Jovens e Heróis escrita por Gistar


Capítulo 14
Paraiso




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“E não há remédio para a memória

Seu rosto é como uma melodia

Isso não sairá da minha cabeça

Sua alma está me assombrando e me dizendo

Que tudo está bem

Mas eu queria estar morta

Toda vez que fecho os meus olhos

É como um paraíso sombrio

Bella

Quando acordei já era dia.

– Alice – chamei – acorda!

Ela abriu os olhos e me olhou.

– Bella? Já é de manhã?

– Sim – respondi.

– Estava sonhando com Jas, ele parecia estar sofrendo muito e me pedia ajuda. Estou preocupada.

– Ele está bem Alice, não se preocupe.

Minha barriga deu um ronco alto.

– Já está com fome? – perguntou.

– Hora do café da manhã! – respondi. – Vai ficar tudo bem Alice, ele não vai nos deixar morrer de fome aqui.

Eu disse isso para tranqüilizá-la, mas eu sabia que ele era bem capaz disso.

O dia parecia não terminar e a fome só aumentava, logo depois veio a sede. Eu não reclamava e Alice também não, mas eu sabia que ela estava tentando parecer tão forte quanto eu.

A noite chegou finalmente.

– Alice me dá um comprimido. – pedi.

Eu sabia que aquilo viciava, mas eu não ia conseguir dormir com a sede e a fome que eu estava. Minha garganta ardia e meu estômago doía.

Ela me estendeu um comprimido que a muito custo consegui empurrar pela garganta seca. Ele demorou um pouco mais pra fazer efeito já que estava com o estômago vazio. Por fim adormeci.

Edward

Eu já estava preocupado com Jasper que não voltava. Quando vi, dois caras apareceram carregando-o. Emmett e eu corremos até ele.

– O que fizeram com ele? – perguntei.

Ele estava todo machucado e desacordado, parecia que tinha apanhado até perder os sentidos.

Os caras simplesmente o largaram no chão e saíram do refeitório. Uma multidão já se juntava ao redor. Emmett colocou o dedo no pescoço de Jasper para verificar a pulsação.

– Está fraca – disse – me ajude a carregá-lo.

– Quando eu colocar as mãos naquele desgraçado eu juro que o mato - eu dizia enquanto carregávamos Jasper para o quarto.

O colocamos na cama e Rose e Jessica já estavam chegando com água e panos.

– Para limpar os ferimentos – disse Rosalie e se afastou. - Nossa! Fizeram um estrago feio.

– Temos que acordá-lo – disse Emmett – mas antes precisamos de remédio para a dor. A pessoa perde os sentidos quando o corpo tenta se defender da dor, é uma forma de anestesia. Ele deve ter sentido muita dor.

Dava pra sentir a dor nas palavras de Emmett, Jasper era como um irmão pra nós, éramos inseparáveis. Rosalie se afastou para buscar remédios.

– Por que fizeram isso com ele? – perguntou Jessica.

– Vamos saber quando ele acordar. – respondi.

– Isso deve ajudar, – Ângela chegou trazendo um vidro – é álcool. Coloquem no nariz dele.

Emmett colocou um pouco em um pano e fez como Ângela disse. O efeito foi imediato, Jasper abriu os olhos e começou a gemer.

– Calma Jasper, está tudo bem. – eu disse – Rose já está chegando com os remédios.

Nesse momento Rose chegou e me estendeu um vidro com alguns comprimidos.

– Acha que consegue pegar os comprimidos Jasper – perguntei.

Ele não respondia, apenas gemia.

Eu tirei dois e tive que colocá-los na boca de Jasper, enquanto Emmett forçava um pouco de água pra dentro de sua garganta. Finalmente conseguimos fazê-lo engolir.

Ele parecia cansado demais para falar alguma coisa.

– Não da pra perguntar nada agora – eu disse – ele precisa descansar.

Os outros concordaram.

– Eu fico com ele – disse Emmett – vamos nos revezar, depois outro vem. Não podemos deixá-lo sozinho.

– Ok – respondi – daqui a uma hora eu venho e troco com você.

Nós passamos o dia todo nos revezando para cuidar de Jasper que delirava e chamava por Alice. Procuramos Alice e Bella por toda a escola e não achamos nada. Estava começando a considerar a idéia de ir até James e perguntar o que fizera com as duas.

– Não adianta Edward – Emmett dizia – isso só vai piorar as coisas, vamos esperar até amanhã, se elas não voltarem a gente vê o que vai fazer.

Eu concordei em esperar até o outro dia. Minha mente ia de Bella e Alice que eu não fazia idéia do que estavam passando para Jasper que ainda estava dormindo e não acordava.

Jasper acordou à noite, Emmett e Mike estavam lá, já passava das onze horas.

– Como se sente? – perguntei assim que ele abriu os olhos.

– Com um pouco de dor ainda.

– O que aconteceu afinal? – perguntou Emmett impaciente.

– James queria saber das saídas...

– Você contou? – perguntei e não consegui conter o desânimo, estávamos perdidos. Adeus liberdade...

– Não! Por que acha que apanhei tanto?

– O cara te surrou e você não disse nada? – Mike estava boquiaberto.

– Você entregaria nosso plano? – Emmett desafiou Mike.

– Cara eu não sei! Não sei até onde agüentaria.

– Agradeça a Jasper, por ele ter agüentado. Se ele tivesse contado tudo, só Deus sabe quando sairíamos daqui. – falei.

– Eu só pensava na Alice... Perguntei onde elas estavam, mas ele não disse.

Jasper estava se lamentando.

– Tudo bem cara! Se até amanhã elas não aparecerem, eu vou tentar descobrir o que aconteceu. – eu o tranqüilizei.

Bella

Tive uma noite sem sonhos. Acordei com a boca seca, agora meu estômago doía mais do que nunca, por que eu não continuei dormindo?

Cruzei os braços sobre o ventre. Até quando nós ficaríamos ali? Soltei um gemido de dor. Alice acordou.

– Bella! – Ela estava rouca, fazia dois dias que não colocávamos nada na boca.

– Alice eu... me sinto tão fraca! Vou voltar a dormir...

– Bella, não! Precisamos ficar acordadas, temos que arrumar um jeito de sair daqui.

– Não adianta Ali, minha cabeça dói, meu corpo dói... não dá pra pensar assim.

– Não se entrega Bella, se você se entregar vai ser pior. Precisa ser forte!

– Força é o que me falta agora Alice...

Meu corpo estava mole, estava tonta e não conseguia raciocinar direito.

– Pense na sua mãe Bella, nos seus amigos, em Edward... eles precisam de você!

– Edward...

– Sim Edward!

Eu fechei os olhos e lembrei de quando Edward me beijou e prometeu que me protegeria. Eu prometi que ia tomar mais cuidado, acho que quebrei minha promessa.

– Bella, acorda Bella.

Eu não queria acordar, estava andando por um campo de girassóis, o calor do sol aquecia meu corpo e uma leve brisa soprava em meus cabelos soltos, eu usava um vestido azul...

– Bella!

Olhei na direção da voz, a voz que embalava meu sono e que eu reconheceria entre milhares, Edward!

– Edward!

Ele veio correndo até mim e me abraçou. Eu devia estar no céu, podia sentir o perfume dele. Eu devia estar morta, mas e Edward?

– Edward...

Isso não me importava mais, ele estava ali comigo.

– Paraíso...

No Paraíso, onde não havia medo, dor, fome ou sede. Eu estava feliz, tão feliz como nunca me sentira na vida. Eu o beijei, queria provar seu beijo e saber se era tão bom quanto me lembrava. Era doce, o mais doce que já provei.

–Mel...

Tinha gosto de mel na minha boca. Será que todos os beijos tinham gosto de mel no Paraíso?

Nós deitamos entre os girassóis, o céu estava vermelho, era fim de tarde, eu olhei para o lado, no fundo dos olhos de Edward. Ele sorriu, o meu sorriso torto favorito.

– Lindo...

Eu poderia passar a eternidade toda admirando sua beleza, como ele era belo, parecia um monumento erguido em homenagem a algum Deus esquecido.

– Deus...

Onde estava Deus se eu estava no Paraíso? Não interessava! Eu peguei a mão de Edward, estava quente do sol, mas era macia.

Eu fui até ele e deitei em seu peito, podia ouvir o bater de seu coração e adormeci sorrindo, eu estava bem. Estava com Edward no Paraíso.


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