O baile era no sábado e eu só tinha um dia para decidir. Já fazia duas semanas que o "enterro" do Ty havia acontecido. Por incrível que pareça minha mãe não estava deprimida, ela reagia bem a tudo, voltou ao trabalho e nem tocava no assunto, meu pai basicamente a mesma coisa.

Eu não havia chorado desde o dia com o Erick, a única maneira que encontrei de não falar sobre o Tyler era sendo fria. Ainda não acreditava que ele estava morto, mas se falasse para alguém isso, provavelmente achariam que eu estava louca e provavelmente me mandariam para a psicóloga,de novo.

Por causa de tudo o que estava acontecendo à escola chamou meus pais e indicou que me mandassem falar com algum especialista. O que eles atenderam prontamente.

–Liah Becrole- doutora Flavia me cumprimentou- quer me contar alguma coisa? Saiba que tudo o que disser aqui ficara em segredo, e parte do código medica paciente.

–Na verdade eu não quero contar nada, não tenho nada para falar- falei me sentando- tudo o que eu poderia dizer a senhora já sabe.

–Pode me chamar de você, e o que eu devia saber?

–Que meu irmão sofreu um acidente de carro e desapareceu, a policia procurou por ele durante menos de três semanas e já o declararam morto. Sem nada que realmente comprovasse sua morte.

–Acha que ele esta vivo?

–Se estiver, já devia ter voltado.

–Acho que ainda tem mais alguma coisa para dizer.

–Na verdade sim, posso ir embora?

–Ainda não, sente falta dele?

–Você tem um irmão? Se ele sumisse iria sentir falta dele?

–Sim sentiria falta.

–Nós éramos próximos, Ty estava sempre comigo, então sim eu estou abalada psicologicamente e sim sinto muito a falta dele, mas isso é normal. Não preciso vir a uma psicóloga apenas por sentir falta de alguém que eu amo e que junca vai voltar.

–Tem razão, vai ao baile de amanhã?

–Não.

–Por que não? Seria por causa do Tyler?

–Motivos pessoais, mas já que quer realmente saber, não é por causa dele, antes do Ty sumir ele estava tentando me convencer a ir.

Olhei no relógio, entre as respostas afiadas o clima tenso e olhares de cala a boca. Já havia passado uma hora e eu já podia sair. Dei um aceno de até nunca para ela e sai da sala.

Estava cansada de ser pressionada, qual é, eu já não sofri muito perdendo meu irmão? Tenho que continuar sendo atingida sempre que der uma melhorada? É pedir muito um pouco de calma na minha vida?

Minha casa estava silenciosa, meus pais não haviam chegado ainda. Mas havia uma caixa preta com um laço vermelho em cima, minhas cores favoritas. Não estava pesada e tinha meu nome nela, então resolvi abrir.

Havia um bilhete por cima de um vestido preto, em uma caligrafia conhecida e inesperada estava escrito:

Lembra-se quando eu disse que você iria para o baile?

Então, você vai. Quero que vá, pois vou tentar te ajudar a entender tudo.

E é claro que não vai desperdiçar um vestido tão lindo assim não é? Você ficou perfeita nele, então merecia ganha-lo.

Com amor e milhares de desculpas

Tyler

Provavelmente eu deveria começar a chorar e sair gritando que ele havia me mandado o vestido, correr para a policia e dizer que ele estava vivo. Mas é claro que não, corri pro meu quarto e retirei o lindo vestido preto, eu o havia experimentando antes de invocar que não ia ao baile.

E agora ali estava em minhas mãos, e com uma ordem para ir ao baile. Mas eu não ia pelo fato dele ter mandado, e sim para tentar entender o que estava acontecendo.