Eu seguia James por um corredor de cores florescentes.

Algumas mulheres de roupas igualmente brancas a minha, porém, com chapéus de enfermeiras na cabeça passavam por nós dois.

- Por aqui. - James disse quando virava uma pequena curva.

Entramos em um corredor mais extenso porém da cor verde.

- James, preciso lhe perguntar uma coisa.

Uma dúvida batucava como uma escola de samba do Brasil em minha cabeça desde o momento em que deixei minha casa.

- Não se preocupe, Bella. - James parou de andar e virou-se em minha direção. - Campbell e Charlie já estão com outro curandeiro. 

Mordendo meu lábio inferior acompanhei seu olhar.

A nossa frente, uma porta branca e com uma placa em prateado indicava que era a sala da decisão.

Eu não sabia o porque mas senti um arrepio inegável subir por toda a extensão de meu corpo.

Abrindo a porta, James deu espaço o suficiente para que eu entrasse e logo após ele fez o mesmo.

Um homem com longos cabelos brancos e uma barba que me lembrou o natal, estava a nossa espera e tinha pensamentos engraçados.

Certamente foi um humorista na Terra.

- Na Terra não, por favor. Planetas tristes não são a minha preferência. - A voz do homem tocou sobre meu corpo.

Sua voz era desejosa e me fazia sentir risadas internas.

James, com uma mão protetora sobre meu ombro, o cumprimentou com a inclinação de cabeça e logo me repassou por pensamentos:

- Ele veio do planeta Vennskap, conhecido na Terra como "HIP 13044b", um planeta de uma galáxia engolida pela Via Láctea. 

O homem não parecia se importar com o assunto em questão, por isso, ele apenas manuseava uma pequena esfera em suas mãos.

A esfera era feita por estrelas.

Como eu sabia ? Eu sentia a mesma sensação de quando fui ver Edward e toquei estrelas do Universo - eu iria reconhecer a sensação em qualquer lugar. Era mágico demais para ser esquecível.

- A propósito, o nome dele é: Pheyd.

Pheyd quando escutou seu nome ser pronunciado, olhou em nossa direção.

- Pheyd, meu velho amigo, tenho em mãos mais uma para a sua diversão particular.

Meu corpo ressaltou o espanto.

Certamente, eu ainda tinha lembranças não boas sobre o que era "diversão particular".

Charlie jamais fez bom uso dessa expressão.

- Bella, não se preocupe! Não somos assim.

James me conduziu até uma pequena maca que estava grudada na parede da cor clara.

Tirando o lençol que a protegia das poeiras estrelares, deitei na maca enquanto aguardava qualquer procedimento padrão.

Pheyd gargalhava de meus pensamentos.

- Bella, eu não sou... Como se diz?

- Médico. - O completei.

- Isso! Eu não sou médico. Você está aqui para fazer as escolhas de sua nova vida.

Imediatamente, eu sentei na maca e procurei por James.

Ele sorria.

- Muito bem, vamos lá!

Pheyd se aproximava de mim com uma agulha de mais ou menos vinte e cinco centímetros.

Meu olhar assustado o fazia rir e sem mais demoras, ele deixou a agulha ao meu lado esquerdo da maca.

- É apenas brincadeira, Bella!

Eu desejei ter vontade própria e bater nele.

Porém, o astral do lugar não me permitia faze-lo.

- Agora, concentre-se e pense em qualquer casal. Conhecido ou imaginário.

Fechando os olhos, tentei mentalizar minha mente em qualquer supro de realidade.

Eu não enxergava nada além de preto.

Abrindo os olhos, encontrei James encostado em posição desconfortável em uma parede e Pheyd a minha frente frustado.

- Eu não estou conseguindo. - Balbuciei temerosa.

Eu estava com medo de não conseguir e perder a chance da única coisa que mais necessitei.

- Se concentre, Bella! - Pheyde sussurrou enquanto passava tranquilidade segurando em ambas as minhas mãos.

Respirando fundo e inalando o máximo de ar que eu poderia, fechei os olhos novamente.

Uma nova sensação, não sentida antes, me invadiu.

A única forma de saber que eu ainda estava no mundo espiritual, era porque ainda escutava a voz de Pheyd.

- Agora, com muita calma, relaxe e pense em um casal. Qualquer casal.

Eu me sentia em outra dimensão.

Mais baixa, mais alta, eu não sabia.

Era apenas um lugar diferente e perdido no nada.

Eu me sentia perdida no nada.

Milhares de rostos brotavam por minha mente.

Negros, brancos, asiáticos, europeus.

Todos e ao mesmo tempo nenhum.

Eu não sentia desejo em compartilhar nada com qualquer um desses.

- Pense... Mais... Próximo. 

A voz de Pheyde era cortada a cada centímetro que eu me afastava.

Eu flutuava no vácuo junto com o nada ao meu redor.

Um forte clarão fez meus olhos fecharem e logo após abrirem.

Uma risada conhecida e masculina fez meus sentidos implorarem por mais.

"Emmett!" - Foi tudo o que eu conseguia pensar.

Abrindo os olhos, longos cabelos loiros e cacheados invadiram por total meu campo de visão.

A mulher de cabelos longos estava em direção contrária a minha, mas Emmett ainda olhava em minha direção, e gargalhava.

Na verdade, ele não sabia que eu estava observando.

Na realidade, eu nem entendia o motivo de saber como ele não me enxergava.

Eu!

Isabella Marie Swan!

Ele olhava para mim, porém, em outra dimensão.

Meus olhos se encheram de lágrimas quando encarei os belos olhos de Rosalie.

Ela estava maravilhosa.

Ou melhor, ela se sentia maravilhosa.

A felicidade reinava em todo o seu espírito.

E Emmett estava em paz.

Eu não entendia o porque de saber ou como sabia, eu apenas queria fazer parte disso.

Eu queria ser o motivo de tantos sentimentos bons.

Eu desejava... Eu desejava ter os dois ao meu lado. 

Talvez, por saber que também teria Edward.

Eu apenas sabia de uma coisa: Eu desejava ir para essa lembrança, ou visão do futuro, e mergulhar nas profundezas do amor por toda a eternidade.

Eu jamais pensei em ter Emmett e Rosalie como pais, ou até mesmo família.

Renée e Carlisle seriam mais aceitáveis.

Tirando uma coisa: Eu seria irmã de Edward.

E isso jamais seria aceitável para mim.

"Não, Bella! Pare com isso!" - o pensamento voltou em minha cabeça.- "O importante é salvar Edward!".

Eu desejava falar mais. Desejava ter mais da visão, ou lembrança, pequena, e ainda assim, com fortes sentimentos, mas algo real e indesejado voltou para me assombrar e destruir o mundo de fantasias.

A sensação de ardência em meu rosto voltou e em menos de um oitavo de segundo, eu já abria os olhos e encontrava com James e Pheyde esperançosos.

- É isso! - Eu sussurrei antes de elevar a voz e demonstrar toda a felicidade que eu sentia. - Eu irei voltar como filha de Emmett e Rose.