ao céu, tapado pelas ramas das árvores, olhou-o de volta. — Eu venho de um outro mundo, não sei, talvez esteja morta ou algo do tipo, e minha alma pena aqui... Mas eu venho de um mundo aonde não existe chakra, e sim magia. — Levantou levemente a varinha.

— Isso... — Ele arregalou os olhos, felizmente Sai não ouvira nada. — Isso é impossível.

— Eu também sempre pensei que outros mundos eram impossíveis de existir... Sabe, é estranho pensar que eu possa estar morta e você e tudo isto é uma ilusão.

— Impossível! — O loiro suspirou. — É impossível, pois eu sou real! Impossivel! — Repetiu.

— Eu também creio na teoria de ter sido teletransportada... De alguma maneira... Mas isso só provará ser verdade quando eu achar meu irmão... Ele têm de ter vindo parar aqui... Só espero que, como eu te achei, alguém da Akatsuki também não tenha o achado.

— Akatsuki...? Como você sabe da Akatsuki?! — O loiro encarou-a de maneira curiosa, cada vez mais aquele mistério ia complicando-se na cabeça dele.

— Bem... Digamos que eu sou bem informada do lugar que estou. — Sorriu brevemente. — Nada mais que isto saberás de mim, Naruto.

oOo

— Sasuke-Kun... — Murmurou o garoto, que novamente se agarrava nas costas do moreno. — Desculpe... Aquela hora...

— Humpf... — Respondeu o moreno mais velho, olhando de lado o garoto.

— Minha Onee-chan falava de você... Eu já imaginava que você deveria ser mau... Ela definitivamente gosta de Bad Boys.

— Você tem noção que eu só não te matei por misericórdia?

— Ah! — Aiko sorriu de canto. — Desculpe, desculpe... — Acenou.

Pararam do nada. Sasuke ergueu a cabeça ao céu, sendo imitado pelo outro. Aiko não tinha ideia para aonde o moreno o levava, mas não se importou muito, qualquer lugar que não o deixasse só... Era bem certo que ele temia mais a solidão do que a escuridão.

— Melhor pararmos e dormirmos.

Desceram da árvore e Sasuke se encostou em um galho. O menor apenas o olhou realizar tal ato.

— Pode correr se quiser. — Falou em voz seca o que já tinha os olhos fechados. — Amanha te caço, será divertido.

— Você se crê realmente bom, não é? — Murmurou em voz divertida Aiko.

Sasuke abriu os olhos vermelhos, aquilo lhe consumia um pouco de chakra, mas era divertido ver a reação do menor diante tal ato - Nos contrastes da tarde que virava noite, o rosto de Sasuke se acendeu pelo Sharingan, dando-o um tom maníaco.

— Hey, hey, hey! — Bradou nervoso Aiko, esticando a varinha para Sasuke. — Eu já disse que isto é assustador! Creepy!

Sasuke meneou a cabeça, fechando os olhos e rindo baixinho, um riso que fez com que o menor também risse. Era o tipo de riso que lhe lembrava seu verdadeiro pai, que era sempre sério, mas que quando ria fazia aquele mesmo som.

— Durma garoto, durma.

Aiko olhou ao redor, talvez seria sensato lançar uma proteção... Não somente para ele, mas também para o outro... Naquele mundo caótico em que ele fora se parar, acordar com uma daquelas facas no peito era tão comum quanto sonhar com elas.

— Lumus. — Murmurou baixinho Aiko, fazendo a ponta da varinha se acender, Sasuke abriu um dos olhos, agora normais. — Cave Inimicum... — Disse assim que achou no livro. Um arzinho quente foi sentido por ele e Sasuke, proveniente da ponta da varinha.

— Fianto Duri... — Murmurou novamente, porém nada aconteceu. — Fianto Duri... — Ele leu logo abaixo, “apenas para bruxos com experiência em feitiços de proteção” — Droga...

— O que você está fazendo!? — Indagou o maior, que agora estava com os dois olhos abertos, observando a ação do menor com um rosto cético. — Não vai tentar me imobilizar novamente, não é?

— Não... — Murmurou Aiko, fechando o livro e dando um pequeno sorriso, apontando a varinha para um lugar e murmurando: — Incendio. Estou lançando alguns feitiços de proteção ao nosso redor... Quero dizer, um... Apenas o que eu consigo... — Abaixou a cabeça, observou o fogo azul-amarelado crepitar sem madeira para consumir, sendo mantido apenas pela magia.

— Bem, não há necessidade. — Riu-se baixinho Sasuke. — Duvido muito que alguém chegue a uma milha de distância daqui sem que eu o perceba.

— Mesmo dormindo?

— Mesmo dormindo...

— Não é um pouco ruim isto?

— Ruim como? — Perguntou Sasuke, demonstrando sinal de que a conversa estava o agradando.

A muito não conversava com alguém daquela maneira, tão francamente. Ele jamais sentira falta da companhia de alguém, porém, aquele garoto lhe trazia lembranças dele mesmo...  Desta forma ele se sentia como Itachi.

— Sabe... Não poder dormir profundamente... Ter sempre de manter um olho levantado... É uma maneira triste de viver.

Realmente. Pensou momentaneamente Sasuke, porém logo abanou a cabeça, ele almejava aquele poder que agora tinha, agora somente tinha que cumprir sua promessa, destruís Konoha, o futuro seria ele indo para algum lugar vazio... Só... Vivendo uma vida... Oca.

— Apenas durma. — Cortou o garoto.

Eles dormiram.

...

“— Nani Arika Onee-chan! — Murmurou o garoto, com os olhos sonolentos. — Vá logo lá naquele site e publique isto logo, não precisas da minha opinião... estou com sono!

— É só ouvir e dizer se está bem!... — A garota murmurou, excitada para contar ao irmão aquele novo capítulo da história que vinha escrevendo.

Ela começou a ler, ele estava sonolento, definitivamente. Naquele tempo, ele deveria ter seus dez anos, mas adorava as histórias da irmã, porém ela só lia a ele as coisas menos pesadas que ela escrevia (não queria o traumatizar tanto). Perdeu o foco da história, mas ouviu-a dizer algo que lhe intrigou:

— O que é este Rinnegan? — Murmurou, com curiosidade absoluta.

— É só assistires o Anime.

— Bah!

— Continuando... Tornai-vos no ceifador da morte, o poder dos olhos a figura personificada aparecerá, aceitai o pacto de uma maldição, mais bicho e a vida apenas um castigo.

Antes que tivesse tempo para pensar, falar, até mesmo perguntar o que significava aquilo, uma figura apareceu diante Aiko, a irmã dele ficou estática, como se petrificada em rocha, e um vermelho refulgiu em seus olhos. O mundo caiu em seus pés e uma música sinistra cantou em seus ouvidos.

... Onee... Pensou, assustado. Uma figura com asas deformas, olhos vermelhos, pele branca apareceu como se fosse feita de morte, algo agourento. Estou com medo... Porque lestes algo como isto...?

O caso é, ele não conhecera Sasuke até algum tempo atrás, apenas imaginava que era um cara sem graça... Mas vira o que o Ninja era capaz de fazer desde então. Suas falhas lembranças se mesclaram com a sua realidade, prendendo-o naquela linha tênue de um pesadelo.

— Eu sou o teu ceifador... — Falou em uma voz fria e mórbida, era a voz que ele recentemente conhecera, porém com uma conotação de alguém que não possuía alma alguma.

— Sasuke... Por favor... — Implorou, sentiu-se agarrado por mãos ossudas e gélidas.

— Irei te matar... Te arrasar...”

— Pare!!! . Gritou

Sasuke acordou, arregalando seus olhos em um vermelho profundo, com as marcas que indicava que ele realmente havia ficado nervoso. Prontamente se aproximou do garoto, atento a cada movimento que poderia acontecer. Não parecia nada senão um pesadelo, decidiu acordá-lo.

— Ahhh! — Gritou o menino, se jogando para trás até bater a cabeça no tronco da árvore. — Sai de perto de mim seu calefador! — Sasuke o olhava com os olhos do Sharingan, que logo se dissolveram e revelou-se um sorriso humorado.

— Seu o quê?!

Aiko apontou a varinha desesperado, não hesitaria de até conjurar a morte para aquele monstro que lhe agarrara durante o pesadelo. Porém, o riso de Sasuke o fez baixar a sua arma.

 — Teve um pesadelo comigo? Provavelmente não foi o único... — Riu-se, voltando para o tronco aonde voltaria a dormir. — Não se preocupe, acho que não te matarei enquanto dorme.

O garoto perdeu a vontade de dormir, resolver, então, apenas se encostar na árvore e ficar observando o céu da noite, que estava tão limpo que ele poderia fazer todas suas tarefas de Astronomia que viria a ter em algum tempo... Foi apenas um pesadelo... Sabia que nem mesmo Sasuke poderia ser tão assustador...

Riu-se então lembrando das partes das histórias que a irmã lhe contava. Histórias estas, que com tristeza, ele deixara de escutar por falta de interesse. Por que ele simplesmente não a ouvira e assistiu este tal desenho animado que ela tanto gostava?!