Caminhos Cruzados. escrita por Little Owl


Capítulo 9
Eu vejo coisas.




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Deixei meus livros no armário, peguei minha bolça e fui direto para o refeitório. 




- Como vai, Rafaela? - Perguntou alguém ao meu lado me assustando, eu nem havia notado a aproximação. - Desculpe. 




- Você sempre chega do nada? - Perguntei a Nicolas, reconheci sua voz sem mesmo olhar. 




- É, eu sou tipo um ninja. - Ele disse. 




Olhei para ele, estava sorrindo. Usava um casaco preto e calças jeans pretas, seu cabelo preto estava penteado para o lado, que deixava sua pele extremamente pálida e seus olhos muito azuis. 




- Você gosta de comida Italiana? - Ele perguntou. 




Eu tinha entrado na fila do Spoleto sem ver.




- Gosto. - Respondi. Eu sempre ia nele quando saia com Mike e Dillan. 




Quando minha vez chegou, comprei um pedaço de lasanha e uma latinha de refrigerante. Nicolas continuou ao meu lado, não comprou nada para comer. Me sentei em uma mesa vazia e ele se sentou na minha frente. 


Comi em silêncio por um bom tempo. 


- Porque você e Carlos não se gostam? - perguntei quando o silêncio ficou meio constrangedor. 




- Esse assunto é meio difícil de se explicar. Mas é meio errado eu ficar perto deles. - Ele pareceu mais sinistro. - E também não é seguro para você ficar por perto deles. 




- Deles? Como não é seguro? - Perguntei. 




- Só não é, ok? - Ele se levantou. - Eu nem deveria dizer essas coisas a você. 




Ele se virou e foi embora. 




Continuei comendo meu almoço, estava quase terminando quando Dany se sentou ao meu lado e Max se sentou na minha frente. 




- Olá srta. Martins, como vai nesse bela manhã de segunda feira? - Dany perguntou alegremente. 




- Hã... eu estou bem. 




- Ela fez as pazes com o namorado. - Max explicou. 




- O que? - Dany se virou para ele com uma cara engraçada. - Eu estou normal, eu sou feliz assim todos os dias, viu? 




- É, mas você hoje está irritantemente mais feliz do que já é. - Ele disse, depois imitou a voz dela e fez uma careta. - Olá srta. Martins, como vai nessa bela manhã de segunda feira? 




Nós três explodimos de rir. 




- Ok. - Dany disse depois de conseguir parar de rir. - Talvez eu esteja um pouquinho mais feliz hoje. 




- E o que estamos fazendo aqui ainda? - Disse Max. - Vamos lá com os outros até o salão principal. 




- Vamos. - Me levantei e os segui. 


O salão principal estava quase cheio. Algo me chamou atenção quando entrei e dei uma olhada ampla. Em um dos grupinhos que ocupavam o grande salão, dois garotos estavam prestes a brigar, um estava de costas para mim estava vestido de preto e o outro, pude ver o rosto, Carlos tinha uma expressão nada amistosa. 


Dany percebeu que eu parei de repente e seguiu meu olhar, prendendo a respiração, percebeu o que estava acontecendo. 


- Max, temos que separá-los! - Dany disse. 


Max ficou parado e cruzou os baços. 


- Aquele garoto tem que apanhar, se não fosse o Carlos, eu mesmo o arrebentaria. 


 Dany olhou espantada para ele. 


- Não estou preocupara pelo Nicolas, não sabe o que aquele garoto é? Tem, tipo, dez vezes a força de Carlos. Ele não vai aguentar. 


- Ah, o Carlos dá conta, já lutou com gente mais forte. 


Carlos gritava ofensas ao Nicolas. Vários garotos se juntaram em torno deles, alguns tinham o perfil de Nico. 


A essa altura, Dany me puxava pelo pulso para mais perto deles. Eu estava a uns 6 metros deles, agora eu podia entender o que diziam. 


- Vamos! está com medo? Pegue-a logo! acha que ganha de mim? - Nico gritou para Carlos. 


- Está maluco, seu idiota? Existe gente normal aqui. - Carlos gritou de volta. 


- Tem medo? Eles vão ver dois tacos de basebol. Kill! - Nicolas chamou outro garoto que se parecia muito com ele, exceto que este tinha cabelos loiros, e ele lhe deu uma caixa preta, onde caberia um taco de basebol. 


Carlos levou a mão ao bolço e tirou de lá um anel, colocou-o no dedo médio e girou, quando fechou a mão em um punho, de repente estava segurando uma espada de quase um metro, com a lâmina bronze. 


Arregalei os olhos, dei um passo para trás, engolindo um grito. 


Enquanto isso, Nicolas abriu a caixa e tirou de lá uma espada com a lâmina vermelha e o punho preto com um par de asas. 


No segundo seguinte, eles estavam lutando, o barulho de metais se batendo era agonizante, Nicolas e Carlos faziam movimentos tão naturais que parecia que eles haviam lutado por anos. 


- Meu senhor, - Dany suspirou ao meu lado. - Eles vão parar de se estranhar quando? 


- Fica quieta, Dany. - Max cutucou ela. - Deixa eles se matarem em paz. 


- A...aquilo são espadas de verdade? - perguntei com a voz fraca. - Tipo, as bem afiadas. 


Dany e Max esqueceram a luta e me encararam por uns 5 segundos, depois se encararam por mais 2. 


- Rafaela. Você não está vendo espadas. - Max disse, estralando os dedos. - O que está nas mãos deles são bastões de basebol. 


Olhei novamente para os dois garotos que ainda tentavam se matar, por um momento, eles lutavam com bastões de basebol, mas quando pisquei os olhos, eles continuavam com espadas. 


- Não. Aquilo são espadas. - Olhei confusa para os dois, que me olhavam espantados. - não são? Ai meu deus, estou tendo alucinações novamente? onde está meu remédio de esquizofrenia? 


Apalpei meus bolsos, mas não estavam lá. 


Max e Dany olhavam com pena de mim agora. 


- Será que ela é...? - Dany perguntou ao Max, como se eu não estivesse bem na frente deles. 


- Não. Ela é normal. Acho que ela vê através da... sabe? 


Será que eles fazem sempre isso? - pensei - Ou será que eu pareço invisível? 


Eles se encararam por mais uns 3 segundos e se viraram pra mim. Me encararam como se eu fosse uma espécie nova de um animal e eles estivessem em dúvida se me sacrificariam ou se fariam testes em mim. 


- Hã... na verdade, são sim espadas que eles estão usando. - Max disse, calculando bem cada palavra que dizia. - O Carlos e o Nicolas faziam esgrima em uma escola antiga, e eles gostam de lutar com espadas. 


- Isso. - Dany concordou. - E respondendo sua pergunta, as espadas são bem afiadas. E falando nisso, alguém tem que acabar logo com essa briguinha. 


Dany virou as costas para mim e andou calmamente em direção aos dois, que ainda tentavam se matar. Carlos sangrava no ombro esquerdo, na coxa direita e em um corte que vinha da orelha direita ao queixo. Nicolas, incrivelmente, só sangrava em uma pequena cicatriz na bochecha, mas suas roupas estavam todas rasgadas. 


- Posso fazer isso para sempre. - Nicolas gritou para Carlos enquanto cortava o antebraço esquerdo, deixando uma linha de sangue. 


- Parem com isso, os dois. - Dany disse aos dois com a voz meio diferente e confiante. 


Os dois pararam no mesmo instante em que ela terminou a frase, bem no meio de um golpe. Carlos acertaria a axila de Nico, enquanto o outro estava no meio de um golpe aberto, que acertaria o pescoço do Carlos. 


- Abaixem suas armas. - Dany pediu com uma voz delicada e confiante. 


Devagar, os dois baixaram os braços e ficaram como bobos encarando ela. 


- Agora você, Nicolas, dê meia volta e saia desse salão. - Meio em transe ele se virou e foi embora. - E você, Carlos. Venha comigo. 

Ela foi na direção contrária ao que Nicolas tinha ido, sem olhar para trás para checar se o Carlos estava mesmo seguindo ela, Dany saiu do Grande Salão. Segui Dany, com Max e Carlos. 

Dany entrou na primeira porta aberta, era um quarto vazio, sem nada a não ser uma cama e uma mesa. 

- Você está maluco? - Dany gritou para o Carlos depois de fechar a porta. 

- O que você quer que eu fizesse? - Carlos gritou de volta, parecia que ele tinha saído do transe no momento em que Dany gritou com ele. - Ficasse parado, vendo ele fazer essas coisas? 

- Ah, não. Ficar parado e ser discreto é a ultima coisa que queremos! - Dany disse cheia de sarcasmo. - Tive uma ideia! Que tal atacar ele na frente da escola inteira? Talvez eu ganhe um brinde, um braço a menos, quem sabe? Quer acabar com as coisas? Esqueceu o que aconteceu na ultima vez?

- Rafaela. - Max segurou meu ombro. - É melhor irmos embora. 

- Não, Dany! - Carlos gritou. - Eu não me esqueci. Tanto que fiz isso para impedir que aconteça novamente. 

- Rafaela, vamos. - Max me puxou. 

- Na frente da escola inteira? Nessa escola não tem só gente como nós! Tem pessoas normais aqui! 

- Todos vão morrer se ficarmos parados! - Carlos gritou. 

- Rafaela. - Max me tirou de lá. E eu me deixei levar. 

 

 

 

 



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