Suteki da Nee escrita por Yoruki Hiiragizawa


Capítulo 8
Você se apaixonou pelos meus erros


Notas iniciais do capítulo

Música do capítulo: 3x4— Engenheiros do Hawaii.



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SUTEKI DA NEE

por Yoruki Hiiragizawa

 

Capítulo Oito
Você se apaixonou pelos meus erros

 

“Eu não acredito nisso!” – Shaoran exclamou. – “Ela não fala comigo desde o intervalo...” – reclamou, incrédulo.

“E o que tu querias?” – Eriol perguntou, sem prestar muita atenção. Caminhava ao lado do chinês e de Yamazaki em direção ao portão. – “Que ela simplesmente te perdoasse depois do que falaste?” – seu tom de voz era explicitamente irônico.

“Eu não estou entendendo direito o que aconteceu...” – Yamazaki comentou, atraindo a atenção dos dois. – “Qual o motivo da briga?”.

“Eu só falei que...” – Shaoran começou, mas Eriol o interrompeu.

“Ele disse que não conseguia conversar com Yamazato porque ela era bonita...” – falou, vendo Yamazaki se contrair e fazer uma careta de dor.

“Ui!” – bateu na própria testa, encarando o chinês. – “Não me admira que ela esteja tão brava! Não se diz esse tipo de coisa para uma garota, Shaoran...” – balançou negativamente a cabeça.

“Foi o que eu disse...” – Eriol suspirou, parando em frente ao portão.

“Vocês não estão ajudando...” – o chinês disse cansado, cruzando os braços.

“Ah, sinto muito, meu amigo!” – Eriol ergueu os braços. – “A amiga é tua, tu tens que resolver o problema...” – viu-o encará-lo de forma incrédula.

“Pelo que eu conheço da Sakura...” – Yamazaki começou de forma pensativa. – “Se você pedir desculpas a ela e passar os próximos dois ou três dias deprimido com a síndrome do ‘vou-morrer-se-não-falar-comigo’ deve resolver...” – deu um tapa nas costas do chinês com um sorriso confiante. – “Eu tenho que ir! Já consigo ouvir os gritos de minha mãe por chegar atrasado na lanchonete...” – falou, suspirando.

“Mas você não está atrasado...” – Shaoran olhou no relógio.

“Ainda não...” – o rapaz de pequenos olhos começou, encarando-o. – “Mas estarei quando sair da casa de Chiharu...” – explicou, fazendo com que os amigos abrissem um sorriso.

“Ele é fora de série...” – Eriol falou, balançando a cabeça enquanto o via se afastar.

“É sim...” – Li disse, voltando a ficar sério.

“O que vais fazer? Falar com Sakura?” – o britânico indagou, vendo-o negar com a cabeça.

“Eu acho que... vou tentar conversar com Akio...” – respondeu, encarando o lugar onde a ruiva se encontrava parada, conversando com as amigas.

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"Sakura, tem certeza de que não quer ir conosco?" - Rika perguntou enquanto passavam pelo portão do colégio.

"Absoluta!… Não vou ser boa companhia hoje..." – respondeu, sorrindo fracamente.

“Não se sentiria melhor se nos contasse o que aconteceu?” – Naoko indagou preocupada.

“Acredite, você não vai querer saber...” – Tomoyo suspirou irritada. Sakura não respondeu, apenas parou de andar, olhando espantada para um ponto à frente.

"Acho que já sei o que aconteceu…" - Rika disse olhando para o que atraíra a atenção da amiga; Naoko levou a mão à boca, voltando-se imediatamente para Sakura, ao avistar Li e Yamazato conversando.

“Ao menos ele teve coragem de ir falar com ela...” – Sakura disse com um pequeno sorriso no rosto, fingindo não ver a expressão de pena nas faces das amigas.

“Sakura...” – Rika começou, querendo falar alguma coisa, mas não conseguiu pensar em nada.

“Não se preocupem...” – falou, forçando um grande sorriso. – “Vamos embora daq...” – interrompeu a frase, ao sentir Tomoyo repousar a mão em seu ombro enquanto era puxada para um abraço.

“Pior do que ver você chorando é vê-la fingindo que está tudo bem quando, obviamente, não está...” – a morena disse baixinho, afagando os cabelos da amiga, que finalmente deixou uma lágrima escorrer por seu rosto.

Afastaram-se assustadas quando alguém acelerou uma moto ao passar por elas. O motoqueiro empinou, parando onde Shaoran conversava com a ruiva. Tirou o capacete e ofereceu à garota um outro, falando alguma coisa. Ela aceitou sem pensar duas vezes, subindo na garupa como se o chinês nem estivesse ali. Foram embora acelerando o veículo e sumindo na esquina.

Sakura observava, com um aperto no coração, a reação do rapaz enquanto a ruiva ia embora. Ela era tão estúpida! Tinha tudo o que qualquer garota poderia desejar bem a sua frente e não percebia porque ele não vinha acelerando uma moto idiota! ‘Aposto que, se ela soubesse quem ele realmente é, não seria essa tremenda cretina!’, pensou enquanto olhava a figura inerte do chinês no outro lado da rua.

"Isso não é justo…" – disse em um sussurro, atraindo atenção das meninas que estavam com ela. - "Ela não o merece!” – suspirou, virando para suas amigas. Elas se entreolharam, voltando a encará-la com ternura.

“Eu acho que ele é quem não merece tê-la como amiga, Sakura, isso sim...” – Rika falou com um sorriso.

“Talvez ele não mereça mesmo...” – Sakura respondeu, suspirando. – “Mas o que eu posso fazer?” – sorriu, abaixando um pouco o rosto.

"Acho que você, talvez, deva ir até lá..." - Tomoyo sugeriu. - "Ele deve estar precisando de você…" – suspirou. Sakura assentiu, silenciosamente, vendo as garotas irem embora.

Ela cerrou os punhos, respirando profundamente. Começou a caminhar lentamente na direção dele. Não tinha pressa de alcançá-lo por não saber exatamente o que dizer. Mas a distância não foi suficiente para que pudesse pensar em algo.

Shaoran estava parado, com o olhar triste perdido na direção em que a moto partira. Sakura se aproximou e parou ao lado dele, sem falar nada. Apenas colocou a mão sobre seu ombro, fazendo-o virar-se para ela.

Permaneceram calados durante o que pareceu um longo tempo, encarando um ao outro. Shaoran sorriu levemente, em agradecimento por ela estar ali. Desviou o olhar por um segundo e suspirou pesadamente. Devia ter feito papel de idiota, ficando ali parado enquanto Yamazato ia embora com outro.

"Vamos sair daqui!" - ele falou, estendendo sua mão para ela, com um sorriso envergonhado no rosto. Sakura sorriu, deixando que ele a levasse para outro lugar.

Caminharam pelo parque em silêncio por algum tempo. E a garota começou a pensar em tudo o que o rapaz já fizera para chamar atenção de Yamazato. Havia uma coisa que ele ainda não tentara e, por mais que fosse se odiar por falar aquilo, não conseguiria continuar vendo-o triste daquele jeito.

“Shaoran...” – chamou-o, abaixou levemente o rosto, erguendo-o em seguida. – “Eu não gosto da Yamazato e não acho que ela mereça todos os seus esforços...” – encarou-o diretamente nos olhos. – “Mas como, para mim, é muito mais importante saber que você está bem...” – suspirou, ao vê-lo abrir um pequeno sorriso. – “Não me sentiria bem comigo mesma se não expor algo que me ocorreu...” – parou subitamente, suspirando e abaixando novamente a cabeça.

“Sakura...?” – ele a chamou. Ela fez um gesto para que ele não dissesse nada.

“Você pode conquistá-la...” – disse seriamente. – “Basta contar a ela quem você é...” – completou sem encará-lo, não suportaria ver o sorriso que ele deveria estar exibindo.

“Eu... já havia percebido que essa seria uma solução bastante simples...” – ele declarou, colocando uma das mãos sobre o ombro dela. A garota o encarou espantada. Se ele já sabia, por que então não o fizera? – “Basta observar as pessoas que a cercam...” – explicou, pegando uma das mãos dela. – “Mas isso seria jogar fora tudo o que conquistei desde que cheguei aqui...” – sorriu docemente, meneando a cabeça. – “Seria voltar a me esconder atrás do nome de minha família. Não é o que eu quero!” – completou, vendo-a abrir um lindo sorriso.

Voltaram a caminhar, estando ainda de mãos dadas, e Shaoran não tinha pretensão alguma de soltá-la. A verdade é que ambos se sentiam confortáveis daquela forma e não se importavam com o que as pessoas ao redor estariam pensando.

Mas a sensação de bem-estar não durou muito tempo. Sakura logo se lembrou que continuava sendo apenas a melhor amiga e que, na próxima oportunidade, Shaoran estaria correndo atrás de Yamazato, mais uma vez.

“Então...” – ela suspirou, puxando devagar sua mão. – “Tem alguma ideia para a próxima investida?” – questionou, contraindo levemente os ombros.

"Não!” – ele soltou uma risada debochada. – “Não acho que haverá ‘próxima investida’. É como se..." - sua voz soava fraca. - "Isso tivesse sido um aviso para que eu a esqueça de uma vez por todas..." – comentou, encarando a garota ao seu lado. Sakura parou de caminhar, arregalando os olhos. – “O que foi?” – ele questionou, estranhando a reação dela e fazendo o mesmo à sua frente.

“O que você... está falando?” – pensou ter imaginado coisas.

“Eu não tenho mais o que fazer para chamar atenção dela...” – suspirou. – “Nunca escondi o que sinto, sempre deixei isso bem claro...” – encarava os olhos verdes da amiga. – “Mas só agora eu percebi qual é o problema. Ela não sabe nada a meu respeito e age como se eu não fosse bom o suficiente para ela...” – abaixou a cabeça. – “E o mais incrível é que eu realmente acreditei que o problema era comigo. Que eu não conseguia fazer nada direito perto dela. Tentei mudar, algumas vezes, agi feito um completo idiota e até mudei de aparência para ver se ela me notava, mas nada funcionou...”.

“Porque o problema nunca foi você, Shaoran...” – Sakura o interrompeu, vendo-o abrir um tímido sorriso.

"Agora eu sei disso..." - ergueu a cabeça. – “Ela não quer me conhecer... Não quer me dar uma chance...” – ergueu as mãos, balançando negativamente a cabeça. – “E não há nada que eu possa fazer, então vou deixar isso para trás e seguir adiante...” – concluiu, encarando-a.

“Fico feliz que tudo isso o tenha ajudado a tomar uma decisão tão importante...” – ela sorriu levemente.

“E eu fico feliz porque você voltou a falar comigo...” – Shaoran mudou de assunto, com um sorriso debochado.

“Isso me lembra que eu ainda estou um pouco chateada com você!” – comentou, dando-lhe um peteleco na testa e cruzando os braços com uma careta.

“Eu adoro quando você faz esse biquinho...” – ele sorriu, vendo-a lutar para não dar risada também. ‘Por que eu não pude me apaixonar por alguém como você, Sakura? Tudo seria tão mais fácil...’, Shaoran pensou, suavizando o sorriso. – “O que vamos fazer agora?” – questionou, vendo-a balançar a cabeça.

"Não sei... o que você quer fazer?" - ela perguntou, sem nenhuma ideia.

"Neste exato momento?" - ele perguntou passando a mão pelos cabelos e sentindo-se levemente incomodado. - "A única coisa que quero fazer é cortar esse negócio…" – sorriu, vendo-a rir. - "Estou falando sério!… Como permitiram que eu o deixasse crescer desse jeito?" - perguntou, fazendo uma careta.

“Desculpe, mas...” – Sakura ficou um pouco envergonhada. – “Por mais que eu deteste admitir, Yamazato não estava mentindo quando disse que você ficou bem com o cabelo assim...” – sorriu, levemente.

“Sério?” – perguntou com um sorriso.

“É a minha opinião...” – disse suavemente, com as bochechas rosadas. Shaoran ficou pensativo por um momento.

“Então eu acho que vou deixar do jeito que está...” – disse, fazendo-a sorrir. – “Mas isso não resolve nosso problema...” – encarou-a, esperando por alguma sugestão.

"Eu só não posso demorar muito, porque é minha vez de preparar o jantar...” – disse, abrindo um sorriso. – “Hei, que tal jantar lá em casa hoje?..." – perguntou, olhando-o com ternura.

"Se não for incomodar…" - sorriu, vendo-a balançar a cabeça.

"Você já deveria saber que não nos incomoda…" - ela o repreendeu em tom de brincadeira. - "Já faz parte de nossa família…".

"E me sinto honrado por isso…" - afirmou, fazendo-a alargar o sorriso, enquanto caminhavam em direção à residência Kinomoto.

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Sakura cruzava os corredores do colégio, seguindo para a sala. Estava distraída e não percebeu a aproximação sorrateira de alguém até o momento em que este apareceu à sua frente, fazendo-a pular de susto.

“Shaoran!” – exclamou, com a mão no peito, repreendendo o amigo. – “Seu palhaço insensível! Quer me matar de susto?” – indagou, abaixando a cabeça levemente para se acalmar.

“Hei, desculpa! Não precisa ficar tão nervosa!” – pediu entristecido, esperando que ela falasse mais alguma coisa.

Ela ergueu a cabeça e o viu fazer uma expressão de sofrimento tão grande que a única que conseguiu fazer foi começar a rir do rapaz.

“Você é um bobo, mesmo!” – comentou, meneando a cabeça enquanto um sorriso sereno repousava em seus lábios. – “Quanta alegria, hein... Aconteceu alguma coisa?” – questionou, voltando a andar.

“Nada!” – ele suspirou levemente. – “Eu simplesmente acordei muito bem disposto...” – sorriu, encarando-a. – “Acho que é efeito do pudim mágico do Sr. Kinomoto!” – brincou, fazendo-a dar risada.

“Só você para inventar uma coisa dessas...” – balançou a cabeça, divertindo-se.

“Não é tão absurdo assim...” – ele justificou, com um sorriso de lado. – “Mas eu não tenho certeza se os doces de seu pai fariam algum efeito se você não estiver por perto...” – completou, virando-se para ela. Esperava vê-la com as bochechas naquele adorável tom de rosa que elas adquiriam quando recebia um elogio, mas encontrou a garota olhando seriamente para frente com uma expressão estranha.

Sakura parou de prestar atenção ao que Shaoran dizia assim que avistou Yoshida. Fora subitamente atingida por uma onda de culpa e embaraço ao se recordar da conversa que tivera com o rapaz no dia anterior. O que Isamu lhe dissera se assemelhava de forma assustadora ao que Li desabafara sobre Yamazato e isso a fez sentir-se como a mais baixa das criaturas em todo o universo...

‘Como pude fazer isso?’, perguntou-se, mortificada. Estivera destratando Yoshida, assim como Yamazato fizera com o Li. Foi retirada de seus pensamentos, ao ouvir Shaoran chamá-la.

“O quê?” – encarou-o, encontrando o semblante preocupado do chinês.

“Você pareceu ter saído de órbita por um instante...” – falou, vendo-a abrir um sorriso afável.

“Desculpe por isso...” – suspirou levemente. – “Não foi nada, está bem?”.

Ele a observou como quem não acredita no que ouviu, mas decidiu deixar o assunto de lado. Ela lhe contaria o problema quando chegasse o momento.

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As aulas do dia passaram rapidamente e sem grandes problemas. Sakura sentia que isso sempre acontecia quando a ruiva estava ausente. A última aula do dia era Educação Física e toda a turma estava em polvorosa pela aproximação da data em que ocorreria a gincana esportiva do colégio. A animação apenas aumentou quando o Sr. Onoda entrou, pendurando no quadro um cartaz do evento.

“Boa tarde, turma!” – disse o professor, acalmando-os um pouco. – “Todos em seus lugares, para que possamos iniciar a aula, por favor...” – pediu, pegando a lista de presença.

“Você vai participar de algum jogo este ano, Sakura?” – Tomoyo sussurrou, enquanto o professor estava ocupado.

“Não sei. Acho que não...” – Sakura respondeu, pensativa. – “Eu estava pensando em ajudar com a organização...” – completou, vendo a morena balançar a cabeça positivamente.

“Muito bem!” – o professor exclamou ao terminar. - “Hoje iremos organizar os times que participarão dos jogos, distribuir as tarefas e escolher o representante da classe para a cerimônia de abertura e encerramento da competição...” – anunciou de forma precisa. – “Antes de qualquer coisa: vocês já pensaram em alguém para representá-los?” – questionou, iniciando um novo burburinho.

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“Sakura, você vem?” – Shaoran perguntou, vendo-a ficar para trás, tentando pegar um livro na mochila enquanto descia as escadas.

“Sim, eu só preciso passar na biblioteca antes...” – sorriu, levemente. – “Encontro vocês no pátio...” – falou, parando no corredor do segundo andar.

“Tudo bem, mas não demore muito...” – Tomoyo a advertiu suavemente. Sabia muito bem que a amiga algumas vezes esquecia da vida dentro da biblioteca.

“Não se preocupe, não vou pegar nenhum livro hoje...” – tranqüilizou-a, apressando os passos, rumo à biblioteca.

Abriu a porta da sala e esbarrou em alguém ao entrar. Teria o chão como destino se não a segurassem.

“Hei, Kinomoto, calma... Você está bem?” – Yoshida perguntou, vendo-a prender a respiração e arregalar os olhos.

Sakura sentiu o rosto esquentar e por um instante não conseguiu encontrar a própria voz. O rapaz a segurava de forma gentil, mantendo-a presa pela cintura.

“Estou. Obrigada!” – respondeu fracamente, soltando-se sem conseguir encará-lo.

“Desculpe por...” – ele começou, referindo-se à forma como a havia segurado.

“Tudo bem...” – ela suspirou pesadamente. Precisava conversar com ele. – “Ahm... s-será que posso falar com você um instante?” – indagou, olhando para o chão, desconfortavelmente.

“Ah, claro!” – ele exclamou. – “Eu... eu tenho alguns minutos antes de começar o treino do clube de futebol...” – meneava positivamente a cabeça, abrindo um pequeno sorriso.

“Certo. Eu só preciso devolver esse livro...” – ergueu-o levemente. – “Volto em um instante...” – falou, afastando-se rapidamente.

Sakura entregou o livro no balcão, enquanto pensava no que dizer, mas não havia muito que pensar. Iria se desculpar e tentar conhecê-lo, para não continuar cometendo uma injustiça.

 

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Sakura se aproximou dos amigos que a esperavam em frente ao portão. Trazia um sorriso suave no rosto. Estava bem mais tranqüila depois de ter conversado com Yoshida. Assim que alcançou os amigos, começaram a caminhar, afastando-se do colégio.

“Você demorou. Tinha muita gente na biblioteca?” – Tomoyo questionou, vendo-a negar levemente com a cabeça.

“Na realidade, eu estava conversando com Yoshida...” – explicou, serenamente. – “Ele...”.

“Ele a estava incomodando novamente?” – Shaoran a interrompeu, mal-humorado. – “Ele andava mesmo muito quieto... O que fez dessa vez?” – indagou, vendo-a erguer uma sobrancelha.

“Pediu-me desculpas...” – respondeu, deixando o chinês espantado. – “E me perguntou se não podemos ser amigos...” – completou sorrindo. Ninguém falou nada por alguns segundos, diante do sorriso dela.

“E o que disseste?” – Eriol quis saber.

“O que mais eu poderia dizer? Ele está diferente, tratou-me com respeito... e foi muito simpático...” – falava com a cabeça levemente abaixada para evitar encarar os amigos por estar envergonhada. Afinal ela sempre fora muito direta em sua opinião quanto ao rapaz e era embaraçoso ter que se retificar.

Eriol encarou Shaoran por um instante e contraiu os olhos, abrindo um pequeno sorriso pela expressão de desaprovação que ele tinha no rosto.

“Devo dizer, Sakura, que isso é espantoso. Nunca imaginei esse tipo de atitude vinda de Yoshida...” – Tomoyo comentou encarando a amiga. – “Mas essa é uma boa oportunidade para que vocês se conheçam melhor...”.

“Eu tomaria cuidado com ele...” - Shaoran interrompeu Tomoyo. - “Não acredito que ele queira ser somente seu amigo...” - olhou para Sakura com o canto dos olhos, fazendo-a se contrair levemente.

“Eu acho que Tomoyo tem razão...” - Sakura suspirou pesadamente. – “Agora, é melhor falarmos sobre nosso trabalho de história...” – mudou de assunto para evitar ter que se explicar.

“Sim...” – Tomoyo olhou disfarçadamente para Eriol que sorria, rolando os olhos. O assunto estava começando a ficar interessante. – “Temos que resolver o que e como vamos fazer a apresentação...”.

“Conseguiste encontrar o material, Sakura?” – o britânico questionou interessado.

“Sim. Papai separou alguns livros com o assunto...” – falou, abrindo um sorriso. – “E acho que deixou um lanche preparado para nós, também...”.

“Isso é ótimo, porque teremos que adiantar o que pudermos hoje para compensar pelo dia de amanhã...” – Tomoyo comentou um pouco desconfortável. O trabalho era importante e deveria estar pronto na semana seguinte, mas ela e Eriol já haviam combinado de passar o dia seguinte em Tokyo para assistirem ao concerto de Nobuo Uematsu à noite.

“Não se preocupe com o trabalho, Tomoyo. Fique tranqüila e divirta-se amanhã em Tokyo...” – Sakura disse apaziguadora.

“Falando nisso...” – Shaoran se voltou para o inglês com a maior cara deslavada. – “Como estão os preparativos para o encontro de vocês amanhã, Eriol?” – questionou, tentando esconder uma risada ao ver o amigo arregalar os olhos.

"Preparativos?" - indagou Eriol, em tom calmo. - "Não sei do que estás falando, meu amigo..." - o jovem tirou os óculos do rosto e limpou-os com um lenço de bolso em um gesto displicente.

Shaoran fez uma careta pela forma com que o inglês se esquivou da pergunta sem negar que era um encontro, ao mesmo tempo em que dava espaço para Sakura começar uma conversa qualquer com Tomoyo a caminho da casa da jovem de cabelos castanhos.

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Estava bastante quente para aquele horário da manhã. Era o início do verão, trazendo dias mais quentes e abafados. A movimentação dos alunos em frente ao colégio indicava que já era segunda-feira e mais um final de semana passara voando.

“Bom dia, Hikari! Como vai, Akami?” – Akio entrou na sala com um largo sorriso, o que indicava que aproveitara muito bem os dois dias que se dera de folga. As meninas se entreolharam rapidamente, antes de responder de forma cautelosa. Tinham certeza que a novidade não iria deixá-la feliz. – “O que houve?” – indagou, desconfiada.

“Nada!” – Hikari disse rapidamente. – “O que a faz pensar que aconteceu alguma coisa?” – acrescentou de forma defensiva.

“Ora, por favor!” – Yamazato as encarava de forma um pouco cínica. – “A quem vocês querem enganar? Acham que eu vou acreditar que nada aconteceu quando estão me olhando como idiotas desde que cheguei?”.

“Bem... é que...” – começou Hikari, passando as mãos pelos cabelos louros.

“Vão falar ou ficar enrolando?” – questionou sem paciência. As garotas a encaravam sem saber o que dizer. Foram interrompidas por uma dupla de rapazes que entrava na sala.

“Em quem você votou?” – um deles questionou, enquanto se sentava.

“Na Kinomoto, obviamente!” – o outro respondeu laconicamente.

“Eu também!” – abriu um sorrisinho de lado. – “Ela é a melhor em Educação Física e, além disso, é uma gracinha...” – comentou, fazendo o amigo abrir um sorriso de lado.

A ruiva ficou encarando a dupla recém-chegada em silêncio por alguns instantes, antes de se voltar para as suas amigas com um olhar ameaçador.

“Do que eles estão falando? O que foi que a besta da Kinomoto ganhou?” – perguntou com a voz perigosamente baixa e se aproximando das meninas. – “Desembuchem!” – exclamou, alterando seu tom de voz e assustando todos os alunos que já se encontravam na sala.

Akami e Hikari trocaram um olhar receoso, antes de suspirar pesadamente. Estavam preocupadas em se encrencarem pelo que a garota iria aprontar com Sakura ao saber que ela fora escolhida para representar a turma na gincana esportiva. Afinal, aquele posto fora de Akio nos anos anteriores.

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Durante o intervalo de almoço, enquanto alguns rapazes jogavam futebol, apesar do forte calor, sendo assistidos por uma pequena torcida que se aventurava a permanecer sob o sol, a maioria dos alunos do colégio buscava relaxar sob a sombra de alguma árvore ou dentro do prédio. E sentados debaixo de uma cerejeira estavam dois jovens que aproveitavam o tempo de descanso.

“O que você acha, Sakura?” – Li questionou, sem receber resposta. Voltou-se para ela, suspirando pesadamente. Durante os últimos dez minutos, estivera falando, mas a amiga parecia fora de órbita. – “Sakura?”.

“Oi? Desculpa, Shaoran...” – pediu envergonhada, abaixando a cabeça.

“No que você está pensando?” – indagou, vendo-a balançar negativamente a cabeça.

“Nada demais...” – disse, erguendo levemente o rosto e vendo o olhar de reprovação do chinês. – “Eu só estava pensando em...” – abriu um pequeno sorriso, embaraçada. – “Em o que comprar para você de aniversário...” – falou sussurrando.

“Mas meu aniversário ainda está longe...” – olhou-a de lado.

“Falta pouco mais de um mês. Não parece muito tempo para mim...” – rebateu, sorrindo levemente. – “Principalmente, considerando que eu não tenho a mínima ideia do que dar para você esse ano...”.

“Você não teve problema com isso nos anos anteriores...” – ele estranhou.

“Mas as coisas mudam de figura quando se sabe que a pessoa a ser presenteada já deve ter de tudo um pouco...” – sorriu de lado, vendo-o menear a cabeça.

“Qualquer coisa vinda de você vai ser especial, Sakura...” – foi tudo o que ele respondeu, fazendo-a corar.

“Então, eu acho que vou acabar encontrando alguma coisa, eventualmente...” – ela disse dando de ombros sem encará-lo.

“Eu posso fazer uma pergunta?” – Shaoran começou, fazendo-a menear animadamente a cabeça. – “Você está organizando uma festa?” – inquiriu, vendo-a abaixar a cabeça por um instante, voltando a encará-lo em silêncio. – “Por favor, prometa que você não vai fazer uma festa...”.

“Eu prometo!” – ela disse, fazendo-o suspirar aliviado. – “Eu não estava planejando nada, mesmo...” – abriu um pequeno sorriso, ao vê-lo erguer uma sobrancelha. – “Tomoyo é quem está...”.

“Oh, não...” – reclamou com uma careta de dor. Ele nunca conseguiria convencer Tomoyo a parar e sabia disso.

“Não se preocupe. Não vai ser nada muito ostensivo. Prometo manter Tomoyo sob controle...”– sorriu, piscando para ele.

“Vocês duas...” – ele suspirou, meneando silenciosamente a cabeça. Ficaram em silêncio por alguns minutos, mas Shaoran percebeu que Sakura ainda tinha algo a lhe falar. – “O que foi?” – questionou, sorrindo suavemente.

“Eu estava pensando em organizar uma pequena reunião lá em casa na sexta-feira...” – começou um pouco hesitante. Li apenas a encarou desconfiado.

“Reunião? Para quê?” – indagou, vendo-a disfarçar.

“Não posso contar...” – foi o que ela respondeu sem-graça.

“Nesse caso, nada feito!” – o chinês respondeu de forma direta, fazendo-a encará-lo com uma expressão de choro.

"Por favor, Shaoran!" - Sakura falava de forma manhosa, com as duas mãos juntas na altura do rosto. - "O que custa? É só um jantar...” – insistiu, vendo-o pensar um pouco. Ele detestava quando ela o olhava daquela forma.

“Trapaceira. Sabe que eu não consigo dizer ‘não’ quando me olha desse jeito...” – ele cruzou os braços, com uma careta ao vê-la comemorar. – “Mas qual o motivo da reunião?”.

“Eu não sei direito. Foi papai quem pediu que eu chamasse alguns amigos...” – ela explicou, mas sem conseguir convencê-lo. – “É sério! Tudo o que eu sei é que vai ter bolo de chocolate..." - adicionou com um sorriso maroto, fazendo-o abrir um sorriso.

"Seu pai é que vai fazer o bolo?" - questionou, vendo-a confirmar. - "Ora, e por que você não mencionou isso antes?" - ele comentou fazendo graça. Fez uma pausa. - "Quem mais irá?" - viu-a ficar um pouco pensativa.

"Eu pensei em convidar Eriol e Tomoyo…" - disse olhando pelo pátio. - "Falando nisso, você sabe onde eles estão?" - perguntou. Shaoran balançou negativamente a cabeça.

"Devem estar na sala de música. É onde eles passam a maior parte do tempo vago..." - comentou pensativo.

"Talvez estejam…" - Sakura começou a dizer, mas interrompeu-se ao olhar para frente. Abriu um sorriso chamando alguém. Shaoran fez uma careta ao ver Yoshida se aproximando.

“Boa tarde...” – ele falou com um pequeno sorriso, ignorando o olhar gélido do chinês.

“Como vai, Yoshida?” – Sakura questionou, alegremente.

“Estou bem. E vocês?” – respondeu, ouvindo um muxoxo vindo de Shaoran.

“Ótima...” – ela respondeu com um leve suspiro. – “Hei, você tem algum plano para essa sexta?” – ela questionou, fazendo Li engolir em seco e encará-la espantado. Ela não poderia estar convidando-o para o jantar também.

“Eu tenho aula no curso preparatório na sexta, após as aulas. Por quê?” – ele indagou curioso.

“Que pena. Eu ia convidá-lo para uma reunião com alguns amigos...” – disse um pouco triste.

“Fica para uma próxima vez...” – ele disse chateado.

“Combinado...” – ela concordou, abrindo um sorriso. – “Não gostaria de se juntar a nós no restante do intervalo?” – indagou sem notar a reação de Shaoran ao convite.

“Ahm...” – Yoshida olhou disfarçadamente para o olhar de ‘aceite e você está morto’ que o chinês lhe lançou e forçou um pequeno sorriso. – “Eu gostaria muito, mas não posso...” – disse, suando frio. – “Tenho que encontrar alguém na biblioteca...” – disse rapidamente, acenando. – “Até outra hora...”.

“Até...” – ela disse, vendo-o se afastar. – “Que estranho. Não parece que ele estava fugindo de alguma coisa?” – ela indagou, olhando para o chinês e se assustando levemente. – “Esquece. Eu já entendi o que houve...” – disse balançando negativamente a cabeça. – “Não haja dessa forma com ele, Shaoran...” – viu-o desfazer a careta.

“Eu ainda não entendi o porquê você está falando com ele agora...” – ele suspirou exasperado, fazendo-a baixar a cabeça.

“Porque eu não quero acabar perdendo a oportunidade de conhecer uma pessoa maravilhosa...” – falou, deixando-o confuso. – “Eu estava fazendo algo terrível com ele, Shaoran. Estava julgando-o sem conhecê-lo. Fiz com que ele mudasse de atitude para tentar chamar minha atenção...” – encarou-o, vendo-o arregalar os olhos, o que indicava que ele entendera o que estava dizendo.

“Você é muito melhor que ela, Sakura...” – ele tocou suavemente o rosto da amiga, exibindo um pequeno sorriso.

A garota retribuiu o sorriso, permitindo-se aproveitar aquele toque gentil.

“Prometa que ao menos tentará ser gentil com ele, Shaoran...” – pediu, ouvindo-o confirmar. – “Obrigada...” – sorriu, encarando-o por alguns instantes, antes de se levantar.

"Aonde você vai?" - ele perguntou, imitando-a e parando em frente a ela.

"Vou até a sala de música falar com Eriol e Tomoyo…" – explicou, como se essa resposta fosse óbvia.

“Por que não deixa para falar com eles depois do intervalo?” – inquiriu, vendo-a olhá-lo de forma confusa.

“Por que deixar para fazer depois o que você pode fazer agora?” – perguntou, puxando-o pela mão, sob alguma resistência, cortando o pátio do colégio em direção à sala de música.

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Eriol interpretava trechos de músicas famosas enquanto Tomoyo apenas ouvia, fazendo comentários vez ou outra. Ele era um pianista, no mínimo, excepcional. O jovem parou de tocar, observando a japonesa sorrindo. Ela bateu palmas levemente, levantando-se e parando em frente ao piano.

"Eu estava imaginando se poderia tocar alguma canção interpretada por Celine Dion…" – comentou, vendo-o ficar pensativo por um instante.

"Alguma preferência?" - perguntou com um pequeno sorriso.

“Uhm... que tal Tell him?” – sugeriu, vendo-o sorrir.

"Está bem…" - voltou-se para o teclado e ficou parado por alguns instantes. - "Eu gostaria de ouvir-te cantar…" - pediu, olhando-a de esguelha. Tomoyo sorriu, parando ao lado do piano; as pontas dos dedos tocando levemente a superfície do instrumento. Fitaram os olhos um do outro, ficando em silêncio. Sorrisos em ambos os lábios. Eriol quebrou o contato visual ao fechar os olhos, fazendo a introdução da melodia. Tomoyo respirou profundamente e, no momento certo, elevou a voz.

Tomoyo se viu, subitamente, envolvida pela situação que a música narrava. Cada palavra articulada por seus lábios, diziam exatamente o que seu coração queria. Vinha passando muito tempo com Eriol nos últimos dois meses. Conhecendo-o e descobrindo que tinham tanto em comum. Apaixonara-se. Fora inevitável. Não contara a ninguém sobre a descoberta que fizera, no entanto. Nem mesmo para Sakura. Sentia-se mal por esconder da amiga, mas não conseguia falar. As palavras se perdiam antes que alcançassem seus lábios. Nunca pensara ser tão difícil contar sobre seus sentimentos. Imagine como seria revelá-los à pessoa a quem eles eram dirigidos. Sempre brigara com Sakura por ela ser tão covarde, e agora era ela que se via naquela situação. Estava realmente sem saber o que deveria fazer.

'Por que as coisas são tão complicadas?', perguntava-se. Não entendia aquela consternação. Eriol sempre se mostrou gentil com ela. Sempre educado e atencioso. Talvez esse fosse exatamente o problema. Temia a reação dele. Não queria que a tratasse de forma diferente caso não retribuísse seus sentimentos. Não queria perdê-lo. Seus pensamentos foram rapidamente para a melhor amiga. Quantas vezes não escutara Sakura dizer isso quando perguntava o motivo para ela não se declarar para o Li? Considerava a resposta insuficiente. Injustificada. Agora estava ela a repetir aquelas palavras em sua mente. Mas não poderia permitir que a situação se tornasse semelhante a de seus amigos.

Tomoyo parou de cantar, repentinamente. Eriol parou de tocar ao perceber que ela interrompera a canção e a encarou preocupado. O que teria acontecido?

Ela olhava fixamente o outro lado da sala. Seu coração estava acelerado. Abaixou lentamente o rosto, encontrando os orbes azul meia-noite do inglês.

"Love will be the gift you give yourself..." - ela pronunciou lentamente. Sua voz foi um sussurro tão fraco que, se ele estivesse um pouco mais longe não teria compreendido. Ela sorriu suspirando.

"Aconteceu alguma coisa?" - ele perguntou suavemente, levantando-se e ficando frente a frente com Tomoyo.

A jovem abriu a boca para falar algo, seus lábios estavam tremendo levemente. Ele esperou, mas som algum saiu. Ela abaixou o rosto e respirou profundamente. Seus pensamentos estavam uma bagunça, mas ela havia tomado uma decisão. Tinha que dizer. Não poderia se dar ao luxo de perder a coragem. Só havia uma maneira de saber se era ou não retribuída: contando a ele. Não existia outra forma. Se esperasse que a iniciativa viesse dele, poderia nunca saber. Tantas coisas poderiam acontecer. Por que, então, ela ficava pensando no pior? A única coisa que não poderia fazer era ficar esperando que tudo se resolvesse sozinho. Voltou a erguer o rosto e viu preocupação nos olhos do rapaz. Sorriu.

"E-eu tenho uma coisa muito importante para falar…" - ela disse apertando nervosamente as mãos. Ele concordou e conduziu-a até uma das carteiras da sala, sentando-se ao seu lado.

"Estou escutando…" - ele disse olhando-a diretamente nos olhos. Tomoyo não pôde evitar que o rubor atingisse seu rosto, fazendo-o sorrir e desviou o olhar rapidamente. Ela decidiu iniciar a frase de forma menos direta.

"É triste quando uma pessoa deixa de agir da forma que deseja temendo a reação do outro..." - comentou, fazendo-o erguer ligeiramente uma sobrancelha.

"Como o que acontece com Sakura?" - ele perguntou. Ela assentiu rapidamente.

"Mas, por outro lado, testemunhar situações como essa…" - mordeu levemente o lábio inferior. - "Faz com que percebamos pelo que não queremos passar…" - abaixou a cabeça, olhando para as próprias mãos que repousavam sobre suas pernas.

“Concordo totalmente. É, deveras, irritante...” – ele afirmou de forma mecânica, como se fosse um mero reflexo.

"Principalmente para quem está em volta...” – ela sorriu um pouco. – “Mas esse não é o ponto. O que quero dizer é que… eu não quero que a minha felicidade saia do meu alcance...".

"E porque tu achas que ela está saindo de teu alcance? Quem seria idiota o suficiente?" – questionou, fazendo-a erguer o rosto, vendo que Eriol tinha um pequeno sorriso nos lábios.

“Bem, eu...” – ela começou, levemente confusa. – “Eu não sei... eu... eu só não quero sofrer como a Sakura sofre pelo Li…" - disse a última parte quase sussurrando. Não sabia mais o que estava falando. Será que ele a estava compreendendo?

"Entendo…" – Eriol encarou os olhos ametista da japonesa, que se mostrava um pouco perdida. A jovem falhou em perceber um brilho de divertimento mascarado nos olhos azuis. - "Então, tu também gostas do meu amigo Shaoran…" - ele falou de forma solene, fazendo-a arregalar os olhos.

"Não!" – exclamou, levantando-se indignada e parando com as mãos na cintura em frente a ele. - "Eu gosto de você!" - lentamente ela relaxou os ombros. Seus braços penderam ao longo de seu corpo enquanto percebia o que havia falado.

Eriol continuava sentado. Tinha um sorriso no rosto e não fazia questão alguma de tentar disfarçá-lo. Tomoyo suspirou, balançando suavemente a cabeça.

"Eu te tirei do sério, não foi?" - ele perguntou brincalhão, levantando-se e parando em frente a ela.

"Você já sabia que eu…" - ela abriu um pequeno sorriso, ao senti-lo segurar sua mão. - "Que eu… me apaixonei por você?" – viu-o confirmar.

"Eu não sou tão desatento quanto meu amigo chinês, Tomoyo…" - ele falou suavemente, tocando de leve o rosto dela. Ela sorriu em expectativa, pois ele ainda não dissera que sentia o mesmo. – “E também tenho prestado muita atenção em ti ultimamente." - aproximou-se lentamente, parando a alguns poucos centímetros do rosto dela. - "Desde que percebi que havia me apaixonado por ti…".

Ela tinha os olhos cintilantes e ele não hesitou em tocar os lábios dela com os seus, abraçando-a e trazendo-a para mais perto de si. O primeiro toque foi suave, gentil. Mas ela logo o quebrou, encarando-o, abismada.

“Como é que você, sabendo de meus sentimentos, não fala nada e me deixa passando por esse martírio?” – indagou, um pouco brava, mas sem conseguir desfazer o sorriso.

"Eu estava planejando o momento perfeito... Mesmo tendo me esquivado das indiretas de Shaoran quanto aos nossos 'encontros', eu tenho realmente pensado em como fazê-lo ocorrer da forma mais perfeita possível... E, caso teus sentimentos por mim não fossem tão fortes quanto eu esperava que fossem, quem sabe o calor do momento não daria alguns pontos a meu favor?" - ele sorriu, deleitando-se com a risada dela segundos antes de tomar seus lábios novamente, aprofundando o beijo lentamente.

Ambos estavam aproveitando ao máximo o momento. Cada pensamento e sentido voltado para aquele delicioso toque. Acabaram sem perceber que dois pares de olhos os observavam, atônitos, na porta da classe.

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Yoru: Corta! (vendo o agarramento continuar) Tomoyo! Eu disse corta!
Miaka: Sai de cima do meu marido, sua sirigaitaaaaaaaa!
Yoru (desfazendo o feitiço da carta espelho): Ainda bem que eu não uso meu pai pra essas cenas comprometedoras...
.........Aiya! Desculpem pelo pequeno inconveniente ali em cima... hehehe...
O que posso dizer sobre este capítulo? Eu o adoro! E há duas razões para isso:1ª - Shaoran decidiu desistir da Yamazato. Com essa decisão, quem sabe ele não abra o olho e veja o que sempre esteve bem ao seu lado o tempo todo? As possibilidades são inúmeras....2ª - Eriol e Tomoyo se tornaram oficialmente um casal. Foi muito rápido: faz apenas dois meses que eles se conheceram, mas eu não conseguiria trabalhar com dois casais enrolados em uma única história. Seria demais para meu pobre coração. Além do mais, a situação do relacionamento S&S foi de grande importância para a decisão corajosíssima de Tomoyo... Estou muito orgulhosa dela! Não que Eriol fosse deixar as coisas como estavam por muito tempo. Ele esteve preparando o terreno desde que se descobriu apaixonado...
Claro que, entre uma coisa e outra, tivemos vários acontecimentos. Sakura foi escolhida para ser a representante da turma na Gincana Esportiva e não sei que efeito a notícia teve em Yamazato, mas é bem possível que ela acabe aprontando alguma coisa. E Sakura decidiu dar ao Isamu uma chance para que possam se conhecer melhor. Acho que eles acabarão se tornando bons amigos. Ele parece ser uma boa pessoa...
Quero agradecer a todos que estão acompanhando e comentando. Obrigada pela força!
Traduzindo...
"Love will be the gift you give yourself..." – O amor é um presente que você se dá.
Beijinhos,

Yoru. (13/09/2009, 13:37h).

p.s.: Bem, tenho uma notícia um pouco chata, mas não é desesperadora. A partir de agora, estarei colocando os capítulos no ar com um intervalo de 15 dias. Sendo assim, o próximo capítulo sairá no final de semana de 26-27/09.