- PIPIPIPIPIPI – estiquei meu braço por debaixo dos lençóis e desativei o despertador. Levantei em um pulo e ao lado a primeira claridade que passava pelas árvores refletia no espelho. Ouvi passos do meu pai no corredor. Acho que ele ia dizer algo, só que gritei antes.

 - Já vou pro banho! – disse correndo para o banheiro.

 Sai e fui direto para o closet encarar cada peça, o vestido cinza claro com detalhes em laranja foi logo a minha escolha, tia Rose ficaria feliz em me ver com ele. Peguei a bolsa e desci as escadas.

 - Bom dia meu anjo – minha mãe estava com um grande sorriso. – A vovó disse para você ir tomar café lá hoje – disse ela enquanto pegava as chaves.

 Dei um beijo estalado na sua bochecha e fui encontrar um pai no carro.

 - E ai nervosa para o primeiro dia de aula? – eu dei um grande sorriso – Ok, eu já entendi – disse ele enquanto entrávamos no carro.

 - Papai, o Jake também estuda? – Jacob era o meu melhor amigo, - sempre esteve comigo – fazia alguns dias que não o via.

 - Não meu amor ele já terminou os estudos.

 - Mas ele não tem que disfarçar que foi para a faculdade?

 - Na reserva quileute a maioria sabe que as lendas são verdadeiras, e também ele não tem muita cara e jeito de universitário.

 Meu pai parecia não gostar muito dele, mas sempre acabava cedendo, pois era a minha mãe que intercedia por nós. Talvez meu pai pensasse que eu gostava dele ou alguma coisa assim – eu ri com a idéia -.

 Minha mãe entrou no carro e logo estávamos na casa da vovó. Eu entrei e senti o cheiro de ovos com bacon e suco de morango, meus favoritos. Dona Esme era realmente demais! Isso me fez sorrir enquanto a encontrava na cozinha junto com o vovô Carlisle.

 - Olá vovó, olá vovô!

 - Bom dia minha querida – disse Carlisle.

 Esme me deu um beijo na testa.

 - Bom dia! E aí animada para o primeiro dia de aula? – Esme disse.

 - Super! – disse – não vejo a hora de conhecer mais humanos.

 Já terminava de comer então meu pai chamou para irmos.

 - Mamãe, você não vai conosco? – disse me dirigindo a ela que me esperava na grande porta de vidro.

 - Não, a mamãe vai com a tia Alice para Seattle resolver uma documentação – ela sorriu e pegou na minha mão. – Boa sorte meu amor, e não se esqueça das recomendações que eu te dei! Você não pode revla o eu você é, eles são somente humanos e...

 - BIBIBI – a buzina interrompeu. – Vamos Nessie, você vai chegar atrasada – meu pai não gosta de atrasos.

 - Mamãe eu estou indo, já sei me cuidar, fique tranqüila, até mais tarde – dei um beijo nela e entrei com o papai no carro.

 Forks High School era maior do que por fora, me parecia um lugar animador, com muitos humanos pra lá e pra cá. O vovô Carlisle disse que agora eu ia crescer mais devagar então me matricularam no 1° ano, assim poderíamos ficar mais três anos por aqui, Já que depois desses quatro anos meus pais e meus tios “terminaram” a suposta faculdade.

 Eu estava orgulhosa de meu pai e seu autocontrole, agora ele trabalhava no hospital de Forks, nomeado Dr. Edward Cullen trabalha junto com o vovô Charlie, vejo a satisfação em seu rosto de poder salvar todas aquelas vidas.

 Outra que esta muito satisfeita é a tia Rosalie, ela comprou ações – com a ajuda da tia Alice e suas visões – de uma famosa marca de roupas, não que ela trabalhe muito, ela somente aprova ou não modelos, monta desfiles, da algumas entrevistas... sempre me traz peças de roupas para “modelar” para ela.

Realmente, acho que sou muito mimada pela minha família, mas a tia Rose supera tudo.  Ela só não sabe o que vai fazer daqui a alguns anos quando tiver que envelhecer...

 - Boa sorte querida – disse meu pai me tirando de meus devaneios. – Tenha cuidado com os humanos e se comporte, eu venho te buscar depois da aula.

 - Ta ok – disse saindo do carro. – Até mais tarde papai – olhei para os lados, ninguém ouviu – digo, Edward, maninho.

 Ele saiu rápido com o carro e eu me virei em direção ao pavilhão do 1° anos, Alice já havia me dado as informações sobre minha sala – ela estava mais ansiosa que eu – é a numero 30.

 Minha mãe havia me falado mais eu não pensei que era tão exagerado o modo em que as pessoas me olhavam. Os humanos estavam admirados, mas não sei direito com o quê, talvez minha beleza, meu jeito de andar, meus cabelos, meu olhos, eu realmente era diferente, não me importei, continuei andando. Meu vestido era levemente levado pela brisa, no longo corredor meu salto fazia um leve barulho em contato com o piso, enquanto era fuzilada pelos olhares curiosos.

 Meu armário era perto da sala onde era minha prima aula. Em pouco tempo deixei alguns livros lá e fui para a sala, me sentei em uma fila encostada na parede perto da porta. Ouvi alguns cochichos atrás de mim não entendi direito se era “Ela foi adotada pelos Cullens” ou “O Leonardo foi pro premio de Cannes”.

 - Renesmee Cullen – o professor Edson fazia a chamada.

 - Presente – levantei o braço.

 Vi que a garota ao meu lado me observava com um olhar de quem espera algo.

 - Olá – disse ela.

 - Oi – a garota era um pouco diferente dos outros humanos, seus cabelos negros, repicados, um pouco parecidos com os de Alice, só que mais longos e armados, e nas pontas o que era de uma tintura roxa. Seu rosto branco com olhos castanhos em um delineador super marcante. Sua jaqueta jeans tinha alguns buttons e sua bota era de plataforma, e tinha algumas fivelas no comprimento.

 - Prazer, Kari Nilsen – pude ver que quando abriu a boca para um sorriso tinha algo prata e brilhante em sua língua, aquilo seria um brinco? Os humanos eram realmente estranhos, e estava cada vez mais convicta disso.

 - Ah, Renesmee Cullen – disse por fim – mas chame de Nessie, só Nessie.

 Ela fechou a cara e pareceu pensar por um segundo

 - Você é nova na cidade?

 - Er, sim, vim pra cá a pouco tempo.

 - Ah – ela hesitou por um minuto e então disse – Você tem parentesco com algum dos Cullens? Os doutores.

 - Sim, Carlisle meu pai me adotou no ano passado, Edward é meu irmão – tinha que manter o disfarce.

 - A cidade toda fala do doutor e seus filhos, você deve ter vários irmãos – ela parecida interessada.

 - Somos toda uma grande família – pisquei.

 Ela era igual aos outros humanos, nos achava deslumbrantes, não é culpa dela, nós somos feitos pra atrair a presa. Pensar assim me fez rir.

 - Venha com a gente na hora do intervalo – disse ela depois de alguns minutos sem assunto – ou você já tem companhia?

 - Oh, é claro!

Ufa, agora não ia ter que me isolar na hora do intervalo.

As aulas seguintes passaram rápido, toda a matéria é muito fácil, eu já havia aprendido com o meu pai tudo aquilo.

Quando saia da sala ouvi a voz de Kari no corredor.

- Nessie, venha, vamos com a gente!

Virei-me, ela estava em direção ao refeitório acompanhada de uma garota um pouco mais baixa que ela, o que me achou a atenção além do cabelo vermelho repicado era o seu estilo parecido com o de Kari, ela vestia um casaquinho cinza com um vestido preto um pouco curto e botas longas e altas, seu braço era cheio de pulseiras e o delineador era chamativo.

Estiquei e acenei com o braço.

- Estou indo!

Fui em passos leves até elas.

- Esta aqui é a Audrey – Kari disse com o braço em direção da amiga.

- Olá Audrey eu sou a Nessie – disse sorrindo.

- Vamos logo – disse Kari atrapalhada no meio da multidão que se dirigia ao refeitório – ou não vamos conseguir pegar uma boa mesa esse ano.

A nossa mesa ficava ao lado de duas grandes janelas que tinha uma boa vista do pátio, onde alguns garotos jogavam algo que parecia com o chute a gol entre duas estacas de madeira. O pessoal era criativo.

- Fred, Igor, Mark, por aqui – Kari estava com os braços levantados chamando três garotos que vinham em nossa direção – sentem, acho que consegui um bom lugar dessa vez – ela riu sozinha de alguma piada interna.

Os três me encaravam simultaneamente enquanto se aproximavam. Um deles se sentou ao lado de Audrey e colocou um dos braços em seu ombro a puxando para perto e dando um selinho nela. Os outros dois se sentaram a nossa frente.

- Garotos esta aqui é a Nessie – Kari disse me apresentando – ela é da minha sala – sorriu o olhou para o garoto que abraçava a Audrey. – Este é Igor Dellone,  namorado da Drey. Ele é do 3° ano.

Ele era mais alto que os outros, com ombros largos e braços um pouco torneados, seu tipo físico me lembrava o tio Emmett, mas numa versão em miniatura com nem 1/100 da força dele. O cabelo bem curto e a sobrancelha grossa eram bem escuros.

- Olá Igor – eu disse.

- Olá Nessie.

- Este aqui é o Tiller – disse Kari. – Do 2° ano.

Não identifiquei a quem ela se referia até o garoto que estava em minha frente abrir um grande sorriso.

- Oi, eu sou o Mark, Mark Tiller.

- Oiiiiii.

Este agora era o mais baixo. Tinha os cabelos loiro-escuro não tão curto, bagunçados e olhos um pouco rasgados do mesmo tom que seu cabelo.

- Este é Frederik Kappes – ela agora olhava para mim, enquanto eu observava o garoto do outro lado da mesa. Ele não disse nada, somente abriu um enorme sorriso em minha direção e eu retribuí com algo que parecia ser um sorriso torto ou apenas algo que mostrava os dentes – ele é do 2° ano, mas é repetente.

Aquele garoto tinha os olhos azuis em total harmonia com o cabelo loiro repicado puxado para cima com algum tipo de gel ou mouse e a barba clara mal feita. Os traços perfeitos e a pele branca poderiam acusá-lo de ser um vampiro, mas seu cheiro irresistível até pra mim e o sangue em suas bochechas levemente rosadas poderiam defini-lo como um simples humano e mortal.