Almas Sombrias escrita por Caroline Hernandez


Capítulo 29
Capítulo Vinte e Oito




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Capítulo Vinte e Oito

    Eu ainda não conseguia acreditar no que meus olhos estavam vendo. Fiquei com medo até de me mexer e respirar. O que estava havendo? Como assim as pessoas estavam mortas?

    Comecei a me sentir tremendo. Levantei com medo e nervosa. Fui até onde estava sentada a Brianna e levantei sua cabeça com cuidado. Ela estava com o rosto sangrando, mas não vi nenhum corte. Fui até todos os outros alunos e cada um me assustava mais ainda.

    Eu gritei e saí correndo pelo corredor pedindo ajuda, mas isso não adiantava. A escola estava toda em ruínas, pedaços de gesso do teto caiam e as lâmpadas estavam penduradas por poucos fios e piscavam. No chão escrito com o que parecia ser sangue, dizia: Seja uma de nós, Alyssa.

    - Nãooo, eu nunca vou me juntar a vocês! Eu os odeio! Me digam o que está acontecendo!

    Não tive resposta. Um silencio assustador estava naquele lugar. Fui andando em direção a saída do colégio, mas a porta estava trancada com correntes pesadas. Olhei pelo vidro da porta e pude ver que não tinha nada do outro lado, estava tudo escuro como se não existisse nada e eu estivesse no espaço, só que sem as estrelas e planetas e todas essas coisas. Só a escuridão.

    - Eu quero sair daqui! - comecei a esmurrar a porta, mas isso não serviu para nada.

    Senti meus olhos começarem a ficarem marejados e caí sentada encostada na porta . E se eu ficar presa aqui para sempre? E se nunca me acharem? O que vai acontecer comigo?

    Olhei em direção ao corredor e as poucas lâmpadas que estavam acesas tinham se apagado deixando tudo escuro. Uma única luz estava no fim do corredor e parado embaixo dela, tinha uma silhueta grande.

    - Mitzcael, seu cretino idiota! - gritei, mas permaneci parada no mesmo lugar.

    Uma risada veio do final do corredor junto com os passos que vieram por ele.

    - Nisso eu tenho que concordar, minha querida.

    Peraí, aquela voz era conhecida, não poderia esquece-la...

    - Nicoel...

    - Pois é, dessa vez não é meu caro Mitzcael.

    Como eu posso ter um pai assim? Ele é louco e do mal, tipo o pai do Vicent. O que fizemos para merecer isso?

    Sequei as lágrimas dos olhos e me levantei, não queria parecer com medo, mesmo estando tremendo.

    - O que aconteceu com o colégio? Como assim você faz isso comigo? Não estou entendendo nada!

    - Não posso deixar o Mitzcael usar você contra mim. A quero do meu lado, nem que para isso tenha que fazer coisas da qual você não gosta. Sinto muito, filha, não posso ficar por baixo.

    O Nicoel disse isso e depois desapareceu, me deixando ali sozinha de novo, mas quer saber, prefiro ficar num colégio pós apocalíptico sozinha do que com ele, aquele maldito.

    - Seu infeliz! - eu gritei, mas só foi ouvido o meu eco naquelas paredes cheias de tubulações aparecendo.

    Já estava me levantando e pronta para sair dali o mais rápido possível. Fui em direção a um corredor que ainda tinha luzes e tentei deixar o nervosismo de lado para dar lugar a calma e assim eu pensar direito no que fazer e no que não fazer.

    Quando já estava no meio do corredor, senti um frio na espinha. Algo estava errado assim como todo esse lugar. Tinha que me virar. Virei-me. Mas não vi nada, só as luzes que estava se apagando lá trás uma a uma, vindo em direção ao corredor que eu estava e como eu não queria mesmo ficar presa naquela escola com tudo apagado, comecei a correr mesmo sem saber onde sairia.

    As luzes se apagando já estavam chegando até mim e não daria para correr mais rápido que elas, estava me sentindo num filme de terror bem real e assustador.

    Tudo escuro. A escuridão chegou até mim. Não dava para enxergar nada mesmo.

    Um profundo silêncio e escuridão predominava no local e mesmo que eu andasse não sairia em lugar nenhum, não esbarrei em nada, como se o colégio estivesse desaparecido e eu estivesse naquele lugar que tinha visto pela porta da escola.

    - Ei, alguém! - eu gritei e consegui ouvir uns trezentos ecos da minha voz.

    Nada. Aquele nada estava me incomodando. Tinha que ter alguma forma de sair daqui, alguém sentiria minha falta, né? O Vicent, ele com certeza viria me busca, é o único que sabe do que nossos pais são capazes. E pensar nele fazia eu me sentir tão mais vazia nesse lugar, tinha certeza de que se ele estivesse ali, daria um jeito de sairmos, é mais esperto do que eu e sabe dessas coisas estranhas que acontecem a bem mais tempo.

    Já estava pensando em um jeito de dar um fora dali, quando ouço barulhos vindos de próximo de mim. Eram como pés se arrastando e murmúrios inaudíveis. Aquilo assustava pra caramba.

    Estiquei minhas mãos tentando ver se era mais alguma pessoa perdida assim como eu, mas quando as estiquei, toquei em algo que me fez dar um pulo para trás. Era algo muito gelado e que eu sabia o que eram.

    As sombras. Elas estavam ali por toda parte, não podiam ser vistas porque estava um breu, mas eu podia senti-las próximas de mim e encostado em mim, eram muito geladas e estavam por toda a parte.

    Não sabia o que fazer para tira-las de próximo de mim, estavam me sufocando, se colando na minha pele e me espremendo, faziam barulhos horríveis e por mais que tentasse tira-las de cima de mim, outra vinha e ocupava o seu lugar, eram umas sugadoras de almas, podia sentir que eu estava ficando mais e mais fraca.

    Sentia que já deveria me conformar com o meu fim, até que algo me vem na cabeça, algo que eu não tinha nem me ligados mais.

    A pulseira. Sim, aquela que era da minha mãe, ela já me salvou uma vez e eu tinha acabado esquecendo dela, mas algo me fez lembrar, talvez o brilho fraco que irradiava na escuridão e fazia as sombras recuarem para trás e irem para o breu. Encostei na pulseira e um forte clarão branco infestou o lugar, me cegando e não fazendo eu enxergar mais nada.

----****----

    Estava sendo sacudida violentamente e fez eu levantar rápido e assustada demais olhando para todos os lados. Minha visão ainda estava meio escurecida e se incomodando com a claridade.

    - Ai meu Deus, ainda bem que você acordou, achei que estivesse entrado em coma! - ouvi a Brianna dizer.

    Isso é sério? Eu voltei para o normal? Reparei tudo ao redor, a mesa de madeira dos professores no canto direito da sala, a janelona de vidro com uma cortina já meio acabada, as mesas dos alunos rabiscadas. Sim, eu realmente tinha voltado. Me levantei da cadeira e abracei a Brianna fortemente.

    - Que isso, amiga? Eu sei que você me ama, mas nem ficamos longe por muito tempo, você só cochilou na aula do Sr. Gugino toda e agora temos aula de biologia lá na estufa, então tive que te acordar, só que você não acordava então fiquei assustada.

    Um cochilo? Parece que eu fiquei anos presa naquele pesadelo. Mas ainda bem que eu voltei. Olhei para minha pulseira no meu pulso direito e ela estava normal, como se fosse só mais um acessório que combinasse com tudo.

    Peguei minhas coisas e saímos da sala, mas aquele medo de que a qualquer momento o ambiente ao redor pudesse mudar, não me fez ficar mais calma, ainda estava com muito medo, mas tinha que superar essas coisas e torcer para que eu ficasse bem por pelo menos aquele dia.

    Sei que ainda muitas coisas estão para acontecer e o que quer que seja, espero resolver logo.


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