As Nem Um Pouco Felizes Histórias De Amor. escrita por Yang
Notas iniciais do capítulo
Gente, explicar minha ausência daria um capítulo enorme. Vários motivos me levaram a deixar a fanfic por meses :( Infelizmente, sei que perdi muitos leitores, mas sei que ainda há gente disposta a ler. Tentarei o possível pra continuar. Esse capítulo será como um teste sobre continuar ou não a fanfic. Obrigada :)
#Narrado por Diana#
Enfim a noite da formatura. Estou usando um vestido vermelho que não me permite respirar tão bem. Meus cabelos soltos caem nos ombros e a maquiagem que Lucas fez realçou alguns traços dos meus olhos. Pela primeira vez em muito tempo me sinto bonita de verdade.
– Os sapatos querida. – diz minha mãe trazendo uma caixa em mãos.
– Obrigada. – digo. Lucas tira a caixa das minhas mãos e abaixa-se para colocar os sapatos nos meus pés. – Não precisa fazer isso.
– Você é uma lady hoje. Lady’s não abaixam-se nem para calçar os sapatos.
Eu solto um sorriso e então a campainha toca.
– Deve ser Rafael. Você vai na frente com ele, e quando seu pai chegar, vamos para a festa.
– Tudo bem, eu preciso mesmo chegar cedo para a foto oficial. – afirmei.
Saindo do quarto, me deparo com Rafael. Ele sorri ao me ver. Eu retribuo seu sorriso.
– Você está realmente linda. – diz ele ainda sorrindo.
– Obrigada. – respondo mais tímida do que o normal.
Rafael estende seu braço para me servir de apoio. Seguimos juntos até a porta e dou um breve tchau para Lucas e minha mãe que estão como dois bobos olhando para nós.
Entramos no carro e Rafael ordena que eu coloque o cinto.
– Vai amassar meu vestido. – digo.
– Melhor do que amassar a sua cara no asfalto. – replica ele.
– Você ganhou, senhor perfeição. – digo a ele sorrindo.
Timidamente ele pisca pra mim e começa a dirigir. Em poucos minutos chegamos ao local da festa. Um aglomerado de carros descendo até um grande estacionamento. Garotas gritando freneticamente: “formatura!”. Eu queria estar mais animada, juro. Estou trajando essa armadura vermelha, mas não sou nenhuma dama de ferro.
– Vamos? – indaga Rafael abrindo a porta ao meu lado. Eu nem ao menos percebi que ele tinha saído.
Pego em sua mão e nos dirigimos ao saguão principal onde uma mulher ordena que os formando se reúnam na parede branca com fitas. Hora da foto.
– Eu só queria encontrar uma amiga. – digo a Rafael.
Um braço me puxa. É Flávia me abraçando em todo aquele tumulto.
– Nossa, você está linda! LINDA! – exclama ela.
– Você que está. Olha pro seu cabelo, pra essas unhas. Parece uma patricinha. – digo.
– Nossa, faça um elogio e não um xingamento. – replica ela.
– Eu estou brincando. Você está linda amiga. – sorrio pra ela e seguimos em direção à parede para a foto.
Todos os formando reunidos, juntos. Rindo e fazendo poses, caretas. Por um momento eu penso em procurar Catharina naquela confusão. Soubera que ela passara de ano. Eu estava feliz por isso, pelo menos. Não a encontro ali.
– Façam a pose pra foto oficial agora. – anuncia a fotógrafa.
E todos com um sorriso estampado na cara revelam-se bonitos e unidos pela primeira vez no ano. E ao fim, vejo Maurício e Murilo abraçando-se. Vejo as garotas que sempre reviram os olhos pra mim, sorrindo. Vejo o cara do piercing, sem o piercing... Tudo diferente.
Enquanto os professores fazem as honras e a diretora da escola parabeniza a equipe de comissão da formatura pela excelente festa, retorno para o vácuo dentro de mim. Mesmo com minha mãe e meu pai ali, Lucas e meus amigos próximos, alguma coisa falta. Alguém falta.
– Vou ao banheiro. – digo a eles enquanto todos estão aplaudindo algo que a diretora acabara de falar.
– Vou com você. – diz Flávia.
Seguimos por um corredor até encontrar uma porta gigante com uma placa indicando o banheiro.
– Você está feliz com tudo isso? – Pergunta Flávia enquanto retoca o batom e encara a si mesma no espelho.
– Isso tudo o que? – pergunto.
– A formatura, o seu livro, o Rafael... – responde ela.
Desvio a atenção para o espelho e a encaro por ele.
– Não estamos juntos, se é isso que quer saber.
– Eu sei que não. Você com certeza teria me contado se estivessem juntos. – diz ela rindo e guardando o batom na bolsa.
– É, eu teria contado. Faz pouco tempo que toda essa guerra começou, essa confusão absurda com o Daniel. – digo, fazendo uma pausa para pegar o fôlego. – Mas, não quero ninguém. Quero focar na faculdade e nesse novo ano que vai começar. Falta tão pouco pra acabar.
– Ano novo, vida nova. Sério mesmo que esse vai ser seu lema? – questiona ela indignada com a minha capacidade de deixar as coisas do jeito que estão.
– Flávia, eu não quero mais o Daniel na minha vida. Deixe-o viver o que causou. A vida tem dessas consequências mesmo. - respondo olhando diretamente para ela agora. – Mas, eu estou feliz, na medida do possível.
Um breve silêncio se segue e somos interrompidas por duas garotas que querem tirar foto na frente do espelho gigante do banheiro.
– Vamos voltar para o saguão. Já vão entregar nossos “diplomas”. – diz ela.
– Certificados, não diplomas. – corrijo-a.
–Você entendeu sabichona.
***
Após formarmos uma fila para receber nossos certificados (ou diplomas), fomos homenageados mais um pouco até finalmente a grande hora chegar.
– Me lembre de nunca mais usar salto alto. – resmunga Flávia.
Ao chamarem meu nome, subo no pequeno palco e a nossa professora de Matemática, Clarissa, começou a falar sobre o meu livro.
– A escola inteira nunca sentiu tal orgulho de turmas bem sucedidas como esse ano. Em destaque especial a nossa aluna Diana Lins, que maravilhosamente conquistou a atenção de editoras para que seu livro, um simples projeto literário pedagógico, fosse a ser escolhido para uma futura publicação. – disse ela entregando-me o certificado em mãos, com um sorriso orgulhoso no rosto. – Parabéns querida. – sussurrou ela ao abraçar-me.
– Obrigada. – foi tudo o que consegui dizer enquanto aplausos surravam meu ego. E vi minha família e Rafael sorrindo. Olhei para meus amigos sentados, esperando seu momento de brilhar chegar e sorri.
Quando finalmente acabou, soltaram a música e fotos nossas apareceram em uma tela enorme. Alguns correram pra pista de dança enquanto eu esperei a ficha cair. Era o fim, de verdade.
– Não vai dançar? – perguntou Rafael.
– Eu não sei dançar. – respondi, o que era meio verdade e meio mentira, pois eu sabia dançar, mas eu não queria dançar.
– Tem certeza? Ouvi boatos de que você é pé de valsa... – disse ele puxando-me para a pista de dança e antes que eu pudesse perceber, estava envolvida pela música, pelo ritmo e batida.
Música eletrônica não é meu forte, mas eu com certeza achava melhor do que batidas sem graça. Eu apenas dancei até meus pés doerem, e esqueci muita coisa naquele momento.
Quando voltamos, já exaustos, meus pais haviam ido embora. Nunca foram de gostar de muita agitação, e eu também não gostava.
– Acho que já dancei o suficiente. Meus pés doem e isso é um sinal de ir pra casa. – disse a Lucas.
– Ah Di! Agora que eu tô me divertindo. Olha lá seus amigos! Ainda estão dançando. – resmungou Lucas.
– E eles são eles e nós vamos pra casa. Rafael também está cansado.
– Um pouquinho, mas se quiser ficar mais... Eu fico com você.
– Não, eu tô exausta. Preciso de cama, de banho. De casa! – exclamei puxando Lucas pelo braço e indo em direção ao estacionamento.
– Ainda não é nem uma hora da manhã, Diana... – Lucas continuou resmungando o resto do caminho.
– Na sua formatura você fica até altas horas, ok? – disse a ele enquanto entrávamos no carro e Rafael ria de nós.
Dentro do carro, Rafael ligou o rádio e numa simples ironia, tocou “in my place”, do Coldplay.
– Essa música... Acho uma droga. – disse ele.
Olhei por um tempo para o rádio e me lembrei de tanta coisa. Desviei a atenção para a janela do carro e disse:
– Eu também.
Rafael mudou a estação até encontrar alguma música boa, mas desistiu. Chegamos em casa tempo depois.
– Estão salvos. Espero que tenham gostado da carona. – disse ele sorrindo, mais uma vez.
– Obviamente querido, obviamente. – afirmou Lucas saindo.
Tirei o cinto de segurança e abri a porta devagar. Estava tão cansada e a minha lerdeza aumentava com o sono.
– Obrigada pela carona, mesmo. – agradeci a Rafael e tentei sorrir sem parecer um zumbi.
– Por nada. Sempre que quiser, estou aqui. – ele empurrou o corpo pra frente e me abraçou. – Até a próxima, e parabéns.
– Agora só faculdade. – disse saindo do carro. – Até a próxima. Vê se não esquece os amigos.
– Claro que não. – ele sorriu e acenou.
Me afastei do carro e fui até a porta de casa onde Lucas me esperava.
– E ainda me diz que não quer namorar esse cara? – indaga Lucas enquanto entramos na sala.
– Não quero ninguém querido. Nada além da minha cama, um cobertor e minha solidão. Ah... – disse dramaticamente ironizando Lucas.
– Você é o oposto de uma adolescente normal. Ainda bem que eu surgi na sua vida antes de você fazer besteira.
Eu sorri amorosamente e o abracei.
– Você foi a minha única não-decepção esse ano. Eu te amo maninho.
– Eu te amo, maninha. – retribuiu ele.
– Antes que isso fique mais gay, eu vou dormir. – disse rindo e soltando-o do meu abraço.
Tirei o salto e o segurei em mãos. Segui para o quarto, mas Lucas interrompeu minha entrada.
– Di, posso fazer uma pergunta?
– Claro. – respondi voltando a atenção para ele.
– Amou Daniel de verdade?
– Eu ainda o amo. Mas eu preciso viver agora. – respondi contendo as lágrimas controláveis.
– Viver... E vai viver sem ele? – questionou Lucas aproximando-se.
– É só um cara... Não é o fim do mundo. O fim do mundo é o amor que tá aqui dentro, apodrecendo. Isso é difícil.
Ele ficou em silêncio me encarando e eu entrei no quarto sem dizer boa noite.
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