"O amor é uma navalha que faz sua alma sangrar."

Ela não deveria sentir tais sentimentos. Estava sendo egoísta. Ele nunca foi dela e nunca poderia ser. Seu coração sempre foi de Lisanna. Ela sabia que ele amava a albina. Porém, algo dentro de si ainda tinha esperanças de que um dia talvez, ela poderia conquista-lo e ele, começar a gostar dela verdadeiramente.

Como foi boba. Deixou seu pobre e ingênuo coração a guiar. Talvez, se não tivesse vivido por tanto tempo numa fantasia, não estaria sendo tão difícil esquece-lo agora. Mais não podia deixar de pensar nos seus sorrisos, nas vezes que saíram juntos em missões, nas vezes que ele salvou a sua vida e na forma como ele a olhava. Ela tinha a leve impressão que ele poderia enxergar sua alma e ouvir as batidas de seu coração. Natsu sempre foi alguém que Lucy admirava. Ele não tinha medo de nada e fazia de tudo para ajudar seus amigos. Era forte e determinado. E ela, queria ser como ele um dia. Talvez, por esse motivo tenha se apaixonado por ele. Por sua bravura, sua força... Eram tantas coisas que completavam o Dragneel. Lisanna tinha sorte. Muita sorte. Tinha o coração do melhor dragon slayer de fogo em suas mãos. Ele a amava e ela via isso só pelo jeito dele olhar para a garota de cabelos brancos. Seus olhos brilhavam e ele ficava levemente corado. Seu coração se apertava só de olhar para a cena. Era culpa dela estar sentindo essa dor. Porque tinha que se sentir assim com ele? Porque havia começado a gostar dele? A maga estelar fazia essas mesmas perguntas todo dia, mesmo já sabendo a resposta. Já tentou esquece-lo, de todas as maneiras. Pensou em sair da guilda, começar uma nova vida mais só de pensar em deixar seus amigos, sua família, seu coração doía mais ainda. Então, se conformou em se esconder no seu próprio mundo. Viver a vida através de máscaras, sorrisos falsos e fingindo que estava tudo bem. Mesmo que por dentro ela estivesse quebrando em vários pedaços.. Ela não iria demonstrar para ninguém. E foi o que ela fez. Já fazia exatos 3 meses desde que Natsu e Lisanna anunciaram seu namoro a toda a guilda. Ela se lembra da festa, das gritarias e do lindo sorriso estampado no rosto do dragon slayer. Seu coração se apertou e ela teve vontade de gritar, chorar até não pode mais. Porém, a unica coisa que se deixou fazer foi abrir um sorriso delicado e abri levemente seus lábios para pronunciar:

– Parabéns! Sejam felizes. - neste momento, Natsu a abraçou murmurando um doce obrigado, enquanto a albina lhe lançava um sorriso gentil como forma de agradecimento. Passou o resto do dia conversando com Erza e Mira alegremente como se não se importasse. Mais a verdade é que, as duas amigas embora não tenham comentado nada, sabia que havia algo de errado com Lucy. Mesmo tentando esconder ao máximo o que sentia, ela não tinha como controlar seu olhar. Este, estava vazio, sem vida, sem brilho nehum. Havia tristeza, mágoa e dor dentro deles. Seu coração estava partido por dentro em vários pedaços e havia vários nós se formando na sua garganta. Suspirou. Não estava mais aguentando ficar naquele mesmo lugar. Se continuasse ali, iria concerteza desmoronar ali mesmo, na frente de todos. E ela não queria isso. Era injusto. Era egoísta.

Se despediu das pessoas da guilda, caminhando divagar até seu apartamento. Abriu a porta do mesmo vendo como estava escuro. Fazia um bom tempo que Natsu não invadia mais seu quarto, entrando pela janela. Raramente o via fora da guilda. Estava sempre acompanhado da sua namorada. Quase não conversava mais com ele. Lucy sentia falta de sua voz, do seu perfume, do seu jeito atrapalhado e infantil. Queria te-lo de volta, mesmo que como apenas amigo. Mesmo que nada mudasse entre eles, mais somente te-lo ao seu lado de volta a fazia se sentir um pouco melhor. Ela sabia que isso não iria acontecer. Ele não deixaria Lisanna por ela. E ela, não queria que isso acontece. Parte dela queria, mais outra não. Não seria certo ela desejar algo tão ruim a pessoa que se ama. Ele parecia tão feliz ao lado da albina... Se eles se separassem,concerteza ele ficaria arrasado.

Se jogou na cama reparando as estrelas. Para Lucy, aqueles pontinhos no céu pareciam não brilhar mais. Não como antes. Tudo na sua vida se resumia a uma coisa: Natsu. Ele era o sorriso dela. Ele a fazia se sentir alegre, completa. E agora que ele saiu de um pedaço de sua vida, a mesma estava imcompleta. A dor no seu coração só aumentava a cada dia e a solidão a estava consumindo. Parou de fazer missões ao lado de Gray e Erza, pois não queria ver Lisanna e Natsu juntos e por isso começou a fazer missões solos. E em meio de tantos sofrimentos e problemas, começou a se cortar. Ela sentia um certo alivio, se sentia livre, vazia e por um momento se esquecia de tudo. O sangue escorria pelos seus braços e pulsos, deixando vários pingos no chão juntamente com suas lágrimas que caíam divagar. Era sua forma de fugir da realidade. Tirar por breves instantes aqueles pensamentos, aquelas lembranças que a torturavam tanto. A dor no seu coração parecia parar por alguns minutos e no lugar dela, a dor física aparecia. Era doentio, insano. Mais quem se importava? Ninguém estaria ali para vê-la. Era seu mundo, seu refúgio. Estava sozinha e ninguém viria lhe visitar. Era ela fraca, frágil. Era até bom ter saído de seu grupo. Não passava de um estorvo mesmo. Agora quem sabe, eles poderiam parar de perder seu precioso tempo a salvando de missões? E o Natsu... Bem, ele estava feliz. Estava com quem ama. Com quem ele gosta. E ela? Não passava de uma intrusa na história porque ela não passava de uma pessoa insignificante na sociedade. Então começou a pensar que talvez, fosse até melhor se morresse. Ninguém iria se importar mesmo.

Se levantou, indo até o banheiro. Abriu a gaveta, tirando uma toalha rosa que se encontrava ali. Viu o que ela tanto queria: sua lâmina. A pegou pensando algumas vezes se realmente deveria fazer aquilo, outra vez. Mais então todas aquelas mesmas lembranças começaram a torturar sua mente e sem perceber, pressionou com força a lâmina em seus pulsos. A dor a preencheu por completa, fazendo se sentir aliviada. O sangue escorria divagar e lágrimas já se formavam em seu rosto. Gotas de sangue começaram a pingar no azulejo do banheiro assim como as gotículas de água que eram derramadas.

Havia entrado mais uma vez no seu mundo. Ela nem via mais o tempo passar, estava presa naquele doce e amargo vicio. Amanhã até pode ser um novo dia, mas, Lucy ainda terá os mesmos problemas.